O Grupo Carrefour vai fechar 16 lojas em Belo Horizonte. Os espaços serão devolvidos para a WRV, empresa de aluguel, compra e venda de imóveis que pertence ao mesmo grupo econômico da DMA Distribuidora, dona das marcas Epa, Mineirão e Brasil Atacarejo, que vai operar as unidades.
A operação foi aprovada sem restrições pela Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo o órgão, se o Tribunal do Cade não invocar o ato para análise ou não houver interposição de recurso, em 15 dias a decisão terá caráter terminativo, e as operações estarão aprovadas em definitivo.
As 16 unidades eram alugadas pelo Grupo Carrefour e algumas delas, operadas pelo Supernosso. Segundo parecer do Cade, a devolução dos imóveis para a WRV visa cessar um litígio entre as partes.
“As requerentes explicam que a Operação tem como justificativa principal a transação civil entre a WRV e CRF, de modo a encerrar o litígio entre si, estabelecendo uma adequação dos interesses comerciais das Partes”, diz um trecho do documento. A operação vai incluir o estoque das lojas. Segundo o parecer do Cade, o montante a ser pago ao Grupo Carrefour considera todos os produtos existentes nas 16 lojas, as melhorias promovidas nos imóveis ao longo do período contratual e mobiliário e demais itens necessários para a continuidade das operações. O valor está em sigilo.
Brasileiros repatriados têm tentado afastar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da operação de resgate no Oriente Médio, atribuindo a ação a outros políticos. Desde o ataque do grupo terrorista Hamas a Israel, no último dia 7, 916 pessoas foram retiradas da região de conflito pelo governo federal, em viagens organizadas pelos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa.
Até esta segunda-feira, 16, cinco voos da Força Aérea Brasileira (FAB) trouxeram brasileiros, a maioria turistas, para o País. O governo também lidera a saída da zona de guerra por meio de voos comerciais.
O pastor Felippe Valadão, líder da Igreja Batista Lagoinha, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, um dos resgatados em Israel, afirmou que Lula “nada tem a ver” com a sua repatriação. Ele voltou ao País na última quarta-feira, 11, em um voo comercial. Valadão havia ficado preso com um grupo de 103 fiéis em Jerusalém.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Valadão afirmou em culto e nas redes sociais que o responsável por seu resgate foi o deputado federal Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ).
“Eu quero agradecer publicamente à pessoa responsável por ativar a FAB. Tem gente aí achando que é o Lula que está fazendo isso, mas não é não. A pessoa que é responsável por isso é o deputado Áureo”, disse o pastor nas redes sociais.
Outra brasileira atribuiu ao prefeito de Sorocaba, Rodrigo Maganhato (Republicanos), aliado do ex-presidente, o resgate em Tel Aviv. “Graças a Deus a gente saiu. A FAB colocou o nosso nome na lista graças ao prefeito Rodrigo Maganhato e sua equipe de Sorocaba”, disse em entrevista para a TV Globo. A mulher, que fazia turismo religioso em Jerusalém, voltou ao Brasil no primeiro voo organizado pelo governo.
O primeiro avião enviado pela FAB para resgate dos brasileiros em Israel chegou a Brasília na madrugada do dia 11, quatro dias após o primeiro ataque do grupo terrorista Hamas contra o território israelense. A operação foi conduzida de forma conjunta entre o Itamaraty e o Ministério da Defesa e contou também com outras cinco aeronaves. Com um novo voo previsto para quarta-feira, 18, mais de mil brasileiros terão sido repatriados.
A operação de resgate recebeu elogios assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, que parabenizou o ministro da Defesa de Lula, sem citar o presidente. “Como brasileiro e judeu reconheço e agradeço a impecável atuação do ministro da Defesa, José Múcio – e da FAB – que comanda com eficiência a repatriação de brasileiros que estavam em Israel, como já ocorrido no conflito Rússia-Ucrânia”, afirmou na plataforma X (antigo Twitter).
O conflito entre Hamas e Israel resultou na morte de três brasileiros: Ranani Nidejelski Glazer (24), Bruna Valeanu (24) e Karla Stelzer Mendes (41). Como mostrou o Estadão, uma filha e neta de brasileiros, a jovem Tchelet Fishbein Za’arur (ou Celeste como a família a chama em português), de 18 anos, está em poder dos terroristas após ser sequestrada no último dia 7. Segundo Israel, cerca de 150 pessoas são mantidas como reféns em Gaza.
