Pesquisadores da UFRN criam absorvente que remove até 95% de óleo em águas contaminadas

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveram um absorvente híbrido capaz de remover, de forma eficiente, óleos e graxas presentes em águas contaminadas. A tecnologia representa uma nova perspectiva de transição ambiental para indústrias que enfrentam o descarte de águas oleosas.
A invenção combina vermiculita expandida com palmitato de cetila, composto orgânico hidrofóbico. A vermiculita é um mineral de origem natural que, após passar por processos químicos, ganha notável capacidade de absorver e reter água, passando, assim, a ter um resultado capaz de remover em até 95% compostos oleosos em águas contaminadas. Sendo um processo simples e economicamente viável, o processo permite a reutilização de material em ciclos sucessivos, recuperando substâncias oleosas pelo processo de liberação de substâncias presentes em uma superfície, conhecido como dessorção.
O grupo de cientistas, composto por Paulo Henrique Almeida da Hora, Camila Pacelly Brandão de Araújo, André Luis Lopes Moriyama e Carlson Pereira de Souza, desenvolveu o dispositivo com o foco na indústria do petróleo e gás, com a finalidade de ser usado na remediação ambiental de derramamentos e eliminação eficiente de resíduos oleosos. Intitulada Absorvente híbrido à base de vermiculita e palmitato de cetila para o tratamento de águas de produção, seu processo de obtenção e uso, a patente foi depositada pela UFRN junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) no mês de julho.
Além da eficiência, a inovação é destaque pela viabilidade econômica. O processo da síntese é considerado simples — o que facilita a reprodução em larga escala —, sendo constituído por um material que apresenta maior vida útil e que pode ser reutilizado após regeneração, mantendo boa eficiência em sucessivos ciclos de uso. Atualmente, protótipos produzidos em escala de laboratório já demonstram resultados expressivos, com até 95% de remoção de óleo em apenas oito minutos de contato. A tecnologia encontra-se na fase de validação em ampla escala, antecedendo à produção industrial.
A aplicação da inovação foca principalmente no setor do petróleo e gás, mas buscando a possibilidade de expandir a invenção para outros setores, podendo se tornar aplicável para o tratamento de efluentes industriais com óleos e gorduras, estações de tratamento de água e esgoto, setor alimentício e remediação ambiental, que demandam remoção seletiva de compostos oleosos. A invenção simboliza um avanço tecnológico no país ao apresentar uma solução às exigências ambientais e operacionais.
A tecnologia foi construída por meio de um esforço coletivo, em que cada inventor contribuiu de forma complementar, unindo competências de diferentes pesquisadores para alcançar um resultado robusto e oferecer uma alternativa sustentável e inovadora. “Nosso objetivo foi propor uma solução prática, acessível e eficiente, para um problema que afeta tanto o meio ambiente quanto a economia”, comenta o pesquisador Paulo Henrique Almeida da Hora.
Atualmente, a equipe trabalha em dois fronts complementares: a validação tecnológica em condições de campo, por meio do aprimoramento de material, com modificações que possam ampliar a capacidade de adsorção e adaptabilidade a outros setores. “Nosso objetivo é tornar a tecnologia futuramente apta à aplicação em escala piloto e industrial”, destaca Paulo Henrique. O depósito de pedido de patente está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química (PPGEQ/UFRN), onde ele realizou seu doutorado.
Passos para patentear na UFRN:
Para patentear uma invenção na UFRN, o pesquisador deve notificar a invenção no Sigaa e enviar os dados à Agência de Inovação (Agir), unidade da UFRN responsável pela gestão da propriedade intelectual. A Agir da Reitoria conduz o processo junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), que avalia os requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial para a concessão da patente.
- Notificação da invenção no Sigaa: O pesquisador deve iniciar o procedimento no próprio sistema acadêmico, na aba Pesquisa, para notificar a invenção.
- Envio de dados: Após a notificação, os dados dos inventores e o texto da patente são enviados para o e-mail da Agência de Inovação (Agir) da UFRN.
- Acompanhamento pela Agir: A Agência de Inovação, responsável pela gestão da propriedade intelectual, acompanhará os detalhes seguintes do processo, tanto com observações como com ajustes no texto.
- Interação com o Inpi: A Agir realiza o trâmite do pedido junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
- Concessão da Patente: Após a análise dos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial pelo Inpi, é concedida a Carta Patente, que confere o direito exclusivo de uso da tecnologia no Brasil.
98fm
