Um LGBTQIA+ é morto a cada 34 horas, diz relatório de Grupo Gay da Bahia
O Grupo Gay da Bahia divulgou relatório de mortes violentas no Brasil em 2022. De acordo com o levantamento, 256 LGBTQIA+ foram vítimas de morte violenta: 242 homicídios (94,5%) e 14 suicídios (5,4%). O Brasil continua sendo o país onde mais LGBTQIA+ são assassinados no mundo: uma morte a cada 34 horas.
A pequenina Timom (MA), com população de 161.721, é o município brasileiro mais inóspito para um LGBT, 62 vezes mais perigoso que São Paulo. O estado mais “gayfriendly” é o Rio Grande do Sul e o mais homofóbico, Amapá, com quatro veze mais mortes violentas de LGBT que média nacional. Minas ocupa o quarto lugar no ranking nacional.
Há 43 anos, os dados são coletados e analisados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que se baseia em notícias publicadas nos meios de comunicação.
De acordo com o GGB, as autoridades policiais alcançaram êxito na elucidação de apenas 35,9% desses casos.”O Estado insiste em não monitorar a violência homotransfóbica e o resultado não poderia ser outro, a subnotificação: esses números representam apenas a ponta de um enorme iceberg de ódio e sangue”, pontua o GGB.
Cultura de ódio
Os registros documentaram entre 1963 e 2022 a morte violenta de 6.977 LGBT em todo o país. Tomando como amostra os cinco últimos governos, foram mortos anualmente uma média de 127 LGBT nos oito anos da presidência de Fernando Henrique Cardoso, 163 nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, 360 nos governos Dilma Rousseff e MichelTemer, e 251 nos quatro anos de Bolsonaro, perfazendo um total de 1.122 mortes.
“Os dados revelam que apesar do Capitão Bolsonaro ter sido o presidente mais homofóbico da história republicana, a violência letal contra LGBT diminuiu 30% em relação a seus antecessores Dilma-Temer. A única explicação para essa contraditória redução de mortes remete-nos necessariamente à maior reclusão da população LGBT durante a pandemia da COVID-19 e ao temor disseminado entre os LGBT pelo persistente discurso de ódio governamental, evitando locais e situações de maior risco”, analisa o GGB.
Mortes por região
O Nordeste é a região mais insegura para LGBT, com 43,3% das mortes (111). A Bahia assume a primeira posição no ranking com 27 mortes (10,5%), seguido de Pernambuco na terceira posição e do Maranhão na quinta.
O Sudeste ocupa o segundo lugar, com 63 mortes (24,6%), demonstrando que as melhores condições socioeconômicas desta região não implicam necessariamente em maior respeito aos direitos humanos e cidadania das minorias sexuais.
O Norte vem em terceiro lugar, com 14% (36 mortes), o Centro Oeste com 31 ocorrências (12,1%).
O Sul é a região menos perigosa, com 15 casos (5,8%). Sul e Sudeste têm as menores taxas, liderado pelo Sul, com uma morte a cada 2 milhões de habitantes.
A Bahia aparece no topo do ranking com 27 mortes violentas de LGBT (10,5%), São Paulo em segundo lugar, 25 (9,7%), em terceiro Pernambuco 20 casos (7,8%), em quarto Minas Gerais com 18 (7,0%) e no quinto lugar, Maranhão e Pará (5,8%), com 15 mortes.
Rio de Janeiro que no relatório anterior ocupava o terceiro lugar, com 27 casos, em 2022 foi o nono classificado, com 12 mortes. “A oscilação anual a mais ou a menos destes números não permite conclusões sociológicas evidentes, já que não se observaram mudanças cruciais na segurança pública desse Estado que justificasse menor número de sinistros”, diz o GGB.
Os estados onde ocorreram menor número de óbitos (2 casos, 0,7%) foram Roraima e Rondônia na região Norte, assim como no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul. Acre e Tocantins, que em 2021 tiveram uma morte cada um, não notificaram nos meios de comunicação nenhum assassinato de LGBT em 2022.
Perfil das vítimas
De acordo com o levantamento, os gays continuam sendo o segmento mais vitimado por mortes violentas em termos absolutos, embora as “trans”, que representam por volta de um milhão de pessoas, proporcionalmente correm 19% a mais de risco de crimes letais que os homossexuais. Entre as vítimas, também estão dois heterossexuais que foram confundidos com gays.
Quanto à idade das vítimas, predomina a faixa etária dos 18 aos 29 anos (43,7%), o mais jovem com 13 e o mais idoso, com 81 anos.
As travestis, transexuais e transgêneros são assassinadas antes de completar 40 anos: do total de 110 vítimas trans, 83% morreram entre os 15 e 39 anos.
No tocante à cor, característica demográfica raramente indicada nas reportagens, obrigando-nos a classificá-las a partir de suas fotos publicadas pela mídia, 120 das vítimas foram identificadas como pardas (46,8%) e pretas (14,8%), 37,1% brancas e 1% indígenas.
Estado de Minas