Familiares e amigos se despediram de Cleriston Pereira da Cunha, 46 anos, nesta terça-feira (21/11), durante velório no Espaço Floresta, no Acampamento 26 de Setembro. Preso pelos atos de 8 de janeiro, o “patriota” morreu na segunda-feira (20/11), após um infarto fulminante durante banho de sol no Centro de Detenção Provisória (CDP) 2 do Distrito Federal, no Complexo Penitenciário da Papuda. Alguns deputados participaram da cerimônia, como os distritais Pastor Daniel de Castro (PP) e Thiago Manzoni (PL), e os federais Bia Kicis (PL-DF), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcel Van Hattem (Novo-RS).
Ao final da cerimônia, o corpo de Cleriston seguiu em carreata pelo 26 de Setembro. Dezenas de carros participaram da homenagem. Na sequência, seguiu para Bahia, terra natal do “patriota”, onde será enterrado.
Laudo Laudo médico de Cleriston apontava risco de morte caso permanecesse preso, em função da gravidade do quadro clínico. O documento, emitido em julho deste ano, foi usado pela defesa dele para indicar a gravidade da situação médica do homem. Veja o documento:
Laudo médico O documento apresentava um quadro de vasculite — inflamação nos vasos sanguíneos — de múltiplos órgãos. Cleriston ficou internado por 33 dias em 2022 após ter sido diagnosticado com Covid-19. De acordo com a família, o “patriota” desenvolveu uma série de comorbidades.
Socorro Em entrevista ao Metrópoles na noite de segunda-feira, a viúva de Cleriston, Jane Duarte, 45, destacou que pedia socorro pelo marido enquanto ele esteve preso. Ela contou que levava os remédios com frequência.
“Eu avisei, dei atestado médico, laudo. Eu falava: ‘Gente, pelo amor de Deus!’”, lembrou. “Eu sempre relatava sobre a saúde dele. Nada foi ouvido, nada foi visto, nada”, indignou-se a viúva. “Hoje eu me encontro viúva. E os nossos sonhos?”, queixou-se.
De acordo com Jane, Cleriston tomava nove medicamentos por dia; e ela, com frequência, levava os fármacos para o marido ter acesso ao tratamento.
Família Jane e Cleriston tinham 25 anos de casados e moravam há dois anos em uma casa em Vicente Pires. Os dois mantinham uma loja no Acampamento 26 de Setembro.
As autoridades apuram a causa da morte. Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) confirmou a morte, registrada por volta das 10h. O preso era acompanhado por equipe multidisciplinar da Unidade Básica de Saúde (UBS) da prisão desde a entrada no complexo, em 9 de janeiro último.
“Hoje, essa mesma equipe de saúde realizou manobras de reanimação assim que constatado o mal súbito, até a chegada da equipe do Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e dos bombeiros, imediatamente acionados”, destacou a pasta.
Quem era Clezão do Ramalho Conhecido entre amigos e parentes como Clezão do Ramalho, Cleriston tinha 46 anos e nasceu na Bahia, mas morava há ao menos 20 anos no Distrito Federal.
O comerciante era irmão do vereador Cristiano Pereira da Cunha – do município baiano de Feira da Mata, no oeste do estado –, também conhecido como Cristiano do Ramalho.
O detento estava no grupo que invadiu o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro deste ano.
O nome de Cleriston constava na relação dos presos divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape).
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou, nesta terça-feira (21/11), que mesmo que o país aceite um cessar-fogo para permitir a libertação de reféns, a guerra contra o Hamas seguirá após a trégua. A declaração ocorre em meio às negociações entre Israel e o Hamas pela libertação de 50 reféns, do grupo estimado em 239 pessoas capturadas pelo grupo extremista em 7 de outubro.
Há uma expectativa de que um acordo mediado pelo Catar seja anunciado ainda nesta terça (21/11) ou na madrugada de quarta (22/11).
Netanyahu afirmou que a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns seguirão como alvo das Forças de Defesa de Israel. “Estamos em guerra e a guerra continuará até que todos os nossos objetivos sejam alcançados”, disse. A informação é do portal israelense Times of Israel.
O premiê ainda classificou o acordo que vem sendo costurado como “uma decisão difícil”, mas que seria o caminho correto a se tomar neste momento. O tratado que está em debate na cúpula do governo prevê a libertação de mulheres e menores de idade.
Em troca, é esperado que o governo de Israel instaure uma trégua de quatro a cinco dias nas retaliações à Faixa de Gaza e que liberte prisioneiros palestinos.
Nesta terça, o gabinete do primeiro-ministro de Israel anunciou uma série de reuniões governamentais esta noite (horário israelense) “à luz dos desenvolvimentos sobre a questão da libertação dos nossos reféns“.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, declarou que as conversas entre lideranças israelenses e do Hamas estão “muito perto” de garantir a possível libertação de dezenas de reféns.
Reféns liberados Até o momento, o Hamas libertou apenas quatro reféns. Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, respectivamente, foram as primeiras a receberem liberdade, em 20 de outubro. Ambas têm cidadania americana, e estavam em Israel para visitar um parente, quando foram capturadas.
