A bancada de oposição surpreendeu o governo ao obstruir a votação de projetos do seu interesse, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, como forma de pressão para o Executivo iniciar pagamento de parte das emendas impositivas até o fim do primeiro semestre.
O deputado estadual José Dias (PSDB) anunciou a obstrução da pauta do governo, depois de o deputado estadual Francisco do PT ter defendido aprovação do projeto de lei 137/2024 para instituir a Política de Educação em Tempo Integral na rede estadual de ensino, porque “a matéria tramitou em todas as comissões e não recebeu nenhuma emenda”.
“Não vamos votar projetos do governo antes de resolver o problema das emendas”, avisou José Dias, que no decorrer da discussão pediu verificação de quorum (presenças de deputados em plenário), com a finalidade de confirmar a obstrução da pauta de votação, na sessão ordinária da quarta-feira (08).
O líder do governo, deputado Francisco do PT, reconheceu a legitimidade da decisão tomada pela posição – “é um direito de qualquer bancada, nós do governo já fizemos oposição, é regimental”, mas reforçou que esse projeto de lei tem um prazo até 10 de maio, “para que o Rio Grande do Norte se não receber recursos complementares do Fundeb, possa dizer à população porque o Estado foi prejudicado”.
Dias disse, ainda, que a obstrução da pauta é uma maneira “de demonstrar que a Casa é independente e tem responsabilidade com as emendas, se cumprirmos com a nossa palavra, o governo o peso do valor dessa Casa”.
Para o deputado tucano, não estava em debate o mérito do projeto, mas “o não cumprimento das obrigações do governo e só tem o caminho legal, regimental e constitucional e não traumático, mostrarmos que não somos culpados pelas emendas não serem liberadas”.
Segundo Dias, a obstrução da pauta governista “é uma vitória da Casa, que não se curvou ao comando do governo, mostramos que na realidade somos capazes e responsáveis pelas emendas”, que mesmo assim “não são liberadas até agora, porque estamos alimentando o “canto de sereia’, porque o que o governo não cumpre o que está escrito e registrado em cartório”
Também acompanharam José Dias os deputados estaduais Luiz Eduardo (Solidariedade) e Tomba Farias (PSDB), bem como o deputado estadual Adjuto Dias (PMDB), que questionou: “Fica muito claro a estratégia de que questões de interesse do governo, colocar responsabilidade na oposição, matérias que o governo tem interesse que seja aprovada às pressas”.
O deputado estadual Nelter Queiroz somou-se à obstrução da pauta e criticou o fato do Executivo ter enviado à votação na Casa, um projeto fracionado, a respeito de que questões que ainda estão sendo negociadas com a categoria dos professes, razão pela qual defendeu a retirada de pauta do PL 137/2024, que chegou em abril na Casa, para que o governo envie um projeto mais completo: “O governo tem essa estratégia, vamos votar e depois manda, e não manda, mas voto a favor na hora oportuna, depois que chegar o restante do projeto”.
Oito em cada dez professores da educação básica já pensaram em desistir da carreira. Entre os motivos estão o baixo retorno financeiro, a falta de reconhecimento profissional, a carga horária excessiva e a falta de interesse dos alunos. Os dados são da pesquisa inédita Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil, divulgada nesta quarta-feira (8), pelo Instituto Semesp.
A pesquisa foi realizada entre 18 e 31 de março de 2024, com 444 docentes das redes pública e privada, do ensino infantil ao médio, de todas as regiões do país. Os dados mostram que 79,4% dos professores entrevistados já pensaram em desistir da carreira de docente. Em relação ao futuro profissional, 67,6% se sentem inseguros, desanimados e frustrados.
Entre os principais desafios citados pelos professores estão: falta de valorização e estímulo da carreira (74,8%), falta de disciplina e interesse dos alunos (62,8%), falta de apoio e reconhecimento da sociedade (61,3%) e falta de envolvimento e participação das famílias dos alunos (59%).
Segundo os dados da pesquisa, mais da metade dos respondentes (52,3%) diz já ter passado por algum tipo de violência enquanto desempenhava sua atividade como professor. As violências mais relatadas são agressão verbal (46,2%), intimidação (23,1%) e assédio moral (17,1%). São citados também racismo e injúria racial, violência de gênero e até mesmo ameaças de agressão e de morte. A violência é praticada principalmente por alunos (44,3%), alunos e responsáveis (23%) e funcionários da escola (16,1%).
Apesar disso, a pesquisa mostra que a maioria (53,6%) dos professores da educação básica está satisfeita ou muito satisfeita com a carreira. Os professores apontam como motivos para continuar nas salas de aula, principalmente, o interesse em ensinar e compartilhar conhecimento (59,7%), a satisfação de ver o progresso dos alunos (35,4%) e a própria vocação (30,9%).
“Apesar de todos os problemas é o que eu gosto de fazer e tenho maior capacidade”, diz um dos professores entrevistados, cujo nome não foi revelado. “A paixão pelo processo de ensinar e aprender, contribuindo para a evolução das pessoas”, aponta outro, que também não foi identificado.
Para Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil, esses dados são importantes porque mostram o que motiva os professores. “Ele fala da sua vocação. Fala do interesse em ensinar, da satisfação de ver o progresso do aluno. São fatores que estão interligados. Tanto a vocação como o interesse em compartilhar o conhecimento e a satisfação de ver o progresso do aluno. Esse é um dado muito importante em termos do perfil daquele que escolhe ser professor”, destaca
Licenciaturas A pesquisa Perfil e Desafios dos Professores da Educação Básica no Brasil faz parte da 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, que reúne dados oficiais e coletados pelo Instituto Semesp para traçar o cenário atual do setor educacional no país. Esta edição tem como foco principal Cursos de Licenciaturas: Cenários e Perspectivas.
De acordo com a publicação, o Brasil tem 9,44 milhões de estudantes matriculados no ensino superior. A maioria deles está em instituições privadas (78%). Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), até 2024, o país deveria ter 33% dos jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior. Até 2022, essa taxa era 18,9%.
Atualmente, 17% dos alunos do ensino superior cursam alguma licenciatura, o que equivale 1,67 milhões de universitários. Pedagogia aparece como 17° curso com mais estudantes nos cursos presenciais diurnos e como o primeiro curso com mais estudantes em ensino a distância (EAD).
