Chuvas extremas no sul do país terão aumento de 60% em 30 anos, aponta Inpe

A tendência de aumento de chuvas e secas extremas já é objeto de previsões e foi mensurada para cada município do país nas próximas décadas. No Rio Grande do Sul, onde dezenas foram mortos e milhares afetados após inundações, o volume de tempestades em algumas cidades terá elevação de 60% no período compreendido entre 2011 e 2040. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foram compilados no Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil, do governo federal.
As maiores chances de chuvas extremas até o meio do século estão concentradas no nordeste do estado gaúcho e centro-sul de Santa Catarina, com percentuais que variam entre 40% e 60%. No restante do Rio Grande do Sul, a elevação das chuvas tende a variar entre 20% e 40%.

O mesmo aumento de chuvas extremas é observado no litoral do Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Bahia. O mapa das áreas com maiores chances de chuvas extremas, secas e possíveis desastres no país foi elaborado por pesquisadores da PUC-Rio, Uerj, UFRB, Metodista e Fiocruz, a partir dos modelos estatísticos do Inpe, e está à disposição do governo federal e da sociedade civil desde o início do ano.

A pesquisadora do Inpe, Chou Sin Chan, uma das responsáveis por elaborar o modelo, explicou ao GLOBO que são consideradas diversas variáveis, entre elas: radiação solar, temperatura, pressão, força dos ventos, e histórico de chuvas. As variáveis locais são multiplicadas pelo índice de gases de efeito estufa, que tem aumentado em todo o mundo. As médias de gases são estabelecidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

– A parte do modelo que é diretamente afetada com o aumento de gases de efeito estufa é a radiação, em seguida muda a temperatura, o aquecimento das superfícies, vento, as coisas vão se desencadeando. Cada ponto de todo o planeta tem um valor de vento, umidade e pressão: é assim que o modelo evolui. Se mudou a temperatura em todo o planeta, o que vai acontecer nessa região? São respostas que o modelo matemático traz. O clima se organizou de uma forma em que alguns lugares chove mais, e outros não chove. Os cenários indicam mesmo o aumento de chuva no sul e menos no centro do país.

O mapa do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil também aponta para as regiões que sofreram com extrema seca. O norte de Minas Gerais e o sul da Bahia terão, segundo o modelo, uma queda de 20% no volume de total de chuvas até 2040. Quando é considerado o volume de chuvas intensas, essa queda pode chegar a 60%.

Cidades pouco resilientes
O levantamento ainda mostra que 3.290 cidade no país têm capacidade muito baixa de resposta a desastres climáticos. O Índice de Capacidade Municipal (ICM) leva em conta se o município investiu em prevenção aos desastres climáticos que poderá enfrentar. A maior parte das cidades no Rio Grande do Sul tem capacidade intermediária de respostas. Os piores resultados estão em estados do Centro-Oeste e Nordeste do país, como Goiás, Mato Grosso, Tocantins, Piaui, Maranhão e Bahia.

O estudo também aponta para o Índice de Risco Qualitativo (IRQ), que são as chances de cada município sofrer um desastre, seja inundações, deslizamentos ou secas. Os riscos estão por praticamente todo o país, tomando pelo menos 80% do mapa. As ameaças medidas são: alagamento, enxurrada, seca, incêndios florestais, erosão, granizo, inundação, movimento de massa, onda de frio, ciclone, vendaval e tornado.

– Dentro dos modelos matemáticos, existem várias variáveis, existem a quantidade de chuvas por ano, as chuvas extremas por ano, a quantidade seguida de dias de chuva e quantidade de seca, e dias mais frios do ano. A combinação dessas variáveis vai mostrar que determinada ameaça vai aumentar ou diminuir. Uma inundação, por exemplo, depende mais da quantidade de chuvas extremas. Para os deslizamentos, o mais importante é a quantidade de chuvas contínuas, junto com chuvas extremas – explicou o geógrafo e professor da Uerj, Francisco Dourado.

O GLOBO

Postado em 10 de maio de 2024

Supermercados racionam venda de arroz, feijão, leite e óleo de soja por causa de enchente no RS

Os reflexos das enchentes que atingem o Rio Grande do Sul já apareceram no varejo. Grandes redes de supermercados e de atacarejo começaram a racionar os volumes vendidos de arroz, leite, óleo de soja e feijão, produtos nos quais o Estado tem forte presença na produção nacional.

No final da tarde desta quinta-feira, 9, por exemplo, Jair Andrade de Almeida, dono do restaurante Nova Frei Caneca, na região da avenida Paulista, foi às compras em um atacarejo da capital paulista para repor os estoques de arroz, mas foi pego de surpresa.

Planejava levar 30 fardos de arroz de 30 quilos, o que ele normalmente gasta por mês no seu restaurante. No entanto, conseguiu comprar apenas dez fardos porque a loja está limitando a venda de volume por cliente. “Vou ter de percorrer outros atacarejos para ver se pego mais 20 fardos”, disse ao Estadão.

O pequeno empresário não notou aumento de preço. Mas ele teme que o arroz suba. “Tudo pode acontecer, como eles estão limitando (a venda)”, afirmou.

Em outra loja, o pintor autônomo de veículos César Augusto Geraldo não chegou a ter sua compra frustrada como o dono de restaurante. Na loja em que visitava, a venda de arroz estava limitada a três pacotes de cinco quilos por cliente, e ele comprou dois. “Eu e meu pai consumimos, em média, dois pacotes por mês e já tenho mais dois em casa”, contou.

