RN abre novos leitos após Walfredo voltar a ter pacientes nos corredores

Postado em 9 de julho de 2025

Após um fim de semana de tensão, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel voltou a operar em situação controlada nesta terça-feira 8, segundo o diretor da unidade, Geraldo Neto. Em entrevista ao AGORA RN, ele detalhou as ações emergenciais realizadas com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) e hospitais da rede estadual para lidar com a superlotação. “Hoje, a situação está sob controle. A gente passou um final de semana tenso”, disse o diretor.

O alívio momentâneo, no entanto, não significa resolução definitiva. O hospital continua operando acima de sua capacidade. “A gente está com a nossa taxa de ocupação na casa dos 162%. Leito, a gente nunca tem, na verdade. O Walfredo vive superlotado”, afirmou o diretor. O hospital tem cerca de 250 leitos. Essa taxa de 62% a mais de ocupação significa pacientes na sala de cirurgia, na recuperação pós-cirúrgica e nos corredores.

Alívio
RN abre novos leitos após Walfredo voltar a ter pacientes nos corredores
Maior hospital do RN enfrenta pico de AVCs, traumas e queimaduras, com pacientes nos corredores; Sesap reforça UTIs
Redação09/07/2025 | 05:09
Após um fim de semana de tensão, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel voltou a operar em situação controlada nesta terça-feira 8, segundo o diretor da unidade, Geraldo Neto. Em entrevista ao AGORA RN, ele detalhou as ações emergenciais realizadas com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) e hospitais da rede estadual para lidar com a superlotação. “Hoje, a situação está sob controle. A gente passou um final de semana tenso”, disse o diretor.

O alívio momentâneo, no entanto, não significa resolução definitiva. O hospital continua operando acima de sua capacidade. “A gente está com a nossa taxa de ocupação na casa dos 162%. Leito, a gente nunca tem, na verdade. O Walfredo vive superlotado”, afirmou o diretor. O hospital tem cerca de 250 leitos. Essa taxa de 62% a mais de ocupação significa pacientes na sala de cirurgia, na recuperação pós-cirúrgica e nos corredores.

Pacientes HWG (5)
Hospital Walfredo Gurgel enfrenta desafios crônicos de superlotação; ação entre Sesap e rede hospitalar evita colapso. Foto: José Aldenir
Na segunda, 23 pacientes foram transferidos para outras unidades, sendo a maioria encaminhada ao Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, e ao Hospital Alfredo Mesquita Filho, em Macaíba. “Esses 23 pacientes foram recebidos pelo Deoclécio Marques. Outra parte foi para o Alfredo Mesquita, em Macaíba”, explicou Geraldo.

Nesta terça, havia 14 pessoas nos corredores que estavam, em sua maioria, há menos de 24 horas na unidade, inseridos em um protocolo de “preparo”, segundo o diretor. “O paciente chega, tem o primeiro atendimento, tem a solicitação dos exames, a realização desses exames, a reavaliação da equipe médica, a decisão de conduta. Muitas vezes pode-se pedir um novo exame e por aí vai”, explicou.

Nos últimos 30 dias, a equipe do hospital identificou uma mudança no perfil dos pacientes: mais casos graves, com necessidade de internação prolongada, o que reduz a rotatividade dos leitos. “À medida que esse paciente com esse elevado perfil de criticidade dá entrada no serviço, a permanência dele é mais prolongada. Então, a quantidade de giros acaba sendo reduzida”, explicou.

Mesmo diante do cenário de pressão, o hospital garante que nenhum paciente deixou de ser operado. “Chegamos a ter uma sala apenas rodando, por conta da reforma do segundo andar, mas mesmo com uma sala só, nenhum paciente deixou de ser operado”, assegurou o gestor.

Para desafogar a unidade, a Sesap anunciou a abertura emergencial de cinco leitos de UTI no Hospital Memorial, com possibilidade de ampliar para mais cinco nos próximos dias. Outra iniciativa fundamental foi a chamada “barreira ortopédica”, que desde fevereiro está em operação no Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho, em Macaíba.

A estrutura atende pacientes de Macaíba e de outros cinco municípios da Grande Natal, e já realizou mais de 3,5 mil atendimentos e 452 cirurgias ortopédicas desde fevereiro deste ano, quando foi inaugurada. “A barreira ortopédica foi uma grande sacada, que já deveria ter sido viabilizada há anos. Com certeza existe um Walfredo antes e depois da barreira ortopédica”, afirmou Geraldo.

O serviço de Macaíba foi moldado pela Sesap para receber os traumas ortopédicos ocorridos na própria Macaíba e em mais cinco municípios – Parnamirim, Extremoz, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu e Ceará-Mirim –, que antes eram atendidos apenas no Walfredo Gurgel.

Apesar dos avanços, o diretor do hospital reforça que a solução definitiva passa por um investimento contínuo em toda a rede. “Não se trata apenas de abrir leitos. Tão importante quanto isso é fazer uma boa gestão dos serviços. E essa gestão começa lá na atenção primária, com promoção e prevenção. Quando eu falo em prevenção, falo das pessoas que sofrem acidentes de moto e acabam ocupando os leitos”, pontuou.

Geraldo Neto também destacou a articulação entre os hospitais da rede estadual para enfrentar os picos de superlotação. “A gente conta com as unidades que têm perfil similar, como o Deoclécio, o Alfredo, o Memorial, o Paulo Gurgel e os hospitais do interior. O problema é volume”, afirmou. “Mesmo com os momentos de tensão, a gente consegue entregar aquilo que se propõe”.

Principais queixas
As principais queixas que chegam ao hospital continuam sendo os casos de politrauma e acidente vascular cerebral (AVC). “Esse é o carro-chefe. O politrauma pode ser atendido pela neurocirurgia ou pela oftalmologia”, destacou Geraldo Neto. Além do aumento de casos de AVC e traumas ortopédicos, o hospital também registra uma elevação significativa no número de pacientes com queimaduras.

“O nosso CTQ [Centro de Tratamento de Queimaduras] está lotado. Só que não foi devido ao ciclo junino. Na verdade, é choque elétrico”, explicou. Ele alerta para a importância de ações preventivas, voltadas ao uso correto de equipamentos de proteção individual no manuseio de aparelhos elétricos.

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