Setor pesqueiro do RN prevê prejuízo de R$ 270 milhões com tarifa de 50% imposta pelos EUA

Postado em 16 de julho de 2025

O setor da pesca no Estado pode sofrer um impacto devastador com a tarifa de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros. A medida, que entra em vigor no dia 1º de agosto, ameaça inviabilizar as exportações de atum da frota potiguar. A avaliação é do presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do Estado (Sindipesca-RN), Arimar França Filho.

Segundo ele, a pesca oceânica de atum no RN movimenta cerca de US$ 50 milhões por ano com exportações para o mercado americano, o que representa aproximadamente R$ 278 milhões na cotação atual. “Vai inviabilizar. A gente não consegue pagar essa taxa e a frota vai ter que parar. Nossa margem não chega a 10%, 15%. Com 50% de taxa, não tem como competir”, afirmou.

A frota de atum do RN exporta atualmente entre 75% e 80% da produção para os EUA, que pagam valores mais altos do que o mercado interno. Com a taxação, o presidente do sindicato estima a paralisação das embarcações já a partir de agosto. “Se essa taxação não mudar, as embarcações não vão sair em agosto”, alertou.

O impacto também será sentido no emprego. O setor gera cerca de mil empregos diretos e cinco mil indiretos no Estado. “Vamos aguentar o primeiro mês, mas posteriormente, se não houver reversão, não tem muito o que fazer”, disse Arimar, sem descartar demissões.

De acordo com dados do Observatório da Indústria MAIS RN, foram exportados mais de US$ 11,5 milhões em peixes frescos ou refrigerados do RN para os EUA entre janeiro e junho deste ano. O produto é a segunda principal exportação potiguar para os Estados Unidos, atrás apenas de óleos de petróleo (US$ 24,3 milhões). Os produtos de origem animal vêm em terceiro lugar, com US$ 10,3 milhões.

Setores estratégicos do RN ameaçados por tarifa dos EUA, diz Fiern
Para o presidente da Federação das Indústrias do RN (Fiern), Roberto Serquiz, a medida imposta pelos Estados Unidos atinge diretamente as principais cadeias produtivas do Estado, que têm como base recursos naturais. “Nossa produção tem uma dependência dos recursos naturais, como o petróleo, fruticultura, pesca, mineração e o sal. Esses setores serão impactados com essa tarifa de 50%”, alertou.

O Sindipesca-RN mantém diálogo com a Fiern e com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para buscar alternativas junto ao governo federal. “A CNI tem um acesso muito bom com o Governo e estamos aguardando para entender quais são as alternativas”, disse Arimar.

Uma das saídas apontadas pelo setor é a reabertura do mercado europeu, fechado para o pescado brasileiro desde 2018 por exigências sanitárias da União Europeia. “A Europa é um mercado grande e que o Brasil é proibido de exportar. Então, abrir a Europa facilita muito nossa vida”, afirmou o presidente do Sindipesca-RN.

O sindicato está em articulação com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio da Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca), e com o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), para tentar reduzir os impactos da tarifa. A Abipesca já defende como prioridade a retomada das exportações à União Europeia como alternativa ao mercado norte-americano.

A taxação foi anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e integra um pacote de tarifas recíprocas. O Brasil havia sido inicialmente incluído na faixa de 10%, mas passou para 50% após nova decisão. O governo brasileiro afirmou que responderá com base na Lei de Reciprocidade Econômica.

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