‘Não tem mais condições psicológicas’: Mauro Cid pede baixa do Exército, diz defesa

Postado em 3 de setembro de 2025

O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Jair Alves Pereira, afirmou durante o julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF) que o militar pediu baixa do Exército. A expressão se refere à saída da atividade, em forma de aposentadoria antecipada.

Segundo o defensor, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, de 46 anos, não tem mais condições psicológicas de continuar a atuar após se tornar delator no processo. O anúncio ocorreu enquanto o advogado defendia a validade do acordo de colaboração firmado por Cid. Os benefícios concedidos ao militar foram questionados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que apontou omissões nos depoimentos.

“Se ele dá sustentação e dinâmica dos fatos, e dá, por que ele não teria os benefícios que ele ajustou? Não seria justo que o Estado, agora, depois de fazer tudo isso, depois de ele estar com cautelar diversa da prisão por mais de dois anos, afastado de suas funções. Inclusive, agora, pediu baixa do Exército, porque não tem mais condições psicológicas de continuar como militar”, disse o advogado.

Questionado, o Exército confirmou ter recebido o pedido. O tenente-coronel tenta ir para a reserva, preservando alguns benefícios, como o salário de militar. Pelas regras da Força, a solicitação é permitida a quem tem mais de 20 anos de serviço. O pedido será analisado por uma comissão, que não tem prazo para resposta, e depois submetido ao Comando do Exército, responsável pela decisão final.

A carreira militar de Cid ficou congelada durante a tramitação da ação penal no STF. Nessa condição, ele não poderia ser promovido e foi retirado da lista de promoção por antiguidade ou merecimento. O militar ainda pode responder por crime militar relacionado aos fatos investigados.

Cid também não pode ser transferido para outras localidades, realizar cursos, concorrer a missões no exterior ou exercer cargo de comando. Diferente de outros militares réus, que podem cumprir expediente, ele está afastado do serviço por decisão judicial.

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras em 2000, Cid integra a turma que entrou no rol de promoções a coronel no ano passado, mas teve a progressão vetada pelo atual comando do Exército.

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