Para Lula “Houve matança” na operação no Rio de Janeiro

Postado em 5 de novembro de 2025

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, na terça-feira (4), que a Polícia Federal (PF) deve atuar nas investigações das 121 mortes da megaoperação da semana passada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Pela primeira vez, Lula subiu o tom em relação à megaoperação, classificada por ele como “matança”.

“Nós estamos tentando essa investigação. Nós, inclusive, estamos tentando ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação da morte, como é que foi feito, porque tem muito discurso, tem muita coisa. As pessoas foram enterradas sem que houvesse a perícia de outro órgão. Então, nós estamos trabalhando nisso”, afirmou Lula a jornalistas estrangeiros que estão em Belém (PA) para a COP30.

A declaração de Lula é dada uma semana após a operação, que deixou 117 suspeitos e quatro policiais mortos. Segundo o titular do Planalto, a PF, em ação conjunta com o Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal (MPF), trabalha na investigação, porque a autorização judicial para a operação contra o Comando Vermelho (CV) não tinha “ordem de matança”.

“A decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança. E houve matança. Eu acho que é importante a gente investigar em que condições ela se deu. Porque, até agora, nós temos uma versão, contada pela polícia, contada pelo governo do estado, e tem gente que quer saber se tudo aquilo aconteceu do jeito que eles falam ou se teve alguma coisa mais delicada na operação”, disse o chefe do Executivo.

“O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortos, as pessoas podem considerar um sucesso, mas, do ponto de vista da atuação do estado, eu acho que foi desastrosa”, completou Lula.

Na quinta-feira (30/10), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou o envio de 20 peritos criminais da PF para reforçar os trabalhos de segurança pública no Rio. Segundo o governo federal, os peritos vão trabalhar em análise dos locais de crimes, balística, genética forense para identificação de DNA, medicina legal, exames de balística, necrópsia e identificação de corpos.

EUA estão “à disposição”

O governo dos Estados Unidos (EUA) enviou uma carta, nesta terça-feira (4), ao secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor dos Santos, e se colocou “à disposição para qualquer apoio necessário” no combate ao tráfico de drogas. No comunicado, o governo de Donald Trump enalteceu a atuação das forças de segurança do RJ e lamentou a morte de quatro policiais que “tombaram no cumprimento do dever” após a megaoperação contra o Comando Vermelho nos complexos da Penha e do Alemão.

O documento redigido em Washington é assinado por James Sparks, do setor de Repressão às Drogas do Departamamento de Justiça dos EUA.

Governo Castro

A administração de Cláudio Castro enviou um documento ao governo Trump solicitando que o Comando Vermelho sofra sanções da Casa Branca e seja classificado como organização terrorista. O governo Lula, contudo, é contra classificar facções do narcotráfico como terroristas, sob alegação de desalinho com o que determina a legislação brasileira.

TRIBUNA DO NORTE