A Fecomércio RN e o Sindicato do Comércio Varejista de Currais Novos, apresentarão na próxima quinta feira (19), às 17h30, a Comissão da Festa, empresários e à imprensa, resultados das pesquisas do perfil de participantes e percepção dos empresários, da Festa de Sant’Ana 2023.
FERRAMENTA
“A pesquisa é muito importante não só para o empresariado, mas para o poder público, bem como a paróquia que, a partir dessas informações, trará mais uma ferramenta de desenvolvimento para a cidade”, afirmou o presidente do Sindivarejo Currais Novos, Helder Araújo.
O evento acontecerá na Casa do Comércio, no Centro de Currais Novos.
Com muita luta e diversos desafios, Aparecida Luana de Currais Novos, participou nesse fim-de-semana, com a delegação do RN do campeonato brasileiro de karatê em Parauapebas (PA) e está voltando para casa com uma medalha de bronze no peito no katá e medalha de ouro kumitê e de quebra foi convocada para mundial na Inglaterra. Precisamos olhar com mais carinho para nosso esporte, campeões já temos !
Com a mudança da emenda feita pelo Vereador João Gustavo e a retirada da emenda feita pelo vereador Daniel Bezerra , os Vereadores votaram a favor da doação de terrenos para as empresas (Realize, Vó Ita, Argamassa Super Cola)
Um dos Vereadores que estava se opondo a aprovação do PL 019/2023, que segundo a visão dele, devido a sua inconstitucionalidade e ilegalidade do Projeto, o Vereador Daniel Bezerra hoje falou que toda essa celeuma que se tornou essa votação foi motivada pela falta de diálogo do Prefeito Odon Jr com os empresários locais e todos os Vereadores.
Já aprovamos outros projetos assim, mas sempre com nossa observação que a forma de escolher quem tem direito de receber a doação de terrenos estava errado. O gestor público não tem esse poder, de escolher um em detrimento de outro. A Lei Orgânica do Município prevê que é necessário uma licitação. Assim como a Lei 8.666/1993 (Lei de Licitações), que regulamenta a doação de bens públicos, exige que, dentre outras formalidades, a licitação na modalidade concorrência.
A forma que encontramos de chegarmos a um senso comum foi através da emenda do Vereador João Gustavo, que muda a forma da doação, passando a ser com encargos para as empresas, que deverão retribuir 30% do valor estimado do terreno para a nossa Cultura local. A emenda além de legalizar o projeto, evita que pessoas particulares busquem esse incentivo sem ter o interesse real de investir e gerar empregos na cidade. Toda essa discussão poderia ser evitada também se o Prefeito seguisse a Lei 3.698/2021 que trata de um Programa de Incentivos a Instalação de Empresas, de preferência industriais, a se instalarem em Currais Novos.
A falta de diálogo do Prefeito Odon Jr com as empresas locais e os demais Vereadores, é uma prova de indiferença dele para com a classe política e empresarial. Hoje aprovamos devido as mudança ocorridas na Lei, mas seguiremos cobrando que o nosso gestor municipal trabalhe de forma transparente, legal e impessoal. A pressão que tentaram colocar sobre nós estará agora em diante sobre ele, que garantiu que essas empresas irão gerar mais de 150 empregos em Currais Novos. Até aqui os nove terrenos já doados não geraram nenhum emprego na cidade, mesmo depois de muitos meses. Isso é uma prova que falta uma Política Pública de desenvolvimento local, o resto é só interesse político e eleitoral.
Durante a sessão de hoje que votará a doação de terrenos para instalação de novas empresas a vereadora Rayssa foi enfática ao afirmar que essa vitória foi graças a mobilização do povo.
Nos últimos dias a votação tomou debate popular. A população participou e cobrou dos parlamentares, além de lotar a sessão da câmara no dia de hoje. Segundo a vereadora ela ouviu mais de 250 pessoas para tomar sua decisão e apenas 6 pessoas foram contra a doação.
“Essa é a prova de que quando o povo participa da política tem o poder de transformação” ressaltou a vereadora.