A compra de Geraldo é por precaução. Ele teme a falta do produto. “Estou comprando arroz porque está sendo prevista a escassez”, disse, lembrando que mais 70% do arroz consumido no Brasil vem do território gaúcho.

Estoques normais

A decisão de consumidores de fazer um pequeno estoque por precaução é exatamente o que a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) quer evitar. Um comunicado divulgado pela entidade “recomenda que os consumidores não façam estoques em casa para que todos tenham acesso contínuo ao produto”.

O GPA, dono das redes Pão de Açúcar e Extra, por exemplo, informa que estabeleceu a limitação de quantidades de arroz, feijão, óleo de soja e leite compradas por clientes para garantir a disponibilidade e o acesso da população a produtos essenciais. Acrescenta que os estoques da companhia estão normais.

A Abras informa que monitora os estoques e o abastecimento de produtos essenciais. “Até o momento, os estoques e as operações de abastecimento do varejo estão normalizados com diversas marcas, preços e promoções para atender à demanda de consumo tanto das lojas físicas quanto pelo e-commerce”, diz a nota.

O racionamento de produtos ainda não é generalizado. Das sete lojas de varejo e atacarejo visitadas pela reportagem, quatro estavam racionando a venda de produtos. Não havia falta dos itens e as prateleiras estavam cheias, mas avisos indicavam a limitação de volumes por cliente.

Epoca

Postado em 10 de maio de 2024

Como funcionam os purificadores que tornam potável água da enchente e que serão usados no Rio Grande do Sul

Na tarde de quarta-feira (8/5), 220 purificadores de água chegaram à cidade de Canoas (RS), na região metropolitana de Porto Alegre.

Comprados pelo influenciador Felipe Neto por meio de valores arrecadados em vaquinha online e transportados com o suporte da Força Aérea Brasileira (FAB), os equipamentos foram testados durante coletiva de imprensa.

“É uma tecnologia muito eficiente e de fácil manuseio. E nós trouxemos hoje 220 purificadores. Cada purificador tem a capacidade de purificar 5 mil litros de água por dia. Isso nos permitirá purificar 1,1 milhão de litros de água/dia”, disse Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), na ocasião.

De acordo com os fabricantes, o processo é bastante simples: primeiro, a água recebe cloro, passa por dois níveis de filtro particulado e acaba em uma membrana de ultrafiltração — um filtro semelhante aos usados em máquinas de diálise.

A empresa que vendeu os purificadores, a PW Tech, afirma que os instrumentos são capazes de filtrar água doce contaminada de rios, poços, lagos, açudes, cisternas, chuva, entre outros.

“Elimina 100% de vírus e bactérias e reduz 99,5% de partículas presentes na água. A água filtrada pelos purificadores é considerada potável e é 100% segura”, garante a companhia.

O infectologista Alexandre Schwarzbold, professor da Universidade Federal de Santa Maria e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica a tecnologia.

“O processo físico e químico é muito simples, como todas as ideias geniais, e tem grande impacto do ponto de vista de controle de carga de doença. A filtração é eficaz contra a maioria das bactérias e vírus, incluindo as principais causas de doenças diarreicas”, aponta Schwarzbold, que não tem envolvimento direto com o produto.

O preço do item se inicia em R$ 18.500,00, mas as versões enviadas para o Rio Grande do Sul incluem kits de manutenção e um filtro de linha, chegando a R$ 22.000,00.

“A grande utilidade do purificador é viabilizar água potável para os abrigos que não têm água potável. Boa parte dos abrigos pode ter água potável. Então, 220 purificadores, na nossa avaliação, serão suficientes para suprir a demanda por água potável nesses abrigos, que estão concentrados, na sua grande maioria, aqui na região metropolitana”, afirmou o ministro.

Na avaliação do médico Alexandre Schwarzbold, a solução do purificador é bem-vinda e tem potencial.

“Considerando os cerca de 150 mil desalojados e cerca de 47 a 50 mil desabrigados, temos aproximadamente 200 mil pessoas sem acesso à água potável, devido à escassez. Muitas delas estão em espaços públicos, como vias e estradas, em situações improvisadas, como em Eldorado do Sul, onde a cidade desapareceu e as pessoas estão acampadas à beira das estradas, e precisam de acesso à água.”

“Portanto, a gestão precisa ser centralizada em alguns abrigos e pontos de distribuição para alcançá-las. Com 220 purificadores, podemos atender cerca de 60 a 70 mil pessoas, um terço do total. Isso é muito positivo.”

Como pontos de atenção, o médico alerta que o instrumento requer, além de uma distribuição de água bem planejada, o lembrete de troca de filtro.

“A manutenção desses equipamentos, incluindo a substituição de filtros, é essencial para garantir a eficácia do processo. O Estado deve gerenciar cuidadosamente esse processo, caso contrário, corre-se o risco de não estar purificando adequadamente.”

A ideia do equipamento, segundo a empresa, é ser um instrumento “portátil, de baixo custo e fácil instalação e manutenção.”

“Passados cinco anos, temos equipamentos em mais de 20 países, em projetos e ações da ONU para crises humanitárias. A tecnologia já promoveu o acesso à água potável em regiões de conflito e sob o efeito de emergências climáticas como Ucrânia, Faixa de Gaza, Síria, Haiti, Paquistão e Etiópia”, disse a assessoria de imprensa da PW Tech à BBC News Brasil.

