Novo secretário Luciano Santos diz que será “ponte” entre municípios e Estado

Postado em 16 de agosto de 2025

Recém-empossado como secretário extraordinário de Assuntos Federativos do Rio Grande do Norte, Luciano Santos definiu sua missão no cargo como a de construir uma ligação direta entre as prefeituras potiguares, o Governo do Estado e a União. Ele está na função desde 4 de agosto, após ser indicado pelo vice-governador Walter Alves (MDB) e nomeado pela governadora Fátima Bezerra (PT).

“A função do secretário de Assuntos Federativos é articular, coordenar junto com outras secretarias, abrir portas para os prefeitos e prefeitas do Estado, para as entidades do Estado, criar esse canal de diálogo. Os prefeitos reclamavam da inexistência desse canal de diálogo. Os prefeitos cobravam isso”, disse Luciano Santos, em entrevista à Jovem Pan Natal nesta semana.

Luciano Santos, que foi prefeito de Lagoa Nova e presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), explicou que a secretaria tem a tarefa de aproximar políticas públicas de quem está na ponta e de acelerar a chegada de recursos e projetos federais às cidades. Ele recordou que a estrutura já existiu no passado e detalhou por que foi retomada.

“Esta secretaria foi criada no governo Wilma para estreitar os laços e os diálogos das prefeituras, das entidades com o Governo do Estado e também com a União”, destacou o novo secretário.

Segundo o secretário, a intenção é disseminar entre os 167 municípios a cultura de participar de editais da União — e não depender apenas de emendas parlamentares. “Foi diagnosticado que aqui no estado do Rio Grande do Norte, as prefeituras não têm essa cultura de participar de editais do Governo Federal. Então, a ideia é que os municípios comecem a captar recursos além das emendas. E estreitar esse laço, fazer essa ponte para as políticas públicas chegarem nas pessoas, nas cidades, nas pequenas cidades do nosso Estado”,destacou o ex-prefeito.

Ao descrever como a secretaria vai operar internamente, Santos afirmou que o papel não é executar obras, mas destravar caminhos, orientar tecnicamente e articular agendas com outras áreas do Executivo. Ele citou um problema recorrente: a dificuldade de um secretário setorial abrir “parêntese” para uma demanda imediata de um município. “Na realidade, quando você nomeia um secretário para a Saúde, para a Infraestrutura, aquele secretário vai cuidar dos interesses do Estado. Eles não estão ali, exclusivamente, para cuidar de interesses dos municípios. É preciso que tenha uma pessoa apta a ouvir e criar isso”, relatou.

Santos também pontuou que, por “economicidade”, algumas pastas não tinham sido ocupadas, mas que a experiência de governo mostra a necessidade de ter a equipe completa para entregar serviços públicos. “Então, realmente, tentou-se aí, talvez, por economicidade, não criar, ocupar todas as pastas, mas a gente sabe que é necessário”, afirmou ele, sobre o fato de a pasta de Assuntos Federativos estar vaga desde o início da gestão de Fátima Bezerra.

Indicação de Walter Alves e “transição natural”
Durante a entrevista, Luciano Santos foi questionado sobre o padrinho de sua indicação: Walter Alves. O secretário disse que a chegada de mais quadros do MDB no governo é parte da transição de gestão – em abril, Fátima vai renunciar e deixar a gestão para Walter. “Eu acho que é uma transição, sim, do governo. É natural, nós temos um partido, participamos de um partido, somos parte desse conjunto que integra a política pensada pelo MDB. É natural que essa transição aconteça e está acontecendo da melhor forma possível.”

Ele acrescentou que, diante da possibilidade de a governadora disputar o Senado, vê a fase atual como preparação institucional, e não como tomada de poder antecipada. “Como há uma possibilidade de a governadora renunciar o seu cargo para tentar uma eleição para o Senado, então acho que é natural que a identidade do governo Walter se apresente. Talvez seja isso a marca do governo Walter que está por vir”, destacou.

Questionado se Walter “já começou a mandar muito cedo”, Santos foi categórico: “Não, na realidade ele não está mandando, ele está conhecendo, se aprofundando mais no conhecimento da máquina do Estado. Eu vejo como uma transição natural, tranquila e muito bem conversada entre as partes.”

Ao longo da conversa, o secretário repetiu que pretende “abrir portas” e “criar canal de diálogo” para que prefeitos e entidades consigam chegar “mais rápido” às áreas decisórias do Governo do Estado e da União. Essa atuação inclui orientar a inscrição em editais federais, organizar agendas em Brasília e intermediar a tramitação de projetos. Nas palavras de Santos, a secretaria será o ponto de convergência entre as demandas municipais e as políticas estaduais e federais — um desenho orgânico para que as ações cheguem “nas pequenas cidades do nosso estado”.

Sem foco eleitoral imediato

Ao ser indagado se sua chegada serviria para a governadora “se aproximar dos prefeitos com foco em 2026”, Santos respondeu que a incumbência recebida foi outra: “Eu não consigo imaginar isso, porque não foi isso que ela me pediu. Ela pediu que nenhum município ficasse invisível, que eu pudesse ouvir todos os prefeitos para tentar buscar um meio, uma forma de atender aquelas prefeituras.”

Ele ponderou, contudo, que “quando se estreita, quando se firma essas pontes, o diálogo permanece e dela pode sair qualquer coisa”, reconhecendo que o trabalho federativo costuma ter efeitos políticos laterais.

AGORA RN