Falando na sessão desta segunda-feira, o vereador justificou que, a sua emenda, visa sanar alguns pontos, dentro do projeto, visando as contrapartidas a serem feitas pelas empresas a se instalarem em Currais Novos, quanto ao interesse social, e proteger o patrimônio municipal.
João Gustavo agradeceu a compreensão dos colegas vereadores, pela compreensão, com relação a referida emenda.
No dia 1º de janeiro deste ano, recém-empossado para o seu terceiro mandato, Luiz Inácio Lula da Silva subiu ao parlamento do Palácio do Planalto para reforçar o que considerava um recado importante para a nação. Depois de uma disputa eleitoral curta, na qual venceu Jair Bolsonaro por menos de 2% dos votos, ele prometeu unir o país com seu trabalho. “Vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todos e todas, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado de divisão e intolerâncias. A disputa eleitoral acabou”, anunciou. Passados um pouco mais de nove, no entanto, um levantamento feito para VEJA pelo instituto Paraná Pesquisas mostra que o presidente ainda governa um Brasil dividido, tem a desconfiança de quase metade do eleitorado e quase nada avançou para conquistar corações e mentes de quem votou no adversário em 2022.
A fotografia tirada agora é muito parecida com o registro da polarização exposta pelas urnas. Lula tem o governo aprovado por 51,6% do eleitorado, uma maioria apertada e quase o mesmo percentual dos votos que tiveram no segundo turno (50,9%). Quatro em cada dez consultados desaprovaram a sua gestão à frente do país, embora a maioria ache que ele faz um governo melhor que o de seu antecessor ( veja o quadro ). O percentual dos que avaliam sua gestão como ótima ou boa (38%) é praticamente o mesmo dos que a parcela é ruim ou péssima (35%) — como referência, nos oito meses anteriores ao seu primeiro mandato, em 2003, o petista tinha 45% de ótimo/bom e apenas 10% de ruim/péssimo, segundo o Datafolha.
Embora os números estejam longe de ser uma tragédia, há sinais de alerta. Um deles é o fato de haver um contingente expressivo que não se deixou seduzir pelos primeiros passos do governo, apesar de haver tradicionalmente certa boa vontade do brasileiro com o mandatário no início de trabalho. “Lula ainda não eleito o eleitor de Bolsonaro e já perdeu sua lua de mel”, avalia Murilo Hidalgo, diretor do Paraná Pesquisas. Outro ponto de preocupação é que 68% dos entrevistados disseram que a situação financeira deles e de suas famílias piorou ou segue na mesma em relação aos tempos do bolsonarismo.
Também deve se preocupar com uma análise mais detalhada que o eleitor faz no trabalho do governo. Para a maioria (22,9%), uma área em que o presidente tem ido pior é a da segurança, um tema sensível e que tem sido largamente explorado pela direita nos debates eleitorais. Nas últimas semanas cresceu o volume das críticas ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino , na esteira da violência registrada em estados como a Bahia e de casos bárbaros como os assassinatos de três médicos no Rio de Janeiro. O segundo maior problema relatado na pesquisa não é menos sensível: a economia. Em que pese Lula ter conseguido alguns bons indicadores e ter tocado projetos importantes como o novo arcabouço fiscal, a reforma tributária e um programa de negociação de dívidas da população, há no eleitor a sensação de que a situação ainda está longe de inspirar confiança.
Pelo menos publicamente, a base governamental diz que não há motivos para qualquer tipo de alarme. Líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR) acha que a popularidade de Lula condiz com o contexto no qual a gestão começou. Ele minimiza o fato de a aprovação ter níveis oscilados na comparação com maio. “Houve fica inexpressivo, resultado dos problemas sociais e econômicos que herdamos e que ainda afetam a população. Diante disso, e somado à tentativa de golpe em janeiro e à instabilidade política, além do cenário de guerra no mundo, os números são muito bons”, acredita. Para o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que foi atuante na transição, o governo ainda está sendo construído. “O processo de pacificação é longo. Estamos no primeiro ano, e a polarização ainda está latente”, afirma.