“Aqui no Brasil, os purificadores vêm sendo destinados a áreas remotas e sem infraestrutura de saneamento básico, como a Ilha do Bororé, em São Paulo, e comunidades indígenas Yanomami, no Amazonas. Também se destina a programas na área de saúde e educação, disponibilizando água limpa para Unidades Básicas de Saúde e escolas.”

terra

Postado em 10 de maio de 2024

Enchentes no RS completam 12 dias nesta sexta com mais de 1,7 milhão de afetados

As enchentes que afetam o Rio Grande do Sul completam 12 dias nesta sexta-feira (10) com mais de 1,7 milhão de afetados, 327.105 desabrigados, 107 mortos, 136 desaparecidos, pelo menos 86% dos municípios atingidos, barragens rompidas, ruas bloqueadas e rastros de destruição. O balanço foi divulgado pela Defesa Civil na tarde dessa quinta-feira (9).

A catástrofe afetou o abastecimento de veículos e serviço de comunicação, energia e água. De acordo com a Defesa Civil e o Ministério de Minas e Energia, 162 mil cidades estão sem eletricidade, 452.588 pessoas seguem sem o abastecimento de água e 66 municípios foram prejudicados pela falta de serviços de telefonia.

Em relação à infraestrutura, o governo gaúcho informou que são 81 trechos em 47 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes. A Secretaria de Logística e Transportes do RS disponibilizou rotas alternativas para determinadas cidades, e o mapa pode ser acessado pelo site do governo local.

A previsão é de que as chuvas se prolonguem pelos próximos dias, principalmente, na região norte do estado, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). A recomendação é de que os moradores evitem retornar para as casas enquanto as chuvas estiverem intensas.

R7

Postado em 10 de maio de 2024

Idosa sofre mal súbito e morre na mesma agência onde mulher levou homem morto para receber empréstimo

Uma mulher de 60 anos morreu, na tarde desta quarta-feira, após sofrer um mal súbito dentro de uma agência bancária em Bangu, na Zona Oeste do Rio. O caso aconteceu no mesmo banco, na Avenida Cônego Vasconcelos, onde o idoso Paulo Roberto, de 68 anos, foi levado pela sobrinha, Érika Vieira, já morta para tentar pegar um empréstimo no mês passado.
Bombeiros do quartel de Campo Grande foram acionados por volta das 13h após uma idosa sofrer um mal súbito no local. Em nota enviada ao GLOBO, o Itaú Unibanco lamentou “profundamente o ocorrido e presta sua solidariedade à família”. A empresa afirmou ainda que “todos os protocolos de emergência foram imediatamente acionados, incluindo socorro médico”.

Após o episódio, a unidade continua fechada nesta quinta-feira. O banco ressaltou que os funcionários foram coletados e também receberam todo apoio psicológico necessário. Já os clientes estão sendo orientados a procurar a unidade próxima, agência 8486 (Av. Cônego Vasconcelos) ou acessar os canais digitais do Itaú.

Caso ‘Tio Paulo’
Em abril, Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, foi para um banco em Bangu com Paulo Roberto Braga, de 68 anos. No local, a mulher estaria o auxiliando a revisar o documento que permitiria o saque de R$ 17 mil por um empréstimo. Só que a situação do idoso, que estava numa cadeira de rodas, sem esboçar qualquer acontecimento e com a cabeça pendente para trás e para os lados, incomodado estranheza nos funcionários, que vieram filmar. O vídeo, com a mulher pedindo que o idoso assinasse os papéis para autorizar a retirada do dinheiro, viralizou nas redes sociais. Ao ser atendido por uma equipe do Samu no local, acionada pelos trabalhadores da agência, foi constatado que o homem estava morto.

Érika foi presa em flagrante por vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude após o crime e teve prisão convertida em preventiva durante audiência de custódia. Agora, ela passou a ser investigada pelo crime de homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Nota do Itaú na íntegra:

O Itaú Unibanco lamenta profundamente o ocorrido e presta sua solidariedade à família. Um cliente teve um mal súbito na entrada da agência, então todos os protocolos de emergência foram acionados imediatamente, incluindo socorro médico. Em respeito à vítima, clientes e colaboradores, a unidade permanecerá fechada. Os funcionários foram coletados e certificados com todo o apoio psicológico necessário. Os clientes que precisam de atendimento presencial deverão procurar a unidade próxima, agência 8486 (Av. Cônego Vasconcelos) ou acessar os canais digitais do Itaú.

O GLOBO

Postado em 10 de maio de 2024

RS: Eduardo Leite agradece Musk por doação de mil antenas de internet

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), agradeceu a doação de 1 mil antenas de internet via satélite ao estado feita, nesta quinta-feira (9/5), pelo bilionário e empresário Elon Musk. Os equipamentos vão auxiliar as equipes de resgate que atuam no estado, devastado pelas chuvas fortes que começaram no fim de abril.
Até o momento, quase 1,5 milhão de pessoas em 428 municípios gaúchos foram afetadas pelas tempestades na região, que deixaram 107 mortos, 136 desaparecidos e 165 mil desalojados.

Por meio do X (antigo Twitter), Leite agradeceu a doação do empresário e emendou que as antenas serão de “extrema utilidade neste período de reconstrução” do Rio Grande do Sul.
De acordo com o governador, os equipamentos virão com os serviços de dados incluídos durante o período de calamidade pública.

Além da doação das antenas, Musk informou que o uso de todas elas será gratuito, até a recuperação do estado.

Metrópoles

Postado em 10 de maio de 2024

Governo do RS anuncia reforço de policiamento e reformas em abrigos após denúncias de estupro

O governador do Rio Grande do Sul , Eduardo Leite (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (9) que os mais de 400 abrigos onde estão acolhidas as vítimas das chuvas e enchentes que afetam o estado devem ganhar reforço de policiamento e reformas para garantir a privacidade dos acolhidos. O anúncio ocorre após a prisão de seis suspeitos de cometerem estupros nos abrigos.

