Walfredo Gurgel mantém corredores sem macas

O número de atendimentos no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG) durante o Carnaval de 2025 teve redução de 3,15% se comparado com igual período do ano passado. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), entre o sábado e a terça-feira de Carnaval de 2024 foram 731 atendimentos, ao passo que, neste ano, foram 708 no mesmo recorte, ou seja, 23 pacientes a menos. Embora seja uma diminuição tímida, os números atuais foram comemorados pela Sesap, porque contribuem para manter o cenário de corredores vazios na unidade, registrado desde o último dia 23 de fevereiro. A reportagem esteve no Walfredo Gurgel na manhã desta quinta-feira (6) e constatou a situação.
A secretária adjunta da Sesap, Leideane Queiroz, disse que a situação se dá, dentre outros aspectos, por conta da redistribuição do fluxo de pacientes. “Um dos fatores que a gente atribui é o investimento em ortopedia, onde é possível realizar cirurgias em outras unidades e, mais recentemente, em Macaíba [a barreira ortopédica], que recebe as demandas de baixa e média complexidade”, explicou. A barreira ortopédica, que funciona no Hospital Regional Alfredo Mesquita Filho, atende pacientes de seis municípios da Região Metropolitana (Macaíba, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante, Extremoz, São José de Mipibu e Ceará-Mirim).
A estrutura realizou, durante o período de Carnaval encerrado na última terça, 78 atendimentos, com uma média diária de 19 atendimentos e de cinco cirurgias. A maior demanda por assistência foi o trauma ortopédico – 76% dos atendimentos – gerados por quedas da própria altura. A procura por cirurgia geral (11,53% dos atendimentos) e a busca por assistência após acidentes de moto (7,69%) também se destacaram na barreira. Somados os atendimentos nas duas unidades (no Walfredo e na barreira ortopédica), a procura por atendimento médico no período carnavalesco cresceu 7,5% (786 atendimentos) em relação ao ano passado, quando o HMWG concentrava sozinho toda a assistência.
No Walfredo, apesar da redução do número de atendimentos durante o Carnaval, a quantidade de pessoas internadas no período cresceu 15,48% em relação ao mesmo recorte de 2024, com 24 internações a mais (foram 155 no ano passado e 179 em 2025). “Isso indica que, mesmo chegando menos pacientes à unidade neste ano, eles tinham um quadro de maior gravidade. O cenário aponta para a necessidade de se adotar cada vez mais medidas de segurança, porque a maioria das causas que trazem o paciente ao Walfredo é evitável”, esclarece Queiroz.
Ela destaca que o número de vítimas de acidente de moto diminuiu no Carnaval (queda de 5,49% em comparação com a folia de 2024). Em contrapartida, os atendimentos por acidente vascular cerebral (AVC) subiram 6,43%. O ranking dos atendimentos na unidade sofreu algumas alterações. Acidentes de moto, queda da própria altura e corpo estranho oftálmico (irritação nos olhos decorrentes de uso de produtos como pomadas) nesta ordem, foram os principais fatores para a busca de assistência médica em 2024. No Carnaval de 2025, as maiores causas de atendimento foram queda da própria altura, acidente de moto e queda provocadas por diferença de nível de espaços, nesta ordem.
Mesmo com as mudanças, Leideane Queiroz alerta que os atendimentos por trauma seguem sendo a principal demanda do Walfredo Gurgel. “As quedas da própria altura, quedas de nível e acidentes – quer sejam de moto ou de carro – compõem o quadro de traumas, os quais continuam sendo nossa principal demanda. Então, seguem os esforços para manter os corredores do Walfredo vazios, dentre eles, uma parceria com o Hospital Sírio-Libanês (SP), para o projeto Lean nas Emergências, uma metodologia que busca reduzir o tempo do paciente nas estações de cuidado. Tivemos um trabalho aqui com equipes do Sírio para que consigamos fazer cirurgias de forma mais rápida, bem como para, consequentemente, fazer a transferência do paciente também de forma mais rápida”, afirmou a secretária.
Tribuna do Norte