Por 2026, Tarcísio assume papel de garoto-propaganda da reforma tributária
Nas últimas três décadas, duas semelhanças unem os políticos que passaram pela poltrona do governador de São Paulo. Nenhum deles apoiou as diversas tentativas de reformar o sistema tributário. Todos foram mal sucedidos nos seus planos de chegar ao trono de Presidente da República. De olho em 2026, Tarcísio de Freitas enxergou no novo esforço para reformar o manicômio tributário brasileiro uma oportunidade para reverter a maldição que transforma o Palácio dos Bandeirantes em túmulo de projetos presidenciais. Mantém um olho no estado e outro no país.
Até a última final de semana, Tarcísio empunhava a espada de defensor dos interesses de São Paulo. Sentiu um cheiro de queimado quando Bolsonaro convocou os aliados para derrotar a “reforma do PT”. Reposicionou-se em cena ao notar que a proposta desprezada pelo capitão durante todo o seu antigoverno recebeu o apoio de economistas de diferentes matizes e do PIB paulista.
Em vídeo levado às redes sociais nesta quarta-feira pelos Republicanos, seu partido, Tarcísio assumiu ares de garoto-propaganda. “A reforma tributária é a alavanca que está faltando para o Brasil dar um salto, para o Brasil se desenvolver”, declarou.
“Passamos ao longo dos últimos anos por reformas muito importantes”, disse Tarcísio, afagando Bolsonaro antes de se distanciar dele: “Isso vai dar velocidade para a nossa economia, vai criar oportunidades, mas falta alguma coisa e essa alguma coisa é a simplificação dos tributos, que vão gerar divisão, crescimento, investimento e no final das contas, vão gerar emprego.”
De passagem por Brasília, Tarcísio negociou os termos de sua adesão. Obteve o compromisso de que seria remodelado o Conselho Federativo. Trata-se de um novo órgão, criado na reforma para gerenciar o novo Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS), que nascerá da unificação do imposto estadual (ICMS) com o imposto municipal (ISS).
Tarcísio recebeu que os estados das regiões sudeste e sul fossem emparedados pelo bloco majoritário dos representantes do Nordeste. Além de trocar o quórum de maioria simples pela maioria absoluta, os articuladores da reforma concordaram em injetar no processo decisório do novo conselho uma votação por região.
Sem descuidar dos interesses de São Paulo, Tarcísio acenou para o resto do país. Exibiu uma sensibilidade de presidenciável que seus antecessores não tiveram. Ainda não se sabe se o nome do governador paulista estará na cédula de 2026 como candidato ao Planalto. Mas está entendido que: 1 ) Tarcísio tem essa pretensão. 2 ) Não enxerga a fidelidade cega a Bolsonaro como pré-condição para se oferecer ao eleitorado como uma opção conservadora civilizada.
UOL