A previsão é de um investimento de R$ 217 milhões no reforço imediato no policiamento em todo o estado e de R$ 2 bilhões nas reformas de moradias provisórias. Os valores fazem parte do plano de R$ 19 bilhões para proteção do estado, que registra mais de cem mortes em decorrência das chuvas.

O governo estadual está convocando policiais civis e militares da reserva para atuarem no policiamento nos abrigos. A intenção é concluir o cadastro dos profissionais até esta sexta (10) para que eles já possam trabalhar no fim da semana, segundo o governador.

Leite afirmou que, uma vez que a necessidade de resgate de vítimas isoladas tem diminuído, garantir segurança, alimentação e conforto nos alojamentos providenciados pelo poder público tem se tornado um dos maiores desafios do governo. São mais de 67 mil pessoas abrigadas nesses espaços.

“A gente projeta que vamos ter muitos desses abrigos funcionando por um longo período, em função da demora das águas de baixarem”, afirmou. “Até a gente conseguir colocar em campo soluções emergenciais habitacionais, a gente tem de dar condição esses abrigos têm divisórias, condições de melhorar o respeito da individualidade das famílias, para que elas possam conviver ali, centenas de pessoas no mesmo ambiente em segurança, com conforto, com alimentação, com vestuário. Esse é o foco neste momento.”

Sobre os crimes sexuais relatados dentro dos abrigos, o governador e o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron, afirmaram que os autores foram presos em todos os casos. “O que a gente observou foi justamente casos que, em princípio, lamentavelmente, também envolveram familiares das crianças, o que sinalizava a possibilidade desses abusos acontecerem anteriormente, e os abrigos tinham escancarado isso, revelado isso”, disse Leite.

Além dos problemas dentro dos abrigos, há casos de saques a lojas e casas e ataques a embarcações de resgate em cidades do Rio Grande do Sul. Caron afirmou que os relatos de saques diminuíram após a Brigada Militar e a Polícia Civil darem início a patrulhamentos em barcos nos locais que continuam alagados, mais de uma semana após o início das chuvas no estado.

“[Os saques] já reduziram muito nos últimos dias em razão do policiamento ostensivo com embarcações”, afirmou o secretário. Até quarta-feira (8), segundo Caron, pelo menos 30 pessoas foram presas por terem aproveitado a situação de calamidade para praticar saques.

PLANO AINDA NÃO DETALHADO VERBALMENTE PARA PREVENÇÃO DE DESASTRES
O plano de R$ 19 bilhões para a proteção do Rio Grande do Sul traz cálculos para ações de resposta pronta, assistência à população atingida, restabelecimento de serviços essenciais e estruturas estruturais.

Embora tenha mencionado a necessidade de aumentar a capacidade de prevenção de desastres naturais, a apresentação de Leite não detalha quanto essas ações custarão.

O governador citou a necessidade de elaboração e implantação de planos de prevenção, contingência e resiliência das cidades, inclusive por meio de obras, e também a criação de Centros de Operações Integradas que reúnam dados de monitoramento, disparem alertas à população e concentrem equipes de atendimento.

Questionado sobre quanto o governo pretende investir em prevenção, Leite disse que parte das ações de prevenção está contemplada no pacote de R$ 7,7 bilhões de apoio financeiro anunciado pelo governo federal.

“A gente já vinha fazendo alguns investimentos, contratamos serviços de radares meteorológicos, novos equipamentos, mas vamos ter que colocar ainda numa velocidade maior esses processos”, disse. “Insisto: é sobre ter o recurso, é sobre não ter as amarras fiscais que limitam nossos movimentos no curto prazo, e é sobre ter a burocracia aliviada para que possamos colocar esses investimentos rapidamente, entre eles esses equipamentos de tecnologia que devem ser incorporados ao nosso sistema de prevenção, para melhorarmos alertas à população.”

Folha de São Paulo

Postado em 10 de maio de 2024

MP vai investigar municípios do RS que decretaram calamidade pública sem serem atingidos pelas enchentes

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou, nesta quinta-feira, a abertura de investigações aos municípios gaúchos que emitiram decretos de calamidade pública sem serem, de fato, atingidos pelas enchentes. A informação foi divulgada nas redes sociais do órgão, cujo site está fora do ar por conta da “interrupção do fornecimento de energia elétrica na sede”. Em vídeo, o procurador-geral de Justiça Alexandre Saltz afirmou que a determinação deu com o intuito de verificar se as informações repassadas pelas prefeituras são verdadeiras.

“Chegou ao conhecimento do Ministério Público que alguns municípios gaúchos estão decretando situação de calamidade pública, sem que tenham sido atingidos diretamente pelas chuvas e pelas enchentes. Diante disso, eu determinei que fosse instaurada uma investigação no âmbito do Ministério Público para que nós saibamos e repassemos para a sociedade se realmente esses municípios vivem a situação de calamidade”, declarou o procurador-geral de Justiça em postagem feita no perfil do Instagram do MPRS.

Na mesma gravação, o promotor de Justiça Fábio Costa Pereira afirmou que o MP vai solicitar os documentos apresentados pelos governos municipais para deliberar situação emergencial.

“Dois membros do Ministério Público, promotores de Justiça, já foram nomeados para conduzir as investigações. Faremos as requisições dos termos dos decretos, principalmente dos procedimentos que levaram a esses decretos, para verificar se essas motivações ocorreram, ou não, desvio de especificamente para adoção das medidas entendermos cabíveis”, complementou o promotor.

