A China recentemente destinou sua primeira rodada de financiamento este ano para proteger a produção agrícola de pragas e doenças, anunciou o Ministério das Finanças (MOF, na sigla em inglês) neste domingo.
Esses fundos, no valor de cerca de 1,25 bilhão de yuans (US$ 181,8 milhões), foram alocados conjuntamente pelo MOF e pelo Ministério da Agricultura e dos Assuntos Rurais.
Os valores serão usados para comprar pesticidas e outras ferramentas necessárias para a prevenção e controle de pragas e doenças agrícolas, segundo o MOF, acrescentando que eles também ajudarão a subsidiar operações e serviços relacionados.
A China pretende manter sua produção de grãos acima de 650 milhões de toneladas em 2023, de acordo com o relatório de trabalho do governo deste ano.
A semeadura e a aragem da primavera, geralmente de fevereiro a maio em todo o país, desempenham um papel fundamental na produção de grãos todos os anos.
Parlamentares da oposição contrários ao PL das Fake News apostam na pressão feita pelo pastor Silas Malafaia, aliado de primeira hora de Jair Bolsonaro, para virar votos contra o projeto de lei.
Malafaia tem postado vídeos em suas redes sociais destacando pontos controversos da proposta. Ele argumenta com seus seguidores, boa parte deles evangélicos, que o texto instituiria a “censura”.
A pressão, alegam opositores ao texto, estaria funcionado. Alguns deputados favoráveis teriam mudado de opinião e prometido votar contra. Entre eles, alguns de siglas governistas como PSD e PSB.
Apesar disso, deputados admitem que o regime de urgência ao projeto, derrotado em 2022, agora deve passar. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), prometeu a votação para esta quarta-feira (26/4).
Em Bodó, aconteceu na última sexta-feira (21.04), a prévia do Bodó Folia, evento que tem início no próximo dia 28 e vai até o dia 30 de abril.
Com um grande público em praça pública, gerou um enorme expectativa do evento maior, que conta com o apoio da Gestão Municipal, através da Secretaria Municipal de Turismo.
Em entrevista ao nosso blog, o Secretário Valdinho nos contou sobre o evento: “Foi um evento grandioso, onde pudemos reunir vários bodoenses em praça pública, enaltecendo o turismo e fortalecendo também o comércio local. Essa foi só uma prévia do que está por vir, o Bodó Folia desse ano promete ser o maior de todos os tempos”.
Valdinho vem executando um trabalho de excelência no turismo do município de Bodó, se destacando na região da Serra de Santana.
A mudança no nome deste espaço é uma proposição do mandato do deputado estadual Ubaldo Fernandes (PSDB), que foi aprovada por unanimidade pelo plenário da Assembleia Legislativa do RN na semana passada e que aguarda apenas a sanção da governadora Fátima Bezerra para se tornar oficial.
“Buscamos reconhecer o valoroso legado deixado por Monsenhor Ausônio Tércio de Araújo, falecido em 2021 em decorrência da Covid-19 e que muito contribuiu para a fé cristã e para a educação do povo caicoense”, ressaltou o Deputado. Ubaldo destaca que “é inegável a contribuição de Monsenhor Tércio para a região Seridó. Era incansável e, ao longo de seus mais de 60 anos de sacerdócio, deixou sua marca como professor, intelectual, com largo conhecimento de filosofia e teologia. Estou orgulhoso em ser o propositor desta homenagem a um homem que tantas gerações preparou para a vida e que possui ex-alunos espalhados por todo o Brasil e até pelo exterior”, declarou.
BIOGRAFIA
Natural de Currais Novos, Monsenhor Tércio de Araújo nasceu em 12 de outubro de 1935 e se tornou presbítero em 1960, após cursar Filosofia e Teologia na Pontífice Universidade Gregoriana de Roma. Em sua caminhada, o Monsenhor atuou como Vigário Geral, Administrador Diocesano, Diretor da Escola Prevocacional de Caicó, Diretor de Departamento de Ação Social da Diocese de Caicó, Diretor do Colégio Diocesano Seridoense, Diretor da Fundação Educacional Sant’Ana, Pároco de São José em Caicó e Diretor da Rádio Rural de Caicó até o ano de 2009.
