Polêmica sobre inclusão de autistas na escola: quais as propostas e por que divergem tanto?

No mês de conscientização sobre o autismo, polêmicas em torno de um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de um decreto do governo de São Paulo levantaram o tom da discussão sobre o que é uma educação inclusiva para crianças e adolescentes autistas.

Há debates sobre questões práticas, como a entrada ou não de acompanhamento para o aluno na sala de aula, mas o acirramento tem camadas mais profundas e conceituais sobre qual o papel da escola. E ainda carrega debates de correntes diferentes da Psicologia e da educação, que têm entendimentos diversos sobre o desenvolvimento humano.

O Parecer 50/2023, aprovado recentemente, prevê diretrizes para inclusão de autistas com base em pesquisas ligadas à análise do comportamento, área da Psicologia menos difundida no Brasil, mas prevalente em países como os Estados Unidos .

Como o próprio nome indica, é uma ciência focada no desenvolvimento por meio de mudanças no comportamento. O texto lista práticas que devem fazer parte do ambiente escolar, da formação de professores e dentes acompanha os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA ) .

Críticos do texto veem tentativa de impor uma abordagem médica na educação, que vai contra a função e a autonomia da escola. E ainda dizem que as recomendações atenderiam aos interesses do mercado.

Já o decreto paulista , editado na semana passada pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), autoriza que as famílias providenciem seus próprios acompanhantes para filhos com deficiência ou até mesmo que entrem nas escolas para dar o apoio.

Até especialistas desenvolvidos ao parecer do CNE discordam da medida porque tirariam a responsabilidade do Estado de provar esses profissionais. Outros argumentam que é a única forma, por ora, de ajudar famílias desesperadas para que os filhos sejam incluídos na escola.

O Brasil tem um arcabouço de legislações e regulamentações sobre a inclusão, a mais relevante delas é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, que prevê acesso em escolas regulares de crianças com deficiência, o que inclui o autismo.

Hoje há 634.875 estudos divulgados com TEA nas escolas públicas e particulares brasileiras, alta de mais de 1.400% nos últimos dez anos, segundo dados do MEC . Crianças no espectro autista têm alterações de neurodesenvolvimento que afetam, em geral, a comunicação, a linguagem, a interação social, os comportamentos e a aprendizagem.

Atualmente usa-se o termo espectro porque há diferentes graus de autismo, com características que podem estar presentes ou não em cada pessoa, com maior ou menor necessidade de apoio. Segundo o CDC americano (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês) , hoje uma em cada 36 crianças no mundo tem TEA.

Como está a inclusão no País
Apesar de esses alunos estarem matriculados em escolas regulares – e não em instituições especializadas em cada deficiência, como era no passado, antes da difusão do conceito da inclusão – é consenso entre os dois lados que essa educação inclusiva não se eficazu como deveria.

O País não formou professores e outros profissionais em grande escala para atuar nas escolas. E ainda cresceu no período o número de docentes formados de forma precária; 60% hoje estão em cursos a distância.

O governo não tem sequer dados sobre quantos são no Brasil e qual a formação dos profissionais de apoio , que segundo lei de 2015, manteve a “função de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência” durante atividades escolares quando necessário. Além disso, há polêmicas sobre a existência de acompanhantes para esses alunos e se deveriam ajudar na mediação da aprendizagem.

Nos últimos anos, o País ainda deu passos para trás, dizem especialistas, quando houve tentativa na gestão Jair Bolsonaro (PL) de se voltar a investir em escolas especiais para crianças com deficiências.

Junta-se a isso um sistema público – onde está a maioria das crianças autistas – precarizadas, professores que trabalham em vários turnos, em salas superlotadas, carreira têm desvalorizadas, convivem com materiais e estrutura insuficientes e conflitos crescentes.

Tem havido reclamações frequentes de professores que dizem não saber lidar com autistas na sala de aula, em momentos em que eles se desregulam e entram em crises ou quando têm dificuldades de aprendizagem. Por outro lado, as famílias denunciam a recusa da matrícula, como o despreparo e o descaso dos profissionais das escolas com as crianças com TEA.

“A inclusão está acontecendo no País, os alunos estão em sala de aula, todos estudam com pessoas diferentes. Mas é a escola inclusiva que desejamos? Não há a menor dúvida de que a gente precisa melhorar”, diz a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Zara Figueiredo , do MEC.

Segundo ela, o ministério abrirá ainda este ano 250 mil vagas de formação para professores em educação inclusiva, com uso de R$ 40 milhões, e criará oficinas para as famílias. O MEC está fornecendo diretrizes para a carga de apoio profissional e realizará um seminário internacional sobre o assunto em junho.