A situação chamou a atenção das autoridades depois que Imbé, no Litoral Norte do RS, decretou estado de calamidade nesta quarta-feira. O município, no entanto, não foi impactado pela chuva que assola a região nos últimos dias. Segundo o prefeito da cidade, Ique Vedovato, a decisão foi tomada por conta da quantidade de desabrigados de locais vizinhos que migraram para Imbé à procura de abrigo.

O GLOBO

Postado em 10 de maio de 2024

Chuvas: Maranhão tem 30 cidades em situação de emergência

A Defesa Civil do Maranhão informou nesta quinta-feira (9) que chega a 30 o número de municípios no estado em situação de emergência em razão das chuvas. Ao todo, 1.031 famílias estão desabrigadas e 2.909, desalojadas. Uma pessoa morreu.

Até o momento, segundo a Defesa Civil, o município de Santa Inês é o único em estado de calamidade pública.

As fortes chuvas que atingem todo o Maranhão desde o mês de abril têm provocado cheia em rios do estado. Segundo a Defesa Civil, as famílias atingidas estão recebendo apoio das defesas civis nos municípios.

O órgão disse ainda que está trabalhando para a retirada das pessoas que estão em áreas de risco e que o governo do Maranhão tem fornecido refeições, por meio da rede de restaurantes populares.

Municípios em situação de emergência:

Formosa da Serra Negra

São Roberto

São João do Sóter

Tuntum

Monção

Pindaré-Mirim

Conceição do Lago Açu

Lago da Pedra

Lagoa Grande do Maranhão

Carutapera

Governador Nunes Freire

Boa Vista do Gurupi

Trizidela do Vale

Cantanhede

Palmeirândia

Bacabal

Jenipapo dos Vieiras

Cachoeira Grande

Buriticupu

Arari

Satubinha

Anapurus

Grajaú

Colinas

Matões do Norte

Pedro do Rosário

Peri Mirim

Tufilândia

Barra do Corda

Barreirinhas

Agrolink

Postado em 10 de maio de 2024

Eventos climáticos extremos se tornarão mais frequentes no Brasil, alertam especialistas

Enchentes históricas, incêndios florestais recordes, ondas de calor sem precedentes, secas: os eventos extremos se multiplicam e se tornarão mais frequentes no Brasil, alertam os especialistas.

O pior desastre climático da história do Rio Grande do Sul deixou mais de 100 mortos e devastou a economia desse estado agrícola, que levará meses ou inclusive anos para se recuperar, segundo as autoridades, que falam da necessidade de um “plano Marshall” de reconstrução.

Outras tragédias atingiram o Brasil recentemente
No ano passado, o país registrou 1.161 desastres naturais, mais de três por dia, em média. É um recorde desde que os registros começaram em 2011, segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

A própria geografia brasileira explica em parte esta vulnerabilidade, com regiões que inundam no sul e outras que sofrem repetidos períodos de seca, como a região semiárida no leste. O fenômeno natural do El Niño também tem impacto.

Mas devido ao aquecimento progressivo do planeta, os eventos extremos ou raros “estão cada vez mais frequentes e mais extremos e é de esperar que isto continue”, disse à AFP José Marengo, coordenador de pesquisa do Cemaden.

Previsões “ignoradas”
“As mudanças climáticas não estão mais sob discussão em uma pesquisa científica. Elas saíram dos livros e viraram realidade”, disse à AFP Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, que é composto por mais de uma centena de organizações ambientalistas e de pesquisa.

As chuvas extremas no Brasil no ano passado causaram pelo menos 132 mortes e mais de 9 mil feridos, enquanto cerca de 74 mil pessoas perderam suas casas, segundo o Cemaden. Os danos materiais foram estimados em mais de 5 bilhões de reais.

No Rio Grande do Sul, o balanço provavelmente será pior do que em todo o ano de 2023: o saldo preliminar das enchentes informa 107 mortos e 136 desaparecidos. O número de afetados e os prejuízos econômicos ainda são incalculáveis.

Nos últimos anos, as enchentes atingiram também a cidade de Recife (Pernambuco) e os estados de Minas Gerais e Bahia.

Essas chuvas extremas no sul da América do Sul têm sido uma previsão recorrente dos modelos climáticos há décadas, segundo o Observatório, e esta informação é “ignorada pelos sucessivos governos estaduais”, lamentou Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas da plataforma.

“Enquanto não se entender a relevância da adaptação, essas tragédias vão continuar acontecendo, cada vez piores e mais frequentes”, frisou Araújo.

Incêndios e desmatamento
As emissões de dióxido de carbono para o meio ambiente são as principais responsáveis pelo aquecimento global.

A redução das florestas devido ao desmatamento para expansão das atividades agrícolas reduz a capacidade de absorção desses gases de efeito estufa.

Mas o fogo continua gerando estragos.

Entre janeiro e abril, foram registrados mais de 17 mil incêndios florestais, mais da metade deles na região amazônica, onde aumentaram 153% em um ano, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, também sofreu uma seca histórica no ano passado.

Um dado positivo: em seu primeiro ano de mandato, em 2023, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia, depois de ter disparado durante a gestão de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Trabalhar todo o tempo
Marengo acredita que para evitar novas tragédias como a do Rio Grande do Sul, a população e os governos devem primeiro levar a sério os alertas.

“Como não temos como parar as chuvas, devemos nos preparar antecipando os desastres associados, para que as populações não construam cenários de risco e para que os governos trabalhem o tempo todo, porque devemos estar sempre preparados para os desastres, não apenas quando eles acontecem”, explicou.

