Rogério crê em direita viva mesmo sem Bolsonaro: ‘Ninguém mata uma ideia’

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL), afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permanece como símbolo da direita e que, apesar dos processos e restrições judiciais, sua influência continuará viva nas eleições de 2026. Além de inelegível por ataques ao sistema eleitoral, Bolsonaro foi condenado no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.
“Bolsonaro hoje é um símbolo, é uma referência, e ninguém mata uma ideia”, declarou o parlamentar. “Ele é uma pessoa de quem o sistema morre de medo. Como é que alguém se elege presidente da República num país com 120 milhões de eleitores sem partido político, sem tempo de televisão e sem dinheiro? Ele voou abaixo do radar. Quando o sistema percebeu que ele era um perigo, tentou matá-lo com uma facada.”
As declarações de Rogério foram dadas em entrevista à TV TCM, de Mossoró. O senador relatou que esteve recentemente com o ex-presidente e descreveu a situação de saúde dele após as cirurgias decorrentes do atentado de 2018. “Em mais de quatro horas de conversa, ele não parou de soluçar e vomitou três ou quatro vezes. Então, é alguém que está sequelado por uma tentativa de assassinato”, contou.
Mesmo assim, segundo Marinho, Bolsonaro continua sendo um ponto de união da direita e das forças conservadoras. “É um senhor de 70 anos. Mas ele representa um sentimento que une um grande grupo de brasileiros que pensam como ele, que respeitam a família, que amam o seu país, que não querem a corrupção, que não aceitam como normal esse cerceamento da liberdade, a censura, não respeitar o contraditório”, disse.
Para o senador, independentemente de poder disputar as eleições de 2026, o ex-presidente continuará influenciando o cenário político. “Ele é esse símbolo que todos nós trazemos dentro de nós, de amor ao nosso país. Eu espero que a anistia aconteça, que ele seja anistiado e possa participar do debate político, do processo político. Mas, independentemente disso, a ideia que ele representa, o conceito que ele traz dentro de si, vai estar em debate nas eleições de 2026”, afirmou. “Eu não tenho dúvida que vai vencer o bem.”
Coerência e identidade política
Secretário-geral do PL e um dos principais estrategistas do partido, Rogério Marinho destacou a importância da coerência ideológica entre os seus membros e defendeu que a política brasileira vive um momento em que o eleitor exige posicionamentos claros.
“Cada vez mais a população está entendendo que não é possível votar em um político que tem uma posição no Estado e uma outra em Brasília, ou tem uma posição num município diferente da que ele tem em outro município. As pessoas estão cobrando coerência. Então, quem é você? O que é que você defende? De que maneira você se comporta, tanto na sua vida privada como na sua vida pública?”, questionou o senador.
Ele afirmou que as redes sociais contribuíram para o aumento da transparência e da cobrança sobre os agentes públicos. “Houve um fenômeno no Brasil e no mundo inteiro que foram as redes sociais. Então não é possível as pessoas se esconderem mais, fazerem de conta que são uma coisa e serem uma outra coisa completamente diferente.”
Para Marinho, a coerência é um pilar da reconstrução da direita no Rio Grande do Norte e no país. “Nós representamos hoje a direita no Brasil e no Estado do Rio Grande do Norte”, disse.
“Quem defende valores, e aí eu falo de família, de respeito à vida desde a concepção, de não aceitar a liberação das drogas, de defender uma política pública dura com quem infringe a lei, de defender o empreendedorismo, o cidadão ter a capacidade de, com seu próprio esforço, com seu próprio suor, prover o seu sustento tendo uma boa educação, uma boa qualificação, defender o direito de propriedade, defender uma política em que o Estado não se aproveite da sociedade, não seja maior do que a sociedade pode suportar.”
O papel da oposição
Rogério Marinho defendeu a necessidade de uma oposição independente e ativa no Rio Grande do Norte, sem mencionar nomes ou gestões específicas, mas sinalizando que o PL pretende ampliar seu protagonismo.
“Para qualquer governo, qualquer que seja ele, é necessário que, para que ele melhore, para que ele produza, para que ele faça bem o seu papel, que haja também uma oposição independente, séria, que não pode ser cooptada”, afirmou.
Segundo ele, o partido quer ir além da disputa eleitoral: “Não adianta apenas a gente falar de política no ano eleitoral, o partido precisa necessariamente ser um órgão vivo, vibrante.”
Marinho disse ainda que a legenda tem buscado capilaridade em diversas regiões do Estado, e citou o caso do Oeste. “O PL já está em Rodolfo Fernandes, estamos tratando de uma negociação lá em Rafael Godeiro, temos o vice-prefeito lá em Marcelino Vieira, temos a prefeita em Tenente Ananias. Estamos nos preparando aqui na região para termos um posicionamento mais forte, porque o partido precisa se mostrar.”
Polarização e futuro das eleições
O senador também abordou a polarização entre PT e PL e defendeu que o embate político de 2026 refletirá as diferenças ideológicas entre as duas visões de Estado.
“Não dá para separar a política estadual da política nacional”, disse. “Porque se você tem os valores que eu acabei de preconizar aqui, você vai administrar de uma forma. Se você não tem esses valores, vai administrar de outra forma.”
Ele, que é pré-candidato a governador, criticou o atual modelo de gestão do governo estadual e associou os problemas a uma estrutura pública “inchada e ineficiente”. “O Rio Grande do Norte seguramente é o Estado que tem o maior comprometimento de folha de pagamento com a sua receita. Isso impede que o Estado tenha a capacidade de fazer investimentos discricionários com recursos próprios nos municípios do Estado”, declarou.
“Você não vê ou não tem notícia de convênios celebrados do o governo do Estado com prefeituras para obras de infraestrutura. Isso acontece cotidianamente nos estados vizinhos do Ceará e da Paraíba, por exemplo.”
Marinho defendeu uma visão de Estado “enxuto, racional e eficiente”, contrapondo-se àquilo que chamou de modelo “hipertrofiado”. “Nós acreditamos no Estado eficiente, no Estado enxuto, no Estado racional, que sirva à sociedade e não no Estado gigante, cheio de cargos pendurados para apaniguados e aliados políticos, o que faz com que a sociedade sinta um peso muito maior.”
O senador rejeitou o rótulo de radical e disse que o PL apenas mantém firme seus princípios. “Às vezes nos chamam de radical. Nós somos a extrema-direita porque defendemos a Constituição, porque defendemos a liberdade de expressão, o livre-arbítrio, que não haja censura, que as pessoas possam se expressar”, disse. “Nós radicalizamos na defesa da democracia, na defesa da vida, na defesa do empreendedorismo, na defesa da propriedade, na defesa da Constituição.”
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