Pesquisa mostra que escolas com maioria de alunos negros têm infraestrutura pior
Um levantamento divulgado nesta terça-feira (16) pelo Observatório da Branquitude, organização que estuda as desigualdades raciais no Brasil, com base em dados do Censo Escolar de 2021, mostrou que escolas públicas em que a maioria dos estudantes é negra têm estrutura pior do que as unidades em que a maior parte das matrículas é de brancos.
As escolas foram separadas em duas categorias: escolas predominantemente brancas, com 60% ou mais de alunos autodeclarados brancos e escolas predominantemente negras, com 60% ou mais de alunos autodeclarados pretos ou pardos.
Ao todo, foram identificadas 12.376 escolas com maioria branca e 21.992 predominantemente negras. A desigualdade é percebida através da existência de bibliotecas, laboratórios, quadra de esportes e na rede de esgoto.
A pesquisa apontou que 69% das escolas de educação básica com melhor infraestrutura no Brasil são majoritariamente brancas, e mais da metade das escolas com maioria de alunos negros não possuem biblioteca, laboratório de informática e quadra de esportes.
A desigualdade educacional também é sentida geograficamente. Na região Sul e Sudeste do país existe uma maior representação de escolas brancas com índices econômicos mais altos. Já as escolas com maiorias negra e com índices econômicos mais baixos são mais presentes nas regiões Sudeste — com menor presença em São Paulo — e no Norte (Amazonas, Pará e Amapá) e no Nordeste (Maranhão).
O estudo também separou as escolas de acordo com as faixas socioeconômicas 3 e 4 do Inse, indicador socioeconômico criado pelo MEC (Ministério da Educação). A escala do indicador vai de 1 a 7.
As escolas com a classificação 1 do Inse estão majoritariamente no estado do Amazonas, seguido do Pará e do Maranhão. Todas estão localizadas em áreas rurais e menos de 70% possuem água potável.
Já as 32 unidades escolares no nível 7, de maioria branca, estão em maior número em área urbana e todas possuem água potável.
cnn