Astrini defendeu a implementação de um plano de resposta antecipada para as áreas mais vulneráveis do país, mas considerou que “estamos muito longe disso”.

Ele mencionou a falta de orçamento para políticas de prevenção, a aprovação de leis que incentivam a crescente ocupação de áreas de risco pela população e o desmatamento.

As mudanças climáticas “trazem prejuízos tanto sociais, as pessoas que morrem e que perdem tudo, quanto prejuízos econômicos”, lamentou Astrini.

Folha de Pernambuco

Postado em 10 de maio de 2024

Oceanos quebraram recorde de temperatura todos os dias em um ano, indica levantamento

Turbinados pelas alterações climáticas, os oceanos do mundo superaram os recordes de temperatura todos os dias durante 12 meses, revela uma análise feita pela BBC.

Quase 50 dias superaram as temperaturas máximas registradas para a mesma época de anos anteriores, segundo dados de satélites.

Os gases que aquecem o planeta são os principais culpados pelo fenômeno, mas o evento climático natural El Niño também ajudou a aquecer ainda mais os oceanos.

O superaquecimento dos oceanos atinge duramente a vida marinha e provoca uma nova onda de branqueamento de corais.

O Copernicus também confirmou que o mês passado foi o abril mais quente já registrado em termos de temperaturas do ar. Esses recordes também foram batidos nos 11 meses anteriores.

Durante muitas décadas, os oceanos do mundo foram vistos como a “válvula de escape” da Terra em termos de alterações climáticas.

Eles não só retêm cerca de um quarto do dióxido de carbono produzido pelos humanos, como também absorvem cerca de 90% do excesso de calor.

Porém, durante o ano passado, os oceanos apresentaram as evidências mais preocupantes de que enfrentam dificuldades para lidar com a situação — a superfície do mar sente particularmente.

A partir de março de 2023, a temperatura média da superfície dos oceanos começou a subir cada vez mais acima da média de longo prazo, e atingiu um novo recorde máximo em agosto do ano passado.

Os meses subsequentes não representaram trégua alguma: a superfície do mar atingiu um novo máximo diário médio 21,09 ºC em fevereiro e março de 2024, de acordo com dados do Copernicus.

Como é possível ver no gráfico abaixo, não apenas todos os dias desde 4 de maio de 2023 estão acima dos recordes anteriores de temperatura — mas em alguns dias a margem em relação aos registros passados foi enorme.

Em cerca de 47 dias nesse período, o recorde de temperatura foi superado em pelo menos 0,3°C, segundo a análise da BBC a partir de dados do Copernicus.

Nunca antes, na era dos satélites, foi observada uma diferença tão grande.

Os dias com maior recorde foram 23 de agosto de 2023, 3 de janeiro de 2024 e 5 de janeiro de 2024, quando o recorde anterior foi batido em cerca de 0,34ºC.

“O fato de todo esse calor ir para o oceano e gerar um aquecimento com uma rapidez maior do que pensávamos é motivo de grande preocupação”, afirma Mike Meredith, do grupo de pesquisa British Antarctic Survey.

“Esses são sinais reais de que as alterações no ambiente movem-se para áreas onde realmente não queremos que elas estejam. Se continuarmos nessa direção, as consequências serão graves”, alertou ele.

Enorme impacto na vida marinha
O aquecimento dos oceanos provocado pelo homem tem impactos consideráveis na vida marinha global — e pode até alterar o ciclo sazonal das temperaturas do mar, de acordo com um estudo recente.

Talvez a consequência mais significativa do calor recente tenha sido o branqueamento em massa dos corais em todo o mundo.

Essas estruturas, que são os principais viveiros oceânicos, ficam brancas e morrem porque as águas ficam muito quentes. Elas são um elemento crítico do ecossistema oceânico, onde vivem cerca de um quarto de todas as espécies marinhas.

Mares excepcionalmente quentes também podem afetar diretamente uma das criaturas oceânicas mais queridas do continente mais frio: o pinguim-imperador.

“Há exemplos de colapso do gelo marinho antes dos filhotes imperadores terem emplumado adequadamente, com episódios de afogamento em massa”, diz Meredith.

“O pinguim-imperador é uma espécie ameaçada devido às alterações climáticas, e o gelo marinho e as temperaturas do oceano estão fortemente implicados nesse processo”, complementa ele.

No Reino Unido, o aumento da temperatura do mar faz com que uma série de criaturas desapareçam completamente das zonas costeiras. É o caso de algumas espécies de cracas, por exemplo.

“O problema das alterações climáticas é que elas acontecem muito rápido para que a evolução as acompanhe”, explica a bióloga marinha Nova Mieszkowska, da Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

Na costa do País de Gales, uma equipe da Universidade de Aberystwyth utiliza a mesma tecnologia da polícia para rastrear mudanças na população marinha.

Ao coletar vestígios de DNA em amostras de água, os cientistas descobriram que algumas espécies invasoras estão prosperando, incluindo uma criatura chamada ascídia, que parece ter vindo do Japão e cresce como um tapete no fundo do mar.

“Eles impedem o crescimento de organismos nativos”, resume o professor Iain Barber, chefe de Ciências da Vida na Universidade de Aberystwyth.

“As ascídias se dão tão bem no nosso ambiente que podem potencialmente ocupar grandes áreas do fundo do mar.”

As espécies invasivas parecem responder com mais intensidade ao aquecimento global e ao aumento da temperatura da água, observa o professor Barber.

O El Niño
Um fator importante que tornou o último ano ainda mais impactante para os mares de todo o mundo foi o fenômeno climático El Niño, que se soma às emissões de gases que aquecem o planeta.