A exemplo da avaliação de governo, a pesquisa também mostra que eleitoralmente Lula não conseguiu avançar sobre o contingente que não optou por ele em 2022. Em nenhum dos quatro votos sondados, o petista chega perto de seus 48% de totais no primeiro turno — atinge no máximo 37,7%. Somados, os possíveis presidenciáveis do centro à direita têm 48% dos votos ( veja o quadro abaixo ). “Chama a atenção o fato de Lula não ter conseguido avançar em seus percentuais. No ano passado, ele só conseguiu furar seu teto devido à exclusão de Bolsonaro”, avalia Hidalgo.
Em contrapartida, a centro-direita espera ter motivos para acalentar maiores para 2026. Os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Ratinho Junior (PR), apontados como potenciais presidenciáveis, alcançam dois dígitos na pesquisa, uma boa marca considerando que faltam três anos para a eleição e que há espaço para que se tornem mais conhecidos no cenário nacional. Outros políticos do mesmo espectro ideológico também aparecem bem. A ministra Simone Tebet , terceira em 2022 com 4,2% dos votos válidos, tem hoje o dobro de desejo de voto.
É claro que ainda há muitas variáveis para definir como se dará a próxima disputa presidencial. Uma delas é saber se de fato Lula será candidato — ele disse na campanha que não seria, mas hoje ninguém leva muito a sério essa afirmação. Outra dúvida é como estará a situação econômica e social. Também podem interferir, segundo especialistas, mudanças no cenário internacional, como eventuais vitórias da direita com Donald Trump, nos Estados Unidos, e Javier Milei, na Argentina. Paralelamente, é difícil saber se as legendas do centro conseguirão construir uma candidatura única de oposição. Na última eleição, a fragmentação inviabilizou qualquer esforço para evitar a polarização.
Será igualmente crucial mensurar o tamanho que Jair Bolsonaro terá no tabuleiro político. Na pesquisa enviada, quando não são apresentados os nomes dos candidatos, o ex-presidente foi lembrado por 14% dos candidatos (Lula teve a menção de 22%), o que mostra que o ex-capitão, mesmo inelegível e todo enrolado com múltiplos As investigações, ainda têm um ativo específico político para influenciar a sucessão presidencial em 2026. Nos últimos dias, os políticos do centro à direita têm se movimentados no fio da navalha quando o assunto é Bolsonaro: atraindo o eleitor bolsonarista ao mesmo tempo que busca manter distância segura dos enroscos do ex-presidente. Mesmo quem foi aliado de Bolsonaro, como o ex-ministro Ciro Nogueira, presidente do PP e um dos articuladores do Centrão, acha que há espaço para crescimento político à margem do ex-presidente. “O maior eleitor do Brasil é anti-Bolsonaro ou anti-PT. Se o candidato tiver isso e não tiver a exclusão que os dois têm, ele vence”, diz. Para o cientista político Marco Antonio Teixeira, professor da FGV, sem o apoio do ex-presidente são remotas as chances de sucesso eleitoral da oposição. “É muito difícil o candidato da direita não colar em Bolsonaro. Qualquer um deles vai depender muito do capital político do ex-presidente. No caso de Tarcísio, que por sinal tem mão aberta de pautas bolsonaristas em São Paulo, vai depender também da capilaridade que seu partido, os Republicanos, vai dar a ele em todo o Brasil”, afirma.
Um fator que explica a dificuldade de Lula de se aproximar do eleitorado bolsonarista é a falta de acenos claros a esse segmento. Um exemplo é a maneira como o governo não consegue desvencilhar a sua imagem das pautas de costumes, que têm sido responsáveis, em grande parte, por azedar a lua de mel de Lula. A oposição conservadora tem conseguido atrelar ao novo governo, revelando como a descriminalização do aborto até doze semanas de gestação e a porta de maconha para uso pessoal. Embora essa agenda progressista tenha sido tocada pelo Supremo Tribunal Federal , a confusão foi imposta por medidas como a aprovação pelo Conselho Nacional de Saúde da defesa da flexibilização dos dois temas. Também não ajudou o episódio que envolveu uma dança sensual, ao som de funk, em um evento do Ministério da Saúde — o que levou, inclusive, à demissão do diretor da pasta responsável pelo ato. “O importante é sairmos da armadilha ideológica e focarmos em políticas públicas e no projeto de crescimento consistente do país”, apregoa Reginaldo Lopes. Para Marcelo Di Giuseppe, sócio do Instituto de Planejamento Estratégico (Ibespe), a queda na aprovação de Lula deve, principalmente, à insatisfação em relação à economia, mas atrapalha a maneira como o governo trata outros assuntos. “Até entre a esquerda há aqueles que estão insatisfeitos com a prioridade que o governo dá a pautas acordadas ( políticas liberais ou justiça social ) em detrimento da pauta do trabalhador. São coisas simples, mas nas quais a gente vê uma desconexão entre o político e o cidadão comum”, diz.