Apesar do grande número de estudantes, os dados mostram que as desistências nesses cursos são altas. Cerca de 60% dos estudantes de licenciaturas na rede privada e 40% dos estudantes da rede pública desistem da formação. Entre os mais jovens, apenas 6,6% dos entrevistados pelo Instituto Semesp têm interesse em cursar cursos da área de educação.
“Nós pensamos que é necessário repensar também o modelo de oferta dos cursos de licenciatura, com essa campanha que estamos fazendo para atrair os jovens para os cursos de licenciatura. Os currículos têm que ter mais prática e mais capacitação para esse uso de tecnologia, a necessidade de financiamento das mensalidades, porque a maioria dos que vão para o curso de licenciatura é de uma classe social mais baixa e, por isso, a necessidade de uma bolsa permanência para o aluno não evadir e não precisar trabalhar”, defende Lúcia Teixeira.
Formação a distância Recentemente, as altas taxas de matrícula em cursos a distância e a preocupação com a qualidade da formação dos estudantes, especialmente dos futuros professores, levaram o Ministério da Educação (MEC) a buscar uma revisão do marco regulatório da modalidade.
Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, a formação presencial pode não ser a única solução. Ele defende uma revisão da avaliação dos cursos. Ainda que seja na modalidade a distância, ele ressalta que os cursos de formação de professores preveem uma carga horária presencial, em estágios, por exemplo.
“Eu acho que o que precisa é melhorar a avaliação dessa presencialidade. Se eu tenho obrigatoriedade de estágios e esses estágios não são cumpridos ou são muito ruins, aí eu tenho um problema. Se é ruim e eu só aumento a carga [horária presencial], eu só vou aumentar a ruindade. Então, eu acho que, primeiro, antes de discutir mais carga presencial ou menos carga presencial, não estou falando que a gente defende ou não defende, mas eu acho que é preciso melhorar esse monitoramento do presencial”, diz.
A pesquisa feita com os docentes pelo Instituto Semesp mostra que 50,1% dos respondentes discordam parcial ou totalmente da afirmação de que o ensino a distância não é adequado. Além disso, para 55,7% dos entrevistados, os cursos de licenciatura devem ser ofertados apenas na modalidade presencial.
Usuários das redes sociais começaram a publicar fotos de anúncios de supermercados que estão limitando a compra de arroz em suas unidades.
Essa restrição tem como objetivo evitar a falta do produto nas prateleiras, principalmente em meio às enchentes que têm ocorrido no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional de arroz.
Uma das redes de supermercados mais populares do estado de Minas Gerais, o Supermercados BH, informou à Folha de S. Paulo, que implementou medidas preventivas para garantir um suprimento contínuo de arroz. Nas unidades da rede, os clientes estão limitados a comprar no máximo cinco pacotes de arroz. A rede afirma que não haverá falta do produto em suas lojas.
A rede Mart Minas, também em Belo Horizonte, adotou uma medida semelhante, permitindo aos clientes comprar no máximo cinco fardos de arroz, o equivalente a 30 pacotes. O objetivo é garantir que o fornecimento seja distribuído de forma equitativa, permitindo que todos os clientes tenham acesso ao arroz necessário para atender às suas demandas.
Venda de arroz limitada em outros estados
Usuários do Twitter também compartilharam fotos de supermercados em outros estados, como Ceará e Espírito Santo, adotando essa mesma medida. No entanto, não há relatos de grandes redes orientando suas unidades a restringir a compra de arroz.
O que diz o ministro da Agricultura
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que a compra será realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), diretamente do mercado externo.
O ministro acredita que a maior parte desse arroz será proveniente dos países membros do Mercosul, como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, devido aos menores custos e à proximidade geográfica.
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A recriação do DPVAT foi aprovada por 41 votos a 28. O seguro obrigatório para cobrir indenizações a vítimas de acidentes de trânsito, que antes se chamava DPVAT, agora será SPVAT (Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito). O texto prevê que a taxa será paga uma vez ao ano obrigatoriamente por todos os donos de carros e motos. O projeto ainda não define o valor e os dados em que será feito o primeiro pagamento, mas o senador Jaques Wagner, que é líder do governo na Casa, disse que a equipe econômica estima que fique entre R$ 50 e R$ 60 e comece a valer a partir de 2025. O DPVAT foi extinto por Bolsonaro no final de 2019 e deixou de ser cobrado em 2020.
Copom reduz ritmo de queda e taxa de juros vai para 10,50%. O corte anunciado pelo Banco Central foi de 0,25% e em ritmo menor do que os últimos. A taxa começou a recuar em agosto de 2023, quando a Selic estava em 13,75%, e este foi o sétimo corte seguido. Mas o BC vinha fazendo cortes de 0,5 ponto percentual, e desta vez cortou menos. Depois da reunião de março, o Comitê de Política Monetária já tinha sinalizado que poderia diminuir o valor de queda dos juros dependendo do cenário da economia do país. Entenda .
Chuva já afetou quase 1,5 milhão de pessoas em 85% do RS. De acordo com a Defesa Civil, 1.476.170 pessoas foram atingidas de alguma forma, ao menos 163.786 ficaram desalojadas e 67.428 estão em abrigos. Dos 497 municípios gaúchos, 425 sofreram alguma consequência dos temporais, 85% do total. Na tarde de ontem, o trabalho de resgate das vítimas teve que ser suspenso em Porto Alegre por conta da previsão de mais chuvas. Um ciclone extratropical poderá provocar rajadas de vento de até 100 km/h em diversas regiões do território gaúcho hoje e amanhã.
O Real Madri vai à final da Champions com virada e polêmica. O clube espanhol venceu o Bayern de Munique por 2 a 1, no Santiago Bernabéu, em Madri, pelo jogo de volta da semifinal da Liga dos Campeões. O Real estava perdendo o jogo, chegou ao empate apenas aos 43 minutos do segundo tempo, e virou aos 46. Mas o jogo foi marcado por polêmicas , o time espanhol teve um gol anulado em campo e validado pelo VAR, e no fim do jogo o Bayern teve um impedimento marcado erroneamente, e o lance poderia ter empatado o jogo. A decisão será no dia 1º de junho contra o Borussia Dortmund, que chegou à final depois de vencer o PSG.
