Lula diz que exigências da UE para acordo com Mercosul são “ameaça”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (23/6) os termos colocados pela União Europeia (UE) para fechar o acordo comercial com o Mercosul, discutido há, pelo menos, duas décadas. Durante discurso no encerramento da Cúpula por um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, França, o presidente declarou que a carta enviada pela UE ao bloco sul-americano é “uma ameaça” e “não permite que se faça um acordo”.
“Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas não é possível. A carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo”, frisou o presidente brasileiro. “Nós vamos fazer a resposta, e vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça a um parceiro estratégico. Como a gente vai resolver isso?”, questionou ainda.
A União Europeia estabeleceu uma série de critérios para que o acordo com o Mercosul seja firmado. Lula vem criticando que o bloco europeu exige punições para os países em desenvolvimento caso não cumpram os termos de proteção ao meio ambiente, inclusive os previstos no Acordo de Paris. As principais críticas são que a UE ficaria responsável por determinar se os termos foram cumpridos ou não, e que o próprio bloco não cumpre as medidas ambientais cobradas.
A fala de Lula ocorreu na França, país que lidera as exigências ambientais para o acordo com o Mercosul. Lula deve discutir o tema em reunião privada com o presidente francês Emmanuel Macron.
Reforma dos mecanismos internacionais
Em seu discurso o petista também voltou a defender uma reforma dos mecanismos internacionais, incluindo as instituições financeiras e o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para fomentar a participação dos países em desenvolvimento. O presidente brasileiro celebrou ainda a articulação do Sul Global, incluindo o Brics (composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Lula pediu um esforço maior pelo combate à desigualdade e à fome no mundo, e citou como exemplo de sucesso os seus governos anteriores, com os quais conseguiu retirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU. Ele voltou a comemorar também os esforços por transações internacionais que não sejam realizadas em dólares, e afirmou que a matriz energética brasileira provavelmente é a mais limpa do mundo.
Correio Braziliense