Trump reduz tarifas sobre café, carne bovina e frutas; medida pode beneficiar Brasil

Postado em 15 de novembro de 2025

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta sexta-feira 14 uma medida que reduz tarifas sobre a importação de carne bovina, tomate, café e banana. A alteração tem efeito retroativo a partir das 2h01 (horário de Brasília) de quinta-feira 13 e ocorre após o tarifaço adotado pelo governo americano para controlar a inflação de alimentos.

Segundo a Casa Branca, centenas de itens foram listados no documento. Entre países exportadores de commodities, o Brasil deve ser beneficiado, por ser o maior produtor global de café e segundo maior produtor de carne bovina, atrás apenas dos EUA, conforme dados do USDA.

O decreto modifica o escopo das tarifas chamadas recíprocas, baseadas em segurança nacional. No texto, Trump afirma: “Após considerar as informações e recomendações que essas autoridades me forneceram, o andamento das negociações com diversos parceiros comerciais, a demanda doméstica atual por determinados produtos e a capacidade atual de produção desses produtos nos Estados Unidos, entre outros fatores, determinei que é necessário e apropriado modificar ainda mais o escopo dos produtos sujeitos à tarifa recíproca imposta pela Ordem Executiva 14257”.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,96 bilhão em café para os EUA, segundo a International Trade Administration. Desde a aplicação da tarifa total de 50% em agosto, as vendas recuaram. De acordo com o Cecafé, a retração em outubro foi de 54,4% em relação ao ano anterior. No mercado americano, o café acumula alta de cerca de 20% no CPI.

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que Trump estava pronto para isentar alimentos e produtos não fabricados internamente. Ele citou acordos comerciais anunciados com Argentina, Equador, El Salvador e Guatemala, que devem ser concluídos em até duas semanas. Os países se comprometeram a não impor impostos sobre serviços digitais.

Segundo a Casa Branca, permanecem as tarifas gerais de 10% sobre produtos da Argentina, El Salvador e Guatemala, e de 15% sobre itens do Equador, com redução prevista apenas em parte das mercadorias. O Brasil, alvo de sobretaxas de 50%, não foi incluído nesses acordos.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para discutir a proposta de suspensão temporária das sobretaxas. O governo brasileiro busca um acordo provisório para interromper a cobrança de 40% adicional enquanto negocia tarifas por setor. Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontraram em outubro na Malásia e conversaram sobre o tema.

Rubio é o principal negociador do tarifaço. Vieira participou de quatro reuniões com o secretário desde o telefonema entre Lula e Trump. Nas tratativas, os EUA apresentaram prioridades como acesso ao mercado brasileiro de etanol e discussões sobre regulação de plataformas digitais.

O Brasil argumenta que a entrada do etanol americano, produzido a partir de milho, enfrenta tarifa de 18%, enquanto o açúcar brasileiro não obteve abertura no mercado americano, que é protegido. Na terça-feira (11), Trump disse que pretende reduzir “algumas tarifas” sobre o café durante entrevista à Fox News.

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