Câmara aprova projeto que cria regras para transporte de animais. A lei foi motivada pelo caso do Joca, um cachorro golden retriever que morreu enquanto era transportado pela Gol de São Paulo para o Mato Grosso. A empresa errou o destino e invejou o cachorro para Fortaleza, no Ceará, e quando o transporte de volta para São Paulo chegou morto. Entre outras regulamentações, o texto obriga as companhias aéreas a oferecerem serviço de rastreamento de cães e gatos. O projeto foi aprovado em votação simbólica e segue agora para o Senado.
Promotor pede que motorista do Porsche pague R$ 5 mi à família da vítima. Além da indenização por danos morais, o MP de São Paulo quer que Fernando Sastre de Andrade Filho pague uma pensão no valor de três anos mínimos (R$ 4.200) à família do motorista de aplicativo Ornaldo Silva Viana, morto no acidente provocado por ele quando dirigia o carro em alta velocidade em São Paulo, em 31 de março. O empresário é acusado de homicídio doloso e lesão corporal gravíssima, foi preso na segunda e está no Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, mas deve ser transferido para Tremembé, no interior do estado.
O Desmatamento na Amazônia cai para menor patamar desde 2018. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais divulgou que, de agosto de 2022 a julho de 2023, houve uma redução de 21,8% no desmatamento em comparação com o período anterior. O levantamento é feito por ciclos de medição, sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte, e mostrou também um aumento de 9,2% do desmatamento no Pantanal em comparação com o período anterior.
Enviado pela Força Área Brasileira (FAB) para auxiliar no resgate de pessoas em situação de risco no Rio Grande do Sul devido às enchentes, um drone caiu durante missão nesta terça-feira (7). A aeronave, que não é tripulada, apresentou um problema técnico e chocou-se com o solo em uma área não habitada. As informações são do globo.com. O drone foi usado na região da Quarta Colônia, em Santa Maria, no final e semana, e o planejamento da FAB é de que monitorasse áreas de Porto Alegre e da Região Metropolitana nesta terça e quarta-feira. A FAB ainda não confirmou a localização exata do acidente.
Pilotado remotamente, o modelo israelense RQ-900 pertence à Base de Santa Maria, no Centro do Estado. Com autonomia para até 36 horas de voo e atingir até 9 mil metros de altitude, a aeronave tem como objetivo sobrevoar e mapear áreas inundadas. Pessoas ilhadas sinalizam para o drone ao ouvir o barulho e equipes de salvamento são direcionadas ao local imediatamente. Conforme a FAB, auxiliou no resgate de 36 pessoas em apenas 24 horas de operação.
“Uma Aeronave Remotamente Pilotada (ARP), da FAB, que é empregada nas missões de apoio aos atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, apresentou durante sua operação um problema técnico e veio a colidir com o solo, em região desabitada, nesta terça-feira (7/5). A Força Aérea informa que o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) vai investigar os fatores contribuintes da ocorrência aeronáutica”, comunicou a FAB em nota.
Os drones auxiliam a FAB a monitorar em tempo real áreas inundadas.
A 2ª Vara Cível da Comarca de Natal sentenciou uma operadora de plano de saúde a custear o tratamento de escoliose para uma cliente, durante todo período necessário à sua recuperação, por meio da realização de sessões de fisioterapia. A mesma determinação judicial também concedeu indenização de R$ 3 mil para a consumidora, em razão dos danos morais sofridos.
Conforme consta no processo, a filha da autora, que é sua dependente legal, é portadora de “escoliose de início precoce, concluindo o laudo médico pela necessidade de tratamento com três sessões de fisioterapia na semana” para evitar piora na deformidade, ou até mesmo realização de procedimento cirúrgico no futuro.
Assim, ela requereu, administrativamente, o custeio das terapias solicitadas, mas tal solicitação não foi atendida, sob o argumento de que o “método terapêutico solicitado não está contemplado nas coberturas da resolução normativa nº 428/2017, da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS”.
Ao analisar o processo, a magistrada Carla Portela ressaltou inicialmente que cabe ao caso a aplicação das regras do código de defesa do consumidor ao caso concreto, pelo fato da autora estar “na condição de beneficiária, como destinatária final de um serviço de natureza, podemos afirmar, securitária, enquanto que a empresa ré corresponde a figura do fornecedor”.
Em seguida, a juíza considerou “abusiva a conduta da operadora ré, ao influir na escolha do tratamento indicado à paciente, cabendo, pois, tão somente ao médico assistente essa escolha”. Além disso, a operadora não “apresentou evidências científicas sobre o êxito efetivo de tratamentos alternativos” que poderiam ser indicados para o restabelecimento da saúde da paciente.
A Polícia Federal cumpriu, na manhã desta quinta-feira, dois mandados de prisão contra Robson Calixto da Fonseca, conhecido como Peixe, que é ex-assessor de Domingos Brazão, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, conhecido como major Ronald, apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio. Os dois foram acusados de envolvimento nos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. As informações são do g1.
Robson foi preso pela Polícia Federal do Rio, enquanto Ronald já cumpria pena num presídio federal. Os mandados foram pedidos pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Num documento protocolado pela PGR no Supremo Tribunal Federal (STF) que denuncia os três suspeitos presos desde o fim de março por supostamente mandar matar Marielle Franco — os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa — foram incluídos os nomes de Robson e Major Ronald.
De acordo com o g1, depois de um mês e meio de análise e aprofundamento da investigação da Polícia Federal, a PGR concluiu que os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa devem ser processados e condenados pelo assassinato de Marielle e Anderson Gomes.
No documento entregue no fim da tarde de terça-feira ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, a PGR denuncia os irmãos Brazão como mandantes do homicídio e por integrar uma organização criminosa. Já o delegado da Polícia Civil foi denunciado como mandante também do homicídio.
Moradores da capital gaúcha, Porto Alegre, têm fugido às pressas da cidade em busca de água, em meio ao caos que tomou conta do local, em razão das chuvas e enchentes que atingem o Rio Grande do Sul há pouco mais de uma semana. Parte da população sofre com o desabastecimento, além da falte de energia, suprimentos e ameaça de saques.