O El Niño faz com que águas mais quentes cheguem à superfície do Oceano Pacífico.

Como resultado, há uma tendência de elevação da média global de temperatura.

O El Niño entrou em ação em junho de 2023 — após um período prolongado de condições mais frias de La Niña — e atingiu um pico em dezembro, embora desde então tenha perdido força.

Mas outras bacias oceânicas que normalmente não são afetadas pelo El Niño também experimentaram ondas de calor marinhas acima da média — o que deixa cientistas intrigados sobre o que realmente está acontecendo.

“O Oceano Atlântico está mais quente do que o habitual e este não é um padrão que normalmente associamos ao El Niño — portanto, é algo de alguma forma diferente”, avalia Carlo Buontempo, diretor do Copernicus.

Esse calor ainda persiste em muitas bacias oceânicas, incluindo a região tropical do Atlântico.

Os mares mais quentes fornecem energia extra às tempestades tropicais, o que poderia ajudar a alimentar uma temporada de furacões potencialmente danosa.

“Ainda existe uma grande área de água mais quente do que o normal no Atlântico tropical e esta é a principal região de desenvolvimento de ciclones tropicais”, explica Buontempo.

“Estamos quase um mês adiantados na temperatura da superfície do mar no Atlântico em relação ao ciclo anual. Portanto, esta é uma área que precisa ser vigiada”, antevê ele.

Além dos impactos imediatos, os investigadores alertam que haverá consequências a longo prazo às quais a sociedade terá de se adaptar.

É provável, por exemplo, que o derretimento das camadas de gelo e o aquecimento das profundezas dos oceanos continuem a alimentar a subida do nível do mar nos próximos séculos.

“Quando falamos de alterações climáticas, tendemos a reduzi-las às mudanças na superfície porque vivemos lá”, diz Angélique Melet, investigadora da ong Mercator Ocean International.

“No entanto, as profundezas do oceano são um dos aspectos [do aquecimento global] que nos comprometem com séculos e milénios de alterações [climáticas].”

Mas Melet sublinha que isso não é motivo para desistir da redução das emissões.

“A depender das nossas ações, podemos reduzir a velocidade desse aquecimento e diminuir a amplitude geral desse aumento de calor e da subida do nível do mar”, conclui ele.

Gráficos de Erwan Rivault, Muskeen Liddar e Mark Poynting

Postado em 10 de maio de 2024

A terapia genética inovadora que fez menina nascida surda escutar pela primeira vez

Uma menina britânica que nasceu surda agora consegue ouvir sem qualquer auxílio, após ser submetida a um tratamento inovador de terapia genética.

Opal Sandy recebeu o tratamento pouco antes de seu primeiro aniversário. Seis meses depois, ela consegue ouvir sons tão suaves quanto um sussurro — e está começando a falar, dizendo palavras como “mamãe” e “papai”.

Aplicada como uma infusão no ouvido, a terapia substitui o DNA defeituoso que causa seu tipo de surdez hereditária.

Opal participa de um ensaio clínico que recruta pacientes no Reino Unido, nos EUA e na Espanha. O tratamento é desenvolvido pela empresa de biotecnologia Regeneron.

Médicos de outros países, incluindo a China, também estão explorando tratamentos semelhantes para a mutação no gene da otoferlina (OTOF), com a qual Opal nasceu.

Seus pais, Jo e James, de Oxfordshire, no sudeste da Inglaterra, dizem que os resultados foram impressionantes.

Ao mesmo tempo, permitir que Opal fosse a primeira a testar este tratamento foi uma decisão extremamente difícil, eles relatam.

“Foi muito assustador, mas acho que tivemos uma oportunidade única”, afirma Jo.

A irmã de Opal, Nora, de cinco anos, tem o mesmo tipo de surdez e lida bem com um implante coclear.

Em vez de tornar o som mais alto, como um aparelho auditivo, ele dá a “sensação” de escutar.

O implante estimula diretamente o nervo auditivo que se comunica com o cérebro, contornando as células ciliadas, sensíveis ao som e danificadas, em uma parte do ouvido interno conhecida como cóclea.

Já a terapia genética utiliza um vírus modificado e inofensivo para entregar uma cópia funcional do gene OTOF a estas células.

Opal foi submetida à terapia no ouvido direito, sob anestesia geral, e um implante coclear foi colocado em seu ouvido esquerdo.

Apenas algumas semanas depois, ela conseguia ouvir sons altos, como palmas, no ouvido direito.

E depois de seis meses, seus médicos, do Hospital Addenbrooke, em Cambridge, confirmaram que seu ouvido tinha uma audição praticamente normal para sons suaves — incluindo sussurros baixinhos.

“É maravilhoso vê-la responder ao som”, diz o cirurgião auditivo Manohar Bance, o pesquisador-chefe do ensaio clínico, à BBC News.

“É um momento de muita alegria.”

Os especialistas esperam que a terapia também funcione para outros tipos de perda auditiva profunda.

Mais da metade dos casos de perda auditiva em crianças tem causa genética.

A expectativa de Bance é que o ensaio clínico possa levar ao uso da terapia genética para tipos mais comuns de perda auditiva.

“O que espero é que possamos começar a usar a terapia genética em crianças pequenas… Em que, de fato, recuperemos a audição e elas não precisem ter implantes cocleares e outras tecnologias que necessitem ser substituídas”, afirma.

A perda auditiva causada por uma variação no gene OTOF não é comumente detectada até que as crianças tenham dois ou três anos de idade, quando é provável haver um atraso na fala.

Os testes genéticos para famílias que apresentam risco estão disponíveis no NHS (sistema de saúde público do Reino Unido). A BBC News Brasil está averiguando se o tratamento está disponível no sistema brasileiro também.

