Lupi sobre fraude: “Minha falha maior foi não ter dado dimensão”

Postado em 9 de setembro de 2025

AComissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) recebeu o ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, nesta segunda-feira (8), para prestar depoimento.

O escândalo do INSS foi revelado pelo portal Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.


Questionado sobre quando teria tido conhecimento sobre as fraudes no INSS, o ministro disse que só soube da dimensão depois da investigação da Polícia Federal.


“A gente infelizmente não tem o poder da adivinhação. Nunca tivemos capacidade de dimensionar o tamanho ou volume do que esses criminosos fizeram no INSS. Foi só depois da ação da investigação para valer, da PF”, declarou.


Ainda durante a CPMI, o ex-ministro disse que deixou o cargo por causa de uma “campanha política” contra ele.


“Ficou insustentável pela campanha política que se fez contra mim”, declarou.


O colegiado é presidido pelo senador e líder do Podemos, Carlos Viana (MG). A oitiva tem grande potencial de desgaste para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já que Lupi deixou o governo em maio após a operação da Polícia Federal sobre os desvios.
Ao todo, todos os ministros dos últimos 10 anos foram convidados para prestar esclarecimentos sobre descontos associativos indevidos. Também foram convocados 12 ex-presidentes do INSS para prestar esclarecimentos.

Saída


O ex-ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), disse durante sessão da CPMI do INSS que precisou sair do governo Lula por causa de uma campanha política interna, e negou razões éticas. “Não teve motivo ético da minha saída, até porque eu fui absolvido pelo comitê de ética. Eu saí por causa da campanha insustentável que se fazia contra mim. Tem gente de dentro do governo que queria o meu lugar”, disse Lupi.


O ex-ministro deixou o cargo 15 dias depois da operação da Polícia Federal revelar o esquema de descontos do INSS, do qual Lupi negou qualquer responsabilidade: “Eu não tenho nenhuma acusação sem resposta no poder judiciário. Meu padrão de ato é um só de honestidade, dignidade, e profundo amor ao povo brasileiro”, completou o ex-ministro.

Fraudes


As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao todo, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.

Rogério segue na CPMI

O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), negou pedido do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) – 2025 para substituição do senador Rogério Marinho (PL-RN) como membro da Comissão, informando que o parlamentar potiguar “não é investigado em hipótese alguma e está exercendo o direito dele e sabe das responsabilidades em ter a documentação sigilosa à disposição”.


Carlos Viana afirmou, ainda, que “não há qualquer suspeição, pelo menos até o momento, sobre a atuação do parlamentar, que tem aqui uma representação já bem definida”.


“Nós temos, inclusive, um precedente desse assunto, que foi a CPMI dos Atos de 8 de Janeiro, em que se debateu a eventual suspeição da relatora naquele momento, assim como com a de outros membros da CPI da Pandemia aconteceu a mesma coisa”, continuou Viana, para quem a solicitação de Pimenta “Trata-se de um artifício que não tem embasamento dentro da responsabilidade, da preparação e do conjunto do Parlamento brasileiro”.


Paulo Pimenta alegava que, no tempo que definido da investigação, o senador Rogério Marinho, foi ministro e respondeu diretamente pelos temas que estão sob investigação.


Ao contraditar as alegações do parlamentar petista, o senador Rogério Marinho disse que “o principal embasamento da questão de ordem é o fato de ter sido Secretário Especial da Previdência na administração anterior, da mesma forma, ele (Pimenta) foi ministro do Governo de Lula, que está sendo investigado. Então, ele coloca uma situação em que ele, inclusive, é beneficiário, se formos entrar nesse pormenor. O deputado Paulo Pimenta, além de ser ministro de Lula, que está sendo colocado aqui sob investigação, também apoiou decisivamente o Governo da presidente Dilma, e a gente está falando de um período de 2015 para cá. Então, ele nos acusa, na verdade, do que ele faz”.


Rogério Marinho disse que não é investigado, não está no inquérito e está na plenitude das suas prerrogativas como Parlamentar. “Digo ao deputado Paulo Pimenta que não tenha medo, não tenha receio, porque a verdade vai aparecer.

TRIBUNA DO NORTE