Segundo dados da Defesa Civil divulgados na noite de terça (7/5), 401 dos 497 municípios do estado – o equivalente a 80% das cidades gaúchas – já foram afetados de alguma forma pelas chuvas. Desses, 336 estão em calamidade pública, sendo que 83% da população do estado (de 10,8 milhões de pessoas) vive nesses municípios.
Ao todo, são 95 mortes, 48 mil desabrigadas (que necessitam de abrigo do poder público) e 1,4 milhão de pessoas prejudicadas. E a situação ainda pode piorar nos próximos dias, já que a previsão é de volta das chuvas nesta quarta em partes do Rio Grande do Sul.
Cenário de guerra Nos últimos dias, milhares de pessoas deixaram suas casas devido ao risco de alagamento. Cerca de 85% da população dos 1,3 milhão de habitantes estão sem acesso à água por causa da paralisação de cinco estações de tratamento que atendem ao município.
“Parece um cenário de guerra. Não existe mais água na cidade. Hoje, eu fiquei três horas na fila do mercado e, quando chegou a minha vez, não consegui água porque tinha acabado”, disse a estudante de administração da UFRGS Mell Morales à Folha. Ela atua como voluntária na capital.
“A gente começou a pensar se vale mais a pena comprar água de coco ou chá gelado. O medo é ficar sem se hidratar. A gente também compra alimentos processados, porque não dá para cozinhar arroz, feijão ou batata se não tem água e energia elétrica”, disse ela.
As enchentes também prejudicam a distribuição de energia, com 450 mil imóveis no escuro no estado. Na capital, uma das bombas que trabalha para escoar a água das ruas chegou a parar por algumas horas nesta terça por falta de luz.
O Ministério das Minas e Energia disse que 20 mil famílias tiveram o fornecimento restaurado desde o dia anterior e que coordena um plano estrutural para o reestabelecimento da distribuição de energia e reconstrução do parque elétrico do Rio Grande do Sul.
De Porto Alegre para o litoral Temendo a situação caótica de Porto Alegre, a professora Ercilda Dimer, de 56 anos, e o marido, saíram da cidade na segunda-feira (6/5), em direção a Torres, no litoral. O casal alugou um apartamento por temporada, pediu um carro por aplicativo e gastou seis horas, com os dois gatos, num trajeto que costuma ser feito em menos de duas.
De acordo com a professora, ela saiu apenas com a roupa do corpo. Segundo ela, essa foi mais uma parada da jornada iniciada na semana passada, quando as águas começaram a invadir o prédio onde vivem, no bairro de São Geraldo, zona norte da capital.
O casal foi resgatado por um caminhão da companhia de luz Equatorial e seguiu para a casa da sogra dela, na Cidade Baixa. Porém o local também foi alagado e, dessa vez, quem os salvou foram os bombeiros. Partiram então para a casa de outra parente, no bairro alto de Petrópolis, e de lá traçaram o plano de fuga. Sem malas.
Ao chegarem a Torres, encontraram um calor de quase 30°C. Uma das entradas da cidade tinha engarrafamento de carros.
Situações do tipo se avolumam nos litorais do estado e da vizinha Santa Catarina. A saída por terra tem sido a única opção para quem quer deixar a região, já que o aeroporto de Porto Alegre segue fechado e sem previsão de reabertura.
Segundo a Prefeitura de Torres, a lotação da cidade está semelhante à de feriados e de meses de verão. A gestão municipal diz que está seguindo as orientações da Defesa Civil do Rio Grande do Sul e juntando donativos (colchões, fraldas infantis e geriátricas, materiais de limpeza e de higiene pessoal, lanternas e botes) para encaminhar para Porto Alegre.
Contudo, a cidade já se prepara para receber as pessoas que chegarem sem ter onde ficar, caso a Defesa Civil solicite. A escola municipal Alcino Pedro Rodrigues está sendo adaptada para isso.
Em todo o estado, 159 mil pessoas são consideradas desalojadas, ou seja, tiveram que deixar o local onde moram de maneira provisória ou em definitivo e estão em casas de familiares ou amigos.
Para dar suporte a essas pessoas, segundo a secretaria, a gestão municipal está organizando kits com roupas e cestas básicas para entregar diretamente nas residências.
As enchentes que atingiram 365 municípios do Rio Grande do Sul fizeram a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) recomendar o uso de remédios para a prevenção contra a leptospirose .
As pessoas expostas às águas das enchentes por período prolongado e equipes de socorristas de resgate e voluntários devem ser consideradas de alto risco e elegíveis para o uso da quimioprofilaxia, segundo a entidade.
Para a prevenção, a recomendação principal da organização foi a doxiciclina, administrada em dose única para adultos e com base no peso corporal, para crianças. Uma alternativa ao medicamento é a azitromicina, nas mesmas condições.
VEJA AS INSTRUÇÕES DE USO: DOXICICLINA Adultos: 200 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco; Adultos: 200 mg por via oral, 1x/semana durante a exposição (resgate/socorristas); Crianças: 4 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 200 mg. AZITROMICINA Adultos: 500 mg por via oral, em dose única para pessoas em pós exposição de alto risco; Adultos: 500 mg por via oral, 1x/semana durante a exposição (resgate/socorristas); Crianças: 10 mg/kg por via oral, em dose única para crianças em pós exposição de alto risco. Dose máxima de 500 mg A entidade ressaltou ainda que a profilaxia com doxiciclina não deve ser feita em gestantes e lactantes, e que há risco de infecção quando as pessoas retornam às suas residências. Devem ser usados EPI’s (botas, luvas, calças de proteção) em locais onde normalmente há contato com água suja ou lama.
A leptospirose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira interrogans . Ela é muito presente no no rato, no cachorro, no porco, na vaca e na cabra. Uma bactéria se aloja nos enxágues desses animais, que são eliminados pela urina.
O contágio acontece através do contato com a urina de animais infectados, o que pode ocorrer na água das enchentes. Machucados pelo corpo favorecem, mas uma bactéria penetra na pele mesmo quando não há lesões.
Ainda segundo a SBI, a recomendação geral é que os antimicrobianos não sejam usados para prevenção como conduta de rotina. A associação se baseia em estudo feito em 2024 que diz que “não há diferença de mortalidade, infecção ou soroconversão com os esquemas de profilaxia utilizados, o que faz com que a prescrição do antimicrobiano não seja adequada como ampla medida de saúde pública”.