Monsenhor Tércio de Araújo teve intensa dedicação à educação, passando pelo Colégio Santa Terezinha, Colégio Normal de Caicó e pela Escola Estadual Joaquim Apolinar. Ainda, integrou o Conselho Estadual de Educação, ocupou o cargo de Diretor da Faculdade de Teologia Cardeal Eugênio Sales, foi professor na UFRN e participou ativamente das discussões da criação do Campus Universitário de Caicó.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RN) deu início nesta segunda-feira (24) às vistorias locais da Operação Educação, uma fiscalização ordenada nacional que objetiva analisar as condições de infraestrutura de escolas das redes estaduais e municipais dos 26 Estados do Brasil e do Distrito Federal.
O trabalho envolve técnicos de 32 Tribunais de Contas visitando escolas em todo o país para verificar a infraestrutura de 1.088 unidades de ensino. Cerca de 785 auditores estão participando da Operação Educação, que se estenderá até a próxima quarta-feira (26).
Nas visitas, serão checados 200 itens — entre eles, a situação de refeitórios, bibliotecas, salas de aula e quadras esportivas. Também serão examinados aspectos ligados à segurança, prevenção de incêndios e higiene e limpeza dos estabelecimentos de ensino.
As escolas foram escolhidas a partir de indicativos de situações críticas relacionadas à infraestrutura que constam no Censo Escolar 2022. Os itens analisados englobam aspectos referentes à acessibilidade, estrutura e conservação, saneamento básico e energia elétrica, sistema de combate a incêndios, alimentação, esporte, recreação e espaços pedagógicos.
Ao longo de três dias, as informações resultantes das averiguações presenciais serão inseridas em um sistema de consolidação automática de dados. Em seguida, serão gerados dois tipos de relatórios: um nacional e outro por Estado. Os municípios de São Paulo e do Rio de Janeiro também terão documentos específicos.
Os dados nacionais serão concentrados na sala de situação sediada no TCE-SP, criador da metodologia da fiscalização e do sistema informatizado. Com esse programa, a operação será acompanhada, em tempo real, por meio de fotos e vídeos enviados pelos agentes em campo. Nos Estados, cada Tribunal de Contas terá sua própria sala de gestão. A estimativa é que os relatórios sejam divulgados no dia 27, a partir das 14h.
A iniciativa, uma parceria entre a Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP), tem o apoio técnico do Instituto Rui Barbosa (IRB), por meio do seu Comitê de Educação (CTE-IRB), e ainda o suporte institucional da Associação Brasileira de Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC). A participação do TCU inclui a possibilidade de fornecimento de dados relativos à educação básica do país e de acesso, pelas equipes, a trabalhos já desenvolvidos pela Corte no âmbito de suas competências.
A indicação de Cristiano Zanin, advogado de Lula, ao Supremo Tribunal Federal (STF) é reprovada por 60% da população brasileira, segundo pesquisa da Quaest. O índice de reprovação é alto até entre eleitores de Lula: 42% aprovam a indicação, 37% desaprovam e 21% não souberam responder.
Entre os eleitores de Jair Bolsonaro, a rejeição ao nome de Zanin ao STF chega a 86%. Apenas 7% aprovam e 7% não souberam responder.
A pesquisa quis saber também como está a imagem do STF entre a população. Para 35% dos participantes, a corte tem uma imagem regular, e para 34% é negativa. A imagem do Supremo é positiva para 19% das pessoas e 11% não souberam responder.
A rejeição ao STF é maior entre os eleitores de Jair Bolsonaro: 62% afirmaram que a imagem da corte é negativa. Já entre os eleitores de Lula, apenas 12% disseram que a imagem do STF é negativa.
A pesquisa Quaest foi feita entre 13 e 16 de abril, com 2.015 pessoas de todo o Brasil, e tem uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
O clima entre Rodrigo Pacheco e Arthur Lira segue de mal a pior. Os dois ainda só têm se falado protocolarmente e, de preferência, por meio de interlocutores.
