A Rússia diz ter prendido neste sábado (23) 11 pessoas, incluindo os quatro atiradores do atentado a uma casa de show em Moscou que deixou 133 mortos.
O atentado, reivindicado por um braço do grupo terrorista Estado Islâmico, aconteceu na casa de shows Crocus City Hall, na noite de sexta-feira (22), e é o pior dos últimos 20 anos na Rússia.
Segundo autoridades russas, quatro homens armados invadiram o local enquanto a banda Picnic se preparava para se apresentar. O Ministério de Interior da Rússia disse que todos são estrangeiros, mas não havia divulgado a nacionalidade dos criminosos até a última atualização desta reportagem.
Em seu primeiro pronunciamento sobre o atentado, neste sábado, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que todos os terroristas que participaram do ataque foram detidos.
Putin disse que o grupo tentava fugir para a Ucrânia quando foi capturado. O serviço secreto do governo russo afirmou ainda que os suspeitos tinham contatos no país vizinho. O conselheiro da presidência ucraniana Mykhaylo Podolyak disse em suas redes sociais que as acusações são “insustentáveis e absurdas”.
“A Ucrânia não tem a menor ligação com este incidente. A Ucrânia trava uma guerra em grande escala com a Rússia e resolverá isso no campo de batalha. As versões dos serviços especiais russos sobre a Ucrânia são absolutamente insustentáveis e absurdas”, declarou.
Perseguição O parlamentar russo Alexander Khinshtein, aliado de Putin, afirmou que os responsáveis pelo ataque foram detidos após uma perseguição na região de Bryansk, a cerca de 350 km de onde o atentado aconteceu.
Khinshtein disse que a perseguição começou após o motorista de um carro se recusar a obedecer a uma ordem de parada.
“Durante a perseguição, foram disparados tiros, e o carro capotou. Um terrorista foi detido no local, os demais fugiram para a floresta. Como resultado da busca, um segundo suspeito foi encontrado e detido”, disse. Segundo Khinshtein, buscas continuaram sendo feitas para localizar outros dois suspeitos que escaparam. Dentro do veículo onde estavam os suspeitos, as autoridades disseram ter encontrado armas e passaportes do Tadjiquistão.
Esse foi o pior atentado na Rússia desde a invasão de uma escola em 2004 em Beslan. O Estado Islâmico reivindicou a autoria do ataque em seu canal no Telegram.
Tiros e coquetel molotov
O ataque começou no saguão da sala de shows. Em seguida, os homens entraram no auditório e abriram fogo contra as pessoas que aguardavam para assistir ao show.
Uma pessoa que estava no local afirmou que os homens entraram atirando e, em um momento, jogaram um coquetel molotov no local.
Quando a testemunha tentou fugir, descobriu que uma das saídas estava trancada. Ela atravessou o salão para tentar fugir de outro ponto de saída, mas também não conseguiu. Então, se refugiou no subsolo da casa de shows até que agentes dos serviços de emergência chegaram.
Foram ouvidas duas explosões no local, que pegou fogo. Os bombeiros conseguiram controlar as chamas, mas, segundo a agência de notícias Tass, o teto do Crocus City Hall pode cair a qualquer momento.
Putin foi informado
O governo da Rússia disse o presidente Vladimir Putin foi informado do ataque logo nos primeiros minutos e que tem sido constantemente atualizado dos fatos.
“O presidente recebe constantemente informações sobre o que está acontecendo e sobre as medidas sendo tomadas por todos os serviços relevantes. O chefe de Estado deu todas as instruções necessárias”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Um aliado do presidente, Dmitry Medvedev, disse que tanto os atiradores como as pessoas por trás do atentado serão perseguidos e mortos.
“Todos eles devem ser encontrados e destruídos sem pena, como terroristas. Morte por morte”, afirmou em seu canal no Telegram.
A Rússia intensificou a segurança em aeroportos e estações em toda a capital, uma vasta região urbana que abriga 21 milhões de pessoas. Todos os eventos públicos de larga escala foram cancelados no país.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, confirmou nesta sexta-feira (22) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o que disse em sua delação premiada.
Cid também disse que não sofreu pressão de autoridades no processo da delação.
O ex-ajudante de ordens deu depoimento nesta sexta para explicar áudios gravados por ele e que se tornaram públicos após reportagem da revista Veja. Nos áudios, Cid diz que a Polícia Federal, nas audiências da delação, queria que ele desse uma determinada versão dos fatos. “Queriam que eu [Cid] falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”. Ele também criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do caso.
Cid é tenente-coronel e uma das pessoas mais próximas de Bolsonaro durante o mandato do ex-presidente. Cid é investigado, assim como Bolsonaro e outros políticos e militares, em inquéritos que investigam tentativa de golpe de Estado e fraude em cartões de vacina.
Quando concordou com a delação premiada, Cid estava preso preventivamente. Pelas regras da delação, ele se comprometeu a contar o que sabe em troca da diminuição de uma eventual pena. Em seguida, ele foi solto e pôde ser investigado em liberdade.
Mas, ao gravar os áudios, Cid desobedeceu regras da delação, como fazer comentários sobre o acordo, que está em sigilo. O STF também entendeu que ele tentou obstruir a Justiça ao fazer as gravações. Por isso, ele foi preso após o depoimento desta sexta.
“Diante da necessidade de afastar qualquer dúvida sobre a legalidade, espontaneidade e voluntariedade da colaboração de Mauro César Barbosa Cid, que confirmou integralmente os termos anteriores de suas declarações, torno pública a ata de audiência realizada para a oitiva do colaborador”, escreveu Moraes.
O depoimento desta sexta foi para o desembargador Airton Vieira, magistrado instrutor no gabinete de Moraes.
Perguntado sobre os áudios, Cid reconheceu as próprias falas e disse que “a conversa privada, informal, privada, particular, sem intuito de ser exposta entrevista de grande circulação.”
O tenente-coronel disse que “não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim” e que “ainda não conseguiu identificar quem foi essa pessoa.” O delator afirmou não acreditar que alguém de seu círculo próximo tivesse contato com a imprensa, que justificasse os vazamentos. Ele disse que a conversa (da qual foi extraída os áudios) “possivelmente” ocorreu por telefone.