No entanto, algumas revisões e publicações, incluindo um guia de tratamento publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2003, apontam que a profilaxia com antimicrobianos pode ser feita em situações de alto risco, sob a justificativa de que, apesar de os estudos têm baixo número de participantes, falhas de randomização, sendo heterogêneos e essa intervenção aplicada em momentos diferentes da história clínica, há uma tendência de benefício no uso desses medicamentos.
Outro risco durante as enchentes é a hepatite A , que pode ser adquirida através do consumo de alimentos ou água contaminada com o vírus. Não há tratamento específico contra a doença que ataca o fígado, mas a vacina que protege contra a condição faz parte do calendário oficial de vacinação.
Nesta segunda-feira (6), o governo do Rio Grande do Sul fez um alerta para o risco de enchentes nos municípios localizados às margens da Lagoa dos Patos.
A água que inundou Porto Alegre e causa transtornos na região metropolitana desce pela lagoa em direção ao mar, o que pode acontecer rapidamente ou de forma mais lenta, dependendo da direção do vento.
“Vai subir muito o nível da lagoa e vai trazer muitos transtornos nos municípios da região”, disse o governador Eduardo Leite ( PSDB ).
‘Combo de crimes’: PMs de Roraima formaram milícia e grupo de extermínio para proteger e roubar garimpeiros, apontam investigações
As investigações das Polícias Civil e Federal apontam para uma organização criminosa formada por agentes da Polícia Militar de Roraima acusadas de cometerem diversos crimes e atuarem como milícias privadas no estado. A fim de intimidar invasores que extraem ilegalmente ouro e cassiterita na Terra Indígena Yanomami, o grupo pratica extorsão e roubo de toneladas de minerais para ficar com o lucro, além de vender proteção e armamentos aos garimpeiros. No total, O GLOBO apurou, mais de 40 policiais militares estariam envolvidos em diversos atos ilícitos. Entre os citados por testemunhas ouvidas pelas autoridades, está o atual Comandante-Geral da PM-RR, Miramilton Goiano de Souza. Em nota, o coronel Miramilton diz que as suspeitas “são inverídicas, sem fundamentos e não se sustentam quando colocadas diante dos mais de 34 anos na corporação”.
Documentos obtidos pelo GLOBO revelam que policiais da ativa se uniram a criminosos para realizarem roubos, extorsões, torturas e execuções de garimpeiros, além de assassinatos sob encomenda ligados à disputa por terras no estado. O esquema ainda oferece, de acordo com as investigações, serviços de segurança, escolta e munições a outros grupos de invasores que trabalham no garimpo, além de coletes à prova de bala. As autoridades também apuraram a participação dos membros do bando no transporte de cocaína na fronteira com Venezuela e Colômbia por meio de aeronaves.
As investigações sobre a constituição de milícia por parte de policiais militares foram realizadas no início de setembro de 2022, quando oficiais da ativa participaram de uma tentativa desastrada de roubo de um avião, usado em viagens para garimpos localizados na terra indígena e propriedade de Efraim Hadan Abreu da Silva, o “Smith”, segundo aponta o inquérito de número 3027/2022, com 1.006 páginas, da Polícia Civil de Roraima, ao qual O GLOBO teve acesso.
Mascarados e vestidos de preto, seis homens armados renderam os pais de “Smith” e outras quatro pessoas, no sítio Novo Paraíso, zona rural de Boa Vista, onde funciona uma pista de pouso. Os criminosos foram vítimas de vítimas rendidas como PMs do Batalhão de Operações Especiais (BOPE). Entre eles, estava Carlos Nascimento de Melo, descrito no inquérito como um dos responsáveis por recrutar policiais militares para atuar na segurança privada de garimpos ilegais. De acordo com “Smith”, Carlos Nascimento “teria sido apresentado e recomendado pelo coronel Miramilton”.
“Smith” diz em seu depoimento que ficou descontente com o “serviço precário” de Carlos Nascimento e tentou dispensá-lo. Uma dívida de R$ 80 mil entre os dois teria, no entanto, motivado uma tentativa de roubo de aeronave. Na tentativa de decolar com o avião, uma das asas batidas na cabeça do soldado Ismael Palmeira da Silva, que tentou ajudar os ladrões iluminando a pista. O avião acabou por se chocar contra um cajueiro. Ismael morreu no local e foi deixado para trás pelos comparsas. A morte do soldado deu início às investigações da Polícia Civil.
“Smith” contou ao pesquisador que buscou os serviços de Carlos Nascimento após ter uma pistola Glock 45, R$ 3 mil em espécie e um carregamento de 2,5 toneladas de cassiterita, acondicionado em sacos de 50 quilos, roubados da residência do seu pai por um grupo vestido com coletes e roupas táticas policiais. “Smith”, que se apresenta como piloto de avião do garimpo, afirma que o minério não era seu, mas sim de Nilsinho de Jesus, ex-vereador de Ariquemes, em Rondônia. Ameaçado por Nilsinho, que não teria sido acreditado no roubo, recorreu aos serviços de segurança de Carlos Nascimento.
“Smith” e Nilsinho de Jesus não responderam aos contatos da reportagem.
Da cassiterita se extrai o estanho, também chamado de “ouro negro”, em alta no mercado por conta de sua utilidade para produzir ligas com alta resistência à ferrugem, além de compor acabamentos de veículos, vidros e telas de celulares.
Outros depoimentos de testemunhas ao longo das investigações envolveram “um militar de alta patente”, que seria o responsável por garantir o fornecimento de munições, armas e coletes, além de liberar policiais militares do serviço para trabalhos de segurança privada. O GLOBO apurou que o militar citado nos depoimentos e nas investigações em curso é o coronel Miramilton. As testemunhas foram convidadas para o serviço de proteção.
A arma roubada na casa do pai de “Smith” foi localizada por Carlos Nascimento em posse do policial penal Alyson Santana, suspeito no caso e acusado de tentativa de homicídio, ameaça e violência doméstica. Segundo as investigações, Santana seria um dos nomes por trás de um grupo responsável por roubar garimpeiros. Por meio de nota, o PM disse ter aberto um procedimento interno para apurar a presença de um agente no bando. Uma outra sindicância foi iniciada para investigar o envolvimento de PMs na tentativa de roubo de aeronave.
