O juiz Marcos Vinícius Pereira Júnior, da 1ª Vara de Currais Novos, condenou uma empresa de energia eólica a indenizar um morador da zona rural da Serra de Santana na quantia de R$ 50 mil pelos danos morais sofridos em razão da poluição sonora decorrente do excesso de som produzido por aerogerador instalado próximo a sua residência. O autor alegou que, em razão da construção e funcionamento de conjunto de torres eólicas acerca de 200 metros de distância de sua residência, seu imóvel residencial passou a apresentar trincas, fissuras e rachões, bem como que o barulho constante provocado pela rotação do aerogerador tem provocado danos morais diretos à sua pessoa. Perícia técnica realizada comprovou que os sons provenientes das máquinas do parque eólico gerenciado pela empresa geram incômodos na vizinhança. Desta maneira, o juiz entendeu que está presente o dever de indenizar, uma vez evidenciada a conduta ilícita da ré. “Destaco que os ruídos sonoros produzidos pelo funcionamento das torres de energia eólica captados na residência do autor são superiores ao permitido pela NBR 10.151 e pela Lei Estadual nº 6.621/94, gerando incômodo sonoro contínuo ao autor e sua família, especialmente no período de repouso noturno”, aponta a sentença. O magistrado destacou ainda o artigo 1º da referida Lei, que trata sobre o controle da poluição sonora em todo o Estado do Rio Grande do Norte, estabelecendo limites aos níveis sonoros: “É vedado perturbar a tranquilidade e o bem estar da comunidade norte-riograndense com ruídos, vibrações, sons excessivos ou incômodos de qualquer natureza emitidos por qualquer forma em que contrariem os níveis máximos fixados nesta Lei.” Marcus Vinícius Pereira Júnior registrou ainda que realizou inspeção judicial no local, onde pode constatar os danos. Ele destaca que a Serra de Santana é conhecida por proporcionar aos seus moradores a “tranquilidade do clima serrano, o silêncio e paz necessárias para uma vida feliz”, o que foi impactado para o autor da ação a partir da instalação de torres eólicas em desacordo com a lei. Em relação aos danos estruturais do imóvel, a perícia técnica constatou que os danos observados no imóvel são resultados da deterioração natural da edificação, agravados pela ausência de projeto estrutural do imóvel. “Em resposta aos quesitos das partes, o perito destacou que apesar do funcionamento e processo de frenagem dos aerogeradores provocarem vibrações, não é possível reproduzir sua intensidade a fim de averiguar os impactos supostamente provocados quando da instalação da torre geradora de energia eólica, não sendo possível, consequentemente, estabelecer o nexo causal entre os danos do imóvel e as torres eólicas”, observa o julgador, decidindo pela improcedência do pedido de indenização por danos materiais.
A Prefeitura de Ceará-Mirim, região Metropolitana de Natal, abriu inscrições para um concurso público com 378 vagas imediatas e 37 vagas de cadastro reserva, em cargos de níveis superior, médio e fundamental.
De acordo com o edital, os salários iniciais oferecidos variam de R$ 1.430 a R$ 10 mil. O prazo para as inscrições seguem até o dia 20 de maio, pela internet, por meio deste do endereço eletrônico. As taxas variam entre R$ 80 e R$ 140.
Os maiores vencimentos estão reservados para a posição de médico clínico geral, cujo salário ofertado é de R$ 10 mil, com uma carga horária semanal de 40 horas. Também está em oferta a oportunidade para o posto de procurador do município, com um salário inicial de R$ 6,3 mil.
Enquanto isso, o cargo com o maior volume de vagas é o de professor dos anos iniciais, com 32 vagas imediatas e 8 em reserva. O salário para essa posição é de R$ 3.322,98.
Circula entre políticos fluminenses um roteiro para evitar que Cláudio Castro siga o mesmo destino de cinco ex-governadores do Rio.
Em caso de derrota no Tribunal Regional Eleitoral, que julgará a cassação de seu diploma, o bolsonarista abriria mão de recurso em Brasília. Em troca, ganharia uma vaga no Tribunal de Contas do Estado, preservando o foro privilegiado.
O plano tem duas pontas a serem amarradas. A primeira é convencer um conselheiro do TCE a antecipar a aposentadoria. A segunda é a incerteza na sucessão estadual.
Se a Justiça cassar o diploma de Castro, o vice Thiago Pampolha também deverá perder a carga. Neste cenário, o deputado Rodrigo Bacellar assume interinamente, e os candidatos voltam às urnas para escolher um novo governador.
No mês de conscientização sobre o autismo, polêmicas em torno de um parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) e de um decreto do governo de São Paulo levantaram o tom da discussão sobre o que é uma educação inclusiva para crianças e adolescentes autistas.
Há debates sobre questões práticas, como a entrada ou não de acompanhamento para o aluno na sala de aula, mas o acirramento tem camadas mais profundas e conceituais sobre qual o papel da escola. E ainda carrega debates de correntes diferentes da Psicologia e da educação, que têm entendimentos diversos sobre o desenvolvimento humano.
O Parecer 50/2023, aprovado recentemente, prevê diretrizes para inclusão de autistas com base em pesquisas ligadas à análise do comportamento, área da Psicologia menos difundida no Brasil, mas prevalente em países como os Estados Unidos .
Como o próprio nome indica, é uma ciência focada no desenvolvimento por meio de mudanças no comportamento. O texto lista práticas que devem fazer parte do ambiente escolar, da formação de professores e dentes acompanha os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA ) .
Críticos do texto veem tentativa de impor uma abordagem médica na educação, que vai contra a função e a autonomia da escola. E ainda dizem que as recomendações atenderiam aos interesses do mercado.
Já o decreto paulista , editado na semana passada pela gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), autoriza que as famílias providenciem seus próprios acompanhantes para filhos com deficiência ou até mesmo que entrem nas escolas para dar o apoio.
Até especialistas desenvolvidos ao parecer do CNE discordam da medida porque tirariam a responsabilidade do Estado de provar esses profissionais. Outros argumentam que é a única forma, por ora, de ajudar famílias desesperadas para que os filhos sejam incluídos na escola.
O Brasil tem um arcabouço de legislações e regulamentações sobre a inclusão, a mais relevante delas é a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, de 2008, que prevê acesso em escolas regulares de crianças com deficiência, o que inclui o autismo.
Hoje há 634.875 estudos divulgados com TEA nas escolas públicas e particulares brasileiras, alta de mais de 1.400% nos últimos dez anos, segundo dados do MEC . Crianças no espectro autista têm alterações de neurodesenvolvimento que afetam, em geral, a comunicação, a linguagem, a interação social, os comportamentos e a aprendizagem.
Atualmente usa-se o termo espectro porque há diferentes graus de autismo, com características que podem estar presentes ou não em cada pessoa, com maior ou menor necessidade de apoio. Segundo o CDC americano (Centro de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês) , hoje uma em cada 36 crianças no mundo tem TEA.
Como está a inclusão no País Apesar de esses alunos estarem matriculados em escolas regulares – e não em instituições especializadas em cada deficiência, como era no passado, antes da difusão do conceito da inclusão – é consenso entre os dois lados que essa educação inclusiva não se eficazu como deveria.
O País não formou professores e outros profissionais em grande escala para atuar nas escolas. E ainda cresceu no período o número de docentes formados de forma precária; 60% hoje estão em cursos a distância.
