Prisão de Jair Bolsonaro e anistia dividem eleitorado potiguar

Postado em 12 de dezembro de 2025

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que decretou a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro divide fortemente a opinião dos potiguares. É o que mostra pesquisa realizada pelo Instituto Consult entre os dias 2 e 5 de dezembro de 2025, com 1.700 entrevistados em 59 municípios do Rio Grande do Norte. Questionados sobre se a determinação foi “certa” ou “errada”, 39,53% discordaram do que a suprema corte decidiu, enquanto 38,47 apoiam a iniciativa, ao passo que 22% não souberam responder.

O resultado reflete o ambiente de polarização que tem marcado o debate político nacional. Numericamente, o cenário é de empate técnico entre os que aprovam e os que reprovam a prisão em regime fechado do ex-presidente, visto que a margem de erro da pesquisa é de 2,3 pontos percentuais.

Anistia

O levantamento também mediu a percepção pública sobre a proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, outro tema que desperta reações intensas. Assim como ocorre com a prisão de Bolsonaro, a anistia divide o eleitorado entre os que veem na medida um gesto de condescendência com crimes contra a democracia e os que interpretam o projeto como caminho para a pacificação política.

Entre os entrevistados, 41,35% disseram ser favoráveis ao projeto de anistia para soltar os manifestantes que entraram no Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023 e depredaram a sede dos Três Poderes. Enquanto isso, 37,41 se posicionam contra a possibilidade de liberdade dos condenados através do projeto. Outros 21,24 não souberam dizer.

A pesquisa revela que ambos os temas funcionam como marcadores simbólicos de pertencimento político e tendem a influenciar comportamentos eleitorais. No caso da possibilidade de anistia, vale salientar, a Câmara dos Deputados aprovou na madrugada da última quarta-feira (10) outro projeto de lei que, neste caso, diminui as penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, inclusive a do ex-presidente Jair Bolsonaro. A proposta teve a possibilidade de anistia retirada durante a tramitação na Câmara.

A matéria aprovada pelos deputados determina que, quando os crimes de tentativa de golpe de Estado e de abolição do Estado Democrático de Direito ocorrerem no mesmo contexto, será aplicada apenas a pena mais grave, e não a soma das penas. O texto segue agora para apreciação do Senado, tendo o senador Esperidião Amin (PP-SC) como o relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A expectativa é de que o parecer seja apresentado na reunião da próxima quarta-feira (17) e que, se aprovado na comissão,possa seguir ao Plenário ainda neste ano.

Se aprovado pelo Senado, o projeto terá de passar ainda pelo aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que terá 15 dias úteis para sancioná-lo ou vetá-lo. Se Lula vetar, o texto volta para o Congresso, que, em sessão conjunta, pode derrubar ou manter a decisão do presidente da República. Há a possibilidade de, em último caso, ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal, que pode se manifestar se acionada por meio de ação.

TRIBUNA DO NORTE