O GLOBO apurou que Carlos Nascimento se encontra foragido na Colômbia. Procurado, seu advogado afirmou não existirem “elementos concretos” de envolvimento no episódio que culminou na morte do soldado Ismael. Ele também negou que Carlos Nascimento realizasse segurança privada de garimpos e se abstivesse de comentar sobre o paradeiro de seu cliente.
Procurado pelo GLOBO, o delegado da Polícia Civil, João Evangelista, atual responsável pela investigação, confirmou que há uma purificação nesse sentido (sobre a constituição de milícia por policiais militares e grupo de extermínio), mas que não poderia “dar mais informações” e “nem citar nomes”.
Coronel foi visitado investigado pela PF Em outra investigação para desarticular uma facção criminosa com base na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, desta vez da Polícia Federal, o nome do coronel Miramilton volta a figurar em relações suspeitas. Um dos investigados pela PF é o agente penitenciário Renie Pugsley de Souza, filho do atual Comandante-Geral da PM.
Os dois fizeram ao menos três visitas irregulares ao interno Jonathan Novaes de Almeida, preso na Operação K’daai Maqsin, de 2019, que investigou uma organização responsável por vender armas e munições ilegalmente para garimpos e facções criminosas. Segundo a PF, Renie de Souza, que usava uma balaclava nas visitas, não estava lotado na unidade prisional e seu pai não apresentava vínculos com a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania.
Antes de ser preso, Jonathan Noaves de Almeida chegou a trabalhar no Centro de Formação de Vigilantes de Roraima, administrado pelo coronel Miramilton, de acordo com a PF. No momento, a empresa de segurança consta como inativa na Receita Federal. A investigação da PF revelou que o filho do coronel mantinha uma elevação financeira em suas contas bancárias, apesar de receber na época R$ 4 mil de salário.
Citados nas investigações, Alyson Barbosa, Renie Pugsley de Souza, Emilângelo Medeiros, Arnaldo Cinsinho Melville, Lucas Araruna e André Galúcio não foram localizados. O espaço segue aberto para manifestações.
AO GLOBO, por meio de nota, o coronel Miramilton afirmou que tanto ele quanto o filho se identificaram na visita ao preso investigado e que a “fala foi autorizada pelo chefe de plantação e devidamente registrada, sem ilegalidade nenhuma”. Miramilton, que é pastor missionário, diz que “à época o cidadão frequentava a mesma igreja com sua família”.
Confira a íntegra da nota do Comando da PM de Roraima:
“As alegações são inverídicas, sem fundamentos e não se sustentam quando colocadas diante dos mais de 34 anos na corporação, bem como sua vida pública e privada dedicadas à Segurança Pública do Estado de Roraima. Sempre prezou pela boa conduta social e respeito às leis, inclusive ao Estatuto e ao Código de Ética da Polícia Militar, que no Art. 21 diz que “Ao militar da ativa é vedado exercer a atividade de segurança particular e atividade comercial ou industrial (…)”. da Corporação, é ilógico que o Comandante possa promover que a tropa descumpra as normas internacionais tão caras para a hierarquia e a disciplina, basilares da existência da Polícia Militar de Roraima.
Serviços de escolta para o garimpo
Um dos garimpos que recebe serviços de segurança prestados por PMs fica localizado na região de Pupunha, dentro da terra indígena, segundo um relatório de inteligência obtido pelo GLOBO. O empresário Lidivan Santos dos Reis, de 39 anos, morador de Boa Vista, é apontado como dono do garimpo e muito próximo a policiais militares. Ele chegou a ser preso duas vezes por porte ilegal de armas, mas foi solto por decisão judicial. A primeira prisão foi dada no dia primeiro de fevereiro na Operação Hades, da Polícia Civil de Alagoas, que investiga um esquema de tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Na ocasião, foram encontrados em sua casa fuzis e escopetas de grosso calibre, além de veículos, relógios e joias, todos descobertos.
O empresário também teria ligações com o Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo as investigações da polícia. Na pista de pouso do garimpo, de acordo com o relatório de inteligência, ao menos uma vez por semana, um helicóptero pousa com um carregamento de drogas. Ainda de acordo com as investigações, o grupo de Lidivan é abastecido com armas e munições de calibre pesado pelos próprios policiais militares.
Lidivan chegou a ser preso novamente no último dia 19 de abril por porte ilegal de armas de fogo no município do Cantá, norte de Roraima. Com ele foram encontradas duas pistolas e um revólver, além de diversas munições. O carro em que estava Lidivan, uma picape S10, era pilotado pelo cabo Jan Elber Dantas Ferreira, hoje lotado no comando da PM no setor de Recursos Humanos, e apontado como amigo íntimo do empresário. A polícia investiga a atuação de Jan Elber no transporte de armas que abastece o garimpo.
Advogados de Lidivan Reis negam o envolvimento do cliente com o tráfico de drogas e afirmam que sua prisão temporária, que não chegou a ser renovada, foi um “equívoco”. Além disso, desconhecemos as alegações de envolvimento no garimpo ilegal e no uso de PMs para segurança privada. Procurado, Jan Elber disse ser amigo de Lidivan, mas negou envolvimento com qualquer tipo de crime e alegou nunca ter sido alvo de operação. Em nota, um PM disse ter aberto uma sindicância interna para apurar a conduta do agente investigado na Operação Hades.
Entre outros policiais citados no inquérito estão o soldado Samuel Ramos Gonçalves e o subtenente Emilângelo Medeiros, vulgo Mica. Procurado, o advogado de Samuel Gonçalves negou o envolvimento do cliente na tentativa de roubo de aeronave e afirmou que ele se encontrava no desfile de 7 de setembro da PM quando o episódio ocorreu. Citado como envolvido em pistolagem, Emilângelo Medeiros não foi localizado.
Em outra frente de investigação, que também apura a atuação de milícia e grupo de extermínio, três policiais militares foram presos na Operação Janus, deflagrada no último dia 17 de abril. São eles: o sargento Arnaldo Cinsinho Melville e os soldados Lucas Araruna e André Galúcio, acusados de confrontos simulados para cometer assassinatos por encomenda.