Judith e Natalie foram entregues à Cruz Vermelha Internacional e, após isso, se encontraram com tropas de Israel. O Hamas informou, em um comunicado, que elas foram liberadas por motivos humanitários e para contrariar acusações do governo dos EUA.
Em 23 de outubro, o grupo libertou outras duas mulheres, de nacionalidade israelense, que foram identificadas como Nurit Yitzhak, 79 anos, e Yochved Lifshitz, 85, e teriam sido liberadas pelo grupo por razões humanitárias. Ambas saíram da Faixa de Gaza para o Egito.
O governo de Israel aceitou acordo pela libertação de 50 reféns capturados pelo Hamas e por outros grupos extremistas da região. O anúncio ocorreu na madrugada de quarta-feira (22/11), no horário local do Oriente Médio. O acordo prevê que, em troca da libertação de parte dos reféns capturados em Israel, o governo israelense liberte prisioneiros palestinos e promova pausa humanitária na Faixa de Gaza. As tratativas contaram com a mediação do Catar.
O acordo, conforme divulgou a mídia israelense, ainda prevê que a Cruz Vermelha tenha acesso aos reféns que não estarão entre os que serão libertados. Embora o acordo contemple 50 reféns, o número total de capturados nas mãos dos extremistas é estimado em 239 pessoas.
A proposta submetida às autoridades de Israel prevê que sejam libertadas 30 crianças e adolescentes, oito mães e 12 mulheres.
O acordo é anunciado após uma série de reuniões governamentais na noite desta terça (horário de Israel). Em meio às negociações pela libertação de reféns, o primeiro-ministro consultou o Gabinete de Guerra e o Gabinete de Segurança, além de ter se reunido com o governo para tratar do assunto.
A guerra entre Israel e Hamas chega ao 46º dia nesta terça. O conflito teve uma escalada histórica no último dia 7 de outubro, quando o grupo extremista promoveu um ataque-surpresa contra Israel. Desde então, Israel promove bombardeios e incursões na Faixa de Gaza.
A decisão de Israel de aceitar o acordo com o Hamas ocorre num momento em que o país é pressionado por agir em prol da libertação dos reféns. Na última semana, familiares dos reféns iniciaram manifestações para demandar medidas de Netanyahu.
Ainda que tenha concordado com o acordo, o primeiro-ministro israelense sublinhou que a interrupção momentânea da ofensiva em prol da libertação dos reféns não representa o fim da guerra contra o Hamas.
Reféns libertados Até o momento, o Hamas libertou apenas quatro reféns. Judith Tai Raanan e Natalie Shoshana Raanan, mãe e filha, respectivamente, foram as primeiras a receberem liberdade, em 20 de outubro. Ambas têm cidadania americana, e estavam em Israel para visitar um parente quando foram capturadas.
Judith e Natalie foram entregues à Cruz Vermelha Internacional e, após isso, se encontraram com tropas de Israel. O Hamas informou, em um comunicado, que elas foram liberadas por motivos humanitários e para contrariar acusações do governo dos EUA.
Em 23 de outubro, o grupo libertou outras duas mulheres, de nacionalidade israelense, que foram identificadas como Nurit Yitzhak, 79 anos, e Yochved Lifshitz, 85, e teriam sido liberadas pelo grupo por razões humanitárias. Ambas saíram da Faixa de Gaza para o Egito.
Ao menos um caso de dengue causado pelo sorotipo 3 — uma “versão” da doença que não aparece no país há 15 anos — foi identificado em São Paulo. Mais dois diagnósticos são tratados como “suspeitos”, pela vigilância da cidade de Votuporanga, no interior do estado, mas também devem confirmar a presença do subtipo da doença. Entre os pacientes está uma criança de 5 anos de idade. Até este momento, todos passam bem e são monitorados pelo serviço de saúde municipal. “Temos um (caso de) sorotipo três, que já circulou aqui há muito tempo. Para nós é tudo muito novo. Reforçamos todas as ações que são feitas (para conter a doença), com os agentes de saúde nas casas. Temos feito as orientações das pessoas, dos contatos, temos também intensificado a limpeza da cidade nas áreas de maior risco” disse ao Globo a secretária de Saúde da cidade Ivonete Felix. — Os pacientes estão bem, seguimos orientando a população.
As pessoas em questão moram no mesmo bairro, mas não são familiares. Como não há indicativo de que esses pacientes viajaram para fora de Votuporanga, já é possível considerar que esse tipo do vírus da dengue circula pela região, o que acende um alerta epidemiológico.
Sinal de alerta Embora não cause doença mais grave do que os outros subtipos, Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) afirma que a confirmação de mais de um caso dessa versão da dengue é um sinal de alerta.
“Se for mais de um caso, é mais provavel que teremos a transmissão autócnotone, que é pior. Quer dizer que há mosquitos infectados com esse sorotipo e que está ocorrendo a transmissão. Surtos restritos são sinais de alerta, podem significar a disseminação desse sorotipo que há décadas não circula, não só no estado de São Paulo, mas no Brasil como um todo” diz Naime. “Lembramos que agora temos a vacina, que protege contra efeitos graves da doença. Mas é um grande alerta, porque a população mais jovem é completamente vulnerável a esse sorotipo’.
