Indicação de Messias ao STF esbarra na força política de Pacheco, dizem ministros de Lula

Postado em 17 de novembro de 2025

Ministros próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliam que a nomeação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para o Supremo Tribunal Federal depende diretamente da disposição do senador Rodrigo Pacheco. Favorito entre seus pares para ocupar a vaga deixada pela aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso, Pacheco conta com o apoio declarado de Davi Alcolumbre, hoje no comando do Senado — um alinhamento que pressiona o Planalto e complica o avanço de Messias.

A avaliação interna é de que, mesmo com a insistência de Lula em bancar seu AGU, o clima no Senado é hostil. Cálculos de articuladores do governo indicam que a oposição já reúne cerca de 32 votos e precisaria apenas de nove adesões para impor uma derrota inédita ao presidente, em um processo de votação secreta e em um momento em que parte do Centrão busca limitar o poder do petista antes de 2026. A leitura entre ministros é de que, pela primeira vez, um indicado ao STF poderia ser preterido em favor de um ex-presidente da própria Casa Legislativa.

Auxiliares do Planalto apontam que o tempo joga contra Messias. Quanto mais a decisão é adiada, mais espaço ganha a articulação de adversários no Senado. A proximidade do fim do ano legislativo, somada à pauta carregada pelo Orçamento, deixa a janela de votação ainda mais estreita. No cenário “menos pior” para o governo, Pacheco e Alcolumbre apenas não atuariam contra o AGU — mas, mesmo sem sabotagem explícita, a aprovação seria considerada difícil.

Entre senadores ligados à cúpula do Senado, o entendimento é de que esta é uma vaga “inesperada” e que Lula deveria dividir o peso da escolha com o Legislativo. O presidente tenta atrair Pacheco oferecendo apoio a uma eventual candidatura ao governo de Minas em 2026, mas aliados do mineiro afirmam que ele demonstra pouco interesse em continuar na vida pública. Para esses interlocutores, Pacheco teria legitimidade para ocupar a cadeira no STF por ter enfrentado Bolsonaro sem a proteção institucional que outros ainda preservam — argumento que reforça o dilema político do Planalto.

Com informações do Metrópoles