Prefeito suspeito de tentar matar ex com 15 tiros é solto pela Justiça e recebido com festa
O juiz Wander Soares Fonseca, do Tribunal de Justiça de Goiás, revogou a prisão preventiva do prefeito de Iporá (GO), Naçoitan Araújo Leite, suspeito de invadir a casa de sua ex-esposa e atirar 15 vezes. O crime aconteceu em novembro passado. O prefeito, atualmente sem partido, já voltou ao cargo na prefeitura e foi recebido com festa na cidade na noite em que foi liberado, na última sexta-feira.
Naçoitan vai usar tornozeleira eletrônica e deverá se apresentar à Justiça com frequência. Ele está proibido de se aproximar ou manter contato com a ex-mulher e familiares. Antes de voltar ao cargo, o município do oeste de Goiás estava sob a batuta da vice-prefeita Maysa Cunha (PP).
“Eu estou com o estômago todo revirado! Vida de mulher não vale nada nesse país e menos ainda em Goiás”, disse a vereadora de Goiânia Aava Santiago (PSDB-GO), sobre a soltura e a festa de recepção ao prefeito. “Atirou quinze vezes contra a ex-mulher e foi recebido com louvores, fogos e festa pelo povo dele – que diz defender a vida e a família”, complementou.
Na época, câmeras de segurança flagraram o prefeito derrubando o portão da casa da ex com sua caminhonete. Segundo a mulher, que não teve o nome revelado por proteção, o prefeito teria “descarregado um pente de arma” na porta do seu quarto. Ela diz ter “certeza” que ele foi ao local com o objetivo de matá-la por não aceitar o término do relacionamento, o que aconteceu há cerca de dois meses.
Foram identificados pelo menos 15 tiros de pistola 9mm. A mulher e o namorado dela, que também estava no local, conseguiram se esconder e não se feriram. A Polícia Civil investiga o caso como tentativa de feminicídio, e também tentativa de homicídio, contra o homem. Após ao caso, Naçoitan fugiu, se apresentando à polícia dias depois.
Denúncias contra o prefeito
Além da atual acusação contra a ex, o político já coleciona outras denúncias criminais na esfera política. Em abril do ano passado, ele foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás pela prática de incitação ao crime depois de propor, por WhatsApp, atentados conta militantes e simpatizantes do PT. Em 2022, após as eleições, ele publicou um vídeo dizendo que era necessário “eliminar Alexandre de Moraes e Lula”, o que resultou na sua suspensão pelo União Brasil.
A denúncia do MP se refere às mensagens enviadas por Naçoitan em março de 2022 nos grupos do Sindicato Rural de Iporá, do qual ele é um dos líderes. Por áudio, ele reclamou que o grupo havia aceitado a contribuição de um petista para ajuda na obra da fachada do sindicato.
O prefeito xingou o doador e, segundo o MP, incitou a prática de crimes contra simpatizantes ou filiados do PT. Na mensagem, ele afirmou “PT com nós (sic) aqui agora é na botina, e se for preciso na bala, entendeu?”.
Outra polêmica aconteceu em 2021, quando o vereador de Iporá, Moisés Victor Magalhães, denunciou que teria sido agredido pelo prefeito ao filmá-lo num churrasco. Nas redes sociais, o parlamentar divulgou fotos de ferimentos nos braços, nas costas e na cabeça. O caso foi parar na polícia.
Na época, o prefeito alegou que o vereador foi indagado sobre o motivo da filmagem pelos presentes e, como reação, teria atirado uma pedra no grupo. Naçoitan negou qualquer agressão e disse que se escondeu para fugir da confusão.
Folha PE