Semelhança do Ursinho Pooh com Xi Jinping pode ter cancelado estreia de filme de terror em Hong Kong
As exibições públicas de um filme de terror estrelado pelo ‘Ursinho Pooh’ foram canceladas abruptamente em Hong Kong na terça-feira (21), provocando discussões sobre o aumento da censura na cidade.
A distribuidora de filmes VII Pillars Entertainment anunciou no Facebook que o lançamento de ‘Winnie the Pooh: Blood and Honey’ (‘Ursinho Pooh – Sangue e Mel’) foi cancelado com “grande pesar” em Hong Kong e na vizinha Macau.
Em resposta por e-mail à Associated Press, a distribuidora disse que foi avisada pelos cinemas de que não poderiam exibir o filme conforme programado, mas não sabia o motivo. As cadeias de cinema envolvidas não responderam imediatamente a um pedido de comentário.
Para muitos residentes, o personagem ‘Winnie the Pooh’ é uma provocação divertida do presidente da China, Xi Jinping, e os censores chineses no passado proibiram brevemente as buscas pelo urso nas redes sociais no país. Em 2018, o filme ‘Christopher Robin – Um Reencontro Inesquecível’, também com ‘Winnie the Pooh’, teve seu lançamento negado na China.
A suspensão gerou preocupação nas mídias sociais sobre a diminuição das liberdades do território. O filme foi inicialmente programado para ser exibido em cerca de 30 cinemas em Hong Kong, escreveu a VII Pillars Entertainment na semana passada.
O Escritório de Administração de Filmes, Jornais e Artigos disse que aprovou o filme e os acordos dos cinemas locais para exibir longas aprovados “são decisões comerciais dos cinemas envolvidos”. Recusou-se a comentar tais acordos.
Uma exibição inicialmente marcada para terça-feira à noite em um cinema foi cancelada devido a “razões técnicas”, disse o organizador no Instagram.
Kenny Ng, professor da academia de cinema da Universidade Batista de Hong Kong, recusou-se a especular sobre o motivo do cancelamento, mas sugeriu que o mecanismo de silenciar as críticas parecia recorrer a decisões comerciais.
Hong Kong é uma ex-colônia britânica que voltou ao domínio da China em 1997, prometendo manter suas liberdades de estilo ocidental. Mas a China impôs uma lei de segurança nacional após grandes protestos pró-democracia em 2019, silenciando ou prendendo muitos dissidentes.
Em 2021, o governo endureceu as diretrizes e autorizou os censores a proibir filmes que violassem a lei abrangente. Ng disse que a cidade viu mais casos de censura nos últimos dois anos, principalmente direcionados a filmes não comerciais, como curtas-metragens independentes. “Quando há uma linha vermelha, então há mais tabus”, disse ele.
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