“Os currículos de licenciaturas e Pedagogia ainda têm lacunas significativas na formação para a inclusão efetiva, que tentaremos corrigir via formação continuada (para profissionais já graduados e em atividade) ”, diz Zara. Estados e municípios precisam aderir ao programa e liberar seus professores para os cursos.

É a Secadi que está agora discutindo em um grupo de trabalho, cujo relatório deve ficar pronto ainda este mês , recomendações sobre o chamado “parecer 50″ da CNE, que aguarda homologação do ministro da Educação, Camilo Santana (PT).

A inclusão está acontecendo no País, os alunos estão em sala de aula, todos estão estudando com pessoas diferentes. Mas é a escola inclusiva que desejamos? Não há menor dúvida de que a gente precisa melhorar

secretária da Secadi, do MEC, Zara Figueiredo

O assessor da CNE ou o MEC, mas tem autonomia para aprovar normativas. Para se tornar eficaz, no entanto, o documento aprovado em dezembro no conselho preciso do aval do ministro, que está há meses sem decidir. Neste mês de conscientização do autismo, o movimento #homologacamilo tem crescido nas redes e pressionado o ministro.

O mesmo grupo entregou a ele documento com cerca de 2,6 mil assinaturas de entidades ligadas a pessoas com deficiência, de apoio ao texto. Por outro lado, há pressões e cartas de repudio também de entidades e especialistas, pedindo que ele não homologe o parecer. Muitos são de movimentos sociais, alinhados à esquerda, o que complica mais ainda a decisão do MEC da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apesar das polêmicas, o presidente da CNE, Luiz Curi, diz que acredita que o ministro é “dedicado à escuta e ao consenso” e que dessa forma vai conduzir a análise do parecer.

O que diz o parecer do CNE
O parecer 50/2023, intitulado Orientações Específicas para o Público da Educação Especial: Atendimento de Estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) , é construído com foco nas Práticas Baseadas em Evidências (PBE), termo da saúde para resultados de pesquisas que passaram por testes clínicos participantes de determinados critérios científicos.

A partir disso, há recomendações para que cada aluno tenha um Planejamento Educacional Individualizado (PEI), que descreva estratégias, recursos, avaliações e seus progressos. Segundo o relatório, ele deve considerar “evidências científicas” e “não pode ser posto em execução sem expressa anuência de pais ou responsáveis ​​pelo estudante”.
Uma das partes consideradas mais polêmicas é a que lista 28 práticas com evidências de efeitos positivos em crianças com TEA, com base em pesquisas internacionais – e indica que elas deveriam fazer parte da formação de professores e outros profissionais que atuam na escola. A maioria delas está ligada à Análise Comportamental Aplicada (ABA, na sigla em inglês), que utiliza técnicas para melhorar habilidades acadêmicas, funcionais, sociais e de comunicação.
Entre as citações no relatório, estão o “reforçamento”, que é a “aplicação de uma consequência”, como um comentário elogioso, por exemplo, “após uma resposta dada pelo aluno que aumenta a probabilidade de ele emitir uma resposta no futuro em situações semelhantes”. Ou uma “análise de tarefa” em que se divide uma tarefa em “etapas pequenas e gerenciáveis” para que uma criança com TEA consiga realizar sem se desorganizar.
Especialistas de outras áreas da Psicologia e da educação no Brasil – ligados à Psicanálise, à Psicologia social e ao Construtivismo, por exemplo – se opõem a essa abordagem focada no comportamento, a decisões tecnicistas e não inclusivas. Eles também entendem que a educação e o desenvolvimento da mente humana não devem ser medidos em testes com certos parâmetros.

Quem defende as práticas comportamentais diz que outras correntes não têm evidências científicas para o TEA justamente porque não passaram por testes clínicos planejados. Com o mesmo argumento, a psicanálise foi alvo de polêmica recente com o livroQue bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério , de Natalia Pasternak e Carlos Orsi.

“Não adianta achar que uma criança autista não alfabetizada vai aprender oração subordinada só porque ela ou o professor quer”, diz Lucelmo Lacerda , um dos pesquisadores que participaram da elaboração do parecer no CNE, ao defender adaptações no ensino e práticas presentes no relatório.

Ele é professor de cursos de especialização em ABA numa instituição privada, ou que é visto com desconfiança pelos críticos do documento, que entende que há interesse mercadológico em sua defesa. Lucena afirma que o olhar tem critérios mais rígidos do que os cursos que ministram e que não é proprietário da instituição de ensino, apenas funcionário.