A segurança do governador está implicada O envolvimento de PMs em crimes dos mais diversos em Roraima ganhou um novo capítulo na semana passada. O capitão Helton John Silva de Souza foi identificado como uma das pessoas que apresenta no duplo homicídio de um casal de agricultores envolvidos em uma disputa por terras. Uma das vítimas chegou a ano em que foi abordada por homens que tentavam se apossar de suas propriedades. Na gravação à qual O GLOBO teve acesso, é possível, de acordo com as investigações, ouvir a voz do capitão Helton antes dos disparos matarem o casal. Helton John, no dia do crime, ainda era o coordenador da segurança do governador Antonio Denarium (PP). Ele foi retirado da carga seis dias após os assassinatos.
Em outro relatório obtido pelo GLOBO, a Polícia Civil diz ter confirmado se tratar da voz do capitão Helton John com colegas de trabalho e amigos do futebol. Segundo o documento, ao tomarem conhecimento do caso, pessoas próximas ao capitão “’vinculadas a contextos religiosos’ manifestaram profunda tristeza e decepção, reforçando a influência das acusações sem acusações de falsidade”.
Procurado, o PM disse ainda não ter sido oficialmente informado da participação do capitão Helton John no crime de duplo homicídio. Já a Casa Militar de Roraima confirmou a decisão de afastar o oficial após tomar conhecimento da investigação. O órgão esclarece que, no dia do crime, Helton John estava de folga.
O aumento da violência no estado pode ser atestado pelos números de mortes ocorridas em confrontos com a polícia. As investigações desses crimes apontam que muitos deles são forjados para simular confronto com PMs. Dados do Ministério Público de Roraima indicam que, entre 2021 e 2023, a letalidade policial cresceu 75%, após quatro anos em queda. Desde 2021, o contingente de policiais militares aumentou 43%, com a adição de 950 militares.
— De 2018 a 2021, houve uma redução significativa, de 60%. O ano de 2021 foi o menor índice recente. Mas, de lá para cá, ele aumentou significativamente (…) Essas mortes são sempre em confrontos com policiais militares — disse o promotor de Justiça Antonio Carlos Scheffer Cezar, responsável pelo controle externo da atividade policial e crimes militares.
Esta quarta-feira (8) é o último dia para regularizar a situação do título de eleitor ou tirar o documento pela primeira vez a tempo de votar nas eleições municipais de outubro. Encerrado o prazo, o cadastro eleitoral é fechado, sendo reaberto somente depois do pleito. Estão aptos a votar nas eleições deste ano todos que tenham completado 16 anos até 6 de outubro, data do primeiro turno. Segundo a Justiça Eleitoral, isso equivale a mais de 152 milhões de brasileiros. Eventual segundo turno, em cidades com mais de 200 mil habitantes, está marcado para 27 de outubro.
Encerra-se nesta quarta também o prazo para a transferência do domicílio eleitoral, caso o eleitor tenha mudado de endereço, indo morar em outro município, por exemplo. Vale lembrar que, neste ano, devido ao caráter local das eleições, não há possibilidade de voto em trânsito.
Quem precisa cadastrar a biometria junto à Justiça Eleitoral também tem nesta quarta a última oportunidade para realizar o procedimento. É possível ainda somente atualizar informações cadastrais, se necessário.
A data final de 8 de maio para alterações nos títulos eleitorais está prevista na Lei das Eleições, que determina o fechamento do cadastro eleitoral 150 dias antes da data de votação. O acesso ao sistema somente deverá voltar em 5 de novembro.
Neste ano, os eleitores vão votar para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador.
Primeiro título e biometria Quem vai tirar o seu primeiro título de eleitor precisa necessariamente comparecer a um cartório eleitoral para se alistar. Qualquer pessoa que tenha 16 anos na data da votação pode solicitar o documento que a qualifica a votar.
Também precisam comparecer ao cartório eleitoral mais próximo os eleitores que ainda não possuem o cadastro de biometria.
É necessário levar um documento de identificação, preferencialmente com foto, que pode ser o registro geral (RG) ou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), por exemplo. São aceitas certidão de nascimento ou de casamento.
Podem ser solicitados comprovantes de residência. No caso de homens que solicitam o primeiro título no ano em que completam 19 anos, é preciso apresentar certificado de quitação militar.
De acordo com a Constituição, o alistamento e o voto são obrigatórios a partir dos 18 anos de idade, e facultativos aos jovens de 16 e 17 anos, aos maiores de 70 anos e às pessoas analfabetas.
Transferência de domicílio Para a transferência de domicílio eleitoral, é necessário comprovar vínculo com a localidade em que o eleitor pretende votar. “Os vínculos podem ser residencial, afetivo, familiar, profissional, comunitário ou de outra natureza que justifique a escolha da localidade”, informa a Justiça Eleitoral.
O procedimento, nesse caso, pode ser feito pela internet, por meio da plataforma Título Net.
Para requerer a transferência, é necessário que o eleitor resida há pelo menos três meses no novo município e já tenha transcorrido, no mínimo, um ano da data do alistamento eleitoral ou da última transferência do título – estão isentos dessa condição os servidores civis e militares, bem como seus familiares, que tenham se mudado em função de transferência ou remoção.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira que o teor da medida provisória para viabilizar a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz depende do preço do produto no exterior.
Com a perspectiva de impacto da calamidade no Rio Grande do Sul no preço dos alimentos e na inflação, o governo anunciou ontem que a compra do produto no mercado externo seria feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O estado do RS responde por 70% da produção nacional.
– Ele (Lula) liga pra mim, para perguntar coisas do tipo: preço disso ou preço daquilo. Ontem ele estava falando do preço do arroz, da determinação que ele deu para o caso de importar arroz. Agora, se importar arroz, o preço de fora precisa estar mais baixo que o preço de dentro, se não você vai importar e o preço vai subir – disse Haddad, nesta manhã.
O consumo doméstico anual é de cerca de 10 milhões de toneladas. Haddad também informou que o próximo Plano Safra vai prever diversificação de culturas, a partir dos efeitos previstos com a situação criticas no Rio Grande do Sul.
– Nós vamos criar um mecanismo para fazer com que os estados diversifiquem um pouco a sua produção. Ou seja, não fique uma cultura concentrada em um estado só – declarou.
O ministro da Fazenda afirmou que o governo está trabalhando em diversas frentes em relação à crise no Rio Grande do Sul. Nesta semana, dois projetos para socorrer financeiramente o estado foram encaminhadas à Casa Civil e serão submetidas a Lula nesta quarta-feira.