O governo não tem sequer dados sobre quantos são no Brasil e qual a formação dos profissionais de apoio , que segundo lei de 2015, manteve a “função de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência” durante atividades escolares quando necessário. Além disso, há polêmicas sobre a existência de acompanhantes para esses alunos e se deveriam ajudar na mediação da aprendizagem.
Nos últimos anos, o País ainda deu passos para trás, dizem especialistas, quando houve tentativa na gestão Jair Bolsonaro (PL) de se voltar a investir em escolas especiais para crianças com deficiências.
Junta-se a isso um sistema público – onde está a maioria das crianças autistas – precarizadas, professores que trabalham em vários turnos, em salas superlotadas, carreira têm desvalorizadas, convivem com materiais e estrutura insuficientes e conflitos crescentes.
Tem havido reclamações frequentes de professores que dizem não saber lidar com autistas na sala de aula, em momentos em que eles se desregulam e entram em crises ou quando têm dificuldades de aprendizagem. Por outro lado, as famílias denunciam a recusa da matrícula, como o despreparo e o descaso dos profissionais das escolas com as crianças com TEA.
“A inclusão está acontecendo no País, os alunos estão em sala de aula, todos estudam com pessoas diferentes. Mas é a escola inclusiva que desejamos? Não há a menor dúvida de que a gente precisa melhorar”, diz a secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Zara Figueiredo , do MEC.
Segundo ela, o ministério abrirá ainda este ano 250 mil vagas de formação para professores em educação inclusiva, com uso de R$ 40 milhões, e criará oficinas para as famílias. O MEC está fornecendo diretrizes para a carga de apoio profissional e realizará um seminário internacional sobre o assunto em junho.
“Os currículos de licenciaturas e Pedagogia ainda têm lacunas significativas na formação para a inclusão efetiva, que tentaremos corrigir via formação continuada (para profissionais já graduados e em atividade) ”, diz Zara. Estados e municípios precisam aderir ao programa e liberar seus professores para os cursos.
É a Secadi que está agora discutindo em um grupo de trabalho, cujo relatório deve ficar pronto ainda este mês , recomendações sobre o chamado “parecer 50″ da CNE, que aguarda homologação do ministro da Educação, Camilo Santana (PT).
A inclusão está acontecendo no País, os alunos estão em sala de aula, todos estão estudando com pessoas diferentes. Mas é a escola inclusiva que desejamos? Não há menor dúvida de que a gente precisa melhorar
secretária da Secadi, do MEC, Zara Figueiredo
O assessor da CNE ou o MEC, mas tem autonomia para aprovar normativas. Para se tornar eficaz, no entanto, o documento aprovado em dezembro no conselho preciso do aval do ministro, que está há meses sem decidir. Neste mês de conscientização do autismo, o movimento #homologacamilo tem crescido nas redes e pressionado o ministro.
O mesmo grupo entregou a ele documento com cerca de 2,6 mil assinaturas de entidades ligadas a pessoas com deficiência, de apoio ao texto. Por outro lado, há pressões e cartas de repudio também de entidades e especialistas, pedindo que ele não homologe o parecer. Muitos são de movimentos sociais, alinhados à esquerda, o que complica mais ainda a decisão do MEC da gestão Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar das polêmicas, o presidente da CNE, Luiz Curi, diz que acredita que o ministro é “dedicado à escuta e ao consenso” e que dessa forma vai conduzir a análise do parecer.
O que diz o parecer do CNE O parecer 50/2023, intitulado Orientações Específicas para o Público da Educação Especial: Atendimento de Estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) , é construído com foco nas Práticas Baseadas em Evidências (PBE), termo da saúde para resultados de pesquisas que passaram por testes clínicos participantes de determinados critérios científicos.
A partir disso, há recomendações para que cada aluno tenha um Planejamento Educacional Individualizado (PEI), que descreva estratégias, recursos, avaliações e seus progressos. Segundo o relatório, ele deve considerar “evidências científicas” e “não pode ser posto em execução sem expressa anuência de pais ou responsáveis pelo estudante”. Uma das partes consideradas mais polêmicas é a que lista 28 práticas com evidências de efeitos positivos em crianças com TEA, com base em pesquisas internacionais – e indica que elas deveriam fazer parte da formação de professores e outros profissionais que atuam na escola. A maioria delas está ligada à Análise Comportamental Aplicada (ABA, na sigla em inglês), que utiliza técnicas para melhorar habilidades acadêmicas, funcionais, sociais e de comunicação. Entre as citações no relatório, estão o “reforçamento”, que é a “aplicação de uma consequência”, como um comentário elogioso, por exemplo, “após uma resposta dada pelo aluno que aumenta a probabilidade de ele emitir uma resposta no futuro em situações semelhantes”. Ou uma “análise de tarefa” em que se divide uma tarefa em “etapas pequenas e gerenciáveis” para que uma criança com TEA consiga realizar sem se desorganizar. Especialistas de outras áreas da Psicologia e da educação no Brasil – ligados à Psicanálise, à Psicologia social e ao Construtivismo, por exemplo – se opõem a essa abordagem focada no comportamento, a decisões tecnicistas e não inclusivas. Eles também entendem que a educação e o desenvolvimento da mente humana não devem ser medidos em testes com certos parâmetros.
Quem defende as práticas comportamentais diz que outras correntes não têm evidências científicas para o TEA justamente porque não passaram por testes clínicos planejados. Com o mesmo argumento, a psicanálise foi alvo de polêmica recente com o livroQue bobagem! Pseudociências e outros absurdos que não merecem ser levados a sério , de Natalia Pasternak e Carlos Orsi.
“Não adianta achar que uma criança autista não alfabetizada vai aprender oração subordinada só porque ela ou o professor quer”, diz Lucelmo Lacerda , um dos pesquisadores que participaram da elaboração do parecer no CNE, ao defender adaptações no ensino e práticas presentes no relatório.
Ele é professor de cursos de especialização em ABA numa instituição privada, ou que é visto com desconfiança pelos críticos do documento, que entende que há interesse mercadológico em sua defesa. Lucena afirma que o olhar tem critérios mais rígidos do que os cursos que ministram e que não é proprietário da instituição de ensino, apenas funcionário.
“São práticas testadas em escolas com evidências em vários países. O fato de se compartilhar processos entre a ciência e a educação não quer dizer que fazemos terapia na escola”, completa, sobre a crítica de que o documento estaria inserido indo práticas médicas na educação. Mais 10 especialistas, de universidades públicas e privadas, participaram da elaboração do parecer, que duraram cerca de um ano.
Acompanhantes, ATs e profissionais de apoio O visual indica ainda carga horária e abordagem de formações para profissionais que atuam com crianças autistas. Um deles é o acompanhante especializado , cuja figura também é motivo de debates intensos. Na lei de 2012, o acompanhante é citado como direito da pessoa com TEA em “casos de necessidade comprovada”, mas sem especificar suas funções.
O parecer traz outra novidade, decrescente que esses acompanhantes são diferentes dos profissionais de apoio, porque podem “avançar no auxílio às questões pedagógicas, sempre sob a orientação e supervisão (…) do Professor”. Os grupos contrários ao parecer condenam que os acompanhantes tenham qualquer função pedagógica na sala de aula e apenas se ocupem do cuidado.
“A relação do aluno precisa ser com o professor; ele tem de ser uma referência. A educação se faz nessas formas relacionais, no convívio”, diz Deigles Amaro , especialista em gestão educacional do Instituto Rodrigo Mendes , entidade que assina a carta de repúdio ao parecer.
