Rogério defende privatizar Caern e diz ter ‘coragem’ para medidas impopulares

O senador Rogério Marinho, pré-candidato do PL ao Governo do Estado nas eleições de 2026, defendeu nesta sexta-feira que a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) seja privatizada. Em entrevista a uma rádio de Natal, o senador citou resultados negativos da companhia e falou que vê a concessão à iniciativa privada como única solução para o problema.
“Temos um processo em que 50% da água não chega no destino final. Nós temos uma taxa de cobertura de saneamento básico e tratamento de água potável bem abaixo da média nacional. A governadora (Fátima Bezerra) está fazendo o estudo de uma parceria público-privada (PPP) para manter uma estrutura arcaica. Eu sou contra. Acho que tem que ser concessão”, declarou o senador, à 98 FM.
O parlamentar falou, ainda, sobre a necessidade de rever o repasse de duodécimos para os Poderes Legislativo e Judiciário, e para órgãos como Ministério Público, Defensoria e Tribunal de Contas. “Os Poderes têm um pedaço cativo do orçamento. Tem que sentar com os presidentes dos Poderes e pedir para que cada um deles dar sua cota de contribuição”, argumentou o senador.
Segundo Rogério, essas medidas são necessárias para que o Estado recupere sua capacidade de investimento. “O Estado não tem recurso para fazer investimento. Os municípios não fazem convenio com o Governo do Estado. Não temos plano para emprego e renda para gerar perspectiva para os nossos jovens. Vamos apresentar um projeto para o Estado”, destacou.
Rogério Marinho citou as medidas para dizer que é preciso ter “coragem” para enfrentar os problemas do Estado, e não apenas ser “estilingue” para criticar a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). “Qual a proposta de resolução do problema? É principalmente você ter a coragem de tomar algumas decisões que não são tão populares e fáceis de se implementar”, acrescentou.
“Nosso candidato é Bolsonaro”, diz senador sobre direita em 2026
O senador negou que haja uma articulação em curso dentro do PL para que ele seja a opção da direita para a disputa da Presidência em 2026, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A notícia surgiu nesta semana, em publicação no blog de Bela Megale, no jornal O Globo.
Ele disse acreditar que Jair Bolsonaro vai recuperar os direitos políticos e ser candidato no próximo ano. Caso isso não seja possível, afirma Rogério Marinho, será o próprio Bolsonaro quem vai indicar seu herdeiro político.
“Não há essa especulação interna. Sei de onde surgiu essa notícia. Há um jornalismo especulativo, que é natural no processo político. Eu sou secretário-geral do partido. Mas o nosso candidato é Bolsonaro. Caso alguma coisa aconteça que impossibilite sua candidatura, nós vamos ouvi-lo, ele como líder da direita, alguém que tem condições de apontar o caminho que nós vamos trilhar”, afirmou Rogério, à 98 FM.
“Mas eu acredito ainda que há boa possibilidade de o presidente Bolsonaro reverter essa situação (de inelegibilidade) e ser o candidato. Através da anistia, por exemplo. Vamos aguardar o processo”, afirmou Rogério.
Líder da oposição acusa governo Lula de omissão no caso do INSS
Durante a entrevista, Rogério Marinho acusou o Governo Lula de omissão deliberada e aparelhamento institucional no escândalo dos descontos indevidos aplicados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
Ele ressaltou que houve uma explosão geométrica de filiações e cobranças ilegais a partir de 2023, já sob o comando da atual gestão, e que o governo federal ignorou alertas da Controladoria-Geral da União (CGU), do Tribunal de Contas da União (TCU) e do próprio Conselho de Previdência sobre o crescimento anormal dessas práticas. “Varreu-se um elefante para debaixo do tapete”, declarou.
Segundo Marinho, os descontos compulsórios ocorrem há décadas, mas se agravaram de maneira inédita nos últimos dois anos. Ele apontou que, enquanto em 2019 e 2020 houve uma queda de 20% no volume de contribuições associativas, entre 2023 e 2024 houve um salto de 2 milhões para 7,6 milhões de filiados, números que, segundo ele, indicam conivência do governo. O senador criticou ainda a retirada do mecanismo de bloqueio prévio de autorizações implantado em 2020, que obrigava os beneficiários a optarem pelo desconto. “A partir da revogação, abriram-se as portas do inferno”, disse.
Durante a entrevista, Marinho afirmou que, em 2019, quando era secretário especial da Previdência no governo Bolsonaro, adotou medidas concretas para combater as fraudes no INSS. Ele citou a Medida Provisória 871, que incluía, entre outros pontos, a exigência de revalidação anual das contribuições e o fim da exclusividade dos sindicatos rurais na emissão de certidões para aposentadoria.
A regulação, no entanto, foi derrubada no Congresso. Ele acusou parlamentares do PT, PDT e outros partidos de esquerda de atuarem contra as tentativas de controle.
Questionado sobre a suposta responsabilidade de sua gestão, o senador argumentou que os dados desmentem a narrativa de que o escândalo começou no governo anterior. “Se fosse um esquema do governo Bolsonaro, por que o irmão do presidente Lula era vice de uma das entidades mais beneficiadas?” Ele também rebateu as críticas feitas pelos deputados federais Natália Bonavides e Fernando Mineiro, do PT, que se recusaram a assinar o pedido de CPI do INSS sob a alegação de que teria caráter político.
Para Marinho, essa postura revela tentativa de blindagem. “A CPI é um instrumento da oposição previsto na Constituição. Quando se excluem do inquérito entidades diretamente ligadas ao governo, como a do irmão do presidente, isso sim é uso político.”
O senador ainda levantou suspeitas de aparelhamento da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Disse que houve interferência ao limitar o escopo da investigação aos anos anteriores a 2023, enquanto as denúncias mais graves, segundo ele, ocorreram já na atual gestão. Citou como exemplo o fato de o atual diretor-geral da PF ter atuado em Curitiba durante o período em que Lula esteve preso.
“É estranho que o delegado afirme de antemão que o irmão de Lula não está sendo investigado. Isso revela julgamento prévio”, afirmou. Marinho também criticou o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, por negar conflito de interesse ao permanecer no cargo mesmo com o filho advogando para duas das entidades envolvidas nas denúncias.
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