“Tem eu. Não esqueçam de mim, sou boa”, diz Damares sobre candidatura à Presidência em 2026
Com a possibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ser considerado inelegível à Presidência da República, a ex-ministra e senadora Damares Alves (Republicanos) destacou que pode ser considerada uma aposta de seu partido para o próximo pleito. A declaração foi dada em entrevista ao O Globo. “Tem eu. Não se esqueçam de mim, sou boa”, afirmou.
Damares avaliou a possibilidade de candidatura após a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos, que, segundo ela, serviu para que ele pudesse se recompor após a derrota eleitoral. Ela acrescentou que a volta de Bolsonaro ao Brasil despertou nela um receio, tendo em vista que há uma possibilidade do ex-presidente ser preso. No entanto, segundo ela, houve uma “volta aos eixos”.
“Bolsonaro fez bem em se afastar do Brasil porque havia toda uma insegurança jurídica naqueles dias. Eu acho que as coisas agora estão voltando aos eixos. Ele fez bem em sair para se recompor, para voltar forte, reunir o time, liderar. Bolsonaro é nosso líder natural, é o líder da direita, é o meu líder. Vai voltar muito bem. Está sorrindo, está alegre, está comendo”, pontuou.
A ex-ministra não descarta a possibilidade de Bolsonaro ser considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e, em decorrência disso, se coloca à disposição para representar uma candidatura da direita em 2026. “Tem eu. Não esqueçam de mim, sou boa. Temos muita gente boa na direita, o (senador Rogério) Marinho, que é extremamente discreto, mas que foi um grande ministro, deu conta do recado”, prosseguiu. “Tem o (Hamilton) Mourão, Tarcísio (Freitas), (Romeu) Zema, temos muita gente boa na direita. Agora o nosso líder ainda é Bolsonaro. Se ficar inelegível, essa conversa com certeza vai ser feita e vamos escolher quem tem mais chance”, afirmou.
Ela acrescenta que, apesar da tentativa do Partido Liberal (PL) em reforçar a imagem da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para 2026, ela não pretende ser candidata. “Ela (Michelle) não quer, não fala disso. Hoje o que ela quer fazer é ajudar a fortalecer a direita, ela quer bater um recorde de mulheres filiadas ao partido. Cargo eletivo ela não fala, hoje não está no coração dela”, relatou.
No caso das joias envolvendo o nome da ex-primeira-dama, que é sua amiga, Damares ponderou que o caso está sendo investigado e que está tranquila em relação ao episódio. ”Estamos muito tranquilos, a investigação vai chegar no resultado que a gente espera. Como está em processo de investigação e tem muita gente falando sobre isso, eu gostaria de não falar sobre as joias”, disse.
Ao ser questionada se tinha recebido algum presente, a aliada de Bolsonaro admitiu que não recebeu nenhum mimo de fora do país, mas que, enquanto ministra, recebeu presentes no ministério. “Lá fora eu nunca ganhei presente. Eu ganhei muitos presentes no ministério, ganhei muito cocar, muito artesanato. Minha pasta lidava com mulheres presidiárias, então eu ganhava muito artesanato. Eu ganhei um sapato uma vez, acho que deve custar uns R$ 250 hoje. Eu cataloguei todos os presentes que eu ganhei, até a cocadinha que vinha da Bahia. Para minha tristeza, agora em janeiro alguém do ministério apagou o nosso arquivo”, explicou.
Damares, que está estreando no Congresso, defende a criação de Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre atos antidemocráticos, pois, segundo ela, a investigação revelará quem estava por trás dos atos terroristas. “Eu acredito que a gente teve muitas prisões indevidas. A gente vai querer que isso seja investigado. Quem sabe em futuro pensar em uma reparação a essas pessoas que tiveram suas vidas interrompidas por uma prisão indevida e acusadas de terroristas”, afirmou.
A crítica ao isolamento da oposição no Senado, que ficou sem comando de comissões, também foi discutida durante a entrevista. “O isolamento já está imposto. O fato de não terem respeitado a proporcionalidade, que a legislação nos garante, da representatividade nas comissões, isso já foi uma afronta. Como a gente reagiu com isso? Vamos mostrar que a gente pode trabalhar e mostrar produtividade porque nossas propostas são muito boas “, apontou.
O partido Republicanos, no qual Damares está inserida, tem articulado com o governo para aderir à base. A ex-ministra pontua que, ainda que isso aconteça, continuará filiada à sigla. “Mesmo se meu partido se declarar da base, eles respeitam a objeção de consciência. Não sairia (do partido) porque já está muito claro que se eles forem para base, eu me manterei desse jeito. Só se eles me expulsarem, mas eu não sairia do partido”, finalizou.
O POVO