Ela afirma que a educação inclusiva pressupõe que o professor conheça bem o estudante, como ele se relaciona, como compreende o espaço, quais são seus interesses, e considere isso ao ensinar. “Os estudantes são reais, não categorias diagnósticas. Não pensamos que deva haver formação para professores lidarem com autistas que digam: para o autista se faz tal coisa.”
No jargão de famílias e terapeutas da área, esses profissionais muitas vezes são chamados de acompanhantes terapêuticos ou ATs , nomenclatura que não aparece na legislação sobre inclusão.
Maria Aparecida Lopes, de 50 anos, se recusa a levar o filho Artur, de 12, para a escola porque entende que não há estrutura para incluir a criança com diagnóstico de TEA.
Ela avisou o conselho tutelar sobre a decisão e pede na Justiça um acompanhante, com base na legislação, para ficar na sala de aula com o menino, matriculado numa escola estadual de São Bernardo do Campo, no 6° ano. “Ele não está alfabetizado ainda e já não é fundamental 2. Meu filho precisa de um mediador, de material adaptado. Não adianta a professora só passar as coisas na lousa.”
A Secretaria da Educação paulista afirma que destacou um profissional de apoio, que ficaria responsável pelos cuidados de higiene, alimentação, locomoção do menino, e que assim já cumpre a lei federal. Afirma ainda que disponibiliza atendimento no contrato em sala de recursos. “Meu filho não pode ficar sozinho na sala de aula com 40 alunos. Ele tem crises, ninguém tem o menor conhecimento para ajudar”, diz Maria.
Sobre o decreto, a pasta diz que a medida “não substitui, tampouco limita os apoios, recursos e serviços” oferecidos pelo governo, como o profissional de apoio escolar, professores especialistas, materiais didáticos, entre outros.
Para a doutora em Psicologia da Educação, professora na área de Análise do Comportamento, Daniele Kramm , o acompanhante terapêutico não tem função clínica. “É o inverso. Ele acompanha a criança em ambientes naturais, em casa, na rua, na escola. É uma figura importante para favorecer uma acomodação, fazer a ligação entre a escola e a criança para que ela consiga aprender melhor”, diz.
Segundo ela, esse profissional ajuda na aprendizagem porque conhece a criança, sabe dos seus interesses, mas deve trabalhar em parceria com a equipe escolar.
Para a pesquisadora, que não teve participação no olhar do CNE, a figura do AT – com formação adequada – é “um avanço” para que exista inclusão “nas condições de ensino que se tem” no País e deveria ser oferecida por escolas públicas ou privadas quando há necessidade.
“Há escolas com metodologias pouco inclusivas, lotadas, com condições de trabalho e formação bastante insuficientes. Se fosse diferente, talvez o AT não fosse necessário”, completa.
Embora questione a participação de famílias e de comunidades escolares no parecer, Daniele acredita que o texto das especificações questões para que a inclusão ocorra de fato.
“Apesar da análise do comportamento ter conhecimento embasado cientificamente para a formação dos profissionais para lidar com TEA, tem forte resistência das escolas porque há equívocos sobre como ela funciona”, afirma.
“Dizem que ela só se importa com o que é observável, que não leva em conta pensamentos, sentimentos. Não é verdade. Ela tem uma dimensão de validade social, com o princípio de melhorar a vida do sujeito e não algo que fique só na teoria.”
Denúncias Na profusão de normas e conceitos, com escolas sem estrutura e formação, e aumento de diagnósticos, surgem ainda denúncias de um mercado do autismo. Clínicas e profissionais que oferecem análises ou ATs com formação precária, estagiários residentes como acompanhantes ou preços exorbitantes para horas e horas de terapia, sem que as famílias entendam as reais necessidades da criança.
A deputada estadual Andrea Werner (PSB), ativista e mãe de um adolescente com TEA, afirma receber diariamente quantidades de denúncias de escolas que recusam matrícula ou não oferecem apoio e impedem que acompanhantes dos alunos participem do ambiente escolar. Como as normas não são claras sobre o acompanhante, tem crescido a judicialização.
“Não faz menor sentido a escola impedir um profissional que vai ajudar uma criança. A realidade é de escolas lotadas, com cinco autistas numa sala, outras deficiências. Muitas vezes a criança fica meia hora na escola e liga para a mãe buscar ou chamar a polícia porque o aluno entrou em crise”, diz.
Andrea é a favor do decreto do governo que permite que as famílias levem acompanhamentos pagos por elas para atuar na escola. “Claramente não está dando certo, o Estado não está oferecendo esses profissionais. É óbvio que a educação tem questões estruturais, mas enquanto não resolve isso tudo, o que dá pra fazer agora?” Na rede estadual paulista, há atualmente 8,4 mil profissionais de apoio e 80 mil crianças com deficiência.
O texto do decreto, no entanto, permite também que esse atendente pessoal seja um “membro da família”, o que levou a uma enxurrada de críticas sobre a permissão da mãe ou do pai estar dentro da sala de aula. Andrea e todos os especialistas ouvidos na reportagem discordam dessa possibilidade.
O decreto ainda precisa ser regulamentado pela secretaria para entrar em vigor, mas também há fortes evidências relatadas à ideia de permitir que os pais custeiem sejam profissionais de apoio à criança.
“Além de empurrões para a família o que é a responsabilidade do Estado, há questões trabalhistas, com uma pessoa dentro da escola, cujo vínculo é com a família. Quem responde por eventuais situações que aconteçam lá, como assédio?”, questiona Mariana Rosa , cofundadora do Instituto Cáue, uma das entidades que integram o grupo do MEC para analisar o parecer 50 e também assinam a carta de repúdio ao documento.
Papel da escola Entre os críticos do parecer e do decreto paulista, há em comum a defesa de um modelo social de inclusão, não focado nas especificidades de cada deficiência e que entende que a escola precisa se adaptar ao estudante e não o contrário.
“É preciso entender que uma criança com TEA se comporta daquele jeito porque houve algo no ambiente que disparou aquilo, tem de cuidar do ambiente. Foi ruído, falta de sensibilidade? Não é olhar só para o comportamento dele, querer que seja mais normal”, afirma Mariana.
Segundo ela, é função de todos na escola, professor, gestor, cantineira desenvolver habilidades em conjunto para isso, em diálogo com outras áreas, como o SUS, por mais que “pareça utópico”.
A psicóloga, professora e pesquisadora no campo da saúde mental e direitos humanos do Mackenzie, Flavia Blikstein , tem opinião semelhante. Para ela, medidas como o parecer e o decreto pretendem desmontar políticas de inclusão sob o pretexto de que nunca funcionaram, quando, na verdade, sequer foram rompidas totalmente por falta de investimento necessário.
“Usa-se esse argumento para retomar uma lógica anterior que pressupõe discursos da especificidade, ou seja, o autista é tão específico que precisa de determinada prática. Como se isso não valesse para todas as crianças. Elas têm especificidades e isso não deve deixá-las fora do contexto escolar e da vida”, completa.
Para ela, essa lógica desemboca numa defesa de instituições específicas para as crianças com deficiência, como ocorria antes da inclusão, o que “rompe totalmente com a visão do direito à infância”.
O conceito de inclusão ganhou força a partir dos anos 1990 no mundo, quando organismos internacionais passaram a olhar pessoas com deficiência pela ótica dos direitos humanos e da educação. Surgem então discutiu sobre equiparar oportunidades, com acesso a trabalho, educação, cultura, lazer – em substituições à lógica da segregação.
