Lula cogita ceder em etanol por fim de tarifas dos EUA em carnes e café

O governo brasileiro cogita reduzir a tarifa de importação do etanol dos EUA – hoje ela é de 18% – em troca da retirada da sobretaxa imposta sobre o café e a carne brasileiros.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira 27 na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “qualquer assunto” pode entrar na discussão com o presidente americano, Donald Trump.
“Se quiser discutir a questão de minerais críticos, de terras raras. Se quiser discutir etanol, se quiser discutir açúcar, não tem problema”, disse. “Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir todo e qualquer assunto”, acrescentou.
Lula e Trump se reuniram na Malásia no domuingo 26. O brasileiro disse que teve a “boa impressão” de que relação de afinidade entre Brasil e Estados Unidos será retomada e logo-logo não haverá problema entre os dois países.
Na coletiva, Lula relatou que disse a Trump que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi nada perto do que ambos terão pela frente na mesa de negociações. “Eu ainda disse para ele [Trump]: com três reuniões que você fizer comigo, você vai perceber que o Bolsonaro era nada, praticamente”, disse Lula.
Durante a reunião, Lula entregou por escrito a Donald Trump as reivindicações do Brasil. Ele citou a revogação do tarifaço e da punição a autoridades brasileiras, a tensão entre Estados Unidos e Venezuela e a guerra da Ucrânia. Lula disse ter deixado claro que a decisão de impor tarifas elevadas à exportação de produtos brasileiros foi tomada com base em informações equivocadas.
“Não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade. Os Estados Unidos não tem déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo. Os Estados Unidos só iriam taxar países com os quais ele tivesse déficit comercial”, ressaltou Lula.
Na reunião, os EUA não apresentaram suas demandas. Mas, entre as áreas esperadas, estão minerais críticos, carne e a regulação das big techs.
Os produtores de etanol, principalmente do Nordeste, já se manifestaram publicamente contra o uso do setor como “moeda de troca em negociações comerciais”. A tarifa de 18% é aplicada desde 2023, após um período de isenção. Essa barreira foi definida como forma de o Brasil conseguir ganhar mercado de açúcar no mercado norte-americano.
O Brasil é o principal fornecedor de café e de carne bovina dos EUA. No ano passado, os cafeicultores brasileiros consolidaram-se como fornecedores de 30% do café importado pelos norte-americanos.
No caso da carne bovina, o Brasil vinha ampliando suas vendas. Mesmo com o tarifaço, os embarques aumentaram quase 65% em volume, atingindo 218 mil toneladas no acumulado do ano.
“O que interessa numa mesa de negociação é o futuro, é o que você vai negociar para frente. A gente não quer confusão, a gente quer negociação”, finalizou Lula, na coletiva na Malásia.
Trump dá parabéns a Lula e elogia reunião bilateral: “Foi uma boa conversa”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou felicitações a Lula pelo seu aniversário de 80 anos e o descreveu como uma pessoa “muito vigorosa”. A declaração foi feita durante sua viagem à Ásia, quando estava a bordo do Air Force One a caminho do Japão.
“E feliz aniversário. Quero desejar feliz aniversário ao presidente, ok? Hoje é o aniversário dele. Ele é um cara muito vigoroso, na verdade, e foi muito impressionante, mas hoje é o aniversário dele, então feliz aniversário”, disse.
Trump, que tem 79 anos, também comentou sobre o recente encontro com o presidente do Brasil, falando em uma “reunião muito boa”. No entanto, manteve um tom cauteloso ao abordar possíveis acordos comerciais entre os países.
Quando questionado sobre potenciais acordos tarifários, Trump demonstrou uma postura menos otimista que a do governo brasileiro. Enquanto Lula havia indicado que um acordo poderia ser alcançado nas próximas semanas, Trump preferiu manter uma posição mais reservada, característica de sua abordagem em negociações internacionais.
agora rn
