Lira após sessão: “Governo vai ter que andar com as próprias pernas”
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), saiu da votação da MP da Esplanada, aprovada na noite de quarta-feira (31/5), com um recado duro em respeito à articulação do governo no Congresso Nacional. Segundo ele, “o governo vai ter que andar com as próprias pernas”.
Desde cedo, Lira explicitou a jornalistas a insatisfação do parlamento com o Planalto, criticando duramente a articulação política do governo e afirmando que uma eventual derrota da MP da Esplanada não seria culpa sua ou do Legislativo.
Depois da votação, Lira explicou que a vitória do governo veio por causa dos líderes dos partidos independentes. “Nós passamos o dia todo conversando a respeito. E a Câmara, os líderes de partidos independentes que não fazem parte da base do governo, importante, reconheceram a necessidade de dar mais uma oportunidade ao governo”, apontou.
Segundo ele, depois que a MP passar pelo Senado, o trabalho de articulação do governo junto ao Congresso deve funcionar de forma mais “efetiva”. “[Lula deve] Entrar junto com seus ministros numa articulação mais permanente, mais correta, para que o governo, em matérias que virão, tenha condição de ter dias mais tranquilos”, apontou.
“Daqui pra frente o governo vai ter que andar com as próprias pernas. Não haverá mais sacrifício”, disparou Lira.
A MP 1154/2023, responsável pela atual configuração ministerial, foi aprovada por volta das 23h, com 337 votos favoráveis, 125 contrários e 1 abstenção. Se não fosse aprovada, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perderia 17 ministérios, retornando à configuração ministerial deixada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, a matéria deve ser apreciada no Senado até esta quinta-feira (1º/6).
Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil na Câmara e nome bastante próximo a Arthur Lira, recordou os recados já dados pelo parlamento ao governo Lula.
“É obvio que cada governo eleito pela urna pode estabelecer sua forma de governar. É de se perguntar porque estamos há tanto tempo, na ultima hora, discutindo o que um governo legitimamente eleito tem direito de fazer, estipular a forma de governar. É fruto da forma contraditória, desgovernada, de falta de base estabilizada”, reclamou em plenário.
Ele citou o PDL para derrubar o decreto de Lula sobre saneamento e o marco temporal, medidas aprovadas pela Câmara dos Deputados, seguidas de cobranças por melhoras no cumprimento de acordos e reclamações sobre Rui Costa, ministro da Casa Civil. “O governo não procurou entender o que se passava na Câmara. (…) [Derrubar os ministérios] seria a uma resposta fora do padrão do que vem sendo construído”, completou Nascimento.
Metrópoles