Em 2006, esses conceitos foram organizados na Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, na Organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é signatário. A partir disso, vieram as leis e normas brasileiras mais específicas.
O temor das famílias e de alguns especialistas é de que a polêmica só atrase mais ainda os avanços necessários para se fazer uma escola mais inclusiva. “A gente diverge na estratégia de abordagem, mas não na urgência”, afirma Mariana Rosa. “Mas a divergência cria insegurança e pode fazer as mudanças mudarem ainda mais.”
Mais de 11 milhões de pessoas usa algum tipo de medicamento para conseguir pegar no sono, no Brasil, é o que aponta uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Insônia pode desencadear abuso de medicamentos para dormir De acordo com os especialistas, o brasileiro está dormindo cada vez menos e o uso prolongado de medicamentos para insônia pode trazer mais riscos que benefícios.
Um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) mostrou que, atualmente, 72% dos brasileiros sofrem com problemas para dormir, a famosa insônia.
Entre as consequências das noites mal dormidas estão:
Cansaço; Irritabilidade; Falta de concentração na manhã seguinte; Risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade; Predisposição a distúrbios psiquiátricos como depressão e ansiedade.
Milca Abda de Morais é biomédica e especialista em sono, e alerta para os perigos associados ao uso indiscriminado e prolongado de medicamentos para insônia.
“Esses medicamentos geralmente agem no Sistema Nervoso Central. Com o tempo, eles podem gerar não só uma dependência química, como também psíquica. A pessoa pode também desenvolver tolerância, situação em que ela precisa de doses cada vez mais altas do medicamento para obter o mesmo efeito”, explica.
Em geral, as substâncias são prescritas pelos médicos para uso em períodos mais curtos e associadas à terapias não-medicamentosas, como: psicoterapia, higiene do sono e atividades físicas.
Os remédios são mais indicados para pacientes que sofrem com quadros crônicos de insônia, por isso não podem ser consumidos por qualquer pessoa e sem o acompanhamento de um especialista.
“Não adianta a pessoa fazer o uso de medicamentos para insônia se ela não faz a higiene do sono. É importante que pessoas que apresentam dificuldade para dormir considerem também outras alternativas, como terapia e exercícios físicos”, defende Milca.
Além disso, as substâncias também podem gerar uma série de efeitos colaterais adversos como sonolência excessiva durante o dia, tonturas, problemas de memória e concentração, e até mesmo alterações de comportamento durante o sono, como sonambulismo.
Na corrida da inteligência artificial (ou IA), gigantes americanas como Microsoft, Nvidia e OpenAI definitivamente tomaram a frente. Mas isso não significa que o páreo pela liderança desse mercado já tenha ganhadores definidos. Do outro lado do mundo, a China acelera para tentar alcançar o objetivo ambicioso de liderar essa tecnologia até 2030. Um plano de Estado para o setor, um enorme mercado consumidor, grandes bases de dados e a excelência científica estão entre as vantagens competitivas da gigante asiática. Para liderar em IA, porém, Pequim precisa de desafios dribles como a dependência externa de chips e o atraso na criação dos chamados grandes modelos de linguagem (LLMs, pela sigla em inglês).
O cenário tem criado uma nova trincheira na longa e acirrada disputa comercial entre China e Estados Unidos , em uma espécie de Guerra Fria da IA, que envolve, por exemplo, bloqueios americanos para a venda de chips avançados ao país asiático.
— A China há muitos anos é tratada como a principal ameaça à hegemonia americana. A inteligência artificial se torna uma das facetas dessa disputa — resume a pesquisadora Luiza Nonato, doutora em Relações Internacionais pela USP.
Um plano de governo A meta pública chinesa de alcançar a hegemonia em IA foi definida por Pequim em 2017, muito antes do assunto se tornar estratégico para o restante do mundo, na esteira do rápido sucesso do ChatGPT.
O objetivo foi reafirmado pelo Partido Comunista Chinês (PCC) no Plano Quinquenal que traça metas até 2025. O documento coloca a IA entre os sete domínios tecnológicos estratégicos para o crescimento socioeconômico da China.
Para desenvolvê-lo, o país estabelece que o orçamento nacional em pesquisa e desenvolvimento deve crescer 7% a cada ano até lá. A meta é que, com a ajuda da IA, a economia digital passe a representar 10% do PIB chinês.
— A China é um dos poucos países que não só entendeu a relevância da IA para seu próprio desenvolvimento como também planejou e já está descobrindo, há quase uma década, esse plano para ser uma potência mundial na área — destaca Luca Belli, professor da FGV Direito Rio e coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Instituição.
O jogo dos seis erros da inteligência artificial
Uma das principais vantagens competitivas chinesas é a formação científica. Em 2019, 29% dos pesquisadores de alto nível em IA, no mundo, eram chineses. Três anos depois, eles representam a metade da elite global que desenvolve a tecnologia, segundo o pensamento da MacroPolo.
Com investimento em formação de pessoas e um mercado de 1,5 bilhão de consumidores, a China tem se beneficiado de um ambiente fértil para testar e implementar novas tecnologias de IA em escala — desde sistemas públicos de reconhecimento facial até os carros autônomos que circulam nas grandes cidades do país.
A ambição chinesa para liderar a IA, no entanto, ainda enfrenta obstáculos. A dependência externa de semicondutores avançados, principalmente dos EUA e de seus aliados, é um dos principais.
Otaviano Canuto, membro sênior do Policy Center for the New South e ex-diretor executivo do Banco Mundial, diz que a batalha força a China a criar estratégias locais para ter independência externa em peças fundamentais para o mercado da inteligência artificial:
— Estamos vendo uma batalha tecnológica no céu aberto entre as grandes potências globais. E, nesse caso, a China vai precisar subir a escada por conta própria. Eles não vão poder pegar carona no resto do mundo.
Essa é uma disputa que vem esquentando conforme avançam, em paralelo, o poder dos sistemas de IA e a demanda por semicondutores. Em outubro do ano passado, o presidente Joe Biden restringiu ainda mais as regras que barram a venda de chips para a China, com limitações estratégicas destinadas a serem usadas nas IAs. Os bloqueios ao país ocorreram em 2022.
Em resposta, Pequim ampliou o investimento em pesquisa e desenvolvimento no setor. Para este ano, o país prepara o lançamento do seu fundo maior para financiar o desenvolvimento de chips de ponta, no valor de US$ 27 bilhões, segundo revelou a Bloomberg no mês passado.
‘Valores Socialistas’ O modelo chinês de governança de IA é outra barreira para o país. Aprovada no ano passado, a regulação chinesa para as IAs generativas – aquelas que produzem textos e imagens a partir de comandos dos usuários – é simbólica desse entrave. O texto prevê aplicação de multa para empresas que criem serviços que não incluam “aos valores fundamentais do socialismo”, de acordo com o documento.
A tentativa, no fim, é de controlar o tipo de conteúdo gerado por esses serviços, avalia Dora Kaufman, professora da Pós-Graduação de Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP e autora do livro “Desmistificando a Inteligência Artificial”:
— Foi aí, com a IA generativa, que a China perdeu o bonde. O controle rígido e a orientação do partido comunista chinês desencorajaram a inovação e a experimentação. Ficou quase impossível competir com as alternativas americanas.
