Laudo contestado e pedido por justiça marcam reinício do júri do caso Zaira

O julgamento do policial militar Pedro Inácio de Araújo, acusado de estuprar e matar a jovem universitária Zaira Cruz em 2019, recomeça nesta segunda-feira (1º) no Fórum Miguel Seabra Fagundes, em Natal, sob clima de tensão e expectativa. O caso volta ao plenário após o primeiro júri, realizado em junho deste ano, ter sido cancelado, o que aumentou a preocupação da família.
Antes do início da sessão, a mãe da vítima, Ozanete Dantas, fez um desabafo emocionado e reforçou o pedido de justiça.
“Eu só espero que exista um desfecho justo. Já são sete anos de angústia, de insônia, de tanta dor. Como mãe e como mulher, tudo o que eu quero é justiça pela minha filha e por tantas outras mulheres que morrem todos os dias. Se as leis não mudarem, vão continuar matando nossos filhos e filhas”, declarou.
Defesa tenta desqualificar laudo pericial e sustenta morte natural
O advogado de defesa de Pedro Inácio, Jader Marques, voltou a afirmar que o laudo oficial da Polícia Científica estaria equivocado. Segundo ele, Zaira não foi assassinada.
Durante entrevistas e manifestações prévias ao júri, o advogado sustentou que a análise pericial teria inconsistências e que a jovem teria morrido de causas naturais uma tese que contrasta totalmente com o que foi concluído pelos peritos do Estado.
A estratégia da defesa é centrada em desqualificar o laudo, alegando falhas no procedimento e questionando a cadeia de custódia das provas.
Acusação rebate e reforça validade do laudo: “Provas são claras”
A advogada que representa a família de Zaira a advogada Kalina Leila e atua na acusação contestou duramente a versão da defesa. Ela destacou a robustez das provas e a consistência dos exames técnicos que apontam para estupro seguido de asfixia.
Segundo a acusação, o laudo da Polícia Científica foi elaborado com rigor, e o conjunto probatório vestígios biológicos, marcas no corpo e circunstâncias da morte confirma a dinâmica violenta do crime.
Em pronunciamento antes do julgamento, a representante da acusação afirmou:
“A perícia é clara. Os exames confirmam violência sexual e asfixia. O laudo é consistente, técnico e respaldado por especialistas. Tentativas de desqualificar esse trabalho não se sustentam diante das evidências. Agora, esperamos que o júri aconteça e que a justiça seja finalmente entregue à família e ao povo potiguar.”
Família reforça expectativa após cancelamento do primeiro júri
Ozanete Dantas também comentou o receio de uma nova interrupção no processo:
“A nossa maior expectativa é que o júri aconteça. Esperamos por isso há quase sete anos. Queremos fechar esse capítulo doloroso da história do Seridó e seguir sabendo que a justiça foi feita por Zairinha.”
O julgamento deve se estender pelos próximos quatro a cinco dias e contará com amplo acompanhamento de movimentos sociais, familiares, advogados e autoridades.
