Mauro Cid usa direito ao silêncio para não responder a perguntas na CPMI

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro de 2023 recebeu nesta terça-feira, 11, o tenente-coronel Mauro Cid, ex -ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro . Cid é suspeito de articular uma intervenção militar contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a eleição. O coronel obteve no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus que o libera de responder perguntas que podem incriminá-lo. Ele está preso desde o começo de maio, mas por causa de outro inquérito, que investiga uma fraude em carteiras de vacinação.

Em sua fala inicial, Cid se defendeu, explicou as funções que cumprem como ajudante de ordens de Bolsonaro e, após citar as diversas reclamações contra si, afirmou que ficaria em silêncio. “Considerando a minha inequívoca condição de investigado, por orientação da minha defesa, com base no habeas corpus concedido em meu favor pelo STF , farei o uso ao meu direito constitucional ao silêncio”, disse. Ao longo da sessão, o ex-ajudante das ordens de Bolsonaro por diversas vezes recorreu ao benefício e não respondeu às perguntas dos parlamentares.

Antes do início da oitiva de Mauro Cid, a CPMI assumiu a quebra do sigilo telemático do próprio Mauro Cid e do coronel Jean Lawand Júnior. A dupla trocou mensagens de teor golpista, reveladas por VEJA . Documentos obtidos pela comissão também surpreenderam que Lawand visitou Cid na prisão, apesar de o coronel ter dito ao colegiado que não matinha proximidade com o militar.

Motivo da convocação

Relatório da Polícia Federal, cujo conteúdo foi revelado por VEJA em junho , mostrou que no celular de Cid havia um plano para anular a eleição, afastar os ministros do STF que supostamente teriam interferido no resultado e colocado o país sob intervenção militar até que um novo pleito fosse realizado.

Além do documento, que recebeu o nome de “Forças Armadas como poder moderador” e detalhava o passo a passo do golpe, foram atendidos no aparelho mensagens trocadas entre Cid e outros militares que incentivavam uma intervenção. Um deles é o coronel Jean Lawand Junior, que insiste que Bolsonaro tinha que “dar a ordem” para o golpe.

Lawand já depôs na CPMI no final de junho e discordou que as mensagens emocionadas tom golpista. Segundo o coronel, a fala sobre “dar a ordem” era um apelo para que Bolsonaro “apaziguasse” o país, sinalizando para que os bolsonaristas acampados em frente ao Quartel-General do Exército voltassem para suas casas.

veja

Postado em 12 de julho de 2023