Um desses projetos é sobre o pagamento das dívidas do RS com a União e outro que vai abrir uma linha de crédito facilitado, como direcionamento às famílias de baixa renda.
– A questão de uma linha de crédito subsidiada, com muita responsabilidade, é para permitir que as pessoas reconstruam suas vidas; do ponto de vista material muitas pessoas perderam tudo – disse.
Ontem, o Banco Central suspendeu a cobrança de devedores do Rio Grande do Sul por 90 dias. A autoridade monetária se juntou a outros órgãos federais em adoção de medidas extraordinárias para os gaúchos. A Receita Federal também prorrogou em três meses o prazo de entrega da declaração do Imposto de Renda 2024, além de adiar pagamentos de tributos por MEIs e empresas do Simples Nacional no Estado.
A Câmara dos Deputados gastou quase R$ 100 mil para seis deputados de partidos de esquerda viajarem a Cuba para participar das comemorações do Dia do Trabalhador, no 1º de maio, em Havana. Segundo dados da Câmara, viajaram a Cuba os deputados Fernando Mineiro (PT-RN), Lídice da Mata (PSB-BA), Alice Portugal (PCdoB-BA), Gervásio Maia (PSB-PB), Tarcísio Motta (PSol-RJ) e Marcio Jerry (PCdoB-MA).
Os parlamentares ficaram na capital cubana entre os dias 29 de abril e 3 de maio. Todos eles receberam diárias e tiveram as passagens aéreas pagas pela Câmara, totalizando um gasto de R$ 97,5 mil.
Houve, porém, variações no valor das passagens. Fernando Mineiro, por exemplo, informou à Câmara ter gasto R$ 8,4 mil no bilhete aéreo, enquanto os outros parlamentares informaram custo em torno de R$ 5 mil cada.
Segundo os deputados, o objetivo da viagem era participar de reuniões na Assembleia do Poder Popular, de encontros da Internacional de Solidariedade com Cuba e das celebrações do Dia do Trabalhador.
Confira os gastos de cada um dos deputados na viagem a Cuba: Fernando Mineiro (PT-RN) Diárias: R$ 10.169,28 Passagem: R$ 8.486,56
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil pode importar arroz e feijão na tentativa de mitigar os efeitos das chuvas no Rio Grande do Sul e o consequente impacto nas safras. A declaração foi dada nesta terça-feira (7) em entrevista à EBC (Empresa Brasil de Comunicação), em Brasília. Até o momento, 90 pessoas morreram em decorrência dos temporais.
“Com a chuva, eu acho que nós atrasamos de vez a colheita do arroz no Rio Grande do Sul. Portanto, se for o caso, para equilibrar a produção, a gente vai ter que importar arroz, a gente vai ter que importar feijão para que a gente coloque na mesa do povo brasileiro um preço compatível com aquilo que ele ganha”, afirmou Lula.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul divulgou na manhã desta terça-feira (7) que o número de mortes subiu para 90. Além disso, 155.741 pessoas estão desalojadas e mais de 1 milhão foram impactadas de alguma forma pelas chuvas. Outros quatro óbitos ainda estão sendo investigados. Dos 497 municípios do estado, 388 foram atingidos com as enchentes.
As chuvas afetaram a produção agrícola, principalmente de arroz, soja e trigo, além da pecuária. A logística foi comprometida, com estradas obstruídas por barreiras e pontes que caíram. Isso deve impactar, além do abastecimento do estado, os preços dos alimentos no país. Segundo economistas, a expectativa é um aumento de preços nesses produtos nas próximas semanas, devido à calamidade pública no estado.
O estado é o maior produtor do principal alimento do prato brasileiro — responde por cerca de 70% do total de arroz no país. Para este ano, a expectativa é colher 7,47 milhões de toneladas, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Apesar da colheita ter terminado em abril na maioria das lavouras, o produto deve ser o mais afetado.
“Acho que mesmo que essa tragédia tenha acontecido depois do auge da colheita, ficam os prejuízos e a dúvida de como vai ser a próxima, de como essa chuva compromete o solo, não só para arroz, como para outras culturas que são importantes. Chuvas nessa proporção impedem a colheita e impedem também o plantio. Isso atrasa ciclos produtivos, mas a gente só vai ter certeza do tamanho desse estrago quando a chuva finalmente baixar, porque vai depender da cultura”, analisa o economista André Braz, do IBRE/FGV.
O Rio Grande do Sul é grande produtor de alguns itens da alimentação dos brasileiros, por isso já se espera impacto na inflação e os principais especialistas estão revendo para cima a previsão de inflação de alimentos. O arroz é o principal item de impacto porque o Rio Grande do Sul produz 70% do que se colhe no Brasil. Como já foi informado aqui e m nota de Ana Carolina Diniz grande parte já foi colhida . Já Luciana Casemiro informa que o arroz estava na baixa em março e abril, mas agora certamente subirá. Já levantei no atacado. É por isso que o ministro Carlos Fávaro está falando em importar um milhão de toneladas. No arroz a produção brasileira não sobra, e às vezes é preciso mesmo importar.
Carne Suína – Os gaúchos também são grandes na produção de carne suína, quase 20% da produção nacional. Ana Carolina Diniz, do blog, conversou com a Associação Brasileira de Proteína Animal. Eles estão em contato com os produtores de suínos. A maioria das fábricas voltou a funcionar, mas com menos funcionários e com dificuldade de escoar a produção. Não haverá desabastecimento, mas pode comprometer em parte o abastecimento principalmente para o próprio Rio Grande que o grande mercado dos produtores locais. Eles também são exportadores. Operação de emergência: Em 6 dias de operação no Rio Grande do Sul, Bradesco Seguros recebe pedidos de indenização que ultrapassam R$ 100 milhões
Aves – Na avicultura eles produzem 11% da produção nacional, mas também em grande parte para exportação. Soja- Os gaúchos são produtores de soja, 15% da produção nacional, e também exportadores. Já colheram a maior parte da safra. Mas isso pode afetar o preço da ração animal ou que tem impacto no setor de carnes em geral. Mas não muito forte. Nota do blog mostra que 78% da safra já havia sido colhida. Os gaúchos podem ter perdido mais de 15% da safra.