Rogério: Se Jair Bolsonaro não puder disputar, apontará quem pode vencer

Postado em 10 de junho de 2025

A direita brasileira terá candidato competitivo em 2026, com ou sem Jair Bolsonaro (PL) na disputa. A afirmação é do senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, que vê no ex-presidente a principal liderança do campo conservador, mas defende que há outros nomes preparados para enfrentar o presidente Lula (PT). Segundo ele, caso Bolsonaro permaneça inelegível, caberá a ele orientar seus apoiadores sobre qual nome terá força para vencer.

“Temos uma série de alternativas e a maior e mais importante delas é o presidente Bolsonaro. Se puder ser candidato, será. Se não puder, vai indicar o nome mais adequado”, afirmou Marinho, durante entrevista ao programa Canal Livre, da Band, no domingo 8. Ele considerou uma vantagem o fato de a direita ter vários nomes viáveis, enquanto, segundo ele, a esquerda depende só de Lula. “O presidente Lula é como um mandacaru: não dá sombra, não dá frutos e não deixa nada crescer em volta.”

Marinho defendeu a união dos governadores de perfil conservador e avaliou que Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ratinho Júnior (Paraná) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) representam alternativas consistentes para a construção de uma candidatura unificada. A decisão, segundo ele, será tomada no momento certo, com base em pesquisas e capacidade de articulação. “Bolsonaro é ouvido. Mesmo fora da disputa, ele continuará sendo o grande orientador da direita brasileira.”

Sobre a inelegibilidade do ex-presidente, o senador considerou a decisão injusta e política. “Bolsonaro está inelegível não por ter cometido corrupção, mas por fazer uma crítica ao sistema eleitoral enquanto presidente da República, em uma reunião com embaixadores. Criminalizar o debate é interditar a democracia”, disse.

Pré-candidato ao governo do Rio Grande do Norte, Marinho também afirmou que sua atuação nacional não o afastará da disputa estadual. “Hoje eu sou pré-candidato ao governo do meu Estado. Mas sou também secretário-geral de organização do PL, e viajo o Brasil trabalhando pela vitória do nosso campo político.”

“Falta um ano e meio para o desgoverno do PT acabar”, diz senador
O senador Rogério Marinho (PL-RN) acredita que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva está em contagem regressiva para terminar em 2026. Em tom crítico e direto, o líder da oposição no Senado afirmou que o governo atual é guiado por irresponsabilidade fiscal, promessas não cumpridas e uso político da máquina pública. “Falta um ano e meio para o desgoverno do PT acabar, se Deus quiser. E aí poderemos mudar a situação do país”, disse durante entrevista ao Canal Livre.

Marinho acusou o governo de mentir ao apresentar previsões irreais no orçamento e desrespeitar o arcabouço fiscal. Segundo ele, o próprio discurso oficial já não se sustenta. “O governo furou o arcabouço oito vezes. Há mais de R$ 70 bilhões de furos permanentes. Apresentaram uma peça orçamentária com déficit camuflado e depois correram atrás de receitas não recorrentes para cobrir o buraco.”

O senador também criticou a proposta de aumento do IOF e a ausência de contrapartidas reais para novas despesas. “Não dá para acreditar num governo que não consegue fazer a conta de 2 mais 2 igual a 4. Eles aumentam a despesa e depois inventam onde vão tirar. É uma mentira fiscal institucionalizada”, afirmou.

Para Marinho, a crise das contas públicas tem origem na transição de governo, quando, segundo ele, foi acrescido R$ 200 bilhões ao orçamento sem respaldo de receita. “Esse foi o ovo da serpente. O governo tem praticado a inconsequência fiscal como norma.”

Apesar das críticas, o senador disse que mantém o compromisso com projetos que, eventualmente, beneficiem o país. “Se o governo apresentar uma proposta boa, eu votarei sem constrangimento. O problema é que eles estão desmontando tudo de bom que foi feito nos últimos seis anos.”

Planos: Reforma administrativa, nova previdência e privatizações
Rogério Marinho apresentou durante entrevista ao Canal Livre o esboço do que considera ser a agenda mínima de reformas para um futuro governo de oposição a partir de 2027. O pacote inclui uma nova reforma administrativa, revisão da previdência, mudanças na legislação trabalhista, racionalização da reforma tributária, digitalização de serviços públicos e privatizações. Para o senador, será necessário um choque de gestão com coragem para enfrentar privilégios, distorções e a expansão descontrolada do Estado.

“Você tem 11,5 bilhões de reais sendo pagos acima do teto, principalmente no Judiciário e no Ministério Público. Cada tribunal inventa uma verba, cria uma indenização retroativa, e ninguém fiscaliza. É uma desmoralização do País”, afirmou. Ele defende que um novo governo utilize o capital político inicial para cortar subsídios e desindexar o orçamento, liberando mais de R$ 300 bilhões ao longo do mandato. “Temos quase 5% do PIB em subsídios. Com medidas certas, podemos recuperar 2 a 2,5% do PIB.”

Marinho voltou a defender mudanças na reforma tributária aprovada pelo Congresso, que considera inexequível. Criticou o desenho do novo IVA, afirmou que o modelo favorece evasão e contrabando e comparou a proposta a “uma nova Lei Kandir”, que criará rombos fiscais e atrasos no ressarcimento a estados. “A reforma como está não funciona. O governo sequer participou das discussões e agora quer fingir que foi um avanço.”

Na pauta trabalhista, propõe ajustes na jurisprudência do STF que, segundo ele, “reviveu a litigância predatória” ao relativizar a sucumbência recíproca. “O Supremo relativizou uma regra simples: só entra na Justiça quem tem direito. Isso explodiu novamente o número de ações trabalhistas.”

Sobre o papel do Estado, foi enfático: “Precisamos digitalizar serviços, cortar contratações desnecessárias, usar inteligência artificial e tecnologia. O governo quer contratar 57 mil servidores enquanto deveria estar enxugando. O Brasil não precisa de mais Estado, precisa de mais eficiência.”

Segundo o senador, a reforma do Estado também deve alcançar o Judiciário. “Temos que fazer uma reforma judicial, definir os limites de cada poder. Hoje, há uma hipertrofia clara de um poder sobre os demais.”

Ao final da entrevista, Marinho resumiu a necessidade das reformas com um diagnóstico direto: “Nós temos que enfrentar o monstro que foi criado.”

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