Projeto “Escuta Caatinga”, de Sayonara Pinheiro, chega a Currais Novos dia 20 de outubro

Escuta Caatinga
de Sayonara Pinheiro
Há um lugar onde o silêncio fala.
Onde a força da vida se expressa mesmo na seca. Um eco que é respiração da terra, pulsar das plantas, canto da raiz
que insiste em viver.
Esse lugar é a Caatinga — o único bioma que existe só aqui, só nosso — e é a partir dele que surge o ‘Escuta Caatinga’,
um convite sensível, urgente,
para ouvir o invisível.
Imagine: caminhar entre mandacarus, xiques-xiques, árvores retorcidas pelo sol, sentir o ar quente do sertão e, ao mesmo tempo, escutar as vibrações sutis da vegetação. São estalos, frestas, ressonâncias que quase escapam aos sentidos — e aí entram a arte, a tecnologia e a engenhosidade humana para capturar esses sons íntimos. Transformá-los em som, corpo. Tornar o que está oculto sentível.
Esse projeto nasce numa terra de resistência: há cinco anos engendrado nas raízes da pesquisa, cultivado em residências artísticas, levado até à UNESCO, em Paris. Agora retorna ao Seridó, para mergulhar na Caatinga que se mostra seca e dormida, mas que, no fundo, nunca deixa de pulsar — aguardando chuva, renascimento, música. A instalação sonora interativa é a entrelinha entre o que escutamos e o que sentimos: luz, sombra, som, imagem. Cada planta, cada folha seca, cada broto escondido, será ponte para um verso que a natureza escreveu. E no espaço de encontro — as rodas de conversa — haverá o abrir de vozes, de memórias, de urgência; haverá o diálogo entre quem conhece, quem vê, quem ouve pela primeira vez. Porque proteger a Caatinga não é apenas conservar espécies;
É guardar as nossas histórias.
É manter vivo o poema que a terra canta num vento quente.
É preservar a beleza que floresce no árido.
É dar voz ao bioma para que ele nos fale, nos emocione e nos transforme.
‘Escuta Caatinga’ é também sonho de um jardim no semiárido; promessa de verde nos meses secos; celebração da invisível vida escondida nos troncos brancos.
Uma convocação através da arte:
para que cada pessoa que entrar nessa instalação escute, sinta,
perceba que conservar é amar.
Local – Casa de Cultura de Currais Novos – Pça Cristo Rei n° 162 Centro.
Data – 20.10.25
Horário – 18h