Ainda assim, o clima hoje é um pouco melhor do que foi em março, quando nem protocolarmente havia diálogo. Num dado momento do mês passado, correu entre aliados de ambos que um havia bloqueado o outro no WhatsApp, o que tanto Lira quanto Pacheco negaram.
No Palácio do Planalto, Lula deu a orientação a Alexandre Padilha para trabalhar para diminuir o clima de desconfiança entre os dois, que, na avaliação dele, tem atrapalhado o governo.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias, disse neste domingo (23) que o governo federal pretende fechar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia neste ano.
Em entrevista em Lisboa, onde acompanha a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Elias afirmou que a intenção do Brasil é fechar o acordo ainda no primeiro semestre.
“A expectativa é de que o acordo feche este ano, o mais rápido possível. Se possível, fecharíamos neste semestre, como é o nosso desejo”, disse.
Segundo o secretário, o governo brasileiro continua em contato com autoridades europeias para destravar as exigências que devem ser cumpridas pelo país e os demais integrantes do bloco.
Elias afirmou ainda que os entraves para a finalização do acordo entre o Mercosul e a UE estão relacionados com exigências ambientais e da legislação trabalhista, que já são cumpridos pelo Brasil, mas precisam do aval de outros países para contar nas cláusulas do acordo comercial.
“Estamos muito perto, mas para isso é preciso pensar globalmente. Temos várias questões que precisam ser tratadas. Nenhuma delas é intransponível. Por isso, o presidente Lula tem dito que nós vamos fechar o acordo”, completou.
Um laudo médico sobre o estado de saúde mental do ex-ministro Anderson Torres apontou “piora significativa” de seu quadro psiquiátrico. O documento descreve, ainda, que o ex-ministro de Jair Bolsonaro tem sofrido crises de ansiedade seguidas e crises de choro.
O profissional da saúde que atendeu Torres afirmou que foram feitas “várias intervenções e ajustes de medicamentos com o intuito de reduzir consequências deletérias das crises”, mas que não houve resposta satisfatória. As informações são do jornal O Globo.
Torres passou a ter acompanhamento em 17 de janeiro, três dias após sua prisão por suposta omissão durante atos golpistas do 8 de janeiro, enquanto era secretário de Segurança do DF.
O laudo ainda relata algumas queixas apresentadas por Anderson Torres nos últimos meses, como sensação de angústia, nervosismo, insegurança e pensamentos ruins.
“Houve piora significativa do estado geral do paciente, com perda de peso, mais ou menos dez quilos, aumento da frequência e intensidade das crises de ansiedade seguidas de crises de choro e nervosismo intenso acompanhada de preocupação intensa em relação às suas filhas menores”.
Na quinta-feira (20/4), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes manteve a prisão preventiva de Anderson Torres no âmbito do inquérito que apura os atos de 8 de janeiro. Na decisão, Moraes afirmou que Torres omitiu acesso dos investigadores ao celular.
O ônibus da banda do cantor potiguar Giannini Alencar colidiu com um veículo na estrada que liga Santa Cruz a Tangará, na madrugada desta segunda-feira (24).
Ainda não há informações sobre o estado de saúde dos ocupantes do carro, segundo comunicado divulgado pela assessoria do cantor.
Até o momento, a polícia não se manifestou a respeito do ocorrido.