A Organização Panamericana de Saúde (Opas) informa que existem quatro sorotipos do vírus que causa a dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Assim que o paciente se recupera de uma infecção, ele tem “imunidade vitalícia contra o sorotipo adquirido”. Entretanto, infecções subsequentes com linhagens diferentes aumentam o risco do desenvolvimento de dengue grave.
Em nota, o governo de São Paulo informou que “foi notificado sobre casos suspeitos de dengue sorotipo 3 em Votuporanga, que estão em investigação pela vigilância epidemiológica municipal”. O estado ainda diz que “monitora o cenário epidemiológico com plano de contingência que é feito todos os anos, independente da linhagem”.
O governo paulista informou que no dia 27 de novembro, especialistas em saúde estarão reunidos em São Paulo para discutir o cenário epidemiológico e o uso de novas tecnologias capazes de combater as arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos. O encontro, contudo, já estava marcado antes de ocorrer o aparecimento desses casos do novo sorotipo.
Fiocruz No primeiro semestre deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz alertou que o ressurgimento do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil (em outras localidades no Norte e no Sul do Brasil) acendeu o sinal de alerta de especialistas sobre o risco de uma nova epidemia da doença causada por esse subtipo viral. Há mais de 15 anos, o tipo 3 não causa epidemias no país.
Em um estudo, coordenado pela Fiocruz Amazônia e pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), as amostras, de diagnósticos deste ano, apresentaram a caracterização genética dos vírus (do tipo 3) em diagnósticos de Roraima, na região Norte, e no Paraná, no Sul.
Em nota, na época, a Fiocruz informou que o risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da “baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000”. O aparecimento dessa linhagem também levanta a preocupação em relação a casos de dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.
No Brasil, as linhagens que causam a maior parte dos casos, até agora, são 1 e 2. Por isso o receio envolvendo o reaparecimento do tipo 3.
São dias tensos para o embaixador brasileiro em Buenos Aires, Júlio Bitelli, que passa pela terceira vez em sua carreira pela sede diplomática na Argentina. Desde que Javier Milei foi eleito presidente do país por ampla maioria, uma pergunta se instalou em matéria de relação bilateral: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá ou não à posse, prevista para 10 de dezembro? Os convites ainda não foram enviados, e hoje a tendência do governo brasileiro é de que Lula, que foi atacado por Milei durante a campanha, não viaje para Buenos Aires.
A decisão do presidente eleito de convidar o ex-presidente Jair Bolsonaro e vários membros de sua família, admitiu Bitelli, “não é um gesto que vá no bom sentido”. Mas as tratativas continuam e a decisão de Lula, frisou o embaixador, ainda não foi tomada.
“Seria importante ter alguns gestos positivos por parte do novo governo argentino”, assegurou o embaixador.
O fato de o ex-presidente Jair Bolsonaro ter sido convidado pelo presidente eleito Javier Milei para estar em sua posse dificulta a eventual presença de Lula? A questão dos convites para a posse ainda é objetivo de discussão entre o governo atual argentino e o governo futuro. Os convites ainda não foram expedidos, o presidente Lula ainda não foi convidado, e entendendo que nenhum chefe de governo foi ainda convidado. O convite, sobre o qual soubemos pela imprensa, do Milei ao ex-presidente Bolsonaro é uma decisão pessoal, e não deve necessariamente afetar a relação entre os Estados.
Mas a presença de Bolsonaro dificulta a eventual presença de Lula? É um elemento a mais que tem de ser levado em consideração. Há uma série de gestos que seriam importantes, gestos que poderiam facilitar ou dificultar uma decisão do governo brasileiro a respeito do nível de participação na posse do novo governo argentino. Haverá uma delegação oficial brasileira e a composição dessa delegação será uma decisão que virá do presidente Lula.
O gesto, por parte de Milei, de convidar Bolsonaro, não facilita… Não é um gesto que vá no bom sentido, eu diria.
O que significaria se o senhor representasse o Brasil na posse? Em diplomacia, tudo tem um símbolo e essa escolha de qual será o nível de participação na posse terá um valor simbólico importante. Mas é uma decisão que ainda não está tomada. Insisto, seria importante ter alguns gestos positivos por parte do novo governo argentino. Há uma expectativa de que isso possa acontecer, esperemos que aconteça. Quem decidirá é o presidente Lula.
Como está a situação nesse momento? Está em evolução.
Que tipo de gesto o Brasil está esperando? O gesto, se acontecer, todos reconhecerão.
Como estão evoluindo as conversas com a equipe de Milei? Os canais estão abertos, nós estamos buscando formas de fazer com que o relacionamento comece da melhor maneira. A relação bilateral é de tal forma densa e importante, que vai continuar, não há dúvida. Mas é do interesse dos dois países que ela comece, já no novo governo, em boas condições. O Brasil está trabalhando nesse sentido.
