Pesquisadores da UFRN criam absorvente que remove até 95% de óleo em águas contaminadas

Postado em 29 de outubro de 2025

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um absorvente híbrido capaz de remover, de forma eficiente, óleos e graxas presentes em águas contaminadas. A tecnologia representa uma nova perspectiva de transição ambiental para indústrias que enfrentam o descarte de águas oleosas.

A invenção combina vermiculita expandida com palmitato de cetila, composto orgânico hidrofóbico. A vermiculita é um mineral de origem natural que, após passar por processos químicos, ganha notável capacidade de absorver e reter água, passando, assim, a ter um resultado capaz de remover em até 95% compostos oleosos em águas contaminadas. Sendo um processo simples e economicamente viável, o processo permite a reutilização de material em ciclos sucessivos, recuperando substâncias oleosas pelo processo de liberação de substâncias presentes em uma superfície, conhecido como dessorção.

O grupo de cientistas, composto por Paulo Henrique Almeida da Hora, Camila Pacelly Brandão de Araújo, André Luis Lopes Moriyama e Carlson Pereira de Souza, desenvolveu o dispositivo com o foco na indústria do petróleo e gás, com a finalidade de ser usado na remediação ambiental de derramamentos e eliminação eficiente de resíduos oleosos. Intitulada Absorvente híbrido à base de vermiculita e palmitato de cetila para o tratamento de águas de produção, seu processo de obtenção e uso, a patente foi depositada pela UFRN junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) no mês de julho.

Além da eficiência, a inovação é destaque pela viabilidade econômica. O processo da síntese é considerado simples — o que facilita a reprodução em larga escala —, sendo constituído por um material que apresenta maior vida útil e que pode ser reutilizado após regeneração, mantendo boa eficiência em sucessivos ciclos de uso. Atualmente, protótipos produzidos em escala de laboratório já demonstram resultados expressivos, com até 95% de remoção de óleo em apenas oito minutos de contato. A tecnologia encontra-se na fase de validação em ampla escala, antecedendo à produção industrial.

A aplicação da inovação foca principalmente no setor do petróleo e gás, mas buscando a possibilidade de expandir a invenção para outros setores, podendo se tornar aplicável para o tratamento de efluentes industriais com óleos e gorduras, estações de tratamento de água e esgoto, setor alimentício e remediação ambiental, que demandam remoção seletiva de compostos oleosos. A invenção simboliza um avanço tecnológico no país ao apresentar uma solução às exigências ambientais e operacionais.

A tecnologia foi construída por meio de um esforço coletivo, em que cada inventor contribuiu de forma complementar, unindo competências de diferentes pesquisadores para alcançar um resultado robusto e oferecer uma alternativa sustentável e inovadora. “Nosso objetivo foi propor uma solução prática, acessível e eficiente, para um problema que afeta tanto o meio ambiente quanto a economia”, comenta o pesquisador Paulo Henrique Almeida da Hora.

Atualmente, a equipe trabalha em dois fronts complementares: a validação tecnológica em condições de campo, por meio do aprimoramento de material, com modificações que possam ampliar a capacidade de adsorção e adaptabilidade a outros setores. “Nosso objetivo é tornar a tecnologia futuramente apta à aplicação em escala piloto e industrial”, destaca Paulo Henrique. O depósito de pedido de patente está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ/UFRN), onde ele realizou seu doutorado.

Passos para patentear na UFRN:

Para patentear uma invenção na UFRN, o pesquisador deve notificar a invenção no Sigaa e enviar os dados à Agência de Inovação (Agir), unidade da UFRN responsável pela gestão da propriedade intelectual. A Agir da Reitoria conduz o processo junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que avalia os requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial para a concessão da patente.

  1. Notificação da invenção no Sigaa: O pesquisador deve iniciar o procedimento no próprio sistema acadêmico, na aba Pesquisa, para notificar a invenção.
  2. Envio de dados: Após a notificação, os dados dos inventores e o texto da patente são enviados para o e-mail da Agência de Inovação (Agir) da UFRN.
  3. Acompanhamento pela Agir: A Agência de Inovação, responsável pela gestão da propriedade intelectual, acompanhará os detalhes seguintes do processo, tanto com observações como com ajustes no texto.
  4. Interação com o Inpi: A Agir realiza o trâmite do pedido junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
  5. Concessão da Patente: Após a análise dos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial pelo Inpi, é concedida a Carta Patente, que confere o direito exclusivo de uso da tecnologia no Brasil.

98fm