Reunião de Lula com ministros terá cobrança por comunicação e mais entregas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve usar a reunião ministerial de amanhã para cobrar dos integrantes do governo mais compromissos na comunicação das ações do Executivo. O movimento reflete a preocupação do Palácio do Planalto com a queda na aprovação do presidente, captada em pesquisas no início do mês.
Dois ministros palacianos ouvidos pelo GLOBO afirmaram que Lula tem demonstrado cada vez mais impaciência em apresentar entregas e vai cobrar dos ministros resultados de programas que já foram anunciados.
O presidente quer ver ministros de todas as áreas rodando o Brasil, dando entrevistas e ocupando espaços de mídia em geral para divulgar ações positivas. Há uma avaliação entre auxiliares que esse movimento poderia ajudar a contrabalançar as repercussões negativas das falas do presidente, o que também acaba afetando sua popularidade. O presidente, por exemplo, comparou uma intervenção israelense na Faixa de Gaza ao Holocausto — extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial.
Desempenho nas redes
Os ministros também devem ser cobrados a explorar melhor o canal direto que têm com participantes por meio de seus perfis pessoais nas redes sociais e não se restringirem a assuntos de suas respectivas áreas. Em viagens, por exemplo, falar das pautas do governo de forma abrangente.
Desde o segundo semestre do ano passado, os ministros receberam informações sobre ações do governo no estado para onde viajarão e são orientados a falar em defesa de Lula. Os Ministros do Planalto, no entanto, entenderam que essa estratégia não está funcionando e que parte do primeiro escalonamento não tem conseguido propagar feitos da sua área e do governo.
Auxiliares de Lula citaram como exemplos negativos ministros que comandam pastas com grandes orçamentos.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade , é vista com desempenho aquém do esperado, na comunicação, para quem liderou um dos ministérios mais importantes da Esplanada. No Planalto, interlocutores de Lula afirmaram que sua capacidade técnica para o posto é indiscutível, mas ponderam que o ministro fala um pouco sobre ações da área e “vende” de forma tímida o que tem sido feito no seu ministério. Citam, por exemplo, que o ministério deveria fazer comparações com o governo Bolsonaro, que teve a gestão na Saúde criticada durante uma pandemia.
Procurado, o Ministério da Saúde informou em observação que as ações de comunicação realizadas têm o único objetivo de prestar serviço à população, como utilidade pública. A pasta cita informações sobre vacinação, o Mais Médicos e a Farmácia Popular e a “retomada” do personagem Zé Gotinha.
Wellington Dias , à frente do Desenvolvimento Social, também é visto como um auxiliar que poderia dar mais ênfase a programas como Bolsa Família — historicamente uma vitrine petista. O ministro tem se empenhado em pôr de pé a lógica da troca do “cartão” do Bolsa Família pela “carteira” de trabalho, mas o Planalto não considera suficiente. Procurado, ele não se manifestou.
Lula também tem expectativas de que o Ministério da Educação, comandado por Camilo Santana , ajude a melhorar a popularidade do governo. A avaliação é que agora Camilo tem, na sua mesa, programas com capacidade de cumprimento desse objetivo, como o Pé-de-Meia (poupança para alunos do Ensino Médio) , escola em tempo integral e a renegociação de dívidas do Fies.
o globo