Em contraste com as restrições chinesas, os EUA deixaram florescer um mercado de IA diante da ausência completa de regulação. Liderados pela OpenAI (do ChatGPT), os modelos americanos passaram a dominar o mercado de grandes modelos de linguagem.
Investimento público x privado Para Luca Belli, do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV, a China “estava na trajetória” para superar os EUA no desenvolvimento da IA. O movimento, no entanto, foi impulsionado por uma série de regulamentações e decisões restritivas ao setor de tecnologia.
A diferença de abordagem entre EUA e China para IA ajuda a explicar a distância entre os dois países no fluxo de investimento privado para o setor. Em 2023, startups americanas de inteligência artificial receberam US$ 31 bilhões em transportes, 15 vezes o registrado na China. A falta de investimento privado para o gigante asiático, no entanto, é compensada pelo esporte pesado do governo nas empresas de tecnologia do país, lembra Dora:
— O processo de desenvolvimento da IA pela China está bem distante dos Estados Unidos, onde as big techs lideram. Na China, tudo acontece a partir de uma estratégia definida pelo governo.
Com financiamento governamental, a China vem apostando em seu próprio clube de big techs, conhecido pela sigla BATX (Baidu, Alibaba, Tencent e Xiaomi) para tentar quebrar o domínio americano. Aliadas a elas, estão também startups como a 4Paradigm e a 01.AI. Todos lançaram, no último um ano e meio, concorrentes ao ChatGPT.
Enquanto isso, no Brasil Enquanto China e EUA disputam a hegemonia em IA, países emergentes como o Brasil têm se destacado, principalmente, como consumidores de tecnologia. Para mudar o quadro, não existe outro caminho a não o investimento consistente em tecnologia e inovação, avalia Belli:
— Sem colocar bilhões em pesquisa e desenvolvimento, é impossível ser liderança em IA.
Um estudo da Universidade de Oxford, que avalia a disposição de governos para implementar os IAs, posiciona o Brasil na posição 36º entre 193 países – os Estados Unidos lideram a lista, enquanto a China aparece em 16º lugar.
Para Otaviano Canuto, do Policy Center for the New South, o Brasil pode aproveitar vantagens competitivas trazidas pela inteligência artificial mesmo não sendo um produtor da tecnologia:
— O impacto positivo em termos de produtividade da IA é onde ela é aplicada. Então o fato de você ter o grosso da IA produzido em um determinado país não significa que os beneficiários, em termos de aumento de produtividade, não sejam os usuários de outros lugares.
O advogado e cientista político Diego de Lima Gualda, 40, renunciou ao posto de administrador do braço brasileiro do X (ex-Twitter) em meio às ameaças de Elon Musk, dono da plataforma, de descumprir ordens judiciais no país.
A ficha cadastral da empresa na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) registra, na quarta-feira (10), carta de renúncia de Gualda datada de dois dias antes, em que ele deixa as funções de administrador e representante da empresa.
Não consta do documento, até a noite desta sexta (12), o nome de um novo responsável.
Na última terça-feira (9), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes havia negado pedido do X no Brasil para que a responsabilidade por eventual desobediência a decisão judicial fosse atribuída ao X internacional.
Os advogados do braço brasileiro da empresa argumentaram que o escritório no país não teria “capacidade alguma para interferir na administração e operação da plataforma, tampouco autoridade para a tomada de decisões relativas ao cumprimento de ordens judiciais nesse sentido”.
Moraes negou a postulação, dizendo que ela beirava a litigância de má-fé.
Ele lembrou que a plataforma se submeteu a determinações judiciais brasileira por anos, além de participar de reuniões tanto no STF como no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a respeito da instrumentalização criminosa das redes sociais no processo eleitoral.
Em outro trecho da decisão, ele afirma que “as consequências de eventual obstrução da Justiça, ou de desobediência à ordem judicial, serão suportadas pelos administradores” do X Brasil.
Conclui dizendo não haver dúvidas da integral responsabilidade jurídica civil e administrativa da empresa, “bem como de seus representantes legais, inclusive no tocante a eventual responsabilidade penal, perante a Justiça -brasileira”.
Na decisão, Gualda foi citado em dois trechos, como procurador das duas empresas que compõem a sociedade limitada Twitter Brasil (hoje X Brasil).
Ele havia assumido o posto em 17 de agosto passado, segundo o documento da Jucesp, quando Fiamma Zarife deixou a empresa. Ex-líder do Twitter no Brasil e na América Latina, ela havia saído meses antes para virar diretora-geral do AirBnb para a América do Sul.
Na noite desta sexta-feira, em seu perfil no Linkedin, Gualda colocava que ficou no X até abril de 2024.
Ele chegou à rede social em 2021, após passar dois anos no escritório Machado Meyer, quase um ano e meio como chefe do departamento legal da 99, cinco no Yahoo e 6 no Yahoo! Brasil.
Pessoas que trabalharam com ele afirmaram à reportagem que ele tem perfil discreto e exaltaram a sua formação.
O advogado tem duas graduações – em ciências sociais na USP e em direito no Mackenzie – e fez mestrado em ciência política pela USP, onde tratou da obra do filósofo canadense Charles Taylor.
Seu nome apareceu nos últimos dias no chamado “Twitter Files [arquivos do Twitter] – Brazil”, nome dado pelo jornalista e ativista Michael Shellenberger a postagens no X com uma série de críticas a Moraes.
Ele insere nas publicações o que seriam emails de funcionários da plataforma relatando demandas de autoridades brasileiras antes de Musk assumir a empresa. Em um deles, um representante do Twitter cita determinação às redes para que os algoritmos deixem de recomendar conteúdos que desacreditem o sistema eleitoral e que forneçam dados sobre eles.
Em uma das mensagens, de agosto de 2021, Gualda diz, em inglês, que “há um forte componente político com essa investigação e a corte [TSE] está tentando colocar pressão” para o cumprimento de decisões.
A reportagem o procurou por email e mensagem de WhatsApp, mas não obteve retorno.
Foi após a divulgação do “Twitter Files” que Musk passou a atacar Moraes e ameaçou reabrir perfis bloqueados por ordem judicial.
Em reação, o ministro o incluiu no inquérito das milícias digitais e decidiu que o X deveria se abster de qualquer reativação de perfil com bloqueio judicial, sob pena de multa diária de R$ 100 mil por perfil e responsabilidade por desobediência dos responsáveis legais pela empresa no Brasil.
A possibilidade de funcionários do Brasil serem punidos havia sido aventada por Musk, em postagem na segunda-feira (8).
“Precisamos levar nossos funcionários para um lugar seguro ou então não em uma posição de responsabilidade” antes de fazer uma extração de dados, publicou. “Eles foram informados que serão presos.”
Antecedentes
A punição de um administrador de uma big tech no Brasil não seria novidade.
Em 2012, o então diretor-geral do Google Brasil, Fabio Coelho, foi detido em São Paulo pela Polícia Federal, sob suspeita de crime de desobediência pelo fato de o YouTube não ter excluído do dois vídeos com ataques a um então candidato a prefeito de Campo Grande.
Na ocasião, o executivo foi autuado e liberado no mesmo dia, por se tratar de crime de menor potencial ofensivo.
Já Diego Dzodan, então vice-presidente do Facebook para a América Latina, passou em 2016 uma noite no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, em São Paulo, sob acusação de não colaborar com investigações a respeito de conversas no WhatsApp, que pertence ao Facebook.