“São práticas testadas em escolas com evidências em vários países. O fato de se compartilhar processos entre a ciência e a educação não quer dizer que fazemos terapia na escola”, completa, sobre a crítica de que o documento estaria inserido indo práticas médicas na educação. Mais 10 especialistas, de universidades públicas e privadas, participaram da elaboração do parecer, que duraram cerca de um ano.

Acompanhantes, ATs e profissionais de apoio
O visual indica ainda carga horária e abordagem de formações para profissionais que atuam com crianças autistas. Um deles é o acompanhante especializado , cuja figura também é motivo de debates intensos. Na lei de 2012, o acompanhante é citado como direito da pessoa com TEA em “casos de necessidade comprovada”, mas sem especificar suas funções.

O parecer traz outra novidade, decrescente que esses acompanhantes são diferentes dos profissionais de apoio, porque podem “avançar no auxílio às questões pedagógicas, sempre sob a orientação e supervisão (…) do Professor”. Os grupos contrários ao parecer condenam que os acompanhantes tenham qualquer função pedagógica na sala de aula e apenas se ocupem do cuidado.

“A relação do aluno precisa ser com o professor; ele tem de ser uma referência. A educação se faz nessas formas relacionais, no convívio”, diz Deigles Amaro , especialista em gestão educacional do Instituto Rodrigo Mendes , entidade que assina a carta de repúdio ao parecer.

Ela afirma que a educação inclusiva pressupõe que o professor conheça bem o estudante, como ele se relaciona, como compreende o espaço, quais são seus interesses, e considere isso ao ensinar. “Os estudantes são reais, não categorias diagnósticas. Não pensamos que deva haver formação para professores lidarem com autistas que digam: para o autista se faz tal coisa.”

No jargão de famílias e terapeutas da área, esses profissionais muitas vezes são chamados de acompanhantes terapêuticos ou ATs , nomenclatura que não aparece na legislação sobre inclusão.

Maria Aparecida Lopes, de 50 anos, se recusa a levar o filho Artur, de 12, para a escola porque entende que não há estrutura para incluir a criança com diagnóstico de TEA.

Ela avisou o conselho tutelar sobre a decisão e pede na Justiça um acompanhante, com base na legislação, para ficar na sala de aula com o menino, matriculado numa escola estadual de São Bernardo do Campo, no 6° ano. “Ele não está alfabetizado ainda e já não é fundamental 2. Meu filho precisa de um mediador, de material adaptado. Não adianta a professora só passar as coisas na lousa.”

A Secretaria da Educação paulista afirma que destacou um profissional de apoio, que ficaria responsável pelos cuidados de higiene, alimentação, locomoção do menino, e que assim já cumpre a lei federal. Afirma ainda que disponibiliza atendimento no contrato em sala de recursos. “Meu filho não pode ficar sozinho na sala de aula com 40 alunos. Ele tem crises, ninguém tem o menor conhecimento para ajudar”, diz Maria.

Sobre o decreto, a pasta diz que a medida “não substitui, tampouco limita os apoios, recursos e serviços” oferecidos pelo governo, como o profissional de apoio escolar, professores especialistas, materiais didáticos, entre outros.

Para a doutora em Psicologia da Educação, professora na área de Análise do Comportamento, Daniele Kramm , o acompanhante terapêutico não tem função clínica. “É o inverso. Ele acompanha a criança em ambientes naturais, em casa, na rua, na escola. É uma figura importante para favorecer uma acomodação, fazer a ligação entre a escola e a criança para que ela consiga aprender melhor”, diz.

Segundo ela, esse profissional ajuda na aprendizagem porque conhece a criança, sabe dos seus interesses, mas deve trabalhar em parceria com a equipe escolar.

Para a pesquisadora, que não teve participação no olhar do CNE, a figura do AT – com formação adequada – é “um avanço” para que exista inclusão “nas condições de ensino que se tem” no País e deveria ser oferecida por escolas públicas ou privadas quando há necessidade.

“Há escolas com metodologias pouco inclusivas, lotadas, com condições de trabalho e formação bastante insuficientes. Se fosse diferente, talvez o AT não fosse necessário”, completa.

Embora questione a participação de famílias e de comunidades escolares no parecer, Daniele acredita que o texto das especificações questões para que a inclusão ocorra de fato.

“Apesar da análise do comportamento ter conhecimento embasado cientificamente para a formação dos profissionais para lidar com TEA, tem forte resistência das escolas porque há equívocos sobre como ela funciona”, afirma.

“Dizem que ela só se importa com o que é observável, que não leva em conta pensamentos, sentimentos. Não é verdade. Ela tem uma dimensão de validade social, com o princípio de melhorar a vida do sujeito e não algo que fique só na teoria.”

