PT cogita outros nomes ao Senado caso Zenaide não integre chapa de Fátima

Mesmo com o desejo de manter a senadora Zenaide Maia (PSD) na aliança majoritária de 2026, o PT já admite publicamente a possibilidade de buscar um nome alternativo para disputar o Senado ao lado da governadora Fátima Bezerra, que é pré-candidata ao cargo. A informação foi confirmada pelo secretário estadual da Fazenda, Cadu Xavier, apontado como pré-candidato do grupo ao Governo do Estado.
Segundo ele, embora a presença de Zenaide no palanque petista seja considerada “natural” pela história de alinhamento político, coerência e atuação parlamentar, o distanciamento entre a senadora e a gestão de Fátima nas últimas agendas já preocupa aliados. “A senadora Zenaide é um quadro importante. Hoje é vice-líder do governo federal no Senado. A nossa intenção é que ela venha para o nosso palanque. Mas, se não for da vontade dela, temos outros quadros”, afirmou.
Sem citar nomes, Cadu indicou que há alternativas possíveis dentro do próprio PT, além de partidos aliados como o MDB. “A gente tem muita gente com capacidade eleitoral grande que pode compor a chapa com a governadora”, completou. O grupo deseja montar uma composição majoritária com quatro nomes: governador, vice-governador e dois ao Senado. A expectativa é que, com a candidatura de Fátima ao Senado já posta, Zenaide possa ser o segundo nome, caso aceite integrar a aliança. Se não, o PT quer assegurar presença e equilíbrio entre as forças que sustentam o governo.
Cadu lembrou o papel desempenhado por Zenaide em momentos-chave, como a defesa da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 e o apoio da militância de esquerda que a elegeu em 2018. “Seria um processo de coerência. Mas depende da vontade dela. Se ela não quiser, vamos buscar outro nome, com força eleitoral”, disse. Ele frisou que, embora não haja rompimento formal, existe um distanciamento que precisa ser superado ou, em último caso, administrado.
A entrevista foi concedida na manhã desta quarta-feira 28 à rádio 94 FM, durante participação no Jornal da Cidade. Cadu Xavier também respondeu sobre alianças para o governo, escolha de vice e composição da chapa com MDB e partidos de esquerda. Segundo ele, o nome do vice deve vir do MDB, partido do atual vice-governador e futuro titular do Executivo, Walter Alves, que assume o governo em abril de 2026, quando Fátima se desincompatibiliza para disputar o Senado.
Governo Fátima não tem “uma denúncia de corrupção”, destaca Cadu
Cadu Xavier foi enfático ao dizer que o atual governo do Rio Grande do Norte, comandado por Fátima Bezerra desde 2019, não tem qualquer escândalo de corrupção registrado em sua trajetória. “Se você procurar no Google: corrupção, governo Fátima, não tem. Estamos há seis anos e quatro meses de gestão e não há uma denúncia”, disse, ao comentar o ambiente de desconfiança provocado pelas denúncias envolvendo o INSS no âmbito federal.
Durante a entrevista na 94 FM, o secretário classificou como “gravíssima” a fraude envolvendo descontos indevidos em benefícios previdenciários e defendeu apuração rigorosa. “É um crime que mexe com a aposentadoria de idosos, que poderiam estar comprando remédio, comida. Tem que ser investigado; e os culpados, punidos”, declarou.
Ao mesmo tempo, afirmou que a discussão sobre corrupção precisa ser “aprofundada localmente”, e criticou a seletividade de parte da opinião pública e da classe política. “A gente gosta muito de debater corrupção quando é longe. Quando é perto, pouco se fala”, disparou.
Cadu citou a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa, durante a pandemia, que revirou contratos da Secretaria de Saúde e da gestão estadual, mas não apontou nenhuma irregularidade. “Foi tudo investigado, abriram uma CPI, vasculharam tudo e não encontraram nada. Porque nosso governo tem conduta. Seriedade é um princípio para mim, como é para a governadora”, afirmou.
Para ele, o compromisso com o uso correto dos recursos públicos é um valor pessoal e uma marca da atual gestão. “Não é só questão de não roubar. É tratar o dinheiro público com zelo, com critério. E é isso que temos feito todos os dias”, concluiu.
“RN de hoje é muito melhor do que em 2019”, afirma pré-candidato
Pré-candidato ao Governo do Estado pelo PT, Cadu Xavier acredita que o Rio Grande do Norte vive hoje um cenário completamente diferente daquele que encontrou em 2019, quando assumiu a então existente Secretaria de Tributação (hoje, parte da pasta de Fazenda) na gestão da governadora Fátima Bezerra. Em sua avaliação, o Estado passou a ter mais estabilidade, melhores serviços públicos e um horizonte de desenvolvimento mais claro.
“Não tenho dúvida de que a vida do cidadão potiguar melhorou. A segurança pública é outra. A saúde avançou. O ambiente de negócios também. Temos hoje capacidade de investimento e projetos estruturantes em andamento”, afirmou.
Entre os planos para o futuro, caso seja eleito, Cadu citou três eixos centrais: o fortalecimento das energias renováveis, a exploração da margem equatorial e a consolidação do projeto do Porto Indústria Verde. Ele acredita que o RN está prestes a entrar em uma nova fase de crescimento, com base em uma economia verde, moderna e sustentável. “O sonho que tenho para o Estado é esse: que ele continue crescendo, investindo e melhorando a qualidade de vida de quem vive aqui.”
Para ele, os próximos quatro anos podem ser uma continuidade do ciclo iniciado em 2019, com mais capacidade de ação graças à reorganização fiscal realizada ao longo da atual gestão. Cadu afirma que, quando assumiu a Secretaria da Fazenda, o Estado estava à beira do colapso financeiro, e que hoje já há condições para novos investimentos.
“Em 2019, o RN não pagava salário em dia, vivia de empréstimos, tinha nota C no Tesouro. Hoje a realidade é outra. Isso se reflete na vida das pessoas”, declarou.
A pré-campanha de Cadu deve focar, segundo ele, na defesa desse legado e na apresentação de propostas que mantenham o Estado no rumo da recuperação. “Nosso objetivo é mostrar que podemos ir além. O trabalho que começou pode continuar. E, com mais experiência e organização, pode render ainda mais frutos para quem mais precisa”, concluiu.