A sensação entre fontes do governo brasileiro é de que será mais difícil a relação entre Milei e Lula, do que foi entre Bolsonaro e Fernández… Acho que essas comparações tendem a ser simplificadoras. São fenômenos diferentes, circunstâncias regionais e em cada um dos países diferentes, temos de esperar. Com cautela, vamos esperar ver o governo [Milei] começar a funcionar. O tempo dirá até que ponto será necessária uma acomodação mais ou menos trabalhosa.
Que sinalizações os colaboradores de Milei estão dando ao Brasil? Não temos de dramatizar a relação do presidente eleito argentino com o ex-presidente Bolsonaro. É uma relação que tem uma afinidade de ideias, e isso deveria ser menor dentro de um processo de tomada de decisões sobre relações entre Brasil e Argentina. Esse não é o ponto central, de maneira nenhuma.
O Mercosul está em risco? A própria retórica do Milei em relação ao Mercosul evoluiu na campanha. Num primeiro momento ele falou em sair o Mercosul, destruir o Mercosul. Ultimamente e agora ele passou a falar em mudar, modernizar o Mercosul. O que corresponde aos quatro membros do Mercosul é sentar e escutar quais são os interesses do novo governo argentino. Qualquer coisa que busque aprimorar o Mercosul é do interesse dos quatro membros.
O acordo entre Mercosul e União Europeia (UE) corre mais risco com Milei como presidente? Não acho, são dois trilhos que estão em paralelo. O processo negociador com a UE tem sua dinâmica própria. Há uma expectativa de que ele possa ser assinado, mas independentemente da mudança do governo argentino.
Os empresários argentinos e brasileiros estão preocupados. Que recado o senhor está dando a eles? Estou mais ouvindo, sobretudo dos argentinos, confirmações muito enfáticas de que a relação com o Brasil é fundamental. Ouvi de um grande empresário argentino uma frase que acho que é ilustrativa, ele disse que para a indústria argentina não haverá divórcio com o Brasil.
Os estados do Sudeste e do Sul, com exceção de Santa Catarina, divulgaram carta na qual afirmam ser necessário elevar o seu principal tributo, o ICMS, para garantir uma arrecadação maior após a entrada em vigor da Reforma Tributária. O aumento também visa compensar as perdas por causa da limitação desse imposto sobre energia elétrica, telecomunicações e combustíveis desde 2022.
O documento é assinado pelos secretários da Fazenda de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.
Nesses estados, a alíquota geral varia de 17% a 19%. O documento não diz qual seria a elevação, mas o Rio Grande do Sul já enviou à Assembleia Legislativa projeto que aumenta o imposto de 17% para 19,5% em 2024.
A mudança no ICMS depende de aprovação dos Legislativos locais. Se for votado e sancionado neste ano, o aumento entra em vigor em 90 dias.
No governo federal, a avaliação é que a mudança no ICMS está mais ligada à perda de arrecadação vista desde 2022 do que à Reforma Tributária. Ou seja, os governadores estão mais preocupados em aumentar as receitas em seus atuais mandatos, que terminam muito antes da entrada em vigor do novo sistema de tributação do consumo.
A Reforma Tributária acaba com o ICMS a partir de 2033 e coloca em seu lugar o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), compartilhado com os municípios.
A participação de cada estado na arrecadação do novo tributo até 2078 —50 primeiros anos de vigência do novo imposto— vai depender da receita média do ICMS no período 2024-2028.
Segundo os secretários, essa regra tem induzido os estados a um movimento generalizado de elevação das atuais alíquotas do imposto que será extinto.
“Desse modo, quanto maior a arrecadação de um estado com o ICMS nesse período, maior será o fluxo de recursos do IBS a ele destinado até 2078”, dizem os secretários.
“Nesse sentido, a arrecadação dos estados com o ICMS nos próximos cinco anos condicionará, em significativa medida, as suas receitas tributárias nos 50 anos subsequentes, configurando-se um forte incentivo para que aumentem a sua arrecadação entre 2024 e 2028, por exemplo, mediante a realização de programas de recuperação de créditos tributários ou aumentos de alíquotas modais de ICMS.”
Segundo os secretários, a maioria dos estados do Norte e Nordeste aumentaram recentemente suas alíquotas de ICMS.
Diante disso, dizem, os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste correm o risco de receber, relativamente, menos recursos do IBS, mesmo que a maior parte da arrecadação do novo imposto ocorra em seus territórios, além de permanecerem com desequilíbrios financeiros causados pelas alterações em leis federais em 2022.
“As circunstâncias impõem que os estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país reposicionem as suas alíquotas modais de ICMS para recompor a tributação estadual no curto prazo e para neutralizar as perdas potenciais com a futura distribuição do produto arrecadado com o IBS, vis à vis o comportamento estratégico adotado pelos demais estados da Federação na atual conjuntura.”
Os secretários citam ainda a perda de arrecadação desde 2022, por causa da mudança na legislação federal que restringiu o ICMS sobre energia elétrica, telecomunicações e combustíveis, o que “provocou uma expressiva e insustentável redução das receitas tributárias estaduais”.
A arrecadação do ICMS caiu 7,6% no acumulado de 2023 até setembro, sem considerar a inflação do período.
Em São Paulo, a arrecadação do ICMS acumulada nos 12 meses terminados em outubro apresentou queda de 9,9% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores, já considerada a inflação do período.