No discurso de posse, Lula bateu na tecla de que “não existem dois Brasis”. A avaliação do início de governo mostra, porém, que ainda há um país dividido em relação ao andamento do governo. Lula precisará calibrar suas ações se quiser de fato dobrar objeções que ainda estão postas à mesa.
Em paralelo ao boom imobiliário no final dos anos 1970 na Barra da Tijuca, bairro de renda elevada na Zona Oeste carioca, uma imensa área a poucos quilômetros dali viu surgirem barracos em série. Ocupada por imigrantes nordestinos que aportavam na região para trabalhar nas obras em andamento, a comunidade do Rio das Pedras se espalhava de forma desordenada e sempre à margem da lei. Quem dava as cartas por porção do Rio de Janeiro eram líderes locais que impunham sua cartilha e agiam como benfeitores, punindo à base de barbárie crimes praticados por outros no pedaço sob seu comando. A essa célula ainda pequena, que com o tempo passou a explorar toda sorte de ilegalidades — transporte clandestino, “gatos” na origens, agiotagem e até mortes sob encomenda —, se juntou uma banda corrupta de policiais, bombeiros e guardas municipais que, desde o nascente, se vale do terror para reinar. E assim a milícia de Rio das Pedras, uma excrescência como muitas mais que fincaram bandeira no Rio, ganhou envergadura, tornando-se a mais poderosa do país.
Vira e mexe, a bandidagem alojada ao lado da Barra vem aos holofotes nacionais pela maneira como desdenha das vias legais e pela carnificina que produz. Nos últimos dias, ela ficou exposta depois da chacina que tomou uma população de espanto. O fuzilamento de quatro médicos de outros estados que papeavam às vésperas de um congresso num quiosque à beira-mar teve como pano de fundo justamente a disputa dos profícuos negócios tocados nesse quinhão da cidade. A facção autodenominada Comando Vermelho (CV), que nas idas e recebidas da criminalidade vem se associando a milícias, trava uma guerra por território com Rio das Pedras. Foram membros do CV que dispararam 33 vezes contra o quarteto de médicos, acreditando que entre eles estaria Taillon Barbosa, 26 anos, hoje o chefão de Rio das Pedras. Parecido fisicamente com ele, o ortopedista Perseu de Almeida, 33 anos, perdeu a vida, assim como outros dois dos colegas. Um deles salvou-se, ferido.
VEJA teve acesso a uma denúncia do Ministério Público do Rio que fornece detalhes sobre o bandido que atualmente governa Rio das Pedras e dá contornos horripilantes do modus operandi do bando. Taillon não mora na comunidade que mantém com mãos de ferro nem tampouco na vizinha Muzema, sob o poder de seu grupo. Ele reside em um condomínio a 750 metros do quiosque onde ocorreu a chacina. O inquérito descreve como alguém de comportamento “extremamente violento”, que anda armado e agride moradores. Depois de dois anos de prisão, ele obteve liberdade condicional no mês passado e retomou o comando da comunidade que herdou do pai, o ex-PM Dalmir Barbosa, ainda encarcerado. O montante mensal que a engrenagem de lá faz girar está em 2 milhões de reais, e subindo.
Os documentos do MP também lançaram luz sobre o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em 2020 pela polícia, que controlava uma milícia em parceria com Dalmir. Adriano se tornou figura emblemática das garras dessa força paralelamente à política — ele instalou a mãe e a ex-mulher no rol de funcionários do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PL), que até o homenageou na Assembleia Legislativa . O ex-capitão se revezava entre a milícia e o Escritório do Crime, bando de matadores de aluguel que fez fama pela perícia e crueldade dos assassinatos que executou. No período em que esteve à frente de Rio das Pedras, Adriano cobrava taxas de moradores e comerciantes por suposta proteção e fornecimento de serviços na ilegalidade. O tal imposto chegava a 1 000 reais por mês. “A ascensão de Rio das Pedras se explica por sua posição estratégica, ao lado da Barra e situada em local adensado e repleto de comércio, o que potencializa os lucros”, diz o antropólogo Paulo Storani.