Falou ‘besteira’ Questionado sobre a quem se referia em pontos dos áudios em que fala sobre outras pessoas a serem presas, o tenente-coronel afirmou que o áudio foi um “um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteira” e que falou de maneira genérica, “em razão da situação que está vivendo”.
Interrogado pelo desembargador sobre quem seriam os policiais que o teriam pressionado a falar algo que não soubesse, disse que “nunca houve induzimento às respostas”.
Cid explicou que os policiais, quando começavam as perguntas, tinha uma outra visão dos fatos. E que Cid então relatava o que, segundo ele, realmente tinha ocorrido.
“Eles tinham outra linha investigativa e a versão dos fatos era outra. Ele explica como tinha ocorrido. Os policiais traziam os fatos na forma que estavam investigando”, disse Cid sobre ter afirmado que, ao realizar a delação, os policiais não acreditavam no que ele contava.
Cid também disse que nenhum policial forçou respostas e que ele quer manter o acordo de delação. Como Cid descumpriu as regras da delação, o STF pode decidir romper o acordo.
Prisão Segundo o STF, após prestar depoimento ao auxiliar de Moraes, Cid foi encaminhado ao Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, onde fez um exame de corpo de delito. Na sequência, foi levado para o Batalhão de Polícia do Exército, local em que ficará preso.
Como é oficial do Exército, Cid tem a prerrogativa de ser preso em um estabelecimento militar.
Além da prisão do tenente-coronel, agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão na residência do ex-ajudante de ordens. Um celular dele e outro da esposa de Cid foram apreendidos.
O regime da Rússia acrescentou nesta sexta-feira (22/03) o “movimento internacional LGBT” a uma lista de organizações extremistas e terroristas. A inclusão veio em seguida a uma decisão da Suprema Corte do país, de novembro do ano passado, que acatou um pedido do Ministério da Justiça e determinou que os ativistas LGBTQ+ deveriam ser designados como extremistas. A agência estatal de notícias RIA disse que a designação se aplica ao “movimento social LGBT e suas unidades estruturais”.
A lista é administrada pela agência Rosfinmonitoring, que tem poder para congelar contas bancárias de pessoas ou grupos designados como extremistas ou terroristas.
Até o momento, essa relação contém os nomes de 14.000 pessoas e entidades, incluindo o grupo terrorista islamista Al-Qaeda, a empresa americana Meta, proprietária do Facebook e Instagram, e os apoiadores do líder oposicionista Alexei Navalny, morto em uma prisão russa em fevereiro deste ano.
No início da semana, um tribunal russo ordenou que dois funcionários de um bar gay fossem mantidos em prisão preventiva, acusados de administrarem uma “organização extremista”, sendo este o primeiro caso desse tipo após a decisão da Suprema Corte.
Repressão aos direitos civis Como parte de uma cruzada liderada pelo presidente russo, Vladimir Putin, em prol do que ele considera valores familiares em oposição à “decadência” dos costumes ocidentais, as autoridades russas adotaram na última década uma série de restrições a expressões referentes a orientação sexual e identidade de gênero.
Moscou vem aumentando a repressão às liberdade civis no país desde o início de sua invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Naquele mesmo ano, Moscou proibiu o que chamou de “propaganda gay” entre adultos e tornou ilegal o uso de expressões referentes a “relações sexuais não-tradicionais” em público e na mídia. Em 2013, essas expressões já haviam sido banidas junto aos menores de idade.
Também em 2022, a Rússia ampliou as restrições aos chamados “agentes estrangeiros”, o que tornou mais fácil para o governo fechar o cerco contra ONGs e portais de internet que recebem qualquer tipo de apoio vindo do exterior.
No ano passado, a Rússia baniu as cirurgias de redesignação sexual. O presidente da Duma (Parlamento russo) qualificou essa prática como “o caminho para a degeneração”.
Desde o recrudescimento da repressão na Rússia, veículos independentes de imprensa, como o jornal Novaya Gazeta e o portal Medusa, foram fechados pelas autoridades ou forçados ao exílio.
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, voltou a ser preso nesta sexta-feira (22) após prestar depoimento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre áudios vazados em que ele critica Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF). Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, que durou cerca de 1h30, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo Ministro Alexandre de Moraes contra Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Cid foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) pela PF.
“Queriam que eu falasse coisa que eu não sei” Os áudios publicados pela “Veja” indicam que Mauro Cid teria afirmado a um interlocutor que os policiais, ao interrogá-lo, queriam que ele falasse coisas que não aconteceram.
“Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu”, teria dito Mauro Cid em uma mensagem de áudio enviada, segundo a revista, a um amigo.
A conversa, afirma a revista, teria durado mais de uma hora. “Eles estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam só que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, teria dito o militar ao amigo.
“Sentença pronta” Sobre Alexandre de Moraes, a “Veja” informou que Cid fez uma série de considerações sobre a condução do processo. “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta”, teria afirmado.
Os áudios teriam sido gravados após o último depoimento de Cid à PF, em 11 de março.
Cid é considerado uma das principais peças da apuração sobre a possível tentativa de golpe encabeçada por Bolsonaro, integrantes de seu governo e aliados. O STF homologou o acordo de delação do ex-ajudante de ordens em 9 de setembro de 2023.
Como a delação está em andamento, o STF mantém sob sigilo o acordo. Cid já prestou sete depoimentos à PF. O último durou aproximadamente oito horas.
A Câmara dos Deputados aprovou mudanças no novo ensino médio. A principal é na divisão da carga horária dos alunos.
O projeto estava em discussão desde outubro de 2023. O novo ensino médio, aprovado em 2017, foi alvo de críticas desde que foi implementado, em 2022. Por isso, o governo propôs mudanças pontuais. E o texto aprovado na quarta-feira (20) na Câmara ficou assim:
A carga horária total continua a mesma – 3 mil horas -, mas a divisão entre as disciplinas obrigatórias e as optativas do chamado itinerário formativo mudou. Hoje, o ensino médio exige 1,8 mil horas para disciplinas obrigatórias e 1,2 mil horas para optativas. Pelo projeto, serão 2,4 mil horas para as obrigatórias e 600 horas para optativas.
Hoje, português e matemática são obrigatórios em todos os anos do ensino médio, além de estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia. No projeto aprovado, a lista é mais específica: linguagens, artes, educação física, matemática, ciências da natureza e ciências humanas e sociais.
