“Se pudesse voltar no tempo, colocaria no dia 7 de setembro”, diz vereador cassado que criou data
O ex-vereador Alexandre Bobadra (PL), idealizador do “Dia Municipal do Patriota” e que foi cassado assado por abuso de poder econômico há duas semanas, afirmou que se arrepende de ter escolhido a data de 8 de janeiro para a celebração. O político, que é apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse ainda que preferia ter colocar a comemoração no 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil. As declarações foram dadas em entrevista ao portal GZH.
“Se pudesse voltar no tempo, colocaria no dia 7 de setembro. O projeto é bacana, é legal, mas poderia ser dia 7 de setembro” afirmou Bobadra, após críticas pela definição da dada no mesmo dia que apoiadores de Bolsonaro depredaram os prédios dos Três Poderem em Brasília.
A Câmara de Porto Alegre aprovou a inclusão do Dia Municipal do Patriota em seu calendário no início de agosto, capitaneada pelo presidente da Casa, Hamilton Sossmeier (PTB). O projeto de lei, no entanto, não faz qualquer menção à justificativa da escolha de 8 de janeiro para a celebração.
Após repercussão da nova data comemorativa, lideranças políticas pediram a revogação do projeto. O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, diz que a data deveria ser considerada “o dia do golpista ou da tentativa de criar uma ditadura no país”, e não “dia do patriota”. Ele pede que o STF derrube a decisão.
O deputado estadual Leonel Radde (PT-RS) diz ter ajuizado uma arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) junto ao Supremo contra a lei aprovada e contra o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo. Ele chama a ideia de “clara apologia ao crime”.
As críticas ganharam coro de deputados federais como Guilherme Boulos (PSOL-SP), Tabata Amaral (PSB-SP) e Túlio Gadêlha (Rede-PE), entre outros.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ao STF que declare o Dia do Patriota de Porto Alegre inconstitucional, segundo a RBS TV, afiliada da TV Globo no Rio Grande do Sul. Além do pedido de liminar para a suspensão imediata da lei, a PGR requer que sejam solicitadas manifestações do prefeito da Capital, Sebastião Melo (MDB), do presidente da Câmara de Vereadores, Hamilton Sossmeier (PTB) e da Advocacia-Geral da União.
Deputado Cassado
Bobadra teve o mandato cassado, em segunda instância, por abuso de poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. A decisão foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul em 15 de agosto, que tornou nulos os votos recebidos por ele.
Apesar do afastamento imediato, Bobadra pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele foi alvo de ação eleitoral feita por três candidatos do antigo PSL (hoje União Brasil após fusão com o DEM), que o acusaram de concentrar os recursos do fundo eleitoral e do tempo de propaganda eleitoral na campanha de 2020.
Nas redes sociais, Bobadra se define como “conservador” e “cristão”. Ele costuma aderir a teses bolsonaristas para afastar o ex-presidente de assuntos negativos. Ele chama, por exemplo, a investigação da PF sobre uma suposta organização criminosa no entorno de Bolsonaro para venda ilegal de patrimônio público de “narrativa das joias”.
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