Com tática semelhante, o conjunto de milícias do Rio já supera o tráfico em extensão territorial. De acordo com um levantamento do Grupo de Estudos em Novos Ilegalismos da UFF, junto com o Instituto Fogo Cruzado, esses bandidos dominam 284,3 quilômetros quadrados da região metropolitana, alcançando um avanço impressionante de 428% em pouco mais de uma década. Na capital, um de cada três cariocas vive em bairros com alguma atuação nessas organizações, que foram por longo período vistas como salvadoras de populações pobres sob o domínio de traficantes — um mal menor e necessário, repetia-se, equivocadamente. “Uma parcela de seu crescimento se deve à maior tolerância, inclusive das autoridades, com esse tipo de criminalidade em relação ao tráfico de drogas”, disse o sociólogo Daniel Hirata, da UFF. O modelo de negócios implantado pelas milícias, que se espalhava por cada vez mais setores, entre eles ou imobiliários, tende a ser mais lucrativo e menos visto do que o comércio de drogas.
A associação entre milícias e tráfico é um degrau mais na cadeia evolutiva das quadrilhas de paramilitares, algo nos moldes das maras mexicanas. As chamadas narcomilícias juntaram-se com mais vigor no cotidiano do crime de dois anos para cá, após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, altura o miliciano mais procurado do Rio. Depois dele, deu-se uma fragmentação da quadrilha e novos arranjos se firmaram. “A milícia vem sendo descaracterizada e se confundindo com o tráfico. Não é incomum que ambos compartilhem ações criminosas”, afirma André Neves, diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada da capital. Rio das Pedras é justamente alvo de uma união dessa natureza — a milícia de Gardênia Azul, não muito longe dali, e o CV, incrustado na Cidade de Deus, selaram aliança, e daí veio a trama para eliminar o chefe Taillon.
Não apenas os números superlativos, produto de cada vez mais organização, coloca Rio das Pedras no mapa nacional. Nomes ligados a casos de repercussão elevada têm os pés fincados por lá. Acusado pelos disparos contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 2018, o policial reformado Ronnie Lessa, que já foi dono de uma academia no miolo da favela, hoje preso, é suspeito de ter ocupado alto posto na milícia. Já o PM da reserva Fabrício Queiroz, que era amigo do clã Bolsonaro e foi apontado como o operador do suposto esquema de desvios da rachadinha no gabinete do deputado Flávio, atuou com Adriano lado a lado no batalhão da região.
A presença dessas células criminosas tem reflexos no funcionamento da cidade, já que elas se enfrontam nas mais diversas esferas, extrapolando suas fronteiras. “Esses grupos armados controlam absolutamente todas as camadas da vida local, na economia, na política, na cultura e na religião”, disse o sociólogo José Cláudio Souza Alves, da UFRRJ. Em pronunciamento depois da execução dos médicos na Barra, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), se referiu às milícias como “verdadeiras máfias” que causam prejuízos ao sistema financeiro — um mal que nem ele nem qualquer outro governante chegar até agora extirpar . A atuação deletério dessas gangas se faz sentir, de modo evidente, como a claramente do sol, não fornecido de luz no estado. Esse ano, a Light, responsável pela distribuição de energia em mais de trinta municípios, no processo de reestruturação financeira, atribuiu parte de sua dívida de 11 bilhões de reais aos “gatos” em localidades sob o jugo dos criminosos.
Com o tamanho do poder sobre áreas tão vastas, as milícias também se converteram em cabos eleitorais potentes. Em vários pontos do Rio, só é permitida a entrada de candidatos avalizados pelo crime. Um levantamento do Tribunal Regional Eleitoral aponta que, para fazer campanha nos domínios dessas quadrilhas, um desembolso político até 100 reais por morador, uma violência à democracia. Desde a CPI das Milícias, liderada na Alerj em 2008, recebemos que a estratégia desses bandos mudou — se naquela época foram presos milicianos que compunham o Legislativo, atualmente a estratégia, mais discreta e eficaz, é provar apoio aos nomes que eles são simpáticos.