O projeto também muda a composição dos itinerários formativos, as disciplinas que os estudantes escolhem se aprofundar. Hoje, as redes de ensino decidem quantas e quais disciplinas ofertam. O projeto delimita esses itinerários. As escolas deverão oferecer cursos das quatro áreas do conhecimento ou curso de formação técnica e profissional. O aluno poderá escolher dois itinerários.
No caso do ensino técnico, os deputados também alteraram a carga horária. Hoje, são 1,8 mil horas para matérias obrigatórias e 1,2 mil horas para o curso escolhido. Pelo texto aprovado, a carga fica em 2,1 mil horas para as obrigatórias e 900 horas para o curso técnico. Em alguns cursos, como enfermagem e eletrônica, a carga pode chegar a até 1,2 mil horas.
Mudanças também no ensino à distância. Hoje, a lei permite oferta de conteúdos obrigatórios on-line. Os deputados definiram que a carga horária destinada à formação geral básica deve ser presencial. Com exceção do ensino mediado por tecnologia, em disciplinas como matemática, química, com base em regulamentação ainda a ser elaborada.
O projeto ainda tem que passar pelo Senado, que ainda pode fazer alterações no texto. Mas o que já foi aprovado tem o apoio de organizações educacionais, como o Todos pela Educação.
“Essas questões foram todas corrigidas, e digo mais: melhoradas muito fortemente com o texto que foi aprovado ontem na Câmara. Tanto os alunos que estão no ensino regular eles vão ter mais tempo de formação geral básica, ao mesmo tempo em que eles terão a possibilidade de ter itinerários de aprofundamento daquelas áreas que eles têm mais interesse, que têm vocação, que querem ter mais aprendizado nessas áreas, e também para a educação profissional e técnica”, afirma Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação.
A reprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerca de um ano e três meses de gestão, subiu, de 30% em dezembro para 33% na pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira, 21. Já a aprovação caiu de 38% para 35%. A avaliação regular continuou em 30%. Não sabem ou não responderam são 2%, mesmo número do levantamento anterior.
O Datafolha realizou a sondagem nestas terça-feira, 19, e quarta-feira, 20. O instituto fez 2.002 entrevistas com eleitores de 147 municípios. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
Entre os evangélicos, a reprovação ao governo Lula subiu de 38% para 43%, enquanto a aprovação oscilou de 26% para 25%. Os que consideram o governo regular caíram de 34% para 30%.
O levantamento mostra também que 44% dos entrevistados acreditam que o governo Lula tem mais vitórias do que derrotas, enquanto 42% consideram o contrário.
No segmento com renda de dois a cinco salários mínimos, a avaliação negativa de Lula foi de 35% para 39%. Já na faixa de cinco a dez salários, esta avaliação subiu de 38% para 48%.
Para 58% dos eleitores entrevistados, o presidente da República fez menos do que poderia no governo. Já 24% consideram que Lula cumpriu o prometido, e 15%, que superou expectativas.
Goiânia – Avaliada em R$ 21 milhões, uma vaca nelore nascida em Goiás entrou para a história e para o Guinness World Records como a fêmea bovina mais cara do mundo. O título foi concedido em julho do ano passado, quando o animal Viatina-19 FIV Mara Móveis foi vendido. O lance milionário é de criadores da Casa Branca Agropastoril, Agropecuária Napemo e Nelore HRO. Eles compraram um terço do animal por cerca de R$ 7 milhões.
Em nota publicada no site oficial em fevereiro deste ano, o Guinness World Records informou que foi o maior valor registrado para esse tipo de venda. Segundo a plataforma, o preço é baseado na genética da Viatina-19, considerada de alta qualidade.
A vaca tem pouco mais de 5 anos de idade e nasceu em Nova Iguaçu de Goiás, no norte goiano. De acordo com o primeiro dono do animal, ela “já era especial desde o nascimento”, em razão da genética.
“Desde que ela nasceu percebemos que era um animal diferenciado, acima da média das outras bezerras nascidas naquela época”, disse Silvestre Coelho Filho ao portal G1.
De acordo com o médico veterinário João Carneiro, especialista em reprodução bovina, a vaca vem de uma linhagem bastante valiosa. Seguna ele, a avó dela era uma “barriga de ouro”. Ainda segundo ele, por esse motivo, ocorre um investimento de biotecnologia e reprodução genética desses animais.
Padrão de qualidade Diretora da Casa Branca Agropastoril, Fabiana Marques Borrelli aponta que a Viatina-19 simboliza o padrão de qualidade superior que buscam e “sua valorização e reconhecimento no Guiness são provas de que o investimento em excelência genética proporciona retorno, seja em produtos diferenciados, em retorno financeiro e em imagem”.
Em nota à imprensa, Fabiana detalhou ainda que o reconhecimento mundial da Viatina-19 eleva o prestígio da pecuária brasileira e “solidifica seu lugar como um ícone da genética Casa Branca de classe mundial”.
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou oito pessoas suspeitas de fraudar licitações e contratos referentes a compra de 15 viaturas operacionais blindadas consideradas ineficazes. Os veículos, chamados de caveirões, foram destinados à Superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) do Rio de Janeiro entre 2020 e 2022, durante a gestão do ex-superintendente Silvinei Vasques, um dos denunciados. De acordo com o MPF, a compra dos veículos blindados teria causado um prejuízo de R$ 13 milhões aos cofres públicos. A comercialização das viaturas teria sido realizada pela empresa Combat Armor Defense.
A denúncia é assinada pelo procurador da República Eduardo Benones e acontece no âmbito da Operação Megatherium, que também tem como alvos os empresários e sócios da Combat Armor Defense do Brasil.
O MPF pediu a prisão preventiva dos empresários e sócios da empresa e também de dois policiais rodoviários, responsáveis pela licitação. Os servidores teriam elaborado os Estudos Técnicos Preliminares e o próprio Documento de Oficialização de Demanda para compra das viaturas.
Ainda segundo o órgão federal, o pregão foi realizado em 2020, tendo estabelecido prazos pequenos para apresentação de protótipo e a entrega dos veículos.
Conforme a investigação, as licitações eram caracterizadas pelos mesmos concorrentes e propostas irreais acima do preço, nos quais a Combat ganhava, na maior parte dos casos, pela modalidade “menor preço”.