A defesa do executivo argumentou que a colaboração não era possível devido à criptografia das conversas no aplicativo, e posteriormente o STJ (Superior Tribunal de Justiça) trancou a ação.
Segundo Mauricio Dieter, professor de direito penal da USP, em tese o administrador do braço brasileiro de uma plataforma pode responder, em caso de descumprimento de ordem judicial, pelos crimes de desobediência (pena de detenção de 15 dias a 6 meses) ou de desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (de 3 meses a 2 anos).
Além disso, estaria sujeito a multas e a medidas cautelares, caso haja o entendimento de que esteja impedindo a investigação, o que incluiria em tese até uma prisão temporária.
O advogado Fabio Veras, por sua vez, diz que seria mais fácil conseguir a responsabilização de um administrador brasileiro do que a de Musk. Mas isso não impediria a matriz internacional do X de eventualmente reativar as contas suspensas sob ordem judicial.
“O pior que possa acontecer com um administrador brasileiro não seria suficiente para atender intenção original do tribunal”, afirma.
Um dia após o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de “incompetente” e “desafeto pessoal”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o aliado e disse que pretende mantê-lo no cargo por “muito tempo”.
A declaração de Lira ocorreu durante evento no Paraná, enquanto respondia sobre a votação de quarta no plenário da Casa, que manteve preso o deputado Chiquinho Brazão, apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco. De acordo com Lira, informações sobre uma suposta interferência dele, junto a deputados, a favor da soltura de Brazão partiram de Padilha.
Em evento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores em São Paulo, Lula elogiou os ministros presentes no palco, Fernando Haddad (Fazenda), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio Padilha, elencando qualidades de todos eles, e defendeu a atuação da pasta das Relações Institucionais.
— Quero agradecer ao companheiro Padilha. Ele está no cargo que parece ser o melhor do mundo no primeiros seis meses. Mas é que nem casamento. É tudo maravilhoso nos primeiros seis meses, (quando) o casal ainda está se descobrindo. E aí chega um momento que começa a cobrar, e o Padilha está na fase da cobrança. Eu dizia esse é o tipo de ministerio em que a gente troca (o ministro) a cada 6 meses. Mas só de teimosia o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministerio, porque não tem ninguém melhor para lidar com o Congresso Nacional que o Padilha — afirmou Lula.
Professores de diversas universidades e institutos federais aprovaram greve, reivindicando reajuste salarial e equiparação dos benefícios dos servidores públicos federais àqueles concedidos ao Legislativo e Judiciário, ainda em 2024. Os servidores técnico-administrativos de pelo menos 30 institutos federais já estão em greve há um mês.
Até o momento, são pelo menos dois institutos federais e uma universidade em greve. Além disso, há sete universidades em estado de greve (podem entrar em greve a qualquer momento) e 17 universidades e dois institutos com greve marcada para segunda.
Os professores de instituições federais pedem que o reajuste salarial seja de 22%, dividido em três parcelas iguais de 7,06% em maio de 2024, 2025 e 2026. Já os servidores técnico-administrativos pedem por um reajuste maior, de 34%, também dividido em três parcelas em 2024, 2025 e 2026.
Segundo o sindicato da categoria, os porcentuais correspondem às perdas salariais desde o governo do ex-presidente Michel Temer, em 2016, até dezembro de 2023, acrescidas das projeções inflacionárias de 2024 e 2025.
A proposta do governo é de que não haja reajuste salarial em 2024, mas há como contraproposta o aumento de benefícios e auxílios pagos aos funcionários públicos, sendo o principal deles o auxílio-alimentação com 52% de aumento, de R$ 658 para R$ 1.000.
Os valores do auxílio-creche e do auxílio-saúde seriam reajustados, conforme proposta do governo, em 51% para todos os servidores públicos federais ativos. “Apenas o aumento do auxílio-alimentação resultaria em ganho de renda de mais de 4,5% para mais de 200 mil servidores ativos – que são os que ganham até R$ 9 mil mensais”, afirma o Ministério de Gestão e Inovação.
Sem acordo
O governo chegou a propor dois reajustes salariais de 4,5%, um em 2025 e outro em 2026, “que somados aos 9% já concedidos (no ano passado), representariam recomposição salarial de 19%, o que ficaria acima da inflação projetada para o período”, segundo informou a pasta.
A oferta dos dois reajustes de 4,5% para os próximos anos foi rejeitada pelo sindicato, que quer a recomposição salarial ainda em 2024.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Até chegarem nas vitrines de gigantes como Zara e H&M, calças, bermudas, camisetas e meias de algodão deixam para trás um rastro de desmatamento, grilagem de terras e violação de direitos humanos no Brasil. Para o consumidor, as peças parecem acima de qualquer suspeita: a maioria estampa um selo de produção sustentável.
A denúncia faz parte do relatório Fashion Crimes da organização Earthsight, publicado nesta quinta-feira (11/04). Ao longo de um ano, uma investigação detalhada focou nos negócios que conectam as lavouras do Brasil, quarto maior produtor da commodity no globo, às marcas europeias.
A ONG analisou o caminho percorrido por 816 mil toneladas de algodão com a ajuda de imagens de satélite, registros de envios de mercadoria, arquivos públicos e visitas às regiões produtoras.
Segundo o relatório, essa matéria-prima foi destinada especialmente a oito empresas asiáticas que, entre 2014 e 2023, fabricaram cerca de 250 milhões de itens para as lojas. Muitos deles, alega a investigação, abasteceram marcas como H&M e Zara, entre outras.
“É chocante ver estas ligações entre marcas globais muito reconhecidas, mas que, ao que tudo indica, não se esforçam o suficiente para ter controle sobre estas cadeias de fornecimento, para saber de onde vem o algodão e quais tipos de impacto ele provoca”, diz Rubens Carvalho, chefe de Pesquisa sobre Desmatamento da Earthsight, à DW.
Crimes no Cerrado
O problema, afirma a ONG baseada no Reino Unido, está na origem da matéria-prima. O algodão exportado sai principalmente do oeste da Bahia, região imersa no Cerrado brasileiro muitas vezes desmatado ilegalmente para ampliar o cultivo. Em alta, o corte desta vegetação dobrou nos últimos cinco anos, segundo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Dentre os casos analisados no relatório, está o grupo SLC Agrícola. Fundado em 1977 no Rio Grande do Sul, o grupo diz ser responsável por 11% do algodão brasileiro exportado (safra 2019/2020).
O estudo da Earthsight também diz que, nos últimos 12 anos, estima-se que 40 mil campos de futebol de Cerrado tenham sido destruídos dentro das fazendas do SLC. Em 2020, a empresa, que também planta soja, foi apontada como a maior desmatadora do bioma, calculam pesquisadores do Chain Reaction Research.
Em 2021, o SLC se comprometeu junto a fornecedores com uma política de desmatamento zero. Um ano após a promessa, um relatório da Aidenvironment identificou o corte de 1.365 hectares de Cerrado dentro das propriedades que cultivam algodão, o equivalente a 1.300 campos de futebol. Quase metade estava dentro da reserva legal.
Uma consulta feita pela Earthsight no banco de dados do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) mostra mais de R$ 1,2 milhão de multas aplicadas por infrações ambientais desde 2008 nas fazendas do grupo no oeste da Bahia.
Uma das acionistas da SLC é a britânica Odey Asset Management. Em 2020, em uma entrevista para o diário britânico Financial Times, o fundador da empresa disse que arcar com as penalidades ambientais no Brasil era algo corriqueiro como “pagar multas de trânsito”.