Denúncias
Na profusão de normas e conceitos, com escolas sem estrutura e formação, e aumento de diagnósticos, surgem ainda denúncias de um mercado do autismo. Clínicas e profissionais que oferecem análises ou ATs com formação precária, estagiários residentes como acompanhantes ou preços exorbitantes para horas e horas de terapia, sem que as famílias entendam as reais necessidades da criança.

A deputada estadual Andrea Werner (PSB), ativista e mãe de um adolescente com TEA, afirma receber diariamente quantidades de denúncias de escolas que recusam matrícula ou não oferecem apoio e impedem que acompanhantes dos alunos participem do ambiente escolar. Como as normas não são claras sobre o acompanhante, tem crescido a judicialização.

“Não faz menor sentido a escola impedir um profissional que vai ajudar uma criança. A realidade é de escolas lotadas, com cinco autistas numa sala, outras deficiências. Muitas vezes a criança fica meia hora na escola e liga para a mãe buscar ou chamar a polícia porque o aluno entrou em crise”, diz.

Andrea é a favor do decreto do governo que permite que as famílias levem acompanhamentos pagos por elas para atuar na escola. “Claramente não está dando certo, o Estado não está oferecendo esses profissionais. É óbvio que a educação tem questões estruturais, mas enquanto não resolve isso tudo, o que dá pra fazer agora?” Na rede estadual paulista, há atualmente 8,4 mil profissionais de apoio e 80 mil crianças com deficiência.

O texto do decreto, no entanto, permite também que esse atendente pessoal seja um “membro da família”, o que levou a uma enxurrada de críticas sobre a permissão da mãe ou do pai estar dentro da sala de aula. Andrea e todos os especialistas ouvidos na reportagem discordam dessa possibilidade.

O decreto ainda precisa ser regulamentado pela secretaria para entrar em vigor, mas também há fortes evidências relatadas à ideia de permitir que os pais custeiem sejam profissionais de apoio à criança.

“Além de empurrões para a família o que é a responsabilidade do Estado, há questões trabalhistas, com uma pessoa dentro da escola, cujo vínculo é com a família. Quem responde por eventuais situações que aconteçam lá, como assédio?”, questiona Mariana Rosa , cofundadora do Instituto Cáue, uma das entidades que integram o grupo do MEC para analisar o parecer 50 e também assinam a carta de repúdio ao documento.

Papel da escola
Entre os críticos do parecer e do decreto paulista, há em comum a defesa de um modelo social de inclusão, não focado nas especificidades de cada deficiência e que entende que a escola precisa se adaptar ao estudante e não o contrário.

“É preciso entender que uma criança com TEA se comporta daquele jeito porque houve algo no ambiente que disparou aquilo, tem de cuidar do ambiente. Foi ruído, falta de sensibilidade? Não é olhar só para o comportamento dele, querer que seja mais normal”, afirma Mariana.

Segundo ela, é função de todos na escola, professor, gestor, cantineira desenvolver habilidades em conjunto para isso, em diálogo com outras áreas, como o SUS, por mais que “pareça utópico”.

A psicóloga, professora e pesquisadora no campo da saúde mental e direitos humanos do Mackenzie, Flavia Blikstein , tem opinião semelhante. Para ela, medidas como o parecer e o decreto pretendem desmontar políticas de inclusão sob o pretexto de que nunca funcionaram, quando, na verdade, sequer foram rompidas totalmente por falta de investimento necessário.

“Usa-se esse argumento para retomar uma lógica anterior que pressupõe discursos da especificidade, ou seja, o autista é tão específico que precisa de determinada prática. Como se isso não valesse para todas as crianças. Elas têm especificidades e isso não deve deixá-las fora do contexto escolar e da vida”, completa.

Para ela, essa lógica desemboca numa defesa de instituições específicas para as crianças com deficiência, como ocorria antes da inclusão, o que “rompe totalmente com a visão do direito à infância”.

O conceito de inclusão ganhou força a partir dos anos 1990 no mundo, quando organismos internacionais passaram a olhar pessoas com deficiência pela ótica dos direitos humanos e da educação. Surgem então discutiu sobre equiparar oportunidades, com acesso a trabalho, educação, cultura, lazer – em substituições à lógica da segregação.

Em 2006, esses conceitos foram organizados na Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, na Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário. A partir disso, vieram as leis e normas brasileiras mais específicas.

O temor das famílias e de alguns especialistas é de que a polêmica só atrase mais ainda os avanços necessários para se fazer uma escola mais inclusiva. “A gente diverge na estratégia de abordagem, mas não na urgência”, afirma Mariana Rosa. “Mas a divergência cria insegurança e pode fazer as mudanças mudarem ainda mais.”

Estado de São Paulo

Postado em 15 de abril de 2024