Líder do governo no Congresso, senadora Zenaide sai de cima do muro e diz que segurança pública é o calcanhar de Aquiles do governo Lula: “Falta ação e investimento real”

Postado em 31 de outubro de 2025

A senadora Zenaide Maia (PSD), líder do governo Lula no Congresso Nacional e aliada de longa data do Partido dos Trabalhadores, fez nesta semana uma crítica direta à condução da política de segurança pública do governo federal. Em publicação nas redes, a parlamentar afirmou que “falta ação e investimento real” e classificou o tema como “o calcanhar de Aquiles do governo Lula”.

A fala marca um ponto de inflexão no discurso de uma das figuras mais próximas do presidente no Senado e tem repercussão política imediata — tanto em Brasília, onde Zenaide integra a base governista, quanto no Rio Grande do Norte, onde ela se movimenta para disputar novamente o Senado em 2026, possivelmente contra a própria governadora Fátima Bezerra (PT), sua antiga aliada.

“A segurança pública precisa de solução e de investimento. É o clamor da população. Não dá para tratar o tema como algo secundário”, escreveu Zenaide, ao defender a PEC de sua autoria que aumenta progressivamente o repasse de recursos para segurança, partindo de 1% da receita corrente líquida da União e chegando a 2,5% em cinco anos.

A senadora reforçou que o Brasil investe menos de 0,5% do orçamento federal em segurança pública, percentual que ela considera “insuficiente para enfrentar a violência que assola o país”. O tom crítico chama atenção por vir de uma das vozes tradicionalmente mais leais à presidente do PT e à gestão Lula, de quem foi defensora desde o primeiro mandato.

Nos bastidores, a declaração é lida como um gesto de autonomia política e uma sinalização estratégica ao eleitorado potiguar, em meio ao desgaste do governo federal com o aumento da criminalidade e a percepção de falta de comando na segurança.

Rearranjo político no RN
Enquanto em Brasília Zenaide atua como ponte entre o Planalto e o Senado, no Rio Grande do Norte ela tem reconfigurado alianças.

A senadora vem se aproximando do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil), líder em todas as pesquisas para o governo do Estado e que deve ser o principal adversário do PT nas eleições de 2026.
O movimento é visto como preparação para um embate direto com Fátima Bezerra, que deve tentar retornar ao Senado após concluir o mandato como governadora.

Zenaide, que conquistou a vaga em 2018 com o apoio de Fátima e do então senador Jean Paul Prates, agora busca se consolidar como uma alternativa de centro, capaz de dialogar com setores independentes e insatisfeitos com o atual governo.

Fontes do PSD afirmam que a senadora tem adotado discurso mais técnico e pragmático, priorizando temas como saúde, segurança e previdência, e evitando as pautas ideológicas que marcaram o núcleo mais fiel do PT.

“Não é oposição, é realidade. O Brasil precisa tratar segurança pública com seriedade, com orçamento e com estratégia”, afirmou um assessor próximo à senadora.

Entre a lealdade e o reposicionamento
Apesar do incômodo no Planalto, a fala de Zenaide foi recebida por aliados locais como um movimento calculado — um gesto de distanciamento controlado que reforça sua autonomia política sem romper com o governo.

Na prática, ela tenta preservar a condição de líder governista, mas se reposiciona para disputar espaço com Fátima, especialmente no interior do Estado, onde a segurança é uma das principais queixas da população.

Com a declaração, Zenaide entra no debate nacional sobre segurança ao lado de senadores de diferentes campos políticos, e dá um recado claro: “Não se trata de ideologia. Se trata de proteger vidas.”

AGORA RN