Questionado, o grupo afirmou por meio de nota à DW que “todas as conversões de área com vegetação nativa da SLC seguiram os limites estabelecidos por lei”. Especificamente sobre a área desmatada em 2022 apontada no relatório da Aidenvironment, a empresa diz que a destruição se deu por “um incêndio natural, não ocasionado para a abertura de novas áreas para produção”.
Sobre as multas aplicadas pelo Ibama, a SLC Agrícola diz ter recorrido administrativamente de todas as autuações. “As multas que foram objeto de recurso estão em tramitação e não houve, até o momento, um julgamento definitivo”, diz a nota.
“Grilagem verde”
Outro grupo analisado em detalhes é o Horita, original do Paraná e atuante na Bahia desde a década de 1980. Dentre as várias denúncias feitas pela Earthsight está a chamada grilagem verde: imposição de reservas legais, ou áreas de preservação de propriedade privada, em zonas onde vivem comunidades tradicionais. A manobra impede que famílias realizem atividades de subsistência e, nos piores casos, permaneçam nas terras.
O conflito fundiário entre as famílias geraizeiras, como se identificam essas comunidades tradicionais na região, e fazendeiros data de 1970. Na década seguinte, a companhia Delfin Rio compra terras e registra o empreendimento como Agronegócio Condomínio Cachoeira do Estrondo. Segundo a Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais do estado (AATR), o grupo Horita é um dos sócios do complexo de fazendas.
Em 2017, as famílias geraizeiras da zona rural de Formosa do Rio Preto, no oeste baiano, ajuizaram uma ação contra a Estrondo por grilagem de terra e ganharam, em caráter liminar, a posse coletiva de 43 mil hectares que o empreendimento dizia ter comprado. A maior parte está no coração da Matopiba, zona de expansão do agronegócio que integra os estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, habitada há mais de 200 anos pelos geraizeiros.
Em 2019, a Operação Faroeste da Polícia Federal revelou um conluio do alto escalão do magistrado baiano para favorecer fazendeiros na mesma região. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), um esquema de compra de sentenças teria movimentado cifras bilionárias em disputas de terras e tinha participação de magistrados, empresários, advogados e servidores públicos. Walter Horita, um dos fundadores do grupo, é um dos réus no processo, ainda em julgamento.
Um dos magistrados acusado de vender sentença para grileiros, segundo a Operação Faroeste, atuou na ação que julgava a posse coletiva dos geraizeiros. Segundo a AATR, a liminar a favor das comunidades só passou a ser cumprida após o afastamento e prisão do juiz.
Procurado pela DW, o Grupo Horita declarou nesta quarta-feira que “aguardará a divulgação do relatório para qualquer nova manifestação, para além das que já foram proferidas pelo seu departamento jurídico, em resposta às acusações da ONG”.
“Todas as alegações negativas contra o Grupo Horita constantes da Carta da Earthsight, datada de 23/08/2023, como supostos ‘achados’, não correspondem à verdade”, diz um trecho da resposta enviada à ONG.
Rota até as marcas europeias
Durante a investigação, a Earthsight seguiu a rota de 816 mil toneladas de exportações de algodão que saíram da SLC Agrícola e Grupo Horita entre 2014 e 2023 para os principais destinos: China, Vietnã, Indonésia, Turquia, Bangladesh e Paquistão. Com base em dados que permitem rastreio – o que não ocorre no caso chinês –, as pistas levaram a oito fabricantes de roupas na Ásia.
odas as intermediárias identificadas (PT Kahatex, na Indonésia; Noam Group e Jamuna Group, em Bagladesh; Nisha, Interloop, YBG, Sapphire, Mtmt, no Paquistão) fornecem produtos acabados a marcas como Zara e H&M, segundo aponta a ONG.
“O algodão que associamos aos abusos de direitos à terra e ambientais na Bahia tem certificação Better Cotton. Essa iniciativa falhou em impedir que este algodão chegasse aos consumidores preocupados”, afirma o relatório da Earthsight.
Criada em 2009 pela indústria e outras organizações, incluindo a WWF, a iniciativa criou um selo para atestar a origem da matéria-prima no intuito de garantir qualidade e respeito ao meio ambiente. No Brasil, segundo dados da Better Cotton, há 370 fazendas certificadas em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Em 2018, uma análise feita pela Changing Markets Foundation, organização que visa alinhar mercados a padrões de sustentabilidade com sede na Holanda, sobre certificadoras apontou problemas na Better Cotton. “Em geral, os padrões para o algodão certificado são baixos e aplicam-se apenas ao início da cadeia de abastecimento de algodão. Considerar o certificado uma garantia de sustentabilidade é enganoso”, dizia o levantamento.
A Better Cotton, sediada em Genebra, disse à DW que acaba de concluir uma auditoria aprimorada feita por terceiros das fazendas envolvidas e que precisa de tempo para analisar as conclusões e implementar mudanças, caso sejam necessárias. “As questões levantadas [pelo relatório] demonstram a necessidade premente de apoio governamental na abordagem das questões trazidas à luz e na garantia de uma implementação justa e eficaz do Estado de direito”, diz o e-mail da iniciativa.
Mais controle das cadeias
À DW, a H&M afirmou que “as conclusões do relatório são altamente preocupantes” e que encaram a questão com muita seriedade. “Estamos em estreito diálogo com a Better Cotton para acompanhar o resultado da investigação e os próximos passos que serão dados para fortalecer e revisar seu padrão”, respondeu a varejista, também por e-mail.
A Zara disse à DW que leva “as acusações contra a Better Cotton extremamente a sério” e exige que a certificadora compartilhe o resultado de sua investigação o mais rápido possível.
“Além disso, solicitamos com urgência as providências tomadas pela Better Cotton para garantir a certificação de algodão sustentável nos mais altos padrões”, disse a varejista por meio de nota.
Nesta quarta-feira, a Inditex, proprietária da Zara, exigiu mais transparência da Better Cotton após anúncio da divulgação do relatório para esta quinta. A Inditex enviou uma carta à iniciativa com data de 8 de abril, pedindo esclarecimentos sobre o processo de certificação e progressos em práticas de rastreamento de cadeias produtivas. A Inditex não compra o algodão diretamente dos fornecedores, mas as empresas produtoras são auditadas por certificadoras como a Better Cotton.
Para Rubens Carvalho, da Earthsight, responsabilizar os europeus é parte da solução para acabar com o desmatamento e violações de direitos nos centros produtores de commodities, como o Brasil.
“O algodão ainda é pouco regulamentado nos mercados europeus. Eles precisam regular seu consumo e desvinculá-lo de impactos negativos ambientais e humanos. É preciso uma regulamentação séria, que puna em caso de descumprimento. Isso aumenta a pressão sobre os produtores”, defende Carvalho.
John Textor, dono da SAF do Botafogo, entregou, nesta sexta-feira (12/4), documentos sobre manipulações de resultado no futebol brasileiro para a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O empresário acredita que as duas últimas edições do Brasileirão, vencidas pelo Palmeiras, foram manipuladas. Essas provas são relatórios e imagens. Os áudios que ele disse ter já foram entregues à Polícia Civil.
Esses relatórios foram produzidos pela Good Game!, empresa especializada em checar e fazer análises de arbitragem com inteligência artificial. Entre as partidas estão a vitória do Palmeiras por 4 x 0 contra o Fortaleza no Brasileirão de 2022, quando o time já era campeão, e o 5 x 0 do Alviverde contra o São Paulo, na edição de 2023 do torneio.