Entre os locais que já aprovaram aumento de alíquotas do ICMS no próximo ano estão Ceará (20%), Pernambuco (20,5%), Rondônia (19,5%) e Distrito Federal (20%).
Igreja Batista de Currais Novos, comemora 50 anos de história na cidade, com lançamento do livro; “Igreja Batista , 50 anos de história em Currais Novos.” O lançamento será domingo dia 25/11 às 19h na Avenida Sílvio Bezerra de Melo 789.
No mês em que comemorou a marca de 300 milhões de veículos produzidos desde 1935, a Toyota encerrou, de vez, as operações da planta de São Bernardo do Campo (SP). A unidade do ABC paulista, a princípio, foi a primeira fábrica da marca fora do Japão. Sua história começou em 1962.
Na última quinta-feira (16), a Toyota realizou o desligamento dos últimos 150 funcionários da unidade. Isso aconteceu, portanto, cinco dias após o encerramento definitivo das atividades da planta, que focava na produção de peças para veículos das outras unidades brasileiras e para exportação à Argentina e Estados Unidos.
Bandeirante O SUV Bandeirante, a princípio, foi o primeiro e único veículo da marca japonesa feito em SBC. A produção durou de 1962 a 1997. O modelo, portanto, tratava-se de uma versão brasileira do Land Cruiser. Como destaques, em síntese, tinha visual de jipe e a tração 4×4, que prometia robustez e soluções de uso off-road.
Funcionários De acordo com o que a Toyota informou em 2022, quando anunciou o fechamento da unidade, a mudança seria feita de forma gradual a partir de dezembro. A conclusão, portanto, ficou prevista para novembro de 2023 – o que, de fato, aconteceu. À época, a ideia da Toyota consistia em transferir os funcionários interessados para as outras unidades do grupo (em Indaiatuba, Sorocaba e Porto Feliz, todas, no interior de SP). Eram 550, na ocasião. De acordo com a marca, 120 trabalhadores aceitaram a mudança. Os demais, por fim, foram desligados.
Estratégia Mesmo reconhecendo a história e a dedicação de quem passou pela fábrica do ABC paulista, a Toyota precisou tomar a decisão por motivos estratégicos. “A concentração das operações no interior paulista oferece oportunidades de crescimento para a Toyota na competitividade da companhia diante dos desafios do mercado brasileiro”, diz a marca.
Mudanças de planos Após a inauguração das outras três fábricas da Toyota no Brasil, em Indaiatuba (1998), Sorocaba (2012) e a de motores em Porto Feliz (2016), houve especulações sobre o destino da unidade do ABC. Entretanto, a marca sempre disse que manteria a planta.
Há cinco anos, em síntese, a Toyota instalou no local seu o primeiro Centro de Pesquisa Aplicada na América Latina. Só havia estruturas desse tipo no Japão, EUA, Europa e Tailândia. O objetivo consistia em realizar, sem depender da matriz, mudanças nos carros fabricados no País, criar edições especiais, avaliar novos materiais e, no futuro, talvez até desenvolver carros para a região. Tudo, no entanto, ficou apenas nos planos.
Na Sessão desta terça-feira, 21, o Vereador Daniel Bezerra utilizou da tribuna no Plenário da Câmara Municipal para questionar um empréstimo, no valor de 24,5 milhões de reais, que o Prefeito Odon Jr pretende fazer junto à Caixa Econômica Federal.
O Projeto de Lei pedindo autorização da Câmara Municipal chegou nessa semana, em regime de urgência, onde fica estabelecido a concessão de empréstimo por parte do Município de Currais Novos para ser pago em 10 anos, com carência de 2 anos para começar a ser pago. Segundo o parlamentar, os valores mensais a serem pagos serão na média de 431 mil reais por mês, tendo como garantia os repasses do FPM (Fundo de Participação do Município).
Daniel Bezerra perguntou; Porq que esse empréstimo não foi feito nos últimos 7 anos que o Prefeito esteve a frente do Município? Também questionou a razão desses investimentos em obras de infraestrutura não foram feitos em 2022, ano que as receitas do Município foram 30% maiores? A previsão das despesas eram de 96 milhões em 2022, devido ter entrado mais recursos do Governo Federal, o Município teve uma despesa de 123 milhões de reais.
“O Prefeito gastou 27 milhões a mais que previa o orçamento de 2022, se tivesse economizado esse dinheiro daria para fazer todas essas obras que agora em 2024, ano de Eleição, pretende fazer com dinheiro emprestado. Para onde foi esse dinheiro? Porquê não usou ele nessas obras? O Prefeito deixa de usar o dinheiro que tinha em caixa com obras necessárias para gastar com contratações de pessoal, agora quer um cheque especial de 24 milhões para fazer justamente essas obras.” Disse o Vereador Daniel Bezerra.
Ontem (20), a vereadora Rayssa esteve na delegacia geral da polícia civil (DEGEPOL) articulando junto a delegada geral da polícia civil do RN, Dra. Ana Claudia, o deputado federal Fernando Mineiro e o mandato da deputada Isolda Dantas a implementação de um núcleo de proteção à mulher em Currais Novos.