Há 22 anos, Nando Reis tem um sonho recorrente (ou seria um pesadelo?). “Eu sonho que estou saindo de novo da banda e tenho de reviver o momento mais difícil que foi contar para eles”, confessou o cantor em entrevista a VEJA, ao lado dos seis ex-colegas dos Titãs. Os amigos, que se conhecem desde a adolescência e hoje são sessentões bem resolvidos, se surpreendem com a revelação e riem em uníssono. Qualquer clima de tensão entre os integrantes do lendário grupo de rock brasileiro, ao que tudo indica, ficou no passado — e no subconsciente de alguns deles. “Esse resíduo existe, mas agora é irrelevante”, conclui Reis. Expurgar as dores dos vários “divórcios” vividos pela banda ao longo de quarenta anos de estrada foi essencial para a aguardada turnê Titãs Encontro, a primeira a reunir os sete remanescentes da formação clássica do grupo desde a saída de Arnaldo Antunes, o primeiro dissidente, em 1992. “Somos aquele casal que se separa, depois fica amigo e ainda volta a transar”, brinca o baterista Charles Gavin . O resultado dessa camaradagem poderá ser visto no show que abre a turnê especial na quinta-feira 27, na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. No total, serão 21 apresentações em dezassete cidades do Brasil, e uma em Portugal, somando até agora 500 000 ingressos vendidos — um sucesso inesperado para a banda, mas que não surpreende o mercado fonográfico.
O interesse por shows ao vivo no país cresceu mais de 270% após a reclusão da pandemia. Antes dela, o elemento nostalgia já havia injetado um ânimo notável na indústria: da bem-sucedida turnê de Sandy & Junior em 2019 até a recente volta de dinossauros como o Kiss, o apelo por ver no palco uma formação clássica que não existe mais ( em alguns casos, é suficiente a presença de alguns dos fundadores da banda), provavelmente pela última vez, se revelou infalível — além de uma bem-vinda fonte de renda para os envolvidos, que quase nunca faturam tanto em carreira-solo.
No caso dos Titãs, ainda será um novo livro de áudio para uma banda que sobrevive contra todas as expectativas. Se a formação original de oito integrantes — sendo cinco deles vocalistas e sem uma liderança declarada — causou divergências compreensíveis ao longo do tempo, foi também essa variedade de vozes e personalidades que manteve a chama acesa até hoje — fora dessa turnê, quem segura a onda é o trio formado por Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Britto. No caminho, os Titãs se despediram de quatro integrantes que optaram por projetos-solo — além de Antunes, Reis e Gavin, também saíram Paulo Miklos. Eles ainda ficaram juntos o luto da morte de Marcelo Fromer num atropelamento, em 2001. Na nova turnê, o guitarrista será representado pela filha Alice Fromer, que vai cantar duas canções, Toda Cor eEu Não Vou Me Adaptar , essa última em dueto com Antunes. Voz mais peculiar do grupo, Antunes não embarcou de cara na ideia da reunião. “Confesso que relutei no início”, diz. “Tenho uma coisa reativa com shows nostálgicos de banda antiga. Mas fui detectado e agora sou o mais entusiasmado.”
contos do rock
Outro percalço dramático que acometeu a banda foi a saúde de Branco Mello. Em 2021, quando os Titãs já conversaram sobre a turnê comemorativa, o músico entusiasmou a recidiva de um câncer na hipofaringe, que lhe custou uma corda vocal (o corpo humano possui duas delas, ainda bem). Segundo os médicos, Mello dificilmente voltaria a falar. Com muito esforço, ele voltou a cantar. “Descobri uma nova voz, mais rouca, mas com punch . Uma corda vocal está fazendo o trabalho de duas”, afirma. Mello vai entoar cinco das 31 faixas da setlist da turnê. Como sabem os fãs, o repertório do grupo é farto. Nos shows, vai se voltar para as canções clássicas. Isso inclui desde baladas incontornáveis como Epitáfio, faixa mais ouvida do grupo no streaming, até composições roqueiras indefectíveis como Políciae Cabeça Dinossauro . “Nossas músicas são atemporais e fazem parte da vida afetiva de muitas pessoas”, diz Britto. O pulso dos Titãs ainda pulsa — e, com eles, o rock’n’roll, que se recusa a morrer, mesmo depois de ficar velho.