“Quanto mais cedo pudermos restaurar a audição, melhor para todas as crianças, porque o cérebro começa a reduzir sua plasticidade [adaptabilidade] após três anos de idade mais ou menos”, diz Bance.

A experiência de Opal está sendo apresentada, junto a outros dados científicos do ensaio clínico, na Sociedade Americana de Terapia Genética e Celular (ASGCT, na sigla em inglês), em Baltimore, nos EUA.

Martin McLean, da Sociedade Nacional de Crianças Surdas do Reino Unido, afirma que mais opções seriam bem-vindas.

“Com o apoio certo desde o início, a surdez nunca deverá ser uma barreira à felicidade ou à realização”, diz ele.

“Como uma instituição beneficente, apoiamos as famílias a fazerem escolhas informadas sobre tecnologias médicas, para que possam dar aos seus filhos surdos o melhor começo de vida possível.”

  • Reportagem adicional de Nicki Stiastny e James Anderson
Postado em 10 de maio de 2024

Governo Federal defende paralisação do Campeonato Brasileiro

O governo, por meio do ministro do esporte André Fufuca, pediu à Confederação Brasileira de Futebol a interrupção do Campeonato Brasileiro devido às enchentes no Rio Grande do Sul.

Em entrevista à ESPN Brasil, Fufuca destacou a urgência diante da calamidade pública e das sérias repercussões das enchentes para a população gaúcha.

Clubes como Internacional, Grêmio e Juventude já formalizaram solicitações à CBF para a suspensão do campeonato, e há possibilidade de recorrer à Justiça Desportiva caso necessário.

96FM

Postado em 10 de maio de 2024

Papa Francisco anuncia doação de mais de R$500 mil para o Rio Grande do Sul

O papa Francisco decidiu doar cerca de 100 mil euros (aproximadamente 556 mil reais) para ajudar as vítimas das enchentes que já mataram pelo menos 107 pessoas no Rio Grande do Sul, disse nesta quinta-feira o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler.

“Fomos informados através da Nunciatura Apostólica de que o Santo Padre destinou um valor substancial, através da Esmolaria Apostólica, para auxílio dos desabrigados”, disse o arcebispo, segundo a Vatican News, a agência de notícias da Santa Sé.

“Este valor foi em torno de 100 mil euros e será repassado para o Regional Sul 3 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o regional que abrange todo o Rio Grande do Sul, para ajudar no que for possível”, acrescentou.

No domingo, em fala a uma multidão na Praça de São Pedro, Francisco prometeu rezar pela população do Rio Grande do Sul, Estado atingido pela pior tragédia climática de sua história, que afetou quase 1,5 milhão de pessoas em 428 de seus 497 municípios e deixou centenas de milhares de desabrigados.

O arcebispo disse ainda que a região sul do Estado, próximo à fronteira com o Uruguai, começa a enfrentar as consequências do desastre com a chegada das águas que inundaram outras regiões gaúchas.

Terra

Postado em 10 de maio de 2024

Governo autoriza restauração de mais 300 quilômetros de rodovias estaduais

A governadora Fátima Bezerra (PT) assinou nesta quinta-feira (09) a ordem de serviço para restauração de mais um lote de rodovias estaduais, totalizando 301,5 quilômetros nas regiões Seridó e Central e investimento de R$ 132 milhões.

São dez trechos, entre eles, 53 quilômetros da RN-288, de Acari a Caicó, passando por Cruzeta e São José do Seridó.

Também estão neste lote, dois trechos da RN-118, que integram as rotas alternativas em função da interdição da BR-304, entre Lajes e Caiçara do Rio do Vento. São eles: Ipanguaçu-Alto do Rodrigues (rota pela BR-406), e o que vai do entroncamento da BR-304, em Itajá, até São Rafael (Rota pela BR-226).

O lote 2 contempla ainda 38 quilômetros da RN-086, entre Parelhas e Equador. Nesse trecho, o governo do Estado investiu cerca de R$ 1,6 milhão para reforço da estrutura e alargamento da ponte sobre o Rio Caldeirão. Construída há mais de 90 anos, a ponte recebeu reforço estrutural, além de ganhar nova faixa para permitir a passagem simultânea de dois veículos.

“Este lote é o maior em extensão e fica numa região importante para o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte. Quero dizer que já estamos preparando a ordem de serviço para as estradas do Lote 3 que ficam no Agreste e na região litorânea. Outra boa notícia é que amanhã (10) estaremos lançando o edital da Estrada da Produção, para o trecho São Tomé/Cerro Corá. Nos já fizemos Lagoa Nova/Cerro Corá e agora vamos fazer esse novo trecho”, disse a governadora. São 13,5 quilômetros de implantação de rodovia em trecho de terra batida, e recapeamento de outros 9,9 quilômetros, que estão em situação precária.

A obra conta com recursos oriundos de emenda parlamentar da bancada do Rio Grande do Norte no Congresso Nacional. Além de interligar o Agreste ao Seridó, fomentando o turismo e o acesso ao Seridó Geoparque Mundial da Unesco, a RN-203 vai facilitar o escoamento da safra agrícola.

Esta foi a segunda ordem de serviço para recuperação de estradas. A primeira, totalizando 210 quilômetros, nos distritos de Mossoró e Pau dos Ferros, foi assinada na semana passada. O terceiro lote tem 242,9 quilômetros. O governo do RN está investindo R$ 428 milhões no programa de restauração de rodovias estaduais.

Saulo Vale

Postado em 9 de maio de 2024