O MPF destaca que existem 59 empresas habilitadas para comercializar o serviço de blindagem nível III, no entanto, a Combat Armor não está entre elas. O Ministério Público frisa que os blindados entregues pela companhia não são capazes de realizar serviços básicos desempenhados pela PRF, como subir ladeiras por não possuírem a mecânica necessária.
“Até onde é sabido, a Combat não teria capacidade operacional para atender todos os contratos firmados com a Administração, sobretudo por sua falta de capilaridade aparente e expertise a nível Brasil. Isso traz dúvidas sobre como conseguiria atender Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Paraná, Pará e Bahia concomitantemente”, reforça o procurador.
Os denunciados são:
Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da PRF); Antônio Ramires Lorenzo (ex-chefe de gabinete do Ministério da Justiça); Mauricio Junot de Maria (ex-CEO da Combat Armor Defense); Cauê da Glória Gonzaga Junot de Maria (filho de Junot) Alexandre Carlos Silva (PRF); Marcelo de Ávila (PRF); Eduardo Fonseca Martins (PRF); Wesley de Assis Leopoldo (PRF). O Metrópoles não conseguiu contato com as defesas dos denunciados. O espaço segue aberto para manifestações.
Um recorde de 123 milhões de americanos assistiram este ano ao Super Bowl, final da principal liga de futebol americano dos Estados Unidos.
Além de assistirem ao maior evento esportivo do país, a um show de uma grande atração no intervalo e a várias filmagens de Taylor Swift no meio da multidão, eles também foram impactados por seis comerciais de 30 segundos da Temu – uma empresa chinesa de comércio eletrônico.
Considerada uma “mistura de Shopee e Shein”, a empresa estaria se preparando para desembarcar no Brasil ainda este semestre, conforme o site Exame Insight, ligado à revista Exame, e o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
A BBC News Brasil questionou a Temu sobre a possível chegada da empresa ao mercado brasileiro, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
A gigante varejista chinesa tem sido criticada por políticos no Reino Unido e nos EUA – uma investigação do governo americano concluiu que existe um “risco extremamente elevado” de que os produtos vendidos na Temu possam ter sido fabricados com trabalho análogo à escravidão.
A Temu afirma que “proíbe estritamente” o uso de trabalho forçado, penal ou infantil por todos os seus vendedores.
A empresa, que vende de tudo — de roupas a eletrônicos e móveis — foi lançada nos EUA em 2022 e mais tarde no Reino Unido e no resto do mundo.
Desde então, ela tem liderado consistentemente as paradas globais de downloads de aplicativos, com quase 152 milhões de americanos usando a plataforma todos os meses, de acordo com dados coletados pela ferramenta de análise SimilarWeb.
É a “Amazon com esteroides”, diz o analista de varejo Neil Saunders.
Com o slogan “compre como um bilionário”, a popularidade da plataforma explodiu, realizando entregas em cerca de 50 países em todo o mundo.
Marketing agressivo Um comercial típico de 30 segundos do Super Bowl custa cerca de US$ 7 milhões (R$ 35 milhões). Durante o evento deste ano, a Temu teve seis deles.
“É muito dinheiro para um comercial muito curto”, diz Saunders.
“Mas ele é visto por um número enorme de pessoas e sabemos que depois daquele comercial os downloads da Temu dispararam”, acrescenta.
Os dados da SimilarWeb sugerem que o número de visitantes individuais da plataforma em todo o mundo aumentou em quase 25% no dia do Super Bowl em comparação com o domingo anterior, com 8,2 milhões de pessoas navegando no site e no aplicativo.
No mesmo período, os visitantes da Amazon e do Ebay caíram 5% e 2%, respectivamente.
“Eles também gastaram muito dinheiro em micromarketing, convencendo influenciadores a promover produtos e sugerir compras na plataforma por meio de redes sociais como TikTok e YouTube”, diz Saunders.
Esses influenciadores normalmente têm menos de 10 mil seguidores, de acordo com Ines Durand, especialista em comércio eletrônico da SimilarWeb.
“Os microinfluenciadores têm comunidades fortes, por isso seu apoio significa uma forte confiança nestes produtos”, explica ela.
A Temu é propriedade da gigante chinesa Pinduoduo Holdings – “um monstro no comércio eletrônico chinês”, segundo Shaun Rein, fundador do China Market Research Group.
“Em toda a China, todos compram produtos na Pinduoduo, desde caixinhas de som até camisetas ou meias”, diz ele.
Da fábrica para o cliente A empresa compete com a rival Alibaba pelo primeiro lugar entre as empresas chinesas mais valiosas listadas na bolsa de valores dos EUA.
Seu valor atual é de pouco menos de US$ 150 bilhões (R$ 750 bilhões – a título de comparação, a Petrobras, empresa mais valiosa da bolsa brasileira está avaliada atualmente em R$ 478 bilhões).
Com o mercado consumidor chinês sob seu domínio, a Pinduoduo Holdings expandiu-se para o exterior com a Temu, utilizando o mesmo modelo que garantiu seu sucesso anterior. Segundo Rein, que mora em Xangai, a empresa tornou-se uma grande fonte de orgulho e patriotismo.
“Eles [os chineses] estão orgulhosos de que as empresas chinesas possam matar os dragões do comércio eletrônico dos Estados Unidos, como a Amazon”, afirma.
Uma rápida navegação pelo aplicativo ou pelo site da Temu traz de tudo, desde tênis com biqueira de aço até um dispositivo projetado para ajudar idosos e mulheres grávidas a calçar meias. A coleção variada de bens manufaturados é quase inteiramente produzida em fábricas na China, explica Rein.
“A Temu usa um sistema incrível baseado na coleta de dados em grande escala”, diz Ines Durand.
“Eles coletam dados sobre tendências de consumo, os produtos mais pesquisados e clicados, e fornecem [essas informações] aos fabricantes individuais.”
Durand diz que, enquanto a Amazon vende estes dados aos fabricantes a um preço elevado, a Temu entrega gratuitamente aos produtores – informações que estes utilizam para “testar o mercado” com um número relativamente pequeno de produtos.
A plataforma costuma usar imagens geradas por inteligência artificial para se manter atualizada com as últimas tendências, de modo que o produto à venda pode nem existir ainda, de acordo com Durand. Então eles são enviados ao consumidor por via aérea.
“Isso significa que os produtos não precisam ser armazenados. Eles não precisam ir para estoques, uma vez que são enviados de avião, vão direto para o cliente”, diz Ines Durand.
