Moraes determina suspensão de inquérito que investiga remoção de corpos da mata após megaoperação no Rio

Postado em 11 de novembro de 2025

ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou, nesta segunda-feira (10), a suspensão imediata do inquérito policial que investiga a remoção de corpos de área de mata no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro.

Após a megaoperação policial de 28 de outubro contra o Comando Vermelho (CV), que resultou em 121 mortes, moradores da região levaram mais de 70 corpos a praça São Lucas, uma das principais da região.

secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, criticou a remoção. Ele afirmou que os corpos retirados da mata foram despidos para ocultar elementos que poderiam associar as vítimas ao tráfico de drogas, como roupas camufladas e armas.

Curi também anunciou que a 22ª Delegacia de Polícia da Penha havia instaurado um inquérito para investigar possível fraude processual no caso.

Na decisão desta segunda-feira (10), Moraes também determinou que o delegado titular da unidade deverá prestar informações em até 48 horas sobre o motivo da abertura.

A medida foi tomada no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como ADPF das Favelas, da qual Moraes é relator temporário.

A decisão ocorre após relatos de possíveis violações de direitos humanos, dificuldades de acesso aos laudos periciais e indícios de descumprimento das determinações da Corte quanto à preservação da cena dos confrontos e da cadeia de custódia das provas.

Na mesma decisão, Moraes determinou ainda que autoridades do Rio de Janeiro enviem laudos necroscópicos, imagens das câmeras corporais dos policiais e relatórios sobre prisões e mortes ocorridas durante a operação contra o Comando Vermelho.

Em nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que o inquérito não trata de uma investigação contra familiares de mortes, mas apura ordens de chefes de facções para tentar esconder os vínculos dos mortos com a organização criminosa.

sbt