A vereadora Rayssa ressaltou que o núcleo será um instrumento a mais para o combate à violência contra as mulheres “agora é momento de comemorar essa conquista”.
A delegada-Geral assegurou que a reinvidicação será contemplada no planejamento da DEGEPOL e que Currais Novos será contemplada com o projeto piloto de instalação do Núcleo de Proteção às Populações Vulneráveis.
O deputado federal, Fernando Mineiro reiterou que o seu mandato estará a disposição para contribuir com a luta das mulheres potiguares em defesa da vida e contra a violência.
Participaram também dessa reunião a delegada Dra. Paola, diretora do departamento de proteção a grupos em venerabilidade – DPGV, o delegado Dr. Geriz, diretor do departamento de polícia civil do interior – DPCIN e Elisangela Bezerra, da assessoria da deputada Estadual Isolda Dantas.
O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou nesta segunda-feira, 20, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria ligar ao presidente eleito da Argentina, Javier Milei, antes que este lhe telefonasse primeiro com um pedido de desculpas. A declaração foi dada nesta segunda-feira, 20, na porta do Palácio do Planalto
Segundo Pimenta, Milei “ofendeu de forma gratuita o presidente Lula” e deveria se desculpar pelos ataques contra o petista durante a campanha eleitoral. “Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar”, afirmou Pimenta. Na noite de domingo, Lula publicou nas redes sociais que a “voz do povo” argentino deve ser respeitada e desejou “boa sorte e êxito ao novo governo”, sem citar o nome de Javier Milei.
A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica.
Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A…
— Lula (@LulaOficial) November 19, 2023
Durante a campanha eleitoral, o ultradireitista Milei não poupou ataques contra lideranças de esquerda da América Latina e teve Lula como um de seus alvos mais frequentes — além de “comunista furioso” e “corrupto”, Milei acusou o petista de realizar uma “campanha suja” para difamá-lo junto ao povo argentino. A declaração foi dada ao jornalista peruano Jaime Bayly.
Antes disso, em setembro, Milei disparou uma série de comentários contra Lula em entrevista à revista The Economist — na ocasião, o argentino disse que o presidente brasileiro “tem uma vocação totalitária” e o acusou de “usurpar a liberdade de imprensa” e “perseguir a oposição”.
Ao longo da campanha, Milei ainda demonstrou clara simpatia pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que o brasileiro travou “uma luta digna contra o socialismo” e chegando a publicar uma foto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fazendo o característico sinal da “arminha” com os dedos.
A segunda lista de brasileiros e parentes que estão na Faixa de Gaza, e desejam ser repatriados ao Brasil, contém 86 novos nomes. A primeira leva de repatriados da região foi concluída há pouco mais de uma semana, após mais de um mês de conflito entre Israel e o grupo Hamas na região. A lista será entregue ao Egito na próxima terça-feira (21/11), e já foi recebida por Israel. A informação é da CNN Brasil.
O Metrópoles havia noticiado entre 40 e 50 integrantes na segunda lista de futuros repatriados, na sexta-feira (10/11). É válido destacar, contudo, que os números não são definitivos, e podem aumentar.
A primeira relação continha 32 repatriados vindos da Faixa de Gaza. Eles chegaram ao Brasil na última segunda-feira (13/11), e 26 deles viajaram rumo a São Paulo.
Como os brasileiros foram repatriados A repatriação feita pelo governo federal é chamada de Operação Voltando Em Paz e já trouxe mais de 1,4 mil pessoas ao Brasil, todas provenientes de Israel e, mais recentemente, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Os governos estrangeiros dizem que há, em Gaza, cidadãos de 44 países, bem como trabalhadores de 28 agências, incluindo organismos da ONU. Esses estrangeiros somariam cerca de 7,5 mil pessoas em Gaza. O Egito estima que 500 pessoas cruzem a fronteira diariamente.
Os governos continuam a falar no combate contra a ebulição global, e o planeta ruma para um aquecimento de até 3ºC, de acordo com novo Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep/ONU), divulgado nesta segunda-feira (20/11). “Os compromissos atuais no âmbito do Acordo de Paris colocam o mundo no caminho para um aumento da temperatura de 2,5ºC a 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais neste século, apontando para a necessidade urgente de uma maior ação climática”, alerta o documento da Unep/ONU.
O relatório demonstra ainda que, em vez de reduzir as emissões (conforme acordado por 196 países em Paris, em 2015), o número aumentou. O registro seria de um recorde de 57,4 gigatoneladas de dióxido de carbono.
Uma mudança no cenário só seria possível se os países reduzissem quase que totalmente a produção e o uso do carvão até 2040, bem como do petróleo e gás em até dois quartos, até 2050, de acordo com o relatório.
Nas redes sociais, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterrez, associou as conclusões do documento a um “desfiladeiro repleto de promessas, vidas e recordes [de temperatura] quebrados”. “A tendência [apresentada] leva nosso planeta a um aumento de temperatura de 3ºC”, compartilhou Guterrez, em suas redes sociais, nesta segunda-feira (20/11).
“O relatório mostra que a lacuna de emissões se assemelha mais a um desfiladeiro, repleto de promessas, vidas e recordes quebrados“, completou.