Estima-se que 77 das 97 zonas eleitorais do Grande Rio seguem nas mãos do poder paralelo, 4,6 milhões de participantes. No pleito de 2022, VEJA fez uma incursão a Rio das Pedras e avistou ali apenas material eleitoral de parentes do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão, suspeito de ligação com o caso Marielle Franco e com a milícia — o que ele sempre negou . Não é mais nas sombras, mas à luz do dia e com a leniência de autoridades diversas, que esses marginais vêm se alastrando. Enquanto isso, inocentes, como os médicos que davam uma trégua ao trabalho na Barra, têm suas vidas ceifadas.
A partir de segunda-feira (16), 150 agentes da Força Nacional começam a atuar na segurança do Rio de Janeiro.
Neste primeiro momento, o contingente vai reforçar ações em rodovias sob coordenação da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
O foco será no combate à entrada de armas e drogas, bem como identificar e prender os líderes das facções criminosas. Também foram disponibilizadas 40 viaturas.
O secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli, vai se reunir com o Ministério Público Federal (MPF) na terça-feira (17) para tratar de questões voltadas à atuação das forças federais de segurança na capital fluminense.
O auxílio da Força Nacional foi solicitado pelo governador Cláudio Castro (PL) para ajudar as polícias estaduais nas ações contra criminosos durante a Operação Maré.
Megaoperação O governo do Rio de Janeiro colocou em atividade uma megaoperação contra organizações criminosas no Complexo da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus na última segunda-feira (9).
A busca é por envolvidos no treinamento de guerrilha na Maré, nas mortes de três médicos na orla da Tijuca e dos responsáveis pelo lançamento de granadas na Avenida Brasil.
O presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, afirmou que uma possível invasão da Faixa de Gaza por Israel seria um “grande erro”. O território, controlado pelo Hamas, está sob ataque israelita há 9 dias. Conflito já soma cerca de 4 mil mortos.
A manifestação de Biden foi feita em uma entrevista ao programa 60 minutes do canal de TV norte-americano CBS, que foi ao ar no domingo (15/10).
“Acho que seria um grande erro [a invasão da Faixa de Gaza por Israel]. Olhe, o que aconteceu em Gaza, na minha visão, é que Hamas e seus elementos extremos não representam em nada o povo palestino. E acho que que seria um grande erro Israel ocupar Gaza novamente”, admitiu Biden.
Biden ainda se manifestou sobre os reféns, e disse que os EUA fazem tudo que está em seu poderio para ajudar. “Digo que faço tudo em nosso poder para encontrar aqueles que ainda estão vivos e libertá-los. Tudo ao nosso alcance. Não irei entrar em detalhes, mas estamos trabalhando muito nisso”, garantiu.
Desde sábado (14/10), as Forças de Segurança de Israel estão de prontidão para invadir por terra a Faixa de Gaza. O conflito, que existe há décadas, escalou no último sábado (7/10), quando o grupo radical atacou o território israelense. Desde então, Israel passou a promover uma série de bombardeiros contra a região de Gaza.
Na última semana, Biden havia manifestado interesse em manter diálogo com Israel e condenou o ataque feito pelo Hamas em 7 de outubro — ação que deu início ao novo confronto armado.
A Casa Branca tenta planejar uma visita de Biden ao primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Porém, ainda não há confirmação de que o encontro de fato ocorrerá.
Ataques Neste domingo, Israel relatou ter interceptado cinco foguetes vindos do Líbano e lançados pelo Hezbollah. O país informou, também, ter iniciado a resposta aos locais de ataques.
Na última sexta-feira (13/10), as Forças de Defesa de Israel determinaram que todos os civis da área deixem o norte da Faixa de Gaza. A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou, porém, ser impossível esse deslocamento sem “consequências humanitárias devastadoras”.
O governo de Israel estendeu o prazo para desocupação, mas não recuou da medida, o que levou centenas de milhares de famílias a deixarem tudo para trás. E, em meio a essa mobilização, os bombardeios não cessaram.
O Ministério da Saúde palestino contabilizou 2.670 mortes no conflito. Já a Embaixada de Israel informou que 1,4 mil pessoas perderam a vida. Além disso, há mais de 13 mil feridos, sendo 3,5 mil em Israel e 9,6 mil em Gaza.