Provas de Textor são “insuficientes” para comprovar fraudes
O controlador do Botafogo, John Textor, tem movimentado os bastidores do futebol brasileiro com afirmações de que há manipulações e fraudes em jogos. Nessa segunda-feira (22/4), Textor depôs na CPI da Manipulação de Resultados e Apostas Esportivas do Senado sobre o assunto. O americano não tornou públicas as suas provas, mas diz que elas são baseadas em análises de desempenho e com o auxílio de inteligência artificial. Mas o método é considerado falho.
Nicolas Saydé, chefe da Convenção Macolin no Conselho da Europa, organização que combate manipulação em eventos esportivos, sem entrar no mérito das afirmações de Textor, afirmou que a análise de desempenho “é insuficiente para provar que uma competição foi manipulada”. O especialista esteve em Buenos Aires, na Argentina, na semana passada, onde aconteceu um seminário da Cooperação Ibero-americana de Loterias e Apostas do Estado.
Segundo Saydé, essas evidências precisam ser corroboradas “por indicações sérias e consistentes, como padrões de apostas suspeitos”. A constatação foi publicada em um relatório da entidade no ano passado.
Ele também afirmou que a inteligência artificial “pode ser valiosa para detectar manipulação, seja na análise de desempenho, na análise de padrões de apostas suspeitas ou na identificação de fluxos de dinheiro”. E que elas “oferecem suporte adicional na identificação de casos de manipulação”.
No ano passado, a CBF recomendou ao governo federal que aderisse à Convenção de Macolin, o que ainda não aconteceu. Porém, no próximo mês, representantes do país serão convidados para a reunião da entidade na Suíça.
“O Brasil teria acesso a uma rede internacional para combater a manipulação de eventos esportivos com base em definições e sanções comuns. O país se beneficiaria de transferências facilitadas de dados. Todos os países enfrentam desafios semelhantes, tornando esta uma oportunidade única para aprender com os outros, compartilhar com eles melhores práticas e exemplos do Brasil e trocar ideias sobre o que funciona e o que não funciona, fortalecendo juntos o combate à manipulação de resultados em nível internacional”, defendeu.
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