Trump diz que EUA atiraram contra embarcação da Venezuela carregada com drogas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (2) que militares americanos atingiram uma embarcação da Venezuela carregada com drogas. Já o secretário de Estado americano, Marco Rubio, disse que as Forças Armadas conduziram um “ataque letal”.
A declaração ocorre em meio a uma escalada de tensões entre EUA e Venezuela. O governo norte-americano enviou navios de guerra, um submarino e aviões espiões para o sul do Caribe. A Casa Branca alega que a operação tem como objetivo combater o tráfico de drogas.
Trump afirmou que o barco “foi abatido” nesta terça-feira. Ele não deixou claro de quem era a embarcação e apenas disse ela que havia partido da Venezuela.
“Temos muitas drogas entrando em nosso país, entrando há muito tempo, e essas vieram da Venezuela, saindo de lá, em grande quantidade. Muitas coisas estão saindo da Venezuela”, disse o presidente.
Na sequência, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou no X que o país havia conduzido um “ataque letal” contra uma embarcação com drogas que havia saído da Venezuela.
“O presidente dos Estados Unidos acabou de anunciar há pouco que hoje as Forças Armadas dos EUA realizaram um ataque letal no sul do Caribe contra uma embarcação de drogas que havia partido da Venezuela e estava sendo operada por uma organização designada como narcoterrorista”, escreveu.
Rubio não deu detalhes sobre qual organização era responsável pelo barco. Também não há informação sobre mortos ou feridos.
Desde o primeiro mandato de Trump, o governo republicano acusa Maduro de ser o chefe do Cartel de los Soles, uma afirmação contestada, em parte, por analistas.
Especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que o aparato militar enviado pelos EUA para o sul do Caribe é incompatível com uma operação militar para combater o tráfico de drogas.
“Se você olhar o tipo de equipamento que foi enviado pra Venezuela, não é um equipamento de prevenção ou de ação contra o tráfico, ou contra cartéis”, aponta o cientista Carlos Gustavo Poggio, professor do Berea College, nos EUA.
Já Maurício Santoro, doutor em Ciência Política pelo IUPERJ e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, avalia que os EUA podem estar se preparando para uma intervenção militar na Venezuela.
“É uma situação muito semelhante àquela do Irã, alguns meses atrás. O volume de recursos militares que os Estados Unidos transferiram para o Oriente Médio naquela ocasião, e agora para o Caribe, são indicações de que eles estão falando sério”, disse.
Na segunda-feira (20) Maduro afirmou que a Venezuela entrará em luta armada caso seja agredida pelos Estados Unidos. Ele chamou o envio das embarcações americanas à região de “a maior ameaça à América Latina do último século” e afirmou que a Venezuela não se curvará.
“Se a Venezuela for atacada, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional, da história e do povo venezuelano”, declarou.
Veja a seguir o que se sabe sobre a operação dos EUA:
Pelo menos sete navios dos EUA foram enviados para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, além de 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões espiões P-8 também sobrevoaram a região, em águas internacionais.
A operação se apoia no argumento de que Maduro é líder do suposto Cartel de los Soles, classificado pelos EUA como organização terrorista.
Os EUA consideram o presidente venezuelano um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão dele.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a comentar objetivos militares, mas disse que o governo Trump vai usar “toda a força” contra Maduro.
O site Axios revelou que Trump pediu um “menu de opções” sobre a Venezuela. Autoridades ouvidas pela imprensa americana não descartam uma invasão no futuro.
Enquanto isso, Caracas vem mobilizando militares e milicianos para se defender de um possível ataque.
g1