Brecha tributária Um terço dos pacotes que chegaram aos EUA no ano passado, se aproveitando de uma brecha tributária, eram da Temu e da concorrente Shein, de acordo com um relatório do Congresso dos EUA.
Muitos países têm um limite para a isenção de compras internacionais, concebido para ajudar os cidadãos a importar bens.
No Brasil, a questão se tornou polêmica em meio à campanha de varejistas brasileiras por isonomia tributária com plataformas asiáticas como Shein e Shopee.
Essas empresas se aproveitam de uma isenção de impostos para compras no valor de até US$ 50, que deveria valer apenas para remessas entre pessoas físicas. O varejo nacional reivindica o fim dessa isenção, mas a medida é criticada por consumidores atraídos pelo baixo preço das lojas virtuais asiáticas.
A Tamu, cujos produtos são enviados diretamente das fábricas aos consumidores, eliminando intermediários, se utiliza de benefícios semelhantes em mercados como EUA e Reino Unido.
No entanto, novas regulações podem estar no horizonte para fechar brechas no comércio internacional, de acordo com Mickey Diaz, diretora de operações da empresa global de frete Unique Logistics.
“O Reino Unido já começou a olhar para a Temu com algum escrutínio, incluindo a venda de armas que de outra forma não seriam permitidas no Reino Unido, que estavam sendo importadas devido a essas brechas”, explica ela.
Questão trabalhista A Temu também tem sido criticada com relação às suas cadeias de fornecedores, com políticos do Reino Unido e EUA acusando a gigante do comércio eletrônico de permitir a venda no seu site de bens produzidos com trabalho análogo à escravidão.
No ano passado, a deputada britânica Alicia Kearns, chefe do comitê seleto de relações exteriores, disse à BBC que queria um maior escrutínio do marketplace online para garantir que “os consumidores não contribuam inadvertidamente para o genocídio uigur”.
Kearns, que é membro do Partido Conservador do Reino Unido, se referia aos alegados abusos aos direitos humanos perpetrados pelo governo da China contra o povo uigur e outras minorias étnicas e religiosas.
A Temu, por sua vez, afirma que “proíbe estritamente” o uso de trabalho forçado, penal ou infantil por todos os seus vendedores.
A empresa disse ainda à BBC que qualquer um que faça negócios com ela deve “cumprir todos os padrões regulatórios e requisitos de conformidade”.
“Os comerciantes, fornecedores e outros terceiros devem pagar seus funcionários e contratados em dia e cumprir todas as leis locais aplicáveis sobre salários e horários”, disse um porta-voz da varejista.
“Nossos padrões e práticas atuais não são diferentes de outras grandes plataformas de comércio eletrônico em que os consumidores confiam, e as alegações a esse respeito são completamente infundadas”, acrescentou o representante.
Apesar das polêmicas, analistas esperam maior expansão para a Temu.
“Provavelmente veremos as equipes começarem ampliar sua oferta, talvez apostando em alguns produtos com preços ligeiramente mais elevados”, prevê o analista de varejo Neil Saunders.
Segundo Shaun Reid, o foco será conquistar uma fatia ainda maior do mercado.
“Nos próximos dois ou três anos, a estratégia deles será apenas aumentar o reconhecimento da marca e a participação no mercado. Eles não se importam com os lucros”, afirma.
“Foi exatamente isso que aconteceu com a Pinduoduo quando foi lançada na China. Eles estavam oferecendo produtos incrivelmente baratos apenas para conquistar participação de mercado.”
*Com a colaboração da BBC News Brasil para informações referentes ao Brasil.
A presidente do Palmeiras , Leila Pereira, questionou, nesta quinta-feira (21), o silêncio do mundo do futebol sobre as condenações por estupro de Robinho e Daniel Alves , referindo-se a estes casos como “um tapa na cara” das mulheres .
A dirigente, uma das poucas mulheres no comando de um time da primeira divisão, está em Londres como chefe da delegação da seleção brasileira, que disputa um amistoso contra a Inglaterra no estádio de Wembley, no sábado (23).
“Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da delegação, tenho que me posicionar sobre os casos do Robinho e Daniel Alves”, disse ao UOL.
“Isso é um tapa na cara de todos nós, mulheres, especialmente o caso de Daniel Alves, que pagou pela liberdade . Acho importante eu me posicionar. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte”, acrescentou.
Leila Pereira foi nomeada chefe de delegação pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para os dois amistosos que serão disputados na Europa no mês deste. O jogo seguinte será na próxima terça-feira (26), contra a Espanha, em Madri.
Até o momento a CBF não se pronunciou sobre as sentenças dos dois ex-jogadores de 40 anos. Tampouco seus ex-companheiros de equipe ou clubes em que jogaram.
O ex-atacante Robinho deverá cumprir no Brasil sua pena de nove anos de prisão por um estupro coletivo a uma jovem na Itália em 2013, após o Superior Tribunal de Justiça aceitar o pedido da Justiça italiana para que homologasse as cláusulas impostas em 2017 e ratificada em 2022.
A decisão judicial coincidiu com a autorização de um tribunal espanhol para que Daniel Alves deixasse a prisão mediante o pagamento de uma fiança de um milhão de euros (5,4 milhões de reais), enquanto se aguarda o recurso sobre a sua sentença.
O ex-lateral-direito foi condenado em fevereiro a quatro anos e meio de prisão por estuprar um jovem em um barco em Barcelona em 2022.
Se a gastrite te incomoda e você quer fortalecer a sua imunidade, deve considerar colocar a graviola na dieta. A fruta ajuda a controlar a doença, é fonte de fibras e tem muito antioxidante!
A gastrite é muito comum no Brasil e está ligada a inflamação do revestimento interno do estômago. Um dos maiores motivos é o estresse, excesso de cafeína e bebidas alcoólicas. Para contornar o problema, é preciso ingerir alimentos com alta densidade nutricional.
Nesse caso, a graviola, além de cumprir o papel, tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes. Além disso, a fruta beneficia a saúde digestiva e é baixíssima em calorias.
Xô, gastrite!
A gastrite também está ligada a infecção por H.pylori, distúrbios do sistema imunológico e o uso exagerado de medicamentos.
O quadro causa gases, estufamento, refluxo e dor na parte superior da barriga.
