Trama golpista: Moraes vota para rejeitar recursos e manter condenação de Bolsonaro e mais 5 réus

Postado em 7 de novembro de 2025

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (6) para rejeitar os recursos de Jair Bolsonaro e manter a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão, no caso da chamada trama golpista.

Moraes também rejeitou os recursos apresentados pelas defesas de outros cinco réus da trama golpista: Braga Netto, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres.

A Primeira Turma do Supremo começou a julgar nesta sexta os recursos chamados de embargos de declaração. Esse mecanismo permite que as defesas peçam esclarecimentos sobre eventuais omissões, contradições e obscuridades nos votos dos ministros pela condenação.

Na decisão, Moraes afirmou que não houve, na decisão contra Bolsonaro, omissões no cálculo da pena do ex-presidente. Portanto, é “inviável” o argumento apresentado pelas defesas.

“O voto detalha expressamente a existência das circunstâncias judiciais amplamente desfavoráveis ao réu Jair Messias Bolsonaro, tendo fundamentado cada circunstância judicial aplicada na pena-base do recorrente com o estabelecimento das premissas”, diz o documento.

Os recursos estão sendo analisados no plenário virtual da Corte e os votos podem ser inseridos no sistema eletrônico até a próxima sexta-feira (14).

Relator do caso, Moraes é o primeiro a apresentar o voto. Além dele, também julgam os recursos os ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin e Flávio Dino. No plenário virtual não há ordem para votação após o relator.

O ministro Luiz Fux, que deixou a Primeira Turma do STF após o julgamento, não formalizou pedido para julgar os recursos no núcleo crucial.

Condenação no STF
Em setembro, por 4 votos a 1, a Primeira Turma entendeu que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que atuou para manter o ex-presidente no poder mesmo após a derrota nas urnas eletrônicas.

O grupo usou estrutura do Estado, como a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a Polícia Federal (PF), contra adversários políticos, além de ter planejado o assassinato de autoridades e promovido ataques contra o sistema eletrônico de votação.

Estão sendo julgados os os embargos de declaração de:

Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
Almir Garnier, almirante e ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
Augusto Heleno, general e ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa;
Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.
Dos condenados, apenas o tenente-coronel Mauro Cid não recorreu porque conseguiu manter os benefícios do acordo de delação premiada que estabeleceu pena de 2 anos de prisão a ele. Na segunda-feira, Cid começou a cumprir e retirou a tornozeleira eletrônica.

Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e cumpre outras medidas cautelares, como proibição do uso de redes sociais e telefone.

Braga Netto está preso desde 14 de dezembro de 2024.

Próximos passos
Além desse recurso, as equipes jurídicas dos condenados podem apresentar outros requerimentos para recorrer do caso. Como apresentar um segundo embargo de declaração.

Os advogados também devem insistir nos chamados embargos infringentes, que buscam mudar a sentença.

Atualmente, o Supremo entende que os infringentes são cabíveis quando os condenados receberam dois votos pela absolvição – o que não ocorreu no caso do núcleo crucial.

A prisão dos condenados só deve ocorrer quando forem encerradas as chances de recursos. No Supremo, a previsão é de que isso ocorra até o fim do ano.

Fonte: g1