Padre que fez caridade no RN é declarado “Venerável” pela Igreja Católica

O Papa Francisco publicou nesta segunda-feira (31) um decreto tornando “Venerável” o padre José Antônio Maria Ibiapina, sacerdote brasileiro que viveu no século XIX. Nascido em Sobral, no Ceará, em 1806, ele foi ordenado sacerdote em 1853 e andou pelo sertão nordestino pregando e construindo casas de caridade para atender pessoas pobres do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

O título de “Venerável” é o segundo da Igreja Católica, após “Servo de Deus”. Depois de obter o reconhecimento, é preciso a confirmação de milagres para avançar ao posto de “Beato” e, posteriormente, ser canonizado, ou seja, tornar-se “Santo” pela Igreja.

O Venerável Brasileiro, viveu no século XIX e destacou-se por sua intensa fé e dedicação à caridade. Fundou várias casas de acolhimento e assistência à saúde, educação cultural e moral, formação religiosa e profissionalizante nas regiões da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Ele também organizou missões populares e fez construir igrejas, capelas, hospitais e orfanatos.

O mestre e doutor em Educação na UFRN, Gilson Lopes da Silva, publicou trabalho sobre a vida do religioso. Segundo a pesquisa, o Padre Ibiapina chegou no Rio Grande do Norte em 1860: “Além da Casa de Caridade de Santa Luzia de Mossoró, construiu mais duas instituições em Açu e Acari. A primeira visita do padre a cidade de Assú ocorreu em 1862.Convicto de que o povo do município, temente a Deus, necessitava de seus préstimos fundou a Casa das Irmãs da Caridade atendendo crianças órfãs, orientadas pelas irmãs religiosas. A casa foi mantida inicialmente pela confraria do glorioso São João Batista”.

Segundo o pesquisador, a Congregação das Irmãs da Caridade dava instrução às moças pobres e tratava dos doentes desvalidos. Quando as acolhidas atingiam a idade de casar, o Procurador escolhia um rapaz honesto, bom, cristão e trabalhador. Feita a escolha, os jovens eram conduzidos à sala na presença do Procurador e da Superiora da instituição e se os dois se agradassem o casamento era realizado por conta da casa. No período em que estavam na casa de caridade, as jovens recebiam ensinamentos de flores, labirintos e bordados. Esse modelo de educação tinha a preocupação de prepara-las para desempenhar funções próprias do lar, adquirindo habilidades características ao modelo de mulher, esposa e mãe da época.

No final de 1875, o padre Ibiapina foi acometido por uma paralisia progressiva dos membros inferiores, sendo obrigado a se locomover numa cadeira de rodas. Tendo piorado irreversivelmente, faleceu em 19 de fevereiro de 1883. “Foi reconhecido como venerável por sua existência exemplar, por ter vivido uma fé intensa, alimentada pela oração constante e pela Eucaristia e evidenciada por sua constante confiança em Deus e em sua Providência em cada escolha de vida. A fama de santidade que o acompanhou durante sua vida continuou após sua morte, acompanhada de testemunhos de graças”, divulgou o Vaticano.

Tribuna do Norte

Postado em 1 de abril de 2025