Para combater a doença, a nutricionista pós-graduanda em Nutrição Esportiva Clínica, Thaiz Brito, indica:
“Na lista de itens que ajudam na terapêutica, devemos dar ênfase àqueles com alta densidade nutricional, com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, como legumes e verduras cozidos, maçã e peixes ricos em ômega 3”.
Propriedades da graviola
A graviola é muito indicada para quem tem gastrite devido a seu valor nutricional e função de defesa no organismo.
A fruta tem vários antioxidantes, além de contém alto teor de vitamina C, que fortalece o corpo e o ajuda a manter-se hidratado.
O alimento também pode ser considerado antibacteriano, isso porque contém antraquinonas, que ajudam a diminuir o crescimento de bactérias.
Bom para dieta
E os benefícios da graviola não param por aí.
Se você quer perder peso, a fruta é um ótimo alimento.
Em 100g de graviola, há apenas 66 calorias, isentas de gordura. Não é ótimo?
Fonte de fibras
A presença de fibras também na graviola colabora com o bom funcionamento do sistema digestivo, ajudando a regular o trânsito internacional e mantém a microbiota saudável.
“Além disso, uma característica valiosa é seu efeito emoliente, que amolece o trato digestivo, oferecendo vantagens para quem sofre de gastrite”, disse Thaiz.
Fruta versátil
A graviola também se destaca por ser uma fruta versátil.
Ela pode ser aproveitada em sucos, shakes, chás e in natura.
Mas Thaiz destaca um vilão: “Lembrando que as sementes devem ser evitadas devido à presença de uma neurotoxina. Para grávidas e lactantes, o consumo precisa ser orientado por profissionais qualificados, pois as propriedades podem afetar a qualidade do leito”, concluiu.
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou a aliados a veracidade de áudios em que faz duras críticas à Polícia Federal e ao ministro do STF Alexandre de Moraes. “Foi um desabafo com um amigo. Alguém que teve a vida destruída e está desabafando com um amigo”, afirmou Cid a interlocutores na noite desta quinta-feira (21/3), dizendo não se recordar do nome do amigo.
Nas gravações, reveladas pela revista Veja, o militar critica a forma com que a PF conduziu seu interrogatório e também faz pesados ataques a Moraes, responsável pela condução dos inquéritos contra Cid e Bolsonaro.
“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirmou o militar em um dos áudios divulgados.
Em nota oficial, a defesa de Cid reforçou a versão de que os áudios eram um “desabafo” e disse que as gravações, “de forma alguma, comprometem a lisura” dos termos de sua delação premiada com a PF.
“Narrativas” Na semana passada, a coluna já tinha noticiado que Cid vinha reclamando do que chamava de “narrativas” construídas pela PF. Por causa disso, o militar pediu à corporação acesso aos vídeos de seus depoimentos.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro reclamava de pelo menos dois pontos. Ele disse a aliados, por exemplo, que nunca teria afirmado, em depoimento à PF, que Bolsonaro tramou um golpe de Estado.
Outro ponto que Cid reclamava, nos bastidores, dizia respeito à investigação sobre a adulteração dos certificados de vacinação contra Covid-19 de Bolsonaro e da filha do ex-presidente, Laura.
O ex-ajudante de ordens negou a aliados que tenha dito à PF que Bolsonaro mandou adulterar os cartões. A interlocutores Cid disse teria assumido sozinho a responsabilidade pela falsificação.
A previsão de chuvas intensas a partir desta sexta-feira (22) fez o governador do Rio, Cláudio Castro, decretar ponto facultativo e acionar todo o plano estadual de prevenção com a Defesa Civil. O governador garantiu que a estrutura de alerta e locais de apoio para a população estão preparados para um evento extremo de tragédia. Cláudio Castro pediu para que as pessoas que puderem fiquem em suas casas e aquelas que estão em áreas de risco não permaneçam nesses locais. Segundo o governador, todas as folgas dos militares do Corpo de Bombeiros foram canceladas e, com isso, serão 2 mil profissionais por dia à disposição. Além de agentes da Lei Seca, da Polícia Militar e Defesa Civil.
Ainda segundo o governador do Rio, a partir da noite desta quinta-feira (21), ele entrará em contato com os prefeitos para decretarem ponto facultativo também nas suas cidades. Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o próximo sábado (23) deverá ser o dia mais crítico para as regiões serrana e metropolitana do Rio de Janeiro, além da Baixada Fluminense.
O acumulado de chuva previsto para o Rio de Janeiro neste final de semana pode superar os números do desastre de 2011, quando quase mil pessoas morreram devido às chuvas que atingiram a região serrana do estado.
O Instituto Nacional de Meteorologia emitiu alerta vermelho de grande perigo e chuvas intensas para o litoral norte de São Paulo, Vale do Paraíba paulista, Zona da Mata mineira, sul do Espírito Santo e para todo o estado do Rio de Janeiro. O aviso começa na sexta (22) e termina no domingo (24).
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou em áudio divulgado pela revista Veja que a Polícia Federal tem uma narrativa pronta nas investigações sobre o ex-presidente. Ele se disse pressionado nos depoimentos e fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que homologou sua delação premiada.
A revista publicou áudios em que Cid afirma ainda a um interlocutor que os policiais queriam que ele falasse o que não sabe ou o “que não aconteceu”.
“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, disse o ex-ajudante de ordens.
De acordo com a revista, a gravação é da semana passada e ocorreu após Cid prestar depoimento por nove horas à Polícia Federal. No áudio, ele afirma que os policiais só queriam “confirmar a narrativa deles” e a todo momento davam a entender que ele poderia perder os benefícios da delação premiada a depender do que contasse.
Cid também teria feito duras críticas a Alexandre de Moraes, que é relator das investigações contra o ex-presidente em curso no STF.
“O Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirma.
O militar também diz que teria havido um encontro do magistrado com Bolsonaro, sem dar maiores detalhes.
“Eu falei daquele encontro do Alexandre de Moraes com o presidente, eles ficaram desconcertados, desconcertados. Eu falei: ‘Quer que eu fale?’.”
E prossegue: “O Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta, acho que essa é que é a grande verdade. Ele já tem a sentença dele pronta. Só tá esperando passar um tempo. O momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR [procurador-geral da República] acata, aceita e ele prende todo mundo”.
