O Brasil do contrafilé (mas sem bacalhau): consumo de carne e ovo dispara; peixes e suínos afundam
O churrasco, definitivamente, voltou. Com o brasileiro mais sensível a preço, o consumo de carnes disparou 14% no terceiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2022, reagindo ao barateamento da proteína bovina. Em contrapartida, com peixes e suínos mais “salgados”, as duas categorias tiveram retração de 11% e 13%, respectivamente, no volume de vendas.
Os dados são de levantamento da firma de tecnologia Scanntech, feito a partir das informações de 40 mil pontos de venda (PDVs) de supermercados e atacarejos de todo o país.
Entre as proteínas bovinas, o rei foi o contrafilé: o corte mais comercializado no trimestre viu seu consumo disparar 60% em volume, impulsionado por uma queda de preço de 16,5%. Na vice-liderança da grelha ficou a alcatra, cujo volume deu um salto de 29,2%.
A pesquisa também observou avanço de 11% na compra de aves e de 17% no consumo de ovos — sendo que esse último havia começado 2023 com forte retração. No filé de peito, as vendas subiram 29% em um ano, enquanto o preço caiu 26%. No caso dos ovos, a retomada se deu apesar de uma estabilidade de preço: no tipo branco, líder de vendas, o volume avançou 29,2%, mas os preços recuaram apenas 1,6%.
Batata na ceia
“O movimento, que vem sendo verificado desde o primeiro trimestre nas vendas de bovinos e desde o segundo trimestre do ano nas de aves, acontece em consequência da forte queda nos preços que chegaram a 10% e 16% no 3º trimestre de 2023, respectivamente, na comparação entre períodos com 2022”, diz a Scanntech no levantamento. “O aumento do rendimento médio da população, aliado à queda de preços da proteína observada desde o início do ano, exerce forte contribuição para este desempenho positivo.”
Entre os peixes, a situação é inversa. Com a tilápia ficando 21,4% mais cara em um ano nos supermercados, o volume comprado pelo brasileiro despencou 23,7%. Já o bacalhau — que logrou a proeza de encarecer inacreditáveis 28,5% em relação ao (já proibitivo) preço de 2022 — registrou encolhimento de 22% no consumo.
Vai faltar batata para o bolinho caber no bolso na ceia de Natal…
o globo