Maioria dos anticoncepcionais aumenta risco de câncer de mama, diz estudo.
Cientistas britânicos descobriram que o uso de contraceptivos hormonais, como a pílula, aumenta em algum grau o risco de câncer de mama. Anteriormente, outros estudos já apontavam para probabilidades semelhantes, especialmente quando se analisa o uso do hormônio estrogênio. Agora, a possibilidade foi amplamente calculada para a maioria das estratégias. No entanto, especialistas apontam para o fato do risco ainda ser baixo, quando se pensa nos benefícios.
Liderado por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, o estudo sobre o impacto do uso de anticoncepcional no risco de câncer de mama foi publicado na revista científica Plos Medicine. Na análise, foram consideradas pílulas que combinam progesterona e estrogênio ou aquelas que contêm apenas progesterona. Também foram incluídos dados envolvendo o uso do progesterona injetável, implante de progesterona e ainda o dispositivo intrauterino (DIU) de progesterona.
Outra conclusão do estudo é que o risco aumentado para o câncer é temporário, diminuindo gradualmente após a interrupção. Somente “o uso atual ou recente de contraceptivos hormonais foi associado a um risco similarmente aumentado de câncer de mama”, afirmam os autores.
Para entender a questão, o risco relativo de uma mulher desenvolver câncer de mama enquanto faz uso de contraceptivos hormonais orais é entre 20% a 30% maior quando comparado a uma mulher que não o faz. Por outro lado, este aumento é pequeno quando se analisa o risco absoluto — aquele encontrado em uma população.
Por exemplo, para cada 100 mil mulheres que usam anticoncepcionais orais dos 16 aos 20 anos, são estimados apenas mais 8 casos de câncer de mama — em porcentagem, isso representa um aumento na incidência de 0,084% para 0,093%. Agora, para cada 100 mil mulheres com 35 a 39 anos, serão 265 casos extras — aqui, a incidência passa de 2,0% para 2,2%.
Tomar ou não tomar contraceptivos hormonais?
Para a maioria das mulheres, os benefícios do uso da contracepção ainda superam os riscos, explica Claire Knight, pesquisadora da Cancer Research UK, que não esteve envolvida no estudo. “As mulheres com maior probabilidade de usar contraceptivos têm menos de 50 anos, onde o risco de câncer de mama é ainda menor”, lembra para o jornal The Guardian. É preciso também considerar que as pílulas reduzem o risco de outros cânceres, como os de ovário e de endométrio.
Além disso, Knight aponta que outras atividades também impactam o risco de câncer de mama em mulheres, como o consumo de álcool e a ingestão de alimentos ultraprocessados. “Para quem quer diminuir o risco de câncer, não fumar, ter uma dieta saudável e equilibrada, beber menos álcool e manter um peso saudável terão maior impacto [na redução do risco]”, pontua.
Por fim, ela explica que “existem muitos benefícios possíveis no uso de contraceptivos, bem como outros riscos não relacionados ao câncer. É por isso que decidir tomá-los é uma escolha pessoal e deve ser feita após uma conversa com o seu médico para que se possa tomar a decisão certa, considerando a sua realidade”.
Independente do grau de risco, as conclusões do estudo poderiam mover as farmacêuticas e os institutos de pesquisa a financiarem novos estudos em busca de soluções contraceptivas que não envolvem o uso de hormônios, como já é planejado para os homens.
TERRA