Abrigo de Jair Bolsonaro e de seu clã após naufragar a tentativa da família de criar um partido próprio, o Aliança Pelo Brasil, o PL colheu os frutos da união com o então presidente nas eleições de 2022. Saiu fortalecido com 99 deputados federais e oito senadores eleitos, além de dois governadores. A derrota de Bolsonaro no embate com Luiz Inácio Lula da Silva , no entanto, levou a sigla a um ambiente desconhecido: a oposição. O PL, afinal, foi aliado de todos os presidentes da República desde o primeiro mandato de Lula, iniciado em 2003, quando ocupava a vice-presidência, com José Alencar (1931-2011). O que parecia um horizonte perfeito para voos ainda maiores a partir do sucesso das urnas transformadas-se em grandes nuvens de cinza.
Surpreendentemente, em pouco tempo, o PL anabolizado, que parecia vocacionado a dar as cartas no jogo político, está isolado. Por uma decisão de seu cacique principal, Valdemar Costa Neto, a sigla ficou de fora dos dois grandes blocos que se formaram na Câmara. Em comum, ambos são de centro, flertam com o governo e reúnem muito mais parlamentares que o PL. O partido poderia compensar essa momentânea com a união interna, mas o que se vê é um PL dividido, com uma bancada que inclui expoentes do bolsonarismo e deputados simpáticos a Lula. Até o seu grande carro-chefe, a presença de Bolsonaro, tornou-se uma incógnita, diante da possibilidade de o TSE torná-lo inelegível.
Um dos principais desafios do momento para o PL é como agir em meio aos superblocos da Câmara, que alteraram a mecânica de forças dentro da Casa. A primeira aliança, anunciada há duas semanas, alinhada MDB e PSD, à frente de três ministérios cada na esplanada de Lula, com Republicanos, Podemos e PSC, em um bloco de 142 deputados. Em resposta, Arthur Lira (PP-AL) colocou seu próprio bloco na rua, em proporções ainda maiores. Fora seu partido, o PP, o grupo inclui União Brasil, PDT e PSB, que ocupam sete ministérios do governo, Avante, Solidariedade, Patriota e federação formada por PSDB e Cidadania. No total, 173 deputados. Além de pôr fim à formação do Centrão como o grupo era conhecido sob Jair Bolsonaro, com Lira à frente da coalizão de PL, PP e Republicanos, a nova articulação dos blocos antecipa movimentos relacionados à sucessão do comando da Câmara: de um lado, Marcos Pereira (SP), presidente dos Republicanos; do outro, Lira e sua intenção de ver como seu sucessor o deputado Elmar Nascimento (União-BA).
Nesse contexto, o PL aposta todas as suas fichas em virar o grande fiel da balança. Valdemar Costa Neto tem dito a interlocutores que a formação dos blocos foi um erro, atribuído por ele à influência da articulação política do governo. Para o cacique, ao tentar fragmentar o Centrão, acabou-se levando à sua “multiplicação”. Valdemar também considera que, por ter cerca de um quinto dos votos na Câmara, o PL é estratégico para acordos em quaisquer projetos legislativos, além, é claro, de ter um peso decisivo na aceitação precoce da sucessão de Lira. Entrar para algumas das composições que incluem legendas claramente governistas, pensam o presidente do partido e outras lideranças, seria desfigurar o PL enquanto herdeiro dos votos da direita no Brasil e descaracterizaria seu viés conservador e liberal. Os blocos, segundo essa avaliação, “valorizaram o passe” da legenda. “Nosso partido hoje é fundamental. O lado em que estivermos será o vencedor”, diz o líder do PL, deputado Altineu Côrtes (RJ).
Políticos de outros partidos não descartaram diálogo com o PL, em razão do peso inegável de sua bancada, mas relativizam essa avaliação otimista feita por Valdemar Costa Neto e companhia. Um dos principais motivos para ponderações é o fato de a bancada de deputados do partido ser formada por uma maioria de bolsonaristas, parte deles inexperiente politicamente e radical, e uma ala com pouco mais de vinte deputados que se poderia classificar como “centrão raiz”, ou seja, pragmáticos e dispostos a dialogar com o governo, seja ele qual for, como sempre foi do feitio da legenda. Nessa avaliação sobre o saco de gatos do partido, políticos mais céticos da unidade do PL relembram o cisma provocado por Jair Bolsonaro dentro do PSL, que acabou por implodir a legenda, depois fundida com o DEM para originar o União Brasil. “O PL dificilmente se manterá unido até o final da legislatura”, prevê o analista Antonio Augusto de Queiroz, ex-diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). Fato é que, na falta de provas expressivas em votações no Congresso, a divisão da bancada e como ela vai se comportar ainda é um cenário nebuloso. “Por enquanto não houve problemas, também porque não teve teste ainda”, admite um deputado do PL que frequenta o círculo mais próximo de Valdemar Costa Neto.
