MST faz invasões de terra em dez estados e pressiona Lula

Na primeira semana do Abril Vermelho, mês historicamente marcado pelas ocupações de terra, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já contabiliza invasões em dez estados. Insatisfeitos com a demora do governo federal na aceleração da reforma agrária, o movimento inicia suas ações com um ritmo mais intenso do que no ano passado, quando a primeira “ocupação” aconteceu apenas no dia 10.

Até o momento, as ações ocorreram no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Paraíba, Goiás, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Pará. No total, foram registradas 22 invasões, que incluem fazendas, superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Secretaria de Desenvolvimento Agrário em Fortaleza, no Ceará. O número representa 62% da quantia completa de 2024, quando foram realizadas 35 ações.

A maior mobilização ocorreu no município de Goiana, no interior de Pernambuco, onde 800 famílias invadiram a Usina Santa Teresa. Também no estado, 400 famílias ocuparam uma fazenda em Petrolina.

Em Minas Gerais, 600 famílias do MST ficaram as margens da BR-116, no município de Frei Inocêncio, com o pleito de que a Fazenda Rancho Grande vire um assentamento. No Rio de Janeiro, a mobilização ocorreu em Campos dos Goytacazes, e em São Paulo, no município de Rio das Pedras.

As invasões acontecem em meio a uma crescente insatisfação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mês passado, Lula anunciou editais e crédito para o programa de reforma agrária, em um evento no assentamento do movimento.

De acordo com uma nota do próprio MST, os sem-terra buscam “sinalizar ao governo a necessidade de tomar medidas mais urgentes e abrangentes para atender as reivindicações da pauta pela terra, além de adotar ações concretas para viabilizar a agricultura camponesa, como parte de um projeto de desenvolvimento e de superação das misérias e desigualdades no país”.

O Abril Vermelho marca o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 21 sem-terras foram mortos em 1996, e é historicamente utilizado como objeto de pressão.

No ano passado, 35 invasões ocorreram, mas as ações se intensificaram a partir da metade do mês. Além da cobrança por mais agilidade na reforma agrária, o movimento tem pleiteado a demissão do ministro Paulo Teixeira. Segundo o MST, a pasta não tem priorizado a reforma agrária e o titular “não tem conhecimento do campo para traçar estratégias eficazes”.

Em resposta, o Palácio do Planalto tem pedido “calma” aos militantes, alegando limitações orçamentárias. O governo justifica que o programa de reforma agrária estava paralisado desde a gestão de Michel Temer e pede compreensão por parte do movimento diante das dificuldades atuais.

Reação da Direita

À medida que o MST intensifica suas ações, governadores de direita têm se posicionado publicamente. Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina, criou a sigla Movimento dos Trabalhadores Rurais Com Terra (MCT) como uma resposta direta ao MST.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tem se alinhado aos produtores rurais e condenado as invasões promovidas pelo movimento.

“Temos tolerância zero com invasores de terra e queremos um Abril Verde, de produção”, afirmou Zema na semana passada.

Além do repúdio às invasões, há também uma defesa do uso da violência. Em entrevista à rádio Grande Rio AM, o vereador de Petrolina, Dhiego Serra (PL), afirmou que os invasores devem ser retirados “na bala”.

Tribuna do Norte

Postado em 9 de abril de 2025