Ministros do STF veem tentativa de Bolsonaro virar “mártir internacional” em caso de embaixada
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ouvidos reservadamente pela CNN, avaliam que o fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter se hospedado na embaixada da Hungria, em fevereiro deste ano, pode indicar uma tentativa de atrair apoio da comunidade internacional contra as investigações que ele responde no Brasil.
A leitura política de ministros da Corte é a de que Bolsonaro queria emplacar a narrativa de “mártir” na comunidade e imprensa internacional, fortalecendo laços com governos e lideranças associadas com a direita e extrema-direita no mundo.
“É um fato que por ora prova por si só o seguinte: articulação internacional dos populistas autoritários que têm em comum pouco apreço pelas instituições democráticas”, disse um dos ministros com voz de comando no Supremo.
À CNN, esse ministro destacou a proximidade de Bolsonaro com o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, com o presidente argentino, Javier Milei, e com o ex-presidente americano Donald Trump.
Para integrantes do STF, a possibilidade de Bolsonaro ter a prisão decretada enquanto estivesse dentro de uma embaixada poderia incentivar a narrativa de perseguição.
Bolsonaro não poderia ser preso de imediato, por se tratar de território inviolável do país representado na embaixada.
Como parte da estratégia do STF para “espremer a história”, o ministro Alexandre de Moraes deu prazo de 48 horas para Bolsonaro se explicar. As respostas serão encaminhadas para o gabinete do ministro.
Mas em caso de decisões mais duras, como eventual prisão de Bolsonaro, outros ministros devem ser consultados pelo relator. Moraes tomará tal decisão se, previamente, contar com o apoio pelo menos de uma maioria dos ministros do STF para que o tribunal não venha a se manifestar contrário à prisão depois.
Até mesmo ministros que defendem a prisão de Bolsonaro ressaltam que tudo seja feito de maneira muito bem fundamentada para não contribuir com a tese de perseguição.
CNN