As lideranças do PL minimizam a divisão em sua bancada na Câmara e afirmam que o governismo da ala simpática a Lula já está precificado e não impacta no ímpeto oposicionista do partido. Uma reunião entre os deputados recentemente buscou pacificar a situação e parar arestas internamente. No encontro, representantes da ala bolsonarista, que é liderada pelo deputado Eduardo Bolsonaro, ouviram as razões para o posicionamento dos colegas, cujos mandatos representam, sobretudo, estados do Nordeste. Esses deputados justificaram a posição por não terem visibilidade e serem pautados por uma atuação “municipalista”, dependentes, portanto, de relações com o governo para levar emendas, obras e recursos às suas bases. Ao final, ficou determinada a convivência entre os dois grupos. “Nas questões caras ao nosso partido, como família, pautas que o presidente Bolsonaro defende, nossa bancada estará sempre 100% unida”, diz o líder, Altineu Côrtes. Uma versão
Além dos dilemas do PL no âmbito do Congresso, o partido também se vê diante das dores e amores de estar unido com o clã Bolsonaro. Ao mesmo tempo que isso representa um grande ativo político, o casamento implica carregar os problemas da família e atrelar boa parte da agenda futura do partido aos interesses do ex-presidente e de seu entorno. Para 2024, cogita-se uma candidatura do senador Flávio Bolsonaro à prefeitura do Rio de Janeiro, berço político do clã, onde, aliás, as coisas não andaram calmas ultimamente. O governador Cláudio Castro ameaçou sair do PL por desentendimentos com a cúpula do partido a respeito do comando da sigla no Rio, mas acabou se acertando, pelo menos por ora.
Enquanto atua para colocar panos quentes em situações como essa, Valdemar vem consultando advogados como o ex-ministro do TSE Tarcisio Vieira de Carvalho e Marcelo Bessa, preocupado com a questão da inelegibilidade de Bolsonaro, alvo de uma ação no TSE em razão de ataques ao sistema eleitoral quando ocupava o Palácio do Planalto. Ouviu deles que não há materialidade para inelegibilidade. Entenda-se no partido, contudo, que o risco é político. Na cúpula do PL, informações sobre uma eventual candidatura do ex-presidente ao Senado em estados onde o bolsonarismo é forte, garantindo-lhe uma eleição tranquila, foram interpretadas como “balão de ensaio” para atenuar a pressão do TSE e do PT sobre ele .
Diante da possibilidade de não ter o capitão em condições legais de disputar em 2026, a alternativa da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem sido aventada. Fala-se também na hipótese de atrair ao partido nomes de fora, como o do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), cuja eventual filiação tem muita simpatia de Valdemar. “O PL tem Bolsonaro como grande cereja do bolo. Se ele ficar inelegível, vai transferir seus votos para outra pessoa, que talvez não tenha a rejeitar que ele tem. Se acontecer, vão dar um tiro no pé e dar mais força à direita”, avalia o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ). Em Brasília, os políticos experientes apostam que Valdemar Costa Neto, como bom pragmático, seguirá de braços dados com Jair Bolsonaro e com todo o “pacote” que o acompanha apenas até o momento em que a relação passe a lhe dar mais dores de cabeça do que frutos. A eleição de 2024, dizem esses observadores, é estratégica para o cacique como ponto de partida para uma eventual “independência” em relação ao ex-presidente. Uma base forte de prefeitos, afinal, pode esperar a eleição de uma robusta bancada de deputados em 2026, ocorrendo o que acontece na relação entre o imprevisível clã e o dono do PL.