Cid também teria se queixado que botou seu futuro a perder devido à relação com Bolsonaro, diferentemente dos demais militares que estavam no seu entorno.
“Ninguém perdeu carreira, ninguém perdeu vida financeira como eu perdi. Todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo, né? O presidente teve Pix de milhões, ficou milionário, né?”, disse.
Nesta semana, a Polícia Federal indiciou Mauro Cid, Bolsonaro, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
Em razão dessa operação, o ex-ajudante de ordens foi preso em 2023 e passou quatro meses detido, até firmar um acordo de colaboração, em setembro.
Moraes, à época, determinou uma série de medidas cautelares para o militar, como a proibição de assumir cargo no Exército enquanto as investigações não fossem concluídas e a obrigatoriedade de usar tornozeleira eletrônica.
O ex-ajudante de ordens já prestou depoimentos em que falou, por exemplo, sobre as reuniões de Bolsonaro com aliados e militares, no fim de 2022. A PF investiga a suspeita de uma trama golpista na época para impedir a posse de Lula (PT) .
Na terça-feira (19), reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que, mesmo afastado do Exército e tendo ficado detido, o tenente-coronel recebeu de seu chefe a nota máxima atribuída aos militares pelo seu desempenho profissional em 2023.
Anualmente, cada oficial é avaliado pelo seu chefe direto, e o resultado é incluído na ficha do militar -sendo um dos critérios avaliados para as promoções ao longo da carreira.
Cid concorre com os colegas formados na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 2000 a promoção para coronel, cujo ciclo será iniciado em 30 de abril.
O que existe de tão especial em áreas do mundo conhecidas por ter um número de centenários acima da média e nas quais esses idosos vivem com vigor e saúde? Foi com essa curiosidade que a jornalista Lilian Liang partiu, em 2023, para uma expedição para visitar as chamadas blue zones (ou zonas azuis), cinco regiões do planeta cuja expectativa de vida é superior à média mundial e nas quais não é incomum encontrar idosos com mais de cem anos cuidando do jardim, cavalgando ou viajando com os amigos.
Diretora de redação da revista Aptare, publicação sobre longevidade voltada para profissionais de saúde, Lilian passou cerca de dois meses viajando ao lado do documentarista Gabriel Martinez para conversar com especialistas e idosos desses locais e entender quais são os fatores determinantes para viver mais e melhor.
A viagem começou pela região de Nicoya, na Costa Rica; seguiu para Loma Linda, nos Estados Unidos; Okinawa, no Japão; e Icária, na Grécia; e terminou na Sardenha, na Itália. Ao voltar para o Brasil, a dupla ainda visitou Veranópolis, município gaúcho que vem sendo estudado por sua alta expectativa de vida e condições favoráveis a um envelhecimento saudável e com qualidade de vida.
Lilian destaca que pesquisas feitas nessas regiões do planeta já demonstraram alguns aspectos comuns a todas elas que ajudam a explicar a longevidade de seus habitantes, como manter uma alimentação mais natural, movimentar-se nas atividades do dia-a-dia, cultivar relações sociais e ter um propósito de vida. Mas por meio das mais de 70 entrevistas que fez na expedição, a jornalista diz ter percebido coisas mais sutis relacionadas a esses pilares.
“Me chamou a atenção a importância das relações sociais e da família. Lá, os idosos vivem muito cercados da família e são acolhidos, continuam sendo ouvidos”, diz. Ter um propósito de vida, mesmo que seja algo aparentemente simples ou trivial, como cuidar do jardim ou ver os netos crescerem, também está presente na vida da maioria dos centenários, diz Lilian.
Os detalhes de como esses idosos vivem e quais lições podem nos ensinar estarão em uma série de três reportagens especiais escritas por Lilian e que o Estadão passa a publicar semanalmente a partir desta quinta-feira, 21.
O que as regiões em que há mais centenários no mundo nos ensinam sobre alimentação e exercícios
Na entrevista abaixo, Lilian conta um pouco mais da sua experiência visitando as blue zones e adianta alguns dos pontos que serão trazidos em suas reportagens. A Expedição Longevidade, como foi batizada, teve o apoio institucional da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, da DIGG-Universidade Federal de São Paulo, do Centro Internacional da Longevidade Brasil, do Instituto Moriguchi e do Gruppo Toniolo Saúde.
Como surgiu a ideia de fazer essa expedição para as blue zones? Trabalho com envelhecimento há 12 anos e venho da cobertura de saúde. Começando a ler sobre as questões de longevidade, me deparei com alguns artigos que falavam sobre essas áreas que tinham uma longevidade extrema, em que as pessoas viviam por muito tempo, com muito boa qualidade de vida, e sempre fiquei curiosa para entender o que contribuía para elas viverem tanto e viverem bem. A minha avó, por exemplo, chegou aos 92 anos, mas passou 15 anos debilitada, mas essas pessoas estavam chegando aos cem anos com boa qualidade de vida: estavam inseridas no contexto social, tinham saúde, se alimentavam bem.
Tenho uma revista que fala sobre longevidade para profissionais de saúde e, quando a revista completou dez anos, eu queria trazer alguma coisa nova, pensei o que eu podia trazer de inédito, e ninguém no Brasil tinha feito essa viagem, então falei: vou lá, vou ver o que acontece nesses lugares. Só que a revista fez dez anos em 2022 e a gente estava no meio da pandemia, fronteiras ainda estavam fechadas, então a gente começou a se organizar para essa viagem, e fomos em abril de 2023.
Quanto tempo vocês ficaram viajando? Foram quase dois meses na expedição. A gente fez Costa Rica, Estados Unidos, Japão, Grécia, Itália e voltamos para o Brasil. Como a ideia era também discutir a longevidade no Brasil, a gente foi, na volta, para Veranópolis, que é considerada a terra da longevidade, onde são feitas muitas pesquisas a respeito. A gente quis ir até Veranópolis para conversar com os pesquisadores e os centenários de lá e contextualizar isso para a nossa realidade também. E o que a gente observou lá é que, como no Sul do Brasil tem muita imigração italiana, a gente identificou os mesmos hábitos que vimos na Sardenha, como o consumo de vinho, a alimentação mediterrânea, um estilo de vida muito de roça, do trabalho no campo, então a gente conseguiu identificar alguns denominadores comuns.