Textor foi intimado a depor na quarta-feira passada (3/4), exatamente no dia da estreia do Botafogo na fase de grupos da Libertadores. O estadunidense citou nomes de árbitros e de pessoas que acredita estarem evolvidas em supostos casos de manipulação.
O governo federal suspendeu todos os contratos de publicidade com o X (antigo Twitter). A decisão, tomada nesta sexta-feira (12), ocorre após ataques do dono da empresa, Elon Musk, contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades brasileiras. De acordo com dados do Portal da Transparência, o governo federal já investiu R$ 5,4 milhões em publicidade no X, sendo que R$ 654 mil foram entre 2023 e 2024. A decisão de suspender novos investimentos na plataforma vale para os futuros contratos. Nas últimas semanas, Musk tem afirmado que o Brasil “vive uma ditadura”, acusa Alexandre de Moraes de “censura” e disse que publicaria decisões do Supremo que determinaram a suspensão de perfis de “jornalistas e políticos”. No entanto, Elon não cumpriu a promessa até o momento. Por decisão de Moraes, o X pode ter de pagar R$ 100 mil em multas, por dia, caso reative perfis que estão bloqueados por decisão da Justiça.
Em um discurso realizado nesta semana, o presidente Lula afirmou que o avanço da extrema-direita tem permitido que “empresário americano, que nunca produziu um pé de capim desse país, ouse falar mal da Corte brasileira, dos ministros brasileiros e do povo brasileiro”.
O desmatamento na Amazônia recuou 40% nos três primeiros meses de 2024 em comparação com o mesmo período do ano passado, afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao lançar um programa com investimento de R$ 730 milhões para promover o desenvolvimento sustentável e combater a derrubada de árvores e incêndios florestais no bioma. Marina destacou que a queda no desmatamento no primeiro trimestre é “altamente significativa” porque ocorre acima de uma queda anterior de 50% na derrubada de árvores na Amazônia no acumulado de 2023 sobre 2022.
Dados preliminares de satélite disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) até 28 de março mostraram que 492 quilômetros quadrados da Amazônia foram desmatados no período, uma queda de 41,8% em uma base anual de comparação.
No ano passado inteiro, 5.153 quilômetros quadrados da maior floresta tropical do mundo foram desmatados no Brasil, uma queda de 49,9% em relação a 2022 e o nível mais baixo desde 2018, embora ainda seja uma área mais de seis vezes o tamanho da cidade de Nova York.
Marina creditou a queda no desmatamento no ano passado à retomada das ações de fiscalização após o enfraquecimento das medidas no governo Bolsonaro, e lembrou que a partir deste ano entraram em vigor programas de pagamento por serviços florestais, de infraestrutura e ações de viabilidade econômica para a Amazônia.
A iniciativa inclui o programa de apoio a 70 municípios que concentraram cerca de 78% do desmatamento na região em 2022, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente. Entre os municípios alvos da ação, 53 já se inscreveram no programa.
O investimento de R$ 730 milhões nos próximos três anos, podendo ser aumentado, inclui ações de regularização fundiária, recuperação de áreas de floresta, implantação de brigadas de combate a incêndios florestais e pagamento de serviços ambientais para agricultores florestais e assentados.
“Os recursos serão destinados a ações nos municípios a partir da lógica do ‘pagamento por performance’: quanto maior a redução anual do desmatamento e da degradação, maior o investimento”, disse o ministério em comunicado.
Dos 17 municípios restantes do chamado “arco do desmatamento” que ainda não aderiram ao programa, dois afirmaram que não irão participar, de acordo com o secretário de Combate ao Desmatamento do ministério, André Lima. Os demais estão ainda analisando.
O Mato Grosso tem 22 cidade no arco do desmatamento, e dessas, 11 ainda não assinaram o acordo. No Pará, de 26 cidades, quatro ainda não participam. Entre elas, o município de Senador Porfírio, que ficou famoso em 2019 por produtores rurais terem organizado um “dia do fogo” para queimar árvores.
Floresta em pé A ministra do Meio Ambiente disse ainda que o governo está trabalhando para tirar rapidamente do papel a ideia do fundo de preservação da floresta, anunciado no fim do ano passado, para que os países ricos invistam no pagamento por serviços florestais em nações em desenvolvimento.
Entre os possíveis investidores estariam Alemanha, Noruega, Reino Unido e França e, segundo a ministra, há um potencial de arrecadar mais recursos do que o Fundo Amazônia.
A intenção é que todos os países com florestas tropicais possam receber recursos para financiar a manutenção das florestas, entre eles o Brasil.
“Espero que até a COP30 (Belém, 2025) possamos ter acesso a esses recursos para manter a floresta preservada”, disse.
Vocês são essenciais para dar vida à cultura local! 🎭🖌️
📣 Queremos convidá-los para participar de uma oficina prática de projetos para a Lei Paulo Gustavo, que acontecerá no dia 15/04, às 19:00, no Solar das Artes.
🎓 Ministrada pela Produtora Cultural Iara Maria de Carvalho, esta é uma oportunidade imperdível para aprender e contribuir para o cenário cultural da nossa cidade!
👉 Esta oficina é uma promoção e realização do Nosso Mandato, Junte-se a nós e vamos fortalecer juntos a cultura local!
ATENÇÃO 🚨 Serão apenas 25 vagas destinadas exclusivamente para artesãs e artesãos do município de Currais Novos – inscrições através do formulário disponível aqui abaixo.
A igreja Casa, criada pelo pastor investigado por crimes sexuais Davi Passamani, teve em sua programação cultos com temáticas inusitadas. Um deles, realizado em agosto de 2022, chamava-se “Vem Novinha”. Três jovens ex-membros da Casa denunciaram Davi por assédio ou importunação sexual desde o ano de 2020. Ele fez acordo com o Ministério Público em um dos casos e acabou condenado a uma indenização de R$ 50 mil em outro. Um terceiro é investigado pela Polícia Civil. O pastor foi preso em 4 de abril.
Fundada em Goiânia (GO), em 2017, a igreja chamava a atenção pela forma irreverente com que realizava cultos e apresentações. Além de “Vem Novinha”, as atrações que ocorriam quinzenalmente para os jovens na congregação tinham nomes como “Tinder” e “Rei do Camarote”.
Evangelização de jovens Em agosto de 2022, a então esposa de Davi, pastora Giovanna Lovaglio, defendeu para o site Fuxico Gospel que o culto tinha o objetivo de evangelizar e ressignificar temas, atraindo jovens para a igreja a partir da realidade deles.
“Com esse movimento, nós conseguimos entrar na realidade dos jovens para tratar e ressignificar temas, pois sabemos que não adianta fechar os olhos para certos problemas, com medo de causar polêmica, pois essas questões não vão deixar de existir”, declarou a pastora na ocasião. A reportagem entrou em contato com ela, e não houve retorno. O espaço segue aberto.
Em dezembro do ano passado, Davi deixou a igreja Casa e fundou uma nova congregação, batizada de A Porta. Giovanna segue na chefia da Casa com outros pastores. O casal se divorciou em novembro, e ela conseguiu uma medida protetiva contra Passamani por violência psicológica.
Já a defesa do pastor nega todas as acusações de crimes sexuais e alega que as denúncias são resultado de uma conspiração para apropriação de patrimônio do líder religioso e que tudo será esclarecido em breve.