O Acordo de Paris, assinado em 2015 por 196 países, previa que o planeta aquecesse em até 1,5ºC. Nesse contexto, seria preciso reduzir em até 42% as emissões de gases de efeito estufa até 2030. O Brasil, que faz parte do acordo, havia se comprometido em cortar 37% das emissões até 2025.
O assunto deve tomar o palco da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP-28) neste ano, que ocorre em Dubai, e da qual o Brasil participa.
Após boatos de que estariam retomando o casamento, Sandy e Lucas Lima abriram o jogo em uma rede social e falaram sobre o atual status do casal. Os dois anunciaram a separação em setembro deste ano, após 24 anos de relacionamento. Em um Story semelhante e compartilhado nos perfis de cada um no Instagram, eles negaram uma reconciliação. “Tudo que saiu sobre a gente desde que postamos isso — e que não foi dito por nós, da nossa boca — é absoluta e completa mentira”, escreveram em cima de um print do anúncio do fim do casamento. “Até detalhes aparentemente inofensivos foram inventados e não são inofensivos para nossa família. Não existem ‘fontes próximas’, isso é recurso barato para ‘eu posso inventar qualquer coisa’”, desabafaram.
Eles também aproveitaram o post para reforçar um pedido feito na época em que revelaram não estar mais juntos. “Mesmo sabendo que não vamos ser atendidos, voltamos a pedir respeito e privacidade, por favor.”
Na eleição presidencial mais disputada desde a redemocratização, Lula derrotou Jair Bolsonaro em 2022 com a ajuda de uma frente ampla, que reuniu até antigos adversários do petista, como o ex-governador e atual vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, tucano histórico convertido em neossocialista. Na campanha, prevaleceu entre mais de uma dezena de partidos o entendimento de que Bolsonaro representava um mal maior, uma ameaça à democracia brasileira, o que justificava a aliança entre atores políticos com programas e ideias diferentes. Na formação do governo, o PT, hegemônico por natureza, ficou com os principais ministérios, mas Lula acomodou na Esplanada os esquerdistas PSB e PCdoB, os centristas MDB e PSD e até o direitista União Brasil. Recentemente, em troca de apoio no Congresso, escalou indicados de PP e Republicanos, legendas que deram sustentação à gestão anterior. Com maior ou menor comprometimento, essas siglas estão juntas na base governista, mas serão rivais, em muitos casos, nas eleições de 2024. O desafio de Lula é impedir que os duelos municipais causem turbulência na administração federal, atrapalhem a governabilidade e prejudiquem a sua provável campanha à reeleição.
Um dos embates entre aliados do presidente acontecerá na cidade de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país. O PT assumiu o compromisso de apoiar a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura, hoje comandada por Ricardo Nunes (MDB), que tentará a reeleição. Lula já deu declarações favoráveis a Boulos, que concorrerá também com outro nome do campo da esquerda, a deputada federal Tabata Amaral (PSB). Em evento partidário no fim do mês passado, Alckmin divergiu publicamente do presidente e fez questão de reforçar a pré-campanha de Tabata ao dizer que ela representa “a verdadeira mudança”. O vice, que acumula a função de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, reforçou uma regra bem conhecida na política: a de que as disputas locais, na maioria das vezes, não reproduzem a lógica das alianças nacionais. Na capital paulista, a tendência é que os esquerdistas se unam apenas em eventual segundo turno, no qual, alegam, haverá um nome da direita. “Onde for possível, estaremos juntos no primeiro turno. Onde houver candidatos competitivos, disputaremos (entre nós) e estaremos juntos no segundo turno. Não consigo enxergar problema para o governo Lula”, diz o presidente do PSB, Carlos Siqueira.
A um ano da eleição, é fácil entoar um discurso de harmonia, ainda mais quando as candidaturas citadas são de parceiros históricos. Mas em outras capitais a rivalidade se dará entre campos políticos diferentes. No final de outubro, o petista Jaques Wagner, líder do governo no Senado, anunciou apoio ao deputado estadual Robinson Almeida à prefeitura de Salvador, causando um rebuliço em seu próprio partido, o PT, que tem outros pré-candidatos, e no MDB, que sonha com uma aliança com os petistas em torno do vice-governador da Bahia, Geraldo Junior (MDB). Os dois partidos são da base do governador Jerônimo Rodrigues (PT), assim como o PSB, que chegou a cogitar, mas descartou, a candidatura do ex-vereador José Trindade, próximo do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa. Em tese, caberá ao governador costurar um acordo entre as legendas e ungir um nome para representá-las. Não será fácil. Mandachuva do MDB na Bahia, o ex-ministro Geddel Vieira Lima estrilou quando Jaques Wagner defendeu a escolha de um petista. Geddel é conhecido por fazer política com o fígado, e o partido dele só embarcou na frente ampla liderada por Lula no segundo turno, por decisão de Simone Tebet. Terceira colocada na eleição presidencial, Simone foi recompensada com o cargo de ministra do Planejamento e é considerada potencial candidata ao Planalto em 2026.