O que você apontaria como fatores determinantes para esses idosos chegarem a essa idade com qualidade de vida? A gente já fala muito de alimentação e atividade física, isso é uma coisa que já tá muito bem estabelecida, né? Então a gente via que, com exceção de Loma Linda (EUA), que foge um pouco do padrão das outras blue zones porque é numa área mais urbana, as outras áreas têm uma vida muito voltada para o campo, então as pessoas cultivam o seu próprio alimento, comem muito orgânico, tem toda uma coisa muito natureza. A gente já sabe que ter uma alimentação mais voltada para vegetais é algo que beneficia a nossa saúde, assim como se manter ativo. Não necessariamente ir para academia puxar ferro, mas você se manter em movimento também é algo que ajuda muito a viver.
Mas o que me chamou muito a atenção foi a importância das relações sociais e da família. Eu não tinha a dimensão do quão importante era aquilo na vida dos idosos. Então, para quem vive numa cidade grande, às vezes conseguir ver a mãe uma vez por semana já é muito, mas lá os idosos vivem muito cercados da família e eles são acolhidos, continuam sendo ouvidos. O dom Ramiro, que é um senhor de 101 anos da Costa Rica, diz que ele é o chefe da família e vai ser até o dia em que morrer. Ele tem muita certeza do lugar dele na família e a família respeita esse lugar, dá ouvidos, que é uma coisa que a gente vê cada vez menos na sociedade, porque é mais comum a gente ver os idosos sendo deixados no cantinho.
Nessas regiões, o que eu percebi é que esses idosos não têm medo de ficarem sozinhos ou abandonados no final da vida porque eles estão inseridos. E isso eu vi como algo que a gente poderia fazer pelos nossos idosos e que muitas vezes a gente não faz, mas que contribuem muito para o bem-estar e para a qualidade do envelhecimento dele.
Isso se relaciona de alguma forma com a questão de ter um propósito de vida como um dos fatores para a longevidade? Considerando que esse propósito pode, inclusive, ser algo relacionado a estar com a família ou ver os netos crescerem? Com certeza. A questão do propósito de vida está muito relacionada com a questão familiar, então muitos idosos com quem eu conversei relacionavam diretamente a questão. Então, (quando questionados) ‘qual é a razão pela qual você acorda todos os dias’, respondem: ‘porque eu quero ver o meu neto crescer, quero ver a minha filha’.
Uma pessoa com essa idade provavelmente já passou por muitos desafios, perdas, limitações, como é a questão da resiliência nesses idosos? Sim, a gente percebe que são muito resilientes. Uma das coisas que está bem estabelecida em pesquisas é que quem tem um propósito de vida tem mais resiliência e vice-versa, porque são coisas que se retroalimentam. A gente conseguiu observar que as pessoas mais resilientes eram as que tinham uma razão para acordar todos os dias. E esse propósito pode ser medido por metas e objetivos, não é algo abstrato, é algo concreto. Então se o propósito de vida é ver o neto crescer, ele vai encontrar maneiras de se adaptar diante das adversidades para conseguir alcançar esse objetivo.
E esse propósito de vida não precisa ser algo super grandioso, certo? Poderia dar alguns exemplos do que você viu que era o propósito de vida de alguns desses centenários? Essa questão de ficar com a família, ver o neto crescer, muita gente gostava de cuidar do jardim, então cuidar do jardim era a razão pela qual a pessoa levantava todos os dias. Entrevistamos um senhor japonês que falava muito pouco, mas, quando desligamos a câmera e perguntamos qual era o ikigai dele, que é o conceito em japonês para razão de viver, ele foi nos mostrar o jardim dele. Era um jardim super grande e você tinha que ver a alegria dele de falar dos tomates, alface, você via que aquilo era o que movia ele, que o objetivo dele era ver o jardim florescer, que ele cuidava com carinho e você via o olho dele brilhar.
Eu conversei com uma especialista, a Cristina Ribeiro, que é da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, e fez uma revisão de estudos sobre propósito de vida. Ela falou que tem toda essa questão das metas, objetivos, de ser algo que tenha intencionalidade, algo que dê direção na sua vida, mas, de uma maneira bem resumida, ela falou que o propósito de vida é algo que faz o teu olho brilhar, aquilo que você pensa: ‘eu quero continuar vivo para fazer isso’.
Tinha uma senhora que tinha falecido há algumas semanas na Grécia, ela tinha 110 anos, mas nos contaram que ela ainda trabalhava no tear e, com essa idade, ela tinha ido pedir um empréstimo no banco porque queria ampliar as operações dela, então você percebe que ela tinha um propósito de vida muito claro. Ela queria continuar trabalhando no tear, que era algo que ela gostava, fazia ela levantar da cama, então são coisas muito simples que a gente via.
Outra coisa é o conceito de moais. Quando a gente lia (nas pesquisas), eles eram traduzidos só como grupos de amigos, mas, na verdade, é um grupo de amigos que tem um aspecto financeiro também. Eles se juntam e se ajudam mutuamente com dinheiro. Eles viajam juntos com o dinheirinho que juntaram no moai. E isso fortalece as amizades, os laços de confiança. Então, para muitos, o moai era o propósito de vida.
A maioria das blue zones fica em áreas rurais ou em pequenos municípios. Acha possível reproduzirmos esses pilares em um contexto de grandes cidades? Acho que sim, mas precisa haver uma mudança muito grande no modo de vida que a gente tem hoje. A gente tem muitos amigos nas telas, mas não saímos para encontrar nossos amigos. É necessário fazer um esforço porque a gente não tem um contexto que favoreça. A vida na cidade é muito louca, às vezes desistimos de sair com amigos por causa do trânsito, a construção de relações é um pouco mais difícil, a nossa alimentação também está mais complicada porque estamos consumindo cada vez mais ultraprocessados, então nada do nosso modo de vida atualmente colabora com a longevidade.
Para chegarmos aos cem anos, precisamos de mudanças de hábitos, pensar mais em alimentação, na atividade física, cultivar nossas relações, alimentar os nossos vínculos afetivos. Estamos vendo que a solidão está levando a um declínio da saúde mental, então às vezes temos que olhar para esse modo de vida mais simples e tradicional, que é como vivem esses idosos, ver a construção que eles fizeram. A gente tem que entender como é que esses idosos chegaram aos cem anos com qualidade de vida, porque hoje a gente tá conseguindo estender a vida, mas muitas vezes sem qualidade.