Tarifas dos EUA entram em vigor

Postado em 6 de agosto de 2025
“President Donald J. Trump for Time Magazine in 2019” by Pari Dukovic, inkjet print, June 17, 2019 (printed 2020). National Portrait Gallery, Smithsonian Institution. Copyright 2019 Pari Dukovic. President Donald J. Trump for Time Magazine in 2019

As tarifas impostas pelos EUA ao Brasil entram em vigor nesta quarta-feira (6). O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), anunciou uma alíquota de 50% sobre os produtos brasileiros. O prazo inicial para as tarifas passarem a valer era 1º de agosto. Em 31 de julho, porém, Trump assinou um decreto que estabelece o que chama de tarifas recíprocas a dezenas de países. O decreto relacionado ao Brasil, foi assinado em 30 de julho. As sobretaxas variam de 10% a 41% sobre nações e territórios e entram em vigor 7 dias depois da publicação do decreto. No caso brasileiro, em 6 de agosto.Play Video

O Brasil aparece na lista com uma tarifa de 10%. O chefe de Estado norte-americano, no entanto, assinou em 30 de julho outro decreto em que instituía uma taxa adicional de 40% sobre diversos produtos brasileiros. A alíquota sobre os itens nacionais será, portanto, de 50%. O Brasil é o maior afetado.

Houve uma dúvida, porém, se as tarifas para o Brasil entrariam em vigor em 6 de agosto ou em 7 de agosto já que Trump assinou um decreto em 30 de julho, falando só do Brasil, e outro em 31 de julho, sobre outros países.

O Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) disse na 2ª feira (4.ago.2025) que as tarifas ao Brasil vigoram a partir de 6 de agosto. “Estão livres da tarifa adicional as cargas embarcadas no Brasil até 7 dias após a ordem executiva de 30 de julho, desde que entrem nos EUA até 5 de outubro. Serão tarifados os produtos sujeitos à alíquota adicional que embarcarem após 00:01 de 6 de agosto”, afirmou o ministério.

Foram excluídos do tarifaço 694 produtos brasileiros. Suco de laranja e aviões são exemplos. Leia aqui a lista de produtos que se livraram do tarifaço.

O texto assinado por Trump cita “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Trump publicou em 9 de julho uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciando a tarifa de 50%. O republicano justificou o aumento pelo tratamento que o governo brasileiro deu a Jair Bolsonaro, a quem disse respeitar “profundamente”.

“A forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, disse Trump.

Trump declarou que o governo dos EUA concluiu que precisa se afastar da “relação de longa data e muito injusta” provocada pela política tarifária de barreiras comerciais do Brasil.

Segundo o presidente norte-americano, as taxas dos EUA estão longe de ser recíprocas com o país da América do Sul. Ele afirmou que é preciso corrigir as “graves injustiças do regime atual”.

“Por favor, entenda que o número de 50% é muito menor do que o necessário para termos a igualdade de condições que precisamos com o seu país”, declarou Trump.

O presidente dos EUA disse que se Lula aumentar as tarifas em retaliação haverá um acréscimo de igual proporção aos 50% anunciados.

Tarifas podem reduzir PIB do Brasil em até R$ 110 bi

As tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros podem reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em até R$ 110 bilhões no longo prazo, segundo estimativa da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) divulgadas nesta terça-feira, 5.

O estudo aponta que os impactos atingem 55% das exportações brasileiras ao mercado norte-americano e afetam diretamente setores como siderurgia, agropecuária e indústria de transformação.

A medida determina a aplicação de uma tarifa adicional de 40% sobre uma ampla gama de produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, somando-se aos 10% já em vigor desde abril. Mesmo com a isenção concedida a 694 itens — o equivalente a 45% do valor exportado pelo Brasil — os efeitos negativos sobre a economia nacional seguem expressivos.

De acordo com a FIEMG, o impacto também deve afetar o mercado de trabalho, com a possível eliminação de até 146 mil postos formais e informais em todo o país no prazo de dois anos. A renda das famílias brasileiras pode ter queda de R$ 2,74 bilhões no mesmo período.

Entre os produtos mais atingidos estão carne bovina, café, produtos semimanufaturados de ferro e aço, além de bens manufaturados. Os setores industriais com maior exposição às tarifas são siderurgia, fabricação de calçados, máquinas e equipamentos, produtos de madeira e agropecuária.

tribuna do norte