Liga Contra o Câncer vai ampliar Centro de Pesquisas Clínicas no RN

Postado em 21 de maio de 2025

Com novos espaços dedicados à pesquisa sendo inaugurados, o Centro de Pesquisas Clínicas da Liga Norte-Riograndense contra o Câncer está em expansão. Fato que se reflete no número de pacientes que participam dos estudos. Entre 2024 e 2025 houve um crescimento de 16% na quantidade de recrutados para as pesquisas, passando de 584 para 678. Em 2023, foram 597.

Com uma equipe de mais de 100 profissionais, o Centro, que é integrado ao Instituto de Ensino, Pesquisa e Inovação da Liga (IEPI), realizou quase 60 mil atendimentos no ano passado. “Hoje nós temos 132 pesquisas ativas e, ao todo, já passamos de 7 mil pacientes atendidos em 500 estudos”, declara o diretor-geral do IEPI, Edilmar Moura.

A construção do Hospital do Câncer Pediátrico, previsto para julho, em Natal, é um dos exemplos da expansão das pesquisas. Lá será instalada mais uma unidade do centro para pesquisas em pacientes oncológicos, pediátricas e de transplante de medula óssea. “Também estamos com uma ampliação do Centro Avançado de Oncologia (CECAN) para funcionar com foco exclusivo oncológico a partir do segundo semestre”, diz o diretor-geral do IEPI.

Além disso, a Liga planeja ampliar a rede com núcleos em cidades do interior do estado. Currais Novos já abriga um local de recrutamento e neste ano começará a construção da Liga contra o Câncer na cidade de Assu. “E lá em Assu também teremos mais um núcleo de recrutamento. De modo que a gente trabalhe em rede”, afirma o médico.

O centro da Liga está presente em todas as suas unidades, é o maior do Norte e Nordeste e o terceiro do país, responsável por 52% da pesquisa clínica em câncer no Brasil. Tem parcerias estratégicas com empresas farmacêuticas globais como AstraZeneca e Merck Sharp & Dohme (MSD), que permitem à instituição escolher os estudos mais promissores para seus pacientes, ao invés de aceitar qualquer pesquisa disponível.

Edilmar Moura explica que, para entrar em um estudo clínico, o primeiro passo é conversar com o médico assistente, que avalia a possibilidade de inclusão. O paciente assina um termo de consentimento, onde são explicados todos os riscos e benefícios, e pode desistir a qualquer momento, sem prejuízo.

Rose Silva é um exemplo do impacto que o Centro de Pesquisas tem trazido há 18 anos nos tratamentos oncológicos e de outras patologias. Ela participa de um estudo para tratamento de câncer que teve na mama e no fígado. Diagnosticada há três anos, ela conta que não conhecia o trabalho de pesquisa antes de ser convidada por sua médica na Liga para integrar o estudo. “Meu tipo de câncer era raro, e a medicação veio de um estudo daqui que deu certo”, relata.

A paciente destaca os avanços que sentiu na saúde e qualidade de vida durante o tratamento. “Hoje, não tenho nem reações. Já estou no ciclo 42, e graças a Deus não existe mais câncer. O tumor na mama tinha 23 centímetros e, no fígado, dois. Hoje não existe mais nenhum, e tudo isso só com o tratamento da pesquisa, sem precisar de cirurgia”, comemora.

Resultados

Um dos resultados recentes mais importantes veio de um estudo sobre câncer de colo de útero. “O protocolo desenvolvido na Liga já mostra taxas de controle da doença superiores a 90%, um avanço significativo em relação a tratamentos convencionais. Enquanto que na literatura, o que a gente tem até hoje, não chega a 82%. Então existe um ganho significativo de controle, de cura, nos pacientes”, revela Edilmar.

O estudo conta com a participação do Hospital das Clínicas de São Paulo e o Instituto Brasileiro de Combate ao Câncer (IBCC), em São Paulo e será apresentado no mês de novembro próximo em Bangkok, na Tailândia.

Cerca de 15% das pesquisas são voltadas a outras doenças, como as inflamatórias intestinais, que também têm tratamentos complexos e caros. Quem paga é a indústria farmacêutica, também sem custo para a Liga, para o Estado ou Município. Além do benefício de eliminar os custos, o paciente tem acesso a terapias que ainda não estão disponíveis no mercado, ampliando suas chances de sucesso no tratamento. “O câncer de pulmão, por exemplo, é o câncer que mais mata no mundo e o segundo mais prevalente, tanto em homem e mulher. Muitos medicamentos hoje são caros, difíceis de serem adquiridos mesmo no sistema privado de saúde. Mas o paciente que é elegível para uma pesquisa clínica, recebe todo esse tratamento de forma gratuita”, explica o diretor-geral do IEPI, Edilmar Moura.

O Centro de Pesquisas Clínicas da Liga Contra o Câncer também representa uma oportunidade importante para o desenvolvimento profissional dos pesquisadores e demais trabalhadores envolvidos nos estudos. “Fazemos cursos de preparação, reciclagem, e vamos aprimorando o conhecimento para aplicar na prática as diretrizes que uma boa pesquisa recomenda”, explica o médico pesquisador Wendel Ferreira.

Ele ressalta que atuar em um centro de referência nacional traz um ganho significativo para a carreira, tanto para médicos quanto para enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais. “É uma atividade que agrega muito valor profissional. A gente se torna um médico melhor na pesquisa, porque precisa observar detalhes como critérios de inclusão, exclusão, registros de intercorrências e efeitos colaterais dos tratamentos. A qualificação acontece antes e durante a aplicação da pesquisa”, afirma o médico pesquisador Wendel Ferreira.

Tribuna do Norte