Oposição antecipa embate político e pressiona por impeachment de Alexandre de Moraes

Mesmo em pleno recesso parlamentar, a oposição no Congresso Nacional decidiu intensificar a ofensiva contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Deputados e senadores convocaram uma coletiva de imprensa para esta segunda-feira (29), na Câmara dos Deputados, com o objetivo de ampliar a pressão política em torno de um novo pedido de impeachment do magistrado, segundo apuração do portal Metrópoles.
A articulação é liderada pelo deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB), recém-empossado líder da oposição, e marca uma tentativa de manter o tema em evidência durante o período em que o Congresso está oficialmente parado. O recesso teve início em 23 de dezembro e segue até fevereiro. Desde a aprovação do Orçamento da União, no último dia 19, não houve novas sessões ou deliberações no Legislativo.
Segundo Cabo Gilberto, a mobilização em Brasília, mesmo fora do calendário oficial, busca reagir ao que ele classifica como excessos do ministro. Em entrevista ao portal, o parlamentar afirmou que a iniciativa tem como foco “fazer pressão política” sobre o Supremo Tribunal Federal, argumentando que há um sentimento de esgotamento entre parlamentares da direita.
A expectativa é de que ao menos 16 deputados e senadores participem da coletiva. O pedido de impeachment citado pelo líder da oposição foi protocolado na última terça-feira (23) pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF), que atribui ao ministro condutas incompatíveis com o cargo.
Controvérsias recentes ampliam pressão sobre o ministro
A nova ofensiva ganhou força após reportagem do jornal O Globo revelar um suposto encontro entre Alexandre de Moraes e o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Segundo a publicação, o ministro teria tratado de temas relacionados ao sistema financeiro, o que motivou questionamentos da oposição.
Com base nessa informação, Damares Alves acusa Moraes de “advocacia administrativa”, sob a alegação de que ele teria intercedido em favor de interesses privados. O ministro nega as acusações e divulgou três notas públicas para esclarecer o episódio. Em uma delas, afirmou que o assunto tratado com Galípolo se limitou à Lei Magnitsky e que não houve discussão sobre instituições financeiras específicas.
Mesmo com as negativas, o caso ampliou a pressão política. O novo pedido de impeachment deverá ser encaminhado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Atualmente, Alexandre de Moraes acumula mais de 80 representações semelhantes, nenhuma em tramitação.
A repercussão também impulsionou outras iniciativas no Congresso. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) anunciou que irá coletar assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as controvérsias envolvendo o ministro do STF.
Em publicação nas redes sociais, Vieira afirmou que pretende investigar informações sobre um contrato de R$ 129 milhões entre o Banco Master e o escritório de advocacia da família de Moraes, valor que, segundo ele, estaria fora dos padrões do mercado, além da suposta atuação direta do ministro junto ao Banco Central.
Na Câmara dos Deputados, o líder do Partido Novo, Marcel Van Hattem (RS), também anunciou a coleta de assinaturas para um novo pedido de impeachment. “Diante das novas revelações de que o ministro do STF praticou advocacia administrativa junto ao Banco Central em favor de interesses privados, nossa responsabilidade como fiscais do poder público é inescapável”, escreveu
*Com informações do Portal Metrópoles