Em outro grande colégio eleitoral, Belo Horizonte, a situação também parece complicada. O prefeito da capital mineira, Fuad Noman (PSD), deve disputar a reeleição, já que perdeu força a possibilidade de o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, seu colega de partido, sair candidato. Na eleição para o governo de Minas, em 2022, o PT abriu mão de concorrer para apoiar um nome do PSB. Agora, no entanto, não quer ceder espaço e já lançou a pré-candidatura do deputado federal Rogério Correia à capital mineira. Por enquanto, não há possibilidade de composição com o PSD, partido que controla três ministérios, preside o Senado com Rodrigo Pacheco e é comandado por Gilberto Kassab, influente secretário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, um dos principais líderes da oposição a Lula. Geralmente, quando partidos aliados no plano nacional disputam prefeituras, o presidente costuma adotar como regra a imparcialidade — ou, pelo menos, simula uma postura olímpica. Nem sempre dá certo. Às vezes, as normas de boa convivência combinadas em Brasília são simplesmente ignoradas nos municípios, dando espaço a disputas fratricidas, como está ocorrendo no Ceará.
À frente do Ministério da Previdência, com Carlos Lupi, o PDT deve lutar pela reeleição de José Sarto à prefeitura de Fortaleza. Se depender do ex-ministro Ciro Gomes, quarto colocado na eleição presidencial de 2022 e hoje desafeto de Lula, não haverá composição com o PT. Se depender do senador Cid Gomes, irmão de Ciro, tudo pode ser alvo de negociação com os petistas, até a cabeça de chapa. Os petistas têm pelo menos quatro pré-candidatos à prefeitura — entre eles, a deputada Luizianne Lins. O ministro da Educação, Camilo Santana, já defendeu publicamente o direito de o PT participar da disputa, independentemente da decisão do PDT. Os pedetistas estão em pé de guerra. No começo do mês, Sarto se reuniu em Brasília com Carlos Lupi e o presidente do PDT, André Figueiredo, e, logo em seguida, foi decretada uma intervenção no diretório cearense a fim de tirá-lo das mãos de Cid Gomes. O senador recorreu à Justiça, conseguiu anular a medida e retomar as rédeas do diretório. A questão parece local, mas tem como pano de fundo um embate entre quem defende a manutenção da aliança nacional com o PT, inclusive em 2026, e quem quer seguir um caminho de oposição ou, no mínimo, de independência.
Apesar de parecerem distantes, rivalidades locais podem render dor de cabeça ao presidente da República, mesmo em colégios menores como o Maranhão, onde os ministros da Justiça, Flávio Dino (PSB), e das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), são adversários políticos. Acossado por denúncias de irregularidades, Juscelino credita seu desgaste à Polícia Federal, órgão que está sob o guarda-chuva de Dino. Na eleição de 2024 para a prefeitura de São Luís, os dois apoiarão candidatos diferentes. Juscelino trabalhará pela reeleição de Eduardo Braide (PSD), enquanto Dino apadrinhará o deputado federal Duarte Junior, seu colega de partido. Em seus dois mandatos anteriores, Lula costumava dizer que não se envolveria nas eleições municipais, a não ser, claro, quando houvesse uma disputa entre um aliado e um oposicionista. No próximo ano, é provável que ele siga o mesmo receituário, mas, mesmo com todos os cuidados que precisa ter para não melindrar integrantes da frente ampla, ele tentará cumprir dois objetivos. O primeiro, mais imediato, é redimir o PT, que em 2020 elegeu apenas 183 prefeitos, o pior desempenho do partido neste milênio. O segundo, de médio prazo, é costurar acordos que permitam o fortalecimento de outras legendas governistas. Por ordem do presidente, o PT deve abrir mão de concorrer, por exemplo, no Rio de Janeiro e no Recife. A vitória que interessa a Lula é em 2026 — de preferência, com o apoio de uma ou duas dezenas de partidos.
Frente ampla demais Interesses envolvendo as eleições municipais já provocam divergências entre ministros das siglas que hoje fazem parte da base de apoio do governo Lula
São Paulo O PT fez um acordo para apoiar o deputado Guilherme Boulos. O vice Geraldo Alckmin já anunciou preferência pela deputada Tabata Amaral na disputa
Salvador O ministro Rui Costa queria indicar um aliado, mas despontam como pré-candidatos o vice-governador Geraldo Junior e o petista Robinson Almeida
Belo Horizonte Com o apoio do ministro Alexandre Silveira, o prefeito Fuad Noman vai disputar a reeleição, provavelmente enfrentando o deputado Rogério Correia
Fortaleza Os ministros Camilo Santana e Carlos Lupi estarão em lados opostos. O primeiro deve apoiar um nome do PT, provavelmente Luizianne Lins. O segundo, a reeleição de José Sarto
São Luís Os ministros Juscelino Filho e Flávio Dino também estarão em lados opostos — um defendendo a reeleição de Eduardo Braide e o outro apadrinhando o deputado Duarte Junior
Fotos Cadu Gomes/VPR; André Ribeiro,Fátima MeiraA/Futura Press; Câmara dos Deputados; GOVBA; SECOMBH; PMF